Discurso durante a 21ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão Solene destinada a comemorar os 35 anos da Constituição Federal de 1988.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Homenagem:
  • Sessão Solene destinada a comemorar os 35 anos da Constituição Federal de 1988.
Publicação
Publicação no DCN de 12/10/2023 - Página 23
Assunto
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

    O SR. PAULO PAIM (PT - RS. Para discursar. Sem revisão do orador.) - Cumprimento o Excelentíssimo e querido Presidente do Congresso Nacional, Senador Rodrigo Pacheco; o Excelentíssimo e também querido Vice-Presidente da República — permita que eu me refira a V.Exa. assim, como o fiz ao longo da Constituinte —, companheiro Alckmin; e, na pessoa de V.Exas., todas as autoridades e este Plenário.

    Como é bom voltar aqui, Presidente! Quantas vezes vim a esta tribuna! Quantas vezes eu olhava para o alto, via galerias lotadas, plenário lotado, corredores lotados, e todos diziam: "Agora, vai sair a Constituição Cidadã, tão falada por Ulysses Guimarães!"

    Eu me reuni muitas vezes — vou lembrar nomes aqui — com Cabral, o nosso inesquecível Relator da Carta Magna; com Mário Covas. Eu me lembro com alegria de quantas vezes, querido Aécio Neves, e V.Exa. sabe disso, nós nos reunimos com Lula, Olívio Dutra, Covas, Ulysses, e juntos articulávamos os debates nas Comissões e no Plenário. Eu tenho muito orgulho de dizer que eu participei da Constituinte ao lado desses grandes homens.

    Pode ser que alguns estranhem, mas eu não sou daqueles que jogam pedra para lá ou para cá, prefiro o discurso positivo. E vou falar aqui de um nome que alguns podem estranhar: Jarbas Passarinho. Ele não era do meu campo de atuação, mas, para discutir o direito de greve, passou para mim a responsabilidade, porque eu era do campo social. Eu e João Paulo de Monlevade fomos negociar com Ronan Tito, lá no Estado dele, num teco-teco, e voltamos com a redação pronta. Falei com o Lula. Falei com o Olívio Dutra. Falei com o próprio Renan Calheiros. E eu lembro que eles me disseram o seguinte: "Vá falar agora com o Jarbas Passarinho". Jarbas Passarinho, um homem muito culto, pegou o texto, olhou e disse: "Paim, pode dizer ao Lula e ao Covas que eu vou defender esse direito de greve". Assim ele o fez, e o direito de greve está na Constituição, nessa visão ampla de Centro, de Esquerda e de Direita, consagrado como um direito enorme para todos os trabalhadores do campo e da cidade.

    Viva a unidade do povo brasileiro! Assim caminha a humanidade para uma vida mais digna para todos, todos os trabalhadores do campo e da cidade!

    Queria também dizer para vocês do título de que eu cuidei Da Ordem Social. Fui encarregado disso pela bancada, e assim eu o fiz. E aqui aprovamos dezenas e dezenas e dezenas de artigos de forma coletiva, todos juntos. Ninguém fez nada sozinho. Fizemos com apoio popular e, assim, avançamos. Por isso, eu digo a todos vocês: tentaram vender a imagem de que o PT não tinha assinado a Constituição, um grande engano!

    O PT votou, sim, contra, a favor, em diversos momentos, para forçar a barra e avançarmos. E avançamos muito porque soubemos dialogar, soubemos negociar com o Fiuza, com o Amaral Netto e tantos outros. Discutíamos com todos. Essa construção foi coletiva. Por isso, deu certo.

    Eu vim aqui para dizer que tenho muito orgulho, sim, de ser Constituinte. Houve o debate na bancada, e nós, por unanimidade, assinamos a Carta Magna. É claro que, em certos momentos — é da democracia —, vota-se contra, vota-se a favor, mas dizer que o PT não construiu para esta Carta Magna é, no mínimo, um equívoco, um engano.

    Por isso, com muita segurança, eu digo que caminhei ao lado de todos os Constituintes, todos e todas, e nós construímos uma Carta Magna com esperança, com coragem, com ousadia, à frente do seu tempo. E eu não quero que ela viva só mais 10 anos, 20 anos, 30 anos; eu quero que ela viva mais de 100 anos, porque ela é o coração da democracia, da liberdade e da justiça em nosso País.

    Vida longa à Constituição!

    Um abraço! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 12/10/2023 - Página 23