Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre as falas do Presidente Lula envolvendo o Holocausto e o atual conflito entre Israel e o Grupo Hamas. Destaque para possíveis prejuízos decorrentes de uma crise diplomática entre o Brasil e Israel.

Autor
Astronauta Marcos Pontes (PL - Partido Liberal/SP)
Nome completo: Marcos Cesar Pontes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Governo Federal:
  • Comentários sobre as falas do Presidente Lula envolvendo o Holocausto e o atual conflito entre Israel e o Grupo Hamas. Destaque para possíveis prejuízos decorrentes de uma crise diplomática entre o Brasil e Israel.
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2024 - Página 30
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Indexação
  • COMENTARIO, PRONUNCIAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, REFERENCIA, HOLOCAUSTO, CONFLITO, FAIXA DE GAZA, HAMAS, ISRAEL, POSSIBILIDADE, PREJUIZO, CRISE, DIPLOMACIA, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO.

    O SR. ASTRONAUTA MARCOS PONTES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP. Para discursar.) – Obrigado, Presidente.

    Senhoras e senhores, nós estamos escrevendo capítulos sombrios na história do Brasil. Em 1947, um brasileiro era chefe da delegação brasileira na Organização das Nações Unidas, na ONU. Ele presidiu a 2ª Assembleia Geral da ONU, que votou o plano para a partição da Palestina, que culminou na criação do Estado de Israel.

    Oswaldo Aranha recebeu gratidão eterna dos judeus e foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz em 1948.

    Em 2024, o Presidente da República é declarado persona non grata pelo Estado de Israel e recebe, por outro lado, homenagem e agradecimento do Hamas, que é um movimento de resistência islâmica, um grupo reconhecido como terrorista pela União Europeia, pelos Estados Unidos, pelo Japão e pela Austrália. Aliás, para quem não conhece o Hamas, ele foi criado em 1987, se eu não me engano, com os seguintes objetivos: a libertação do Estado da Palestina e a destruição de Israel – esses são os objetivos do Hamas.

    O Chefe do Poder Executivo está destruindo uma relação de amizade de mais de 60 anos. O Estado de Israel é um aliado nacional de longa data.

    Desde a década de 60, Israel tem contribuído para o desenvolvimento da agricultura no Semiárido brasileiro, por exemplo, especialmente em técnicas de irrigação, beneficiando muito o Nordeste do Brasil, de onde o Presidente Lula é oriundo, inclusive.

    Há uma cooperação intensa entre o Brasil e Israel nas áreas técnica, científica e tecnológica. Essa colaboração inclui intercâmbios acadêmicos e parcerias em pesquisa e desenvolvimento.

    Israel tem sido um parceiro significativo do Brasil no setor de defesa também – um setor, Presidente, que conhece bem –, incluindo a venda de equipamentos militares e tecnologia de segurança. Essa parceria também abrange a cooperação em segurança cibernética, que é um problema seríssimo que nós temos que encarar com seriedade aqui neste país.

    Em 2007, Israel se tornou o primeiro parceiro extrarregional a assinar um acordo de livre comércio com o Mercosul, que inclui comércio de bens, cooperação em normas técnicas e outros aspectos econômicos.

    Ontem, o nosso Presidente aqui do Congresso, Senador Rodrigo Pacheco, pronunciou-se com maestria, esclarecendo o posicionamento do Senado Federal – com o qual concordo 100%, diga-se de passagem – e pedindo ao Presidente Lula que se retrate com o Estado de Israel. Hoje, a imprensa nacional noticia que o Governo Federal avalia a possibilidade de expulsar o Embaixador israelense, Daniel Zonshine, aqui do Brasil.

    A pergunta que a gente faz é a seguinte: qual é o plano do Governo Federal? É destruir a indústria nacional? Se for isso, ele está no caminho certo, essa execução está sendo perfeita. Em tempo recorde, uma nação aliada como Israel pode se tornar hostil ao Brasil.

    Isso prejudica muitos setores do país. Nossas indústrias e setores de pesquisa, principalmente nas áreas de pesquisa e segurança cibernética, correm um sério risco de ficarem paralisadas, uma vez que somos muito dependentes de tecnologias israelenses, para quem não sabe – e eu fui Ministro de Ciência e Tecnologia; eu estou falando aqui exatamente desse conhecimento.

    A Embraer, nossa empresa de aviação, que é um orgulho nacional, criada por um conterrâneo meu lá de Bauru, o Coronel Ozires Silva, pode sofrer graves danos na sua linha de produção uma vez que os componentes de fabricação das suas aeronaves, muitos deles, são israelenses também. A Força Aérea Brasileira – da qual eu sou Tenente-Coronel da reserva, piloto de caça e piloto de testes também – pode ter os caças F-5, que são caças de combate utilizados na Força Aérea, impossibilitados de exercer sua função primordial de defesa nacional porque eles foram atualizados por indústria israelense também.

    E isso tudo por quê? Porque o Presidente simplesmente coloca o seu ego acima dos interesses nacionais – o que seria um absurdo por si –; porque não tem a humildade de reconhecer um pronunciamento nitidamente infeliz? Todo mundo é sujeito a cometer erros, principalmente durante uma fala, principalmente quando você tem emoção na fala. Mas quando você comete um erro, você tem que ter a humildade de se corrigir depois. E pedir desculpas não é se humilhar; pedir desculpas, na verdade, é uma ação que as pessoas mais nobres conseguem fazer, aquelas que não o são não conseguem.

    Nesse contexto é essencial que busquemos atitudes mais equilibradas. A política externa brasileira é conhecida por sua abordagem ampla e inclusiva – aliás, nossa diplomacia é conhecida por isso –, sempre procurando estabelecer laços diplomáticos com a maioria dos países, independentemente de suas diferenças políticas e econômicas. Isso reflete o compromisso do Brasil com o multilateralismo e a cooperação internacional.

    Em agosto de 2023, eu tive a honra de apresentar o Projeto de Lei nº 3.483, de 2023, que foi recentemente aprovado, por coincidência, nesta semana – olha só como é que são as coisas –, em caráter terminativo, na Comissão de Educação e Cultura daqui, do Senado.

    Esse projeto é o seguinte: ele visa incluir no calendário oficial do Brasil, em nossa República, as datas comemorativas tanto do calendário judaico quanto do calendário muçulmano. Duas datas do calendário judaico, o Rosh Hashaná e o Yom Kipur, e duas do calendário muçulmano, o Eid al-Fitr e o Eid al-Adha, promovendo, assim, o respeito e a valorização da diversidade cultural e religiosa que nós temos em nosso país, e nós precisamos preservar isso aqui.

    Foi feita – para se ter uma ideia, isso aí começou no meio do ano passado – uma conversa entre as duas comunidades e fizeram essa proposta. Eu coloquei a proposta, fizemos audiência pública em novembro, depois de ter iniciado o conflito, e ali foi uma demonstração de como se deve proceder com relação a fomentar a paz no planeta, a paz entre os países, e não o contrário.

    E, por coincidência, nesta semana, depois de o Presidente ter falado aquela declaração infeliz com relação à Israel e ao Hamas, nós tivemos a aprovação. A matéria foi relatada pelo Senador Carlos Portinho, aliás, brilhantemente relatada, e eu acho que foi ali uma sementinha que nós plantamos para dizer que a paz é possível e ela começa em pequenos atos, pequenas coisas que a gente pode fazer uma pessoa para a outra, para se promover a paz ao invés de promover a guerra, mesmo que as autoridades de alguns países não concordem com isso ou façam demonstrações contrárias.

    A reflexão que devemos fazer é que também as eleições municipais de 2024 são cruciais, não apenas para o futuro imediato de nossas cidades e comunidades, mas também como um alicerce para as eleições gerais de 2026.

(Soa a campainha.)

    O SR. ASTRONAUTA MARCOS PONTES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) – Guardem essas informações para que os votos sejam feitos da maneira correta em 2024 e 2026, a avaliação dos seus políticos.

    É um momento decisivo para reafirmarmos os nossos valores conservadores e de direita, escolhendo líderes que se dedicam não somente ao desenvolvimento local, mas que também entendem a importância do seu papel em 2026.

    Portanto, ao nos aproximarmos das urnas, peço que reflitam sobre a importância de suas escolhas. Votem por candidatos que se comprometam com a preservação dos nossos valores e princípios, que promovam o desenvolvimento econômico e social e que defendam uma política externa robusta e respeitada. Juntos podemos garantir um futuro próspero para o Brasil. Juntos, nós podemos manter uma posição firme e respeitada do Brasil no cenário internacional, sem falas infelizes.

(Soa a campainha.)

    O SR. ASTRONAUTA MARCOS PONTES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) – Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2024 - Página 30