Pronunciamento de Humberto Costa em 20/02/2024
Discurso durante a 5ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Cobrança da responsabilização dos políticos, empresários e militares de alta patente, supostamente sob o comando do ex-Presidente Jair Bolsonaro, investigados pela Operação "Tempus Veritatis", por, em tese, articularem a abolição do Estado Democrático de Direito no País.
- Autor
- Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
- Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Atuação do Judiciário,
Atuação do Ministério Público,
Governo Federal:
- Cobrança da responsabilização dos políticos, empresários e militares de alta patente, supostamente sob o comando do ex-Presidente Jair Bolsonaro, investigados pela Operação "Tempus Veritatis", por, em tese, articularem a abolição do Estado Democrático de Direito no País.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/02/2024 - Página 20
- Assuntos
- Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
- Outros > Atuação do Estado > Atuação do Ministério Público
- Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
- Indexação
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- COBRANÇA, PUNIÇÃO, CONDENAÇÃO CRIMINAL, TENTATIVA, GOLPE DE ESTADO, EX-PRESIDENTE, JAIR BOLSONARO, PROVA, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, internautas que nos seguem pelas redes sociais, o Brasil acompanha com enorme atenção fatos de extrema gravidade que foram recentemente descobertos nas investigações sobre os atos golpistas do ano passado, a chamada Operação Tempus Veritatis, "hora da verdade", uma articulação de elevado nível político, envolvendo agentes públicos graduados, empresários e militares de alta patente em postos estratégicos, todos sob a coordenação direta do ex-Presidente Bolsonaro, que, segundo a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal, ajudou a redigir uma minuta de golpe e transferiu dinheiro lícito e ilícito para os Estados Unidos à espera da consumação da derrocada da democracia brasileira.
Seu partido, o PL, é acusado de financiar a estrutura golpista que redundou no 8 de janeiro.
Eu, inclusive, fiz um pedido de investigação ao Procurador-Geral da República para que, se for confirmada essa participação do partido, ele perca o seu registro por fazer parte do jogo democrático e trabalhar para eliminá-lo.
Já são 24 operações realizadas pela Polícia Federal para desarticular o conluio que tramou a abolição do Estado de direito no Brasil.
Houve tentativa de sublevar as Forças Armadas. Planejava-se a prisão de Ministros do Supremo e do Presidente deste Congresso Nacional. Buscava-se a cooptação de forças policiais. Havia uma verdadeira coordenação para supressão do regime democrático. E isso foi demonstrado pela gravação de uma reunião ministerial, comandada pelo ex-Chefe do Executivo, com o objetivo de espionar adversários, empastelar as eleições e impedir que o Presidente legitimamente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, assumisse a Presidência do país.
Corroborou aquela reunião a existência de uma Abin paralela, à margem da lei. Consta a existência, inclusive, de um documento, pronto para assinatura, que foi revisado e coescrito pelo próprio ex-Presidente da República, que dava os primeiros comandos àquilo que seria a consumação do golpe.
Na estrutura militar, podem ter acontecido incontáveis omissões por parte de comandantes graduados que, se não aderiram ao golpe, silenciaram em relação às articulações e não cumpriram deveres constitucionais que lhes cabiam.
Essa foi a maior ameaça ao Estado democrático de direito desde o fim da ditadura militar.
Bolsonaro, inclusive, foi intimado a depor sobre sua participação e tentou adiar o depoimento, mas terá que comparecer à Polícia Federal na próxima quinta-feira. Avisou que ficará em silêncio diante da polícia, mas, ao mesmo tempo, convoca manifestação, financiada por um líder religioso, para seguir afrontando a Justiça e as instituições do Estado brasileiro. Em vez de explicar seu comando sobre a articulação golpista, prefere, acuado, insistir na covardia do ataque.
Não se contesta o direito de reunião e de livre manifestação, mas fazer isso para pregar a derrubada da democracia e incitar seguidores ao crime pode render aos responsáveis até mesmo uma prisão em flagrante.
Bolsonaro, como disse o Vice-Presidente da República, é um desocupado que não tem disposição de trabalhar, de ajudar o Brasil. Isso é sabido. Ele se move pela pregação do caos, da desordem, da baderna e da morte tanto de opositores quanto de instituições do Estado.
Aquela articulação vergonhosa para derrubar a democracia precisa ser apurada até que o último responsável seja identificado e punido na forma da lei seja ele quem for.
Manifestações montadas para tentar intimidar a Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal não vão prosperar. Elas só denotam o medo daqueles que veem, a cada dia, se aproximar mais a hora de acertar contas com a Justiça.
A democracia brasileira não se vergou a posturas totalitárias e tentativas de sedição, nem se vergará a novas ameaças e a atos intimidatórios.
Nada parará a disposição de nossas instituições de investigar, julgar e condenar todos os responsáveis por terem tentado um golpe contra o Estado democrático de direito. Todos haverão de pagar pelos crimes que cometeram.
Sem anistia a qualquer golpista!
Viva a liberdade e viva a democracia!
Muito obrigado, Sr. Presidente.