Pela ordem durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação acerca do conflito entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza. Requerimento de inserção em ata de voto de repúdio ao pronunciamento do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a atuação de Israel no conflito ao Holocausto.

Autor
Carlos Viana (PODEMOS - Podemos/MG)
Nome completo: Carlos Alberto Dias Viana
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Conflito Bélico, Governo Federal:
  • Manifestação acerca do conflito entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza. Requerimento de inserção em ata de voto de repúdio ao pronunciamento do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a atuação de Israel no conflito ao Holocausto.
Publicação
Publicação no DSF de 21/02/2024 - Página 55
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Outros > Conflito Bélico
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Indexação
  • COMENTARIO, CONFLITO, GUERRA, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, HAMAS, FAIXA DE GAZA, PALESTINA, PRONUNCIAMENTO, GOVERNO FEDERAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, HOLOCAUSTO.
  • REQUERIMENTO, VOTO, REPUDIO, PRONUNCIAMENTO, GOVERNO FEDERAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CONFLITO, GUERRA, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, HAMAS, FAIXA DE GAZA, PALESTINA, HOLOCAUSTO.

    O SR. CARLOS VIANA (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MG. Pela ordem.) – Presidente, meu boa-noite a todos.

    Eu fui a Israel na primeira quinzena de dezembro e eu gostaria que os Srs. Senadores todos que estão aqui, antes de qualquer pronunciamento, fossem até a região que eu visitei, juntamente com Parlamentares brasileiros, para entenderem com clareza o que levou aos ataques em Gaza. Eu vi casas de famílias com brinquedos totalmente queimados por bombas; eu vi sangue de pessoas queimadas vivas dentro de banheiros; eu vi cenas de centenas de mulheres estupradas em nome de uma religião; eu vi cenas de dezenas, talvez centenas de soldados com cabeças decapitadas; eu vi cenas de pessoas, terroristas, jogando bola com cabeça de judeus. Eu vi isso em Gaza.

    Quando vêm falar aqui que o povo palestino todo sofre, é tão desonesto e tendente como o Presidente da República, porque, na Cisjordânia, tem 4 milhões de palestinos que vivem em paz na Autoridade Palestina e atravessam a fronteira todos os dias para tratamento médico, estudam nas universidades de Israel, 4 milhões que não querem saber de guerra.

    Em Dubai, durante a COP, os sunitas, a quem visitei e com quem conversei, perguntaram o tempo todo: por que é que o Brasil está defendendo tanto esse grupo Hamas, xiita, e nós não queremos ninguém deles aqui?

    O Egito, onde o Presidente fez um discurso totalmente fora da realidade, o Egito abriu a fronteira para os xiitas do Hamas e sofreu uma série de atentados. Um deles, inclusive, uma bomba na catedral copta cristã, onde centenas, 110 pessoas morreram. Depois, um atentado no balneário Sharm el-Sheikh, patrocinado pelo Hamas. E o que foi que o Egito fez? O Egito fez uma fronteira, um muro enorme em Gaza, porque não são os palestinos de Gaza; chama-se grupo Hamas.

    No dia em que o Hamas for eliminado, os palestinos, sim, terão uma pátria e poderão ter um Estado.

    Não há proporcionalidade, Sr. Presidente, em guerra, quando nós falamos em mulheres estupradas como arma de guerra, você querer envergonhar as mulheres. Qual proporcionalidade há nisto: em você pegar famílias e queimar vivas dentro de carros? Nós estamos aqui, e o Brasil está se alinhando ao que há de pior no mundo, que usa a religião para justificar esses atos.

    Eu faço este convite: vão a Israel para os senhores visitarem os kibutzim, para os senhores entenderem o que é que está acontecendo lá em Gaza. E vão do outro lado da Cisjordânia, onde a Autoridade Nacional Palestina existe...

(Soa a campainha.)

    O SR. CARLOS VIANA (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MG) – ... para que vocês entendam qual é a relação verdadeira que existe entre Israel e o povo palestino.

    Israel hoje está fazendo aquilo que o mundo não quis fazer: doações. Milhões, bilhões de dólares usados para comprar arma da Coreia do Norte, da Rússia, para fazer túnel. E o Brasil quer aumentar a contribuição.

    O Presidente Lula, a meu ver, demonstrou falta de equilíbrio para comandar o país, que é um país que sempre propôs acordos de paz. Essa é a nossa realidade.

    É muito fácil para nós, que não temos nenhum vizinho, como Israel tem o Hamas, poder fazer qualquer julgamento. Mas vão lá aos kibutzim, vão lá para os senhores verem como vivem 4 milhões de palestinos em paz, com as cidades prósperas, as universidades, todas elas, ensinando, as pessoas indo a Israel se tratar. Inclusive, do principal e mais carniceiro líder do Hamas, que é Yahya Sinwar, a família está se tratando em Israel.

(Soa a campainha.)

    O SR. CARLOS VIANA (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MG) – Ele se tratou de um câncer em Israel.

    Então, eu que fui e vi, fico estarrecido de o Presidente da República comparar o Holocausto a uma guerra que, infelizmente, é necessária. Morreram 30 mil, Senador Jaques Wagner. No meio desses, quantos são terroristas do Hamas? Sabem por quê? Porque eles não usam farda. Eles morrem como se fossem civis, são contados como se fossem civis. Os reféns de Israel foram mantidos nos hospitais, hospitais bancados por doações internacionais. E olhem o absurdo disto: a invasão a Israel contou com ambulâncias, todas elas da ONU, patrocinadas por dinheiro das nações europeias. Isso ninguém quer comentar aqui, isso ninguém quer olhar na história.

    Israel tem seus erros? Pode ter, mas nós não podemos tirar dele o direito de defesa e o direito de existir. O povo de Israel é um povo amigo do Brasil. E ficou muito ruim para nós o que o nosso Presidente da República fez.

    Com isso...

(Interrupção do som.)

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MG) – Para concluir, Senador.

(Soa a campainha.)

    O SR. CARLOS VIANA (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - MG) – Eu requeiro, nos termos do art. 222 do nosso Regimento Interno do Senado, inserção em ata de voto de repúdio ao Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva pela declaração que comparou a ação militar de Israel contra o Hamas, na Faixa de Gaza, ao assassinato em massa de judeus liderados por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.

    Junto comigo estão quase 30 Senadores desta Casa que concordam que as palavras do Presidente foram muito mal proferidas e envergonharam o Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/02/2024 - Página 55