Discurso durante a 10ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à gestão da educação pública pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Preocupação com os impactos na segurança pública devido à falta de investimento na educação.

Autor
Styvenson Valentim (PODEMOS - Podemos/RN)
Nome completo: Eann Styvenson Valentim Mendes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Educação, Governo Estadual, Segurança Pública:
  • Críticas à gestão da educação pública pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Preocupação com os impactos na segurança pública devido à falta de investimento na educação.
Publicação
Publicação no DSF de 02/03/2024 - Página 24
Assuntos
Política Social > Educação
Outros > Atuação do Estado > Governo Estadual
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, EDUCAÇÃO, GOVERNO, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), PREOCUPAÇÃO, INFLUENCIA, SEGURANÇA PUBLICA, MOTIVO, FALTA, INVESTIMENTO, ENSINO, COMENTARIO, SITUAÇÃO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, ENTE FEDERADO.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN. Para discursar.) – Talvez nem utilize tudo isso, devido o tema também já ser tão conhecido.

    A gente vem passando por um momento já que antecede as eleições municipais. Senador Eduardo Girão, me perdoe a má educação. Bom dia a todos que estão me assistindo, me ouvindo pelas redes sociais, pela TV Senado, pela Rádio, por todos esses meios de comunicação.

    Você vai ouvir esse tema mais uma vez. Vou trazer esse tema porque estou recebendo de forma instantânea, através de mensagens pelo celular, as condições que muito brasileiro já conhece, principalmente aqueles brasileiros que não nasceram em berço de ouro, em condições financeiras de ter uma boa educação.

    Eu vim falar justamente sobre esse tema, Senador Eduardo Girão, porque foi dito por um respeitado professor, o Darcy Ribeiro, que, se não houvesse por parte dos governantes investimento em construção de escolas, vou falar de construções ou reforma de escolas, dentro de um prazo, ele disse 20 anos, nós precisaríamos construir presídios.

    Bom, nem construímos presídios e os que construímos, tidos como de segurança total, que eram infalíveis no encarceramento – e eu falo dos presídios federais, que se presume tenham qualidade –, mostraram-se ineficientes. Eu falo da fuga desses dois elementos desse presídio federal. Hoje eu enviei um ofício, hoje não, já faz um tempo que eu enviei um ofício para o Ministério da Justiça para saber o custo dessas operações que estão realizadas sendo no Rio Grande Norte.

    Bom, são mais de 17 dias. Só um helicóptero, são três helicópteros, só um até agora custou mais de R$500 mil. Só um helicóptero. Preste bem atenção para o custo de uma operação como essa para recuperar dois elementos, dois bandidos, dois seres humanos, como gosta de falar a esquerda, duas vítimas da sociedade que não quiseram estudar, que não tiveram sonhos, que não quiseram se profissionalizar, que não quiseram participar da sociedade como gente. Estão aí, sendo caçados como animais.

    O custo dessas operações poderia estar sendo revertido, sinceramente, senhor brasileiro, para a educação. E eu venho falar especificamente do meu estado porque o governo daquele estado é de uma professora. Agora, vergonhosos os dados estatísticos.

    São 18 escolas, segundo dados oficiais, fechadas – escolas estaduais. Eu poderia citar as que vão fechar logo em breve. Fecharam duas agora em Caicó, duas escolas grandes, por falta de instalação elétrica – uma –, e a outra de uma infinita reforma – são duas escolas grandes, de tempo integral – por falta de manutenção.

    Quando se fala que falta recurso, é uma mentira. É uma mentira porque, se existe algo que os Prefeitos e que os governos não reclamam, é dos recursos que chegam para a educação através dos fundos. É só ter alunos e professores na sala de aula.

    Falando em professores, o meu estado é mais um modelo, que é administrado por uma professora, que não tem... que tem muitos professores, mas o professor não está na sala de aula, ou porque fechou a escola, ou porque eles estão à disposição de outros órgãos, ou seja, eles estão fora da função. E faz-se chamamento complementar de professores temporários para suprir a necessidade daqueles que foram concursados e que não estão nos cargos. Isso aumenta a folha, que agora tem mais de R$1 bilhão de arrecadação, R$1,4 bilhão para pagar a folha.

    Não estou falando que são os professores que consumiram a folha, não sou contra o professor, sou contra aquele parasita que faz um concurso público para uma finalidade e vai buscar uma sombra através de outro cargo, em outra função, com mais remuneração, para não estar na sala de aula. Então, sou contra esse elemento na educação.

    Eu vim aqui falar porque se aproximam as eleições e vai ser outro tema, mais um tema, que vai ser discutido na propaganda eleitoral, nos debates políticos. O senhor mesmo, Senador Eduardo Girão, vai discutir isso lá, na sua capital.

    Daqui a dois anos, vai vir de novo ao Governo e ao Senado e você vai ouvir a mesma ladainha, a mesma conversa. "É através da educação...", qual é a ladainha? "É através da educação que nós melhoramos uma população. É através da educação que vamos melhorar este país. As nossas crianças são o futuro desta nação". Eu ouvi isso lá atrás. Eu ouvi hoje e vou ouvir amanhã.

    Explique-me como é que um governo, que é feito por uma professora, fecha 18 escolas e está em risco de fechar escolas – preste bem atenção, vou dizer estaduais: Prof. Abel Coelho, Lavoisier Maia, José Nogueira, Maria Estela. Isso porque eu estou falando de um município só, e um município grande, o seu vizinho, Mossoró.

    Escolas que estão em ruínas. São décadas sem passar por uma reforma. E eu vou dizer por que não falta dinheiro: porque o Governo do Estado, que é administrado por uma professora... ela se preocupou com a educação, pegou R$120 milhões ou R$140 milhões e construiu dez institutos técnicos, tendo quase 600 escolas precisando de um mínimo de reforma.

    Tem escolas que nem banheiro tem. Tem escolas que os refeitórios são de fazer vergonha, nojo. Qualquer estado sério as fecharia por falta de condições higiênicas, por não ter banheiro, por não ter lugar adequado para alimentação. É o caso do Rio Grande do Norte.

    Esse é o caso que não é dito por um político que é de oposição, não. Isso é dito – está aqui, eu vou narrar – por professores. Está aqui na palma da minha mão. Dá um close, dá um zoom, para ver o que eu recebo pelas redes sociais, diariamente: apelo de professores, pedindo "pelo amor de Deus", que eu faça alguma coisa.

    Infelizmente, professora, eu não vou poder fazer, porque o que eu tentei fazer pelo Governo do estado, através do nosso mandato... Politicamente, uma mesquinharia, uma rivalidade que prejudica o professor e as crianças. E esse modelo do qual eu vou falar, da Escola Maria Ilka, só porque é militar, só porque tem ordem e disciplina, só porque o menino canta o Hino Nacional, só porque o menino corta o cabelo curtinho, a menina amarra o cabelo, usa farda, respeita o professor, pede licença, só por conta disso, um Governo é contra. É contra.

    Eles querem aquela escola pichada, com facção dentro da escola, com pessoas fumando drogas dentro da escola, com professores sendo ameaçados, não dando aula, correndo esse risco de vida. Então é esse modelo de educação que o Governo do estado defende, e não o que eu implantei antes mesmo de ser político.

    Enviei para lá um recurso, R$6,9 milhões para reconstruir uma escola dentro de periferia, e o Governo impediu – o Governo impediu e perdeu praticamente esse recurso. Então não venham me dizer que falta dinheiro, e nem faltou iniciativa, porque eu estou aqui falando porque eu ajudei. Eu tentei ajudar a educação estadual do meu estado.

    Então, professora que me manda mensagens, como eu vou ler aqui, vou aproveitar aqui e ler. Eu não sei se eu posso guardar o nome da professora, mas ela disse, divulga. Eu acho que eu entendi que pode divulgar. Por mais que seja nas redes sociais, eu acredito, professora, que a coragem que a senhora tem para me falar aqui, que eu vou narrar agora o que a senhora me escreveu, acho que, no Brasil todo, vai ter professores que vão se identificar com a fala dela.

Pelo amor de Deus, Exmo. Senador Styvenson, isto é um pedido de socorro. Sou professora da Escola Estadual Tiradentes, no Bairro Vermelho. [E olha que não é periferia não, viu? Bairro Vermelho] Toda a equipe da escola quer e está disponível para trabalhar. [Estou falando dos professores e dos profissionais que fazem a escola. Ela disse que está todo mundo apto e com vontade de trabalhar.] Mas não tem recursos nem condições físicas de atender os alunos. Sem merenda, sem alimentação [sem merenda], sem banheiro. Como vamos atender a proposta do ensino em tempo integral sem o mínimo para acolher nossas crianças? Falta dinheiro. [É tempo integral, viu? Tempo integral, do que ela está falando. Como é que ela vai atender a proposta se não tem o mínimo de condições?] Isso é um pedido de socorro. Olhe por nós, ajude a divulgar, a pressionar para reformar a escola. Por favor, divulgar. Nós não temos quadra, apenas um espaço descoberto e rodeado por mato. O dinheiro que já disseram para fazer a quadra, nunca apareceu, e as crianças ficam prejudicadas, sem formação de qualidade, sem educação física. Nos ajude, por favor.

    Bom, eu recebo uma dessa quase todos os dias.

    E ocupei esta tribuna justamente para falar isso, Senador Eduardo Girão.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) – Cadê as instituições, Senador Styvenson? Desculpe.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) – Cadê o Ministério Público, não é?

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) – Até porque...

    O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) – Não, não, quando você fala "as instituições", seria o quê? O Ministério Público? A mesma pergunta, eu faço para o senhor, porque absurdos aconteces nesse estado, que é o Rio Grande do Norte, e o Ministério Público silencia.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – É porque caiu o microfone. Eu fiquei tão estarrecido com o que eu ouvi aqui do senhor, com esse pedido de socorro de uma servidora que merece todas as nossas homenagens, querendo servir a população, sentindo amor a essas crianças, eu lhe pergunto: Cadê as instituições?

    Cadê a Assembleia Legislativa? Cadê a Oposição? Cadê o Ministério Público? Não está vendo essa tragédia acontecendo nas escolas do seu estado, não?

    O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) – Senador Eduardo Girão, essa pergunta é feita pela população também e por mim. Oficia, manda ofício, estimula, denuncia, fala. É um apelo de uma professora! Isso é uma professora que quer trabalhar.

    Quando eu disse que não sou contra o professor, é porque sou a favor de professores como esses. Eu disse que sou contra aquele vagabundo, que não quer trabalhar, fica escondido, à disposição, abrindo porta, dando todo jeito para não poder estar em uma sala de aula educando. E ele ganha para isso. Tem um bocado no Rio Grande do Norte, viu? Tem um número alto. O próprio Sinte denunciou, o próprio sindicato dos professores – que é do governo – denunciou. E, dessas denúncias, a gente não vê nenhum tipo de apuração por parte do Ministério Público, por parte da Assembleia. Por quê? Porque são todos envolvidos.

    Na verdade, Senador Eduardo Girão, não é só o governo que deve ser chamado aqui, não. Eu disse que contribuí com a minha parte, como Parlamentar e como Senador: enviei recursos, e isso a Governadora não pode negar, ninguém pode negar, porque eu fiz, sem ser político, algo funcionar, que foi a escola Maria Ilka. Infelizmente, essa força, que é maior que a do Senador, que é a força do governo, de todo jeito, quer colocar fim naquela história. É uma escola bem de periferia.

    Se a gente não investe, não reforma aquela escola, não constrói uma escola nova naquele lugar, certamente aquelas crianças vão para onde? Num estado em que escolas tradicionais têm pelo menos 70% – 70% não se matricularam mais nas escolas estaduais tradicionais.... Para onde é que estão indo essas pessoas? Para onde está indo o jovem, a criança dessas 18 escolas fechadas? Para onde vai aquele jovem, aquele adolescente – é do seu filho, cidadão, que eu estou falando, daí de Caicó – dessas escolas? Vou citar o nome agora da escola, uma escola em tempo integral: é o Centro Educacional José Augusto, escola estadual em tempo integral da cidade de Caicó, interditada por falta de reformas.

    Gente, é de causar vergonha que o Estado do Rio Grande do Norte só chame atenção por desgraça. Ano passado foram os ataques terroristas criminosos de facções – que não se ausentaram, estão lá ainda, da mesma forma, se alimentando disso que eu estou falando. Eles recrutam novos criminosos nesse espaço, quando o Estado falha.

    Então, talvez a sentença do Prof. Darcy Ribeiro esteja certa. Vamos precisar construir muito mais presídios – no Rio Grande do Norte vai ser um para cada município, um para cada município, 167, porque eu nunca vi um governo tão inerte, um governo tão favorável à criminalidade. Não pune!

    Está lá o espetáculo do Governo Federal através do Ministério da Justiça. Foi o Ministro da Justiça – não o conheci ainda –, em ação, até o meu estado, junto com a Governadora e meia dúzia de políticos, para tirar foto, fazer o espetáculo lá da caça desses dois bandidos.

    Fortunas estão sendo gastas, enquanto crianças passam fome. Fortunas são gastas para manter gente, elementos presos num presídio e fugindo; para tentar ressocializar, porque, depois de preso, neste país, é que tem que estudar, é obrigatório estudar. É depois de preso, neste país, que tem que ir lá cuidar dos dentes. Tem tratamento até psicológico, coisa que criança na escola não tem, coisa que na escola não tem. Tem alimentação todos os dias – quatro, viu? – lá no presídio, e falta na escola. Então, tem que construir presídio mesmo, para colocar esse bando de gente que não quer se educar, ou que não tem a oportunidade de se educar porque o Estado não dá as condições de educação para ela. Tem que colocar no presídio mesmo.

    Agora vamos desencarcerar, porque já está lotado. Nem os presídios têm condições, porque nunca passaram por reforma. Aí vem aqui o CNJ dizer: "Não, temos que mudar aqui a situação porque não tem condições de manter preso". CNJ, Justiça, STF, ex-Ministra deveriam ter ido à escola para ver condições como essas, onde se fabrica criminoso, onde é a indústria do crime.

    Quem deveria estar preso hoje era o Governo do Estado. Mata nos hospitais, mata na educação, mata nas estradas, todas buracadas. Todos, todos os envolvidos têm que ser responsabilizados.

    E o senhor me pergunta cadê os poderes de fiscalização, porque recurso tem, dinheiro tem. O Rio Grande do Norte foi o terceiro a arrecadar. Aumentou R$1,2 bilhão em arrecadação, mas também gasta, e gasta de forma ineficiente. Gasta, sinceramente, com coisas de que você não vê resultado. Isso mostra incompetência, mostra que o Governo de uma professora cuida da educação dessa forma que eu li, sem o mínimo respeito.

    Senador Eduardo Girão, eu ocupo a tribuna – porque eu nem ia comentar isso – porque, na origem da segurança pública, quando a gente pensa em colocar mais policiais, mais viaturas, quando a gente pensa em proteger o cidadão, a gente enxerga algo como isso. E a pergunta que eu fiz foi simples para o raciocínio de quem está me ouvindo e de quem está me assistindo: se escolas estão fechando, se caiu o número de matrículas em escolas tradicionais, se a educação pública está numa penúria, não tem banheiro, não tem alimentação, não atrai mais os alunos, para onde vai todo esse número de jovens, esse futuro do país? Vai para aonde esse jovem, esse adolescente? Vai para aonde? Vai para a criminalidade.

    Então, será que as pessoas não conseguem correlacionar? Ou só na campanha política, que vai vir agora? Porque os Prefeitos vão prometer; futuramente, os Governadores vão prometer; os Senadores vão dizer que já fizeram a parte deles.

    Eu posso dizer isso porque estou no quinto ano, é o primeiro mandato, nunca fui político. A minha parte eu estou fazendo. A minha parte não é só vir aqui denunciar. A minha parte... Eu já citei que busquei, que contribuí com aquele estado para a melhoria da educação. Infelizmente, por mesquinharia, por sabotagem política, proibiram-me. Mas não proibiram o Senador Styvenson e nem o capitão, proibiram 510 pessoas, jovens, adolescentes, professores, pais de uma comunidade que querem mudar a vida através da escola. A única chance, a oportunidade que eles têm é através daquela escola. Eu vi isso, com meus olhos, na Escola Maria Ilka.

    Um governo demoníaco como aquele – porque é demoníaco – pune crianças, prefere mandá-las para o crime, prefere deixá-las na mão de faccionados, mas nem o faccionado quer que o filho dele seja do crime. Porque ninguém, em sã consciência, nem sob o efeito de craque, quer que o filho seja um bandido, mas o governo do estado quer quando faz isto: deixa as escolas fecharem, permite a ausência do poder público justamente no período em que eles mais precisam, que é nessa formação.

    Então, eu subi aqui hoje porque não dá mais para aguentar receber mensagens, pedidos de ajuda. E vou dizer para a professora que me mandou a mensagem: professora, eu não tenho relacionamento com o Governo do estado. Não tenho. Se fosse de uma Prefeitura, eu teria dado a minha palavra à senhora de que iria ajudar, que iria fazer essa quadra, que iria construir banheiros.

    Não é preciso ir longe, não, Senador Eduardo Girão. A qualquer um que queira conhecer a educação do meu estado, basta entrar em qualquer escola pública estadual. Qualquer escola pública estadual está nas mesmas condições: podres – como é o governo. O governo gosta da sujeira. O Governo do Estado do Rio Grande Norte gosta da educação nesse nível em que está, no apodrecimento, com prédios públicos caindo aos pedaços.

    Eu citei alguns nomes de escolas. Poderia citar, em cada município por que passo, escolas estaduais em situações de ruína, de destruição. Não é à toa que estados como o meu e o do senhor lideram em criminalidade. Não é à toa que o Governo Federal está gastando milhões – eu não sei o valor ainda – para recuperar dois; só dois. Prefere gastar esses milhões caçando bandido que fugiu de presídio que não tem de segurança máxima nada, nada tem de segurança máxima. Preferiu gastar do que investir na educação. Mas o Governo Federal faz. Quem não faz com os investimentos que vêm do próprio Governo Federal é a incompetência do Governo estadual de uma professora e de todos os seus secretários.

    Todos deveriam ser indiciados por crime contra a sociedade. Todos deveriam estar sendo indiciados, algemados e presos por estarem condenando a sociedade todinha a um presídio futuro, à criminalidade. Isso, sim, deveria ser feito.

    É um desabafo.

    Obrigado, Senador Eduardo Girão.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Obrigado, Senador Styvenson Valentim.

    Receba também minha solidariedade por essa tragédia humanitária que está acontecendo no Estado do Rio Grande do Norte, nosso vizinho – eu sou do Ceará.

    Ouvi esse depoimento corajoso seu aqui, esse pronunciamento. É de partir o coração.

    Antes de o senhor sair da tribuna, eu queria comentar o seguinte: não seria crime também o senhor ter mandado R$6 milhões para reformar uma escola e, por uma questão de disputa política, porque não queriam dar o crédito para você... Mas você, mandando dinheiro para o Governo do seu estado para reforçar uma escola! Eu estive lá no seu estado. Eu fui na escola Maria Ilka e vi as famílias, conversei com pais. As crianças felizes... Mas só porque o PT não gosta de ordem – e é uma escola cívico-militar, eles não toleram disciplina – e não quer ver o seu crescimento político... E o senhor estava apenas querendo ajudar, como o senhor sempre fez, muito antes de pensar em entrar na política. Isso não é crime de uma Governadora? Isso não tem que ser denunciando?

    Eu quero dizer que eu me coloco à disposição para assinar isso, tá?

    O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) – Senador Eduardo Girão, quando eu me refiro a que não só o Governo, mas todos os envolvidos, todos que têm a condição, que têm, dentro de suas posições, a oportunidade de ajudar, deveriam, sim, estar todos sendo enquadrados pelos crimes que essa geração futura vai cometer...

    Porque, quando a gente estava lá na pandemia, e a gente sofreu por dois anos, com escola remota, com tudo isso, a promessa foi feita: quando retornar, a educação tem que voltar de todo jeito. Retornou foi nada, retornou com greve, que atrasou as aulas de começarem no Estado do Rio Grande do Norte. Vão começar agora, dia 5. A sua já começou, no seu estado; com toda deficiência, já começou, mas é o estado da professora. É no estado da professora que os alunos estão se evadindo, mas é o estado da professora.

    Sabe o que acontece quando o aluno não está na escola? Ele fica cometendo crimes como cometeu na praia mais urbana e turística do Estado do Rio Grande do Norte, que foi Ponta Negra. Turistas esfaqueados na semana passada, agora, no início da semana.

    Enquanto a Governadora está em Portugal atraindo turista, tem turista sendo esfaqueado e assaltado na orla da praia, no cartão postal turístico. É a contrapropaganda do próprio Governo, que não deu educação, que não oferece educação, que não investe em educação, porque preferiu, de forma inteligente... E eu achei a inteligência dela indiscutível quando pegou R$120 milhões e investiu em construir novos prédios, e deixou os 600 prédios, prédios como esse que estão fechando, à míngua, serem fechados.

    Eu tenho um projeto de lei...

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Mas é inteligência?

    O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) – Eu acho.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Não entendi. Você diz assim, para enganar politicamente as pessoas?

    O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) – Exatamente, Senador Eduardo Girão. Porque está em campanha. Ela vinha fazendo isso já na campanha passada: enganou. Disse que, quando o Presidente Lula ganhasse, o Rio Grande do Norte iria ser um oásis. Está sendo um oásis de desgraça. Estou citando aqui.

    Ela é incompetente mesmo. Ela é incompetente no que faz. Porque se é professora e não consegue melhorar a educação, não tem outro nome para ela; esse é o nome. Acho que esse é o eufemismo que estou usando para tratar o governo, porque eu sei que, daqui a uns anos, essa geração vai dar problema para uma sociedade futura. Então, esse vácuo que vai existir durante essa ocupação de cinco, seis anos do governo dessa senhora vai causar esse dano permanente para a sociedade potiguar. Isso deve estar acontecendo em outros estados.

    A gente tem um projeto de lei que trata casos como o do Maria Ilka, que manda o recurso, e não só como o do Maria Ilka. Se o senhor tem um Prefeito lá que é oposição ao senhor, o senhor manda uma emenda, e o Prefeito, porque não quer lhe dar o crédito, por oposição ou por qualquer motivo pessoal ou político, não converte a emenda em benefício da população, no mínimo, é improbidade, mas isso deveria ser estendido para crime mesmo. Porque, se a gente pensar, aquele garoto lá que vai puxar o gatilho, aquele adolescente, aquela criancinha que quebra o vidro do carro para furtar um celular, que é um furto insignificante, é o que eles querem. Nem querem punir, porque eles têm a consciência de que fizeram errado. Só que eles não querem punir, querem soltar o elemento, porque eles sabem, e têm a consciência, e têm o remorso de não terem feito quando era para ter feito. Não deram educação quando era para ter dado, não fizeram nada pelas escolas, como lá no meu estado, aí, depois, querem prender? "Ah não, coitado, é uma vítima da sociedade de que eu administro o governo". Seja honesto e diga isso. Seja honesto e diga isso.

    E só citando: ontem eu tive uma reunião com alguns reitores de universidades federais deste país, que diziam que o Governo passado – e eu não sou bolsonarista, não sou, entendeu? –, diziam, hoje, os que estão atuando no poder, que o Governo passado acabou com as universidades.

    Procure saber, Eduardo Girão, como é que está a Universidade do Ceará, em recursos, porque a minha está beirando cortar a luz, viu? Vieram pedir placas solares para poder pagar a conta de luz, porque não tem recurso. Não tem recurso.

    Então, os discursos passados já não convencem mais agora. E eu estou dizendo isso porque o Presidente Lula falou com bom-tom que está vindo campanha, e gente vai mentir, vai mentir para vocês de novo. Sempre vão mentir, porque o problema sempre vai estar lá. O problema ninguém quer resolver, porque eu preciso do discurso de que "dessa vez eu sou o melhor para resolver; dessa vez, eu resolvo". Por isso é que este país vive em caos e desgraça: para que você, cidadão, viva alienado, viva nesse liquidificador de problemas e não enxergue a direção em que você deve ir. Porque enquanto estão discutindo, sinceramente, Senador Eduardo Girão; A, B, para onde vai... essas ideologias que não consertam, justamente problemas como esse, que não melhoram, não resolvem problemas como esse... Enquanto ficar só nessas ideias, nessas discussões, que alimentam justamente essa polarização, não se resolve nada.

    Eu estou deixando claro que não sou bolsonarista, para quando disserem: "Ele é oposição porque ele é bolsonarista". Não. Não sou. Eu sou oposição porque a Governadora do Estado do Rio Grande do Norte é incompetente, é cruel, é mesquinha, porque eu mandei recursos para reformar um hospital – R$12 milhões –, um hospital que atende 1 milhão de pessoas, na região do Alto Oeste. Doze milhões eu enviei, e ela não gastou um centavo ainda, e a obra está parada, denunciada ontem pelo Ministério Público. Dr. Rodrigo Pessoa fez essa recomendação de que a obra retorne, porque está parada por falta de pagamento. E o Governo diz que o Ministério Público... Esse Promotor, eu preciso dar o mérito a ele. Eu preciso dar o mérito: quando eu generalizei Ministério Público, me perdoe, porque tem promotor que ainda tem coragem. Tem promotor que ainda não foi comprado. E é um caso como esse e outros que eu posso citar... Dr. Sílvio, em Currais Novos. Vários outros eu posso citar também.

    Mas neste caso aqui, da educação, tem que dar resposta, tem que ir lá fiscalizar e ver escola, e parar de mandar aquele "recomendo que vá, que melhore...". É, sinceramente, apertar, partir para a punição pesada mesmo. Então eu sou oposição àquele Governo daquele estado por coisas como essa. Por ter enviado recursos como esse, para o hospital, os 12 milhões e não ter gastado – está assassinando pessoas em corredores de hospitais, por falta de quê? Muitas vezes de uma instalação elétrica, que é velha, se se compra equipamento novo; outra inteligência. Eu preciso elogiar o Governo, porque tem gente que é inteligente quando faz essa compra. Compraram um aparelho caríssimo...

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Não use a palavra inteligência, porque confunde quem está nos assistindo; é má-fé, é uma jogada maldosa.

    O SR. STYVENSON VALENTIM (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) – Mas é essa... Mas, Girão, é essa a mensagem que eu quero levar mesmo para a população. É essa a mensagem que eu quero levar para você, cidadão: é essa forma de confundir você que leva pessoas incompetentes a cargos de gestão.

    Quando eu falo "inteligência", é porque o hospital nem passou pela reforma ainda, a instalação elétrica é da década de 80, não suporta equipamentos – porque vai cair, vai queimar, como já foi –, aí você compra um ultrassom, você compra uma ressonância magnética, caríssima, para instalar onde? A "inteligência" que eu falo é ironia, é uma figura de linguagem, para não dizer que é muita burrice, peculiar de quem está na administração. Parece que é nata de quem está gerindo aquele estado, essa espécie de inteligência. Então, sou oposição por isso: quando mandei recurso para a Escola Maria Ilka, perdeu – quando eu tentei, por quatro anos, do início deste mandato, fazer alguma coisa através do governo do estado.

    Pedi desculpas ontem numa entrevista, numa emissora de rádio no meu estado. E eu me desculpo aqui na TV Senado, hoje, na tribuna desta Casa, me desculpo com a população potiguar, norte-rio-grandense, que acredita em mim, que votou em mim; me desculpo por ter mandado todo esse recurso, quase R$30 milhões, para o governo do estado e, sinceramente, eles não verem o resultado.

    Então, eu me desculpo por ter acreditado, como muita gente acreditou, e elegeu. Eu acreditei que poderia fazer. Eu acreditei que teriam competência. Eu acreditei que a gestão resolveria esses problemas. Eu acreditei, como qualquer outro do Estado do Rio Grande do Norte acreditou e hoje está totalmente decepcionado. Não existe nada que possa ser feito neste tempo – e já vão para quase seis anos de governo – que recupere credibilidade.

    Porque se tem uma coisa que cansou na política é essa fala, é esse tipo de fala de promessas e não realizações. É esse tipo de promessas que a gente vai ouvir agora em campanhas municipais, e que os estados e municípios continuam do mesmo jeito. Alguns não, alguns melhores. Alguma melhora, mas o meu só anda para trás.

    Eu venho falar isso porque o apelo não é meu, não. Você viu, está na mensagem, é de professores que querem trabalhar. É o próprio sindicato dos professores do estado que reclama dos parasitas que estão fora da sala de aula, encostados em outros órgãos, saindo de suas funções, podendo estar na sala de aula. Eu falo pelos alunos que não podem falar neste microfone, que vão ter todos os sonhos, toda a sua vida perdida por pessoas como essas.

    Então, esperem a próxima eleição e vocês vão ouvir tudo diferente. Tudo vai virar um paraíso. Esperem as próximas eleições, como a de 2022, que o melhor vai começar.

    Obrigado, Senador Eduardo Girão.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/03/2024 - Página 24