Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação quanto à autorização concedida pela Marinha brasileira ao Greenpeace para a realização de pesquisas científicas na costa do Amapá, a 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas, por supostamente atrasar o desenvolvimento econômico da Região Amazônica.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Regional:
  • Preocupação quanto à autorização concedida pela Marinha brasileira ao Greenpeace para a realização de pesquisas científicas na costa do Amapá, a 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas, por supostamente atrasar o desenvolvimento econômico da Região Amazônica.
Aparteantes
Lucas Barreto.
Publicação
Publicação no DSF de 13/03/2024 - Página 19
Assunto
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, AUTORIZAÇÃO, MARINHA, GREENPEACE, PESQUISA CIENTIFICA, ZONA COSTEIRA, ESTADO DO AMAPA (AP), FOZ, RIO AMAZONAS, ATRASO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, REGIÃO AMAZONICA.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente, Senadoras, Senadores, meu amigo Lucas Barreto, eu vou falar aqui do Greenpeace, Lucas, que está indo para o Amapá para pesquisar no Amapá. (Risos.)

    Eu fiz um... E dá para rir mesmo. Brasileiro diz que dá para rir e dá para chorar. Então, eu não vou chorar aqui. Eu vou rir.

    Eu leio que o Greenpeace está fazendo uma missão lá na costa, perto da foz do Amazonas. Aí eu fiz um requerimento, foi enviado hoje, para o Ministro José Múcio, do Ministério da Defesa:

    Prezado Ministro,

Certamente, é de seu conhecimento, uma vez que noticiado pela mídia, que a Marinha brasileira autorizou, por meio de portaria, que uma embarcação do Greenpeace possa realizar pesquisas na costa do Amapá. Esse trabalho ocorrerá em parceria com o Instituto de Estudos e Pesquisas Científicas do Estado [coitado do Amapá]. Seu objetivo seria analisar as correntes [vamos lá, Lucas, vamos lá, Senador Girão, o objetivo do Greenpeace] marinhas do Oceano Atlântico, em áreas próximas [ganha um doce, Girão, ganha um doce quem acertar] à [claro] Foz do [...] Amazonas [onde está o petróleo que eles impediram, forjando um coral].

    Antes que o Greenpeace descubra novos corais – e vai descobrir, porque eles têm narrativa enorme no mundo inteiro –, antes que eles descubram novos corais, eu estou aqui antecipando que eles vão descobrir alguma coisa que prejudique ainda mais o desenvolvimento do país e, claro, do Amapá.

A portaria consta de oito artigos. Foi assinada em fevereiro passado e, ao menos em tese, seus efeitos esgotaram-se no último sábado, 9 de março de 2024. Foi assinada pela Almirante de Esquadra André de Santana. O navio autorizado a participar desta pesquisa é o Witness [que quer dizer testemunha, não é?], de bandeira holandesa. Por alguma razão [que está explícita] seu nome significa testemunha em inglês.

A pesquisa se concentra na região em que a Petrobras pediu licença ambiental do Ibama para perfurar um poço em profundidade de 2.800 metros, em águas ultraprofundas, localizado [vou repetir bem alto] a 550 quilômetros da Foz do Rio Amazonas.

Após uma negativa, em 2023, a Petrobras fez nova consulta, acompanhada de projetos mais precisos que permanece em estudos.

Consulto V. Exa., Sr. Ministro, sobre os motivos que levaram a Marinha Brasileira a conceder essa autorização. O Instituto de Estudos e Pesquisas Científicas tem como missão gerar e difundir conhecimentos científicos e tecnológicos. O Greenpeace não trata de pesquisa, dedicando-se exclusivamente à militância ambientalista. Essa autorização, portanto, não faz qualquer sentido do ponto de vista de geração de conhecimento.

São esses os motivos que me levam a solicitar de V. Exa. mais informações sobre a concessão feita ao Greenpeace.

    Eu assino e peço essa informação, mas me antecipo: o Greenpeace vai encontrar corais, vai encontrar civilizações aquáticas que habitaram não sei que tempo. Mas isso tudo, brasileiro, brasileira, fica a 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas. Imagine que são 500 quilômetros. E eles passam essa narrativa de que é exatamente na foz.

    Infelizmente, a gente está com essa narrativa, com esse poder imenso que essa organização tem, mas sempre, sempre contando com a participação de autoridades brasileiras.

    Olhe só, eles já foram ao Amazonas – já lhe dou a palavra, Senador Lucas. Ah, eu era vereador e fui até no navio deles, o Guardião do Amazonas. Eles vão lá, entram, fazem o que querem, mentem à vontade dizendo que foram lá e viram. Inventam e os maus brasileiros ecoam essa mentira hipócrita.

    Eu ouço o Senador do Amapá, meu amigo Lucas Barreto, quem é ferido de morte pelo Greenpeace.

    O Sr. Lucas Barreto (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - AP. Para apartear.) – Obrigado, Senador Plínio. Primeiro, quero lhe cumprimentar e agradecer a solidariedade ao povo do Amapá, que vem sofrendo esses ataques que nós já estamos chamando até de apartheid. Eles querem apartar o Amapá; separa o Amapá do Brasil: a 500km na costa a montante pode explorar petróleo; a 350km em terra pode explorar petróleo; no Amapá, a 550km da foz do Amazonas, e a 50km de onde já estão explorando quatro poços de petróleo na Guiana Francesa, o Amapá não pode nem prospectar. Aí eles trazem um barco holandês para fazer prospecção do que eles chamam de corais – e os nossos cientistas amazônidas, paraenses e amapaenses chamam... sabem que são fósseis de corais, quando da grande depressão, há 20 mil anos.

    Hoje, a Guiana Francesa já está produzindo, em quatro poços, 70% do petróleo que produz o Brasil. Imaginem os senhores. E a gente vendo aí os... A Petrobras tendo um deságio nas suas ações pela fala do Presidente, quando lá tem 1 trilhão, estima-se que tenha 1 trilhão de metros cúbicos de gás. Estima-se que tenha lá o petróleo de maior viscosidade, que eles chamam – ou seja, é o grande prêmio. É a mesma plataforma que vai até a Venezuela: ela começa no Amapá, na foz do Amazonas; Guiana Francesa; Suriname; e Venezuela. E, para se ter ideia, a Venezuela tem 25% do petróleo do mundo.

    Aí que são forças ocultas que... Ao invés de nós termos autorizado, e os barcos estarem lá prospectando, para que nós possamos saber o que o Brasil tem, porque...

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – É isso, Senador.

    O Sr. Lucas Barreto (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - AP) – ... isso vai partilhar para os amazônidas, é pré-sal. Para o Amapá nem se fala. Eles estão patrocinando as forças ocultas para – como o senhor falou aí, Senador Plínio – inventar corais onde não existem mais, para tentar frear essa possibilidade que nós temos de prospectar o petróleo. Nós não estamos falando em explorar ainda. A 170km da foz do Rio Oiapoque, a 15km do limite do mar territorial...

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – E a 500km da foz.

    O Sr. Lucas Barreto (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - AP) – E a 570km da foz.

    Então, o povo do Amapá está atento a isso; eu tenho conversado muito com o Presidente Jean Paul, e falo a ele: o gás do Amapá é a saída, para a Petrobras, para essa linha que eles estão adotando agora de energia verde, dessas coisas; o gás é energia limpa.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – Correto.

    O Sr. Lucas Barreto (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - AP) – O problema é que, hoje, o Amapá, nós não queremos... Como a gente fala, nós já fizemos o nosso papel, ou seja, nós fizemos o dever de casa: a gente é o estado mais preservado do mundo – mas, ao mesmo tempo, é o mais pobre. E também somos o mais rico, por causa do gás e por causa da Renca. Estima-se que, na Renca, existam US$1,7 trilhões em minerais, no subsolo da Renca. Quatro milhões e 70 mil hectares. Também não pode entrar. E nos impuseram lá o maior parque do mundo, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, 3,8 milhões de hectares, 97% das florestas primárias do Amapá estão de pé e ninguém nos compensa, ninguém nos vê.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lucas Barreto (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - AP) – Na pandemia, na Amazônia, principalmente em Manaus, faltou oxigênio no pulmão do mundo. Então, nós precisamos mudar isso e é aqui no Senado.

    Por que essa discriminação com o Amapá? Só com o Amapá? Porque em qualquer outro lugar do mundo pode explorar petróleo, pode prospectar, e nós não estamos conseguindo prospectar. Tem forças ocultas aí que nós não estamos entendendo.

    A gente sabe que quando o preço cai um pouco a Opep para de produzir, como fizeram no ano passado, diminuiu-se a produção em um milhão de barris por dia e o preço, claro, voltou a subir.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – É isso.

    O Sr. Lucas Barreto (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - AP) – Então, obrigado pela solidariedade, Senador Plínio, ao povo do Amapá.

    Muito obrigado pelo apoio que o senhor dá ao nosso povo do Amapá. Tenha certeza de que nós não somos de briga, mas a luta vai continuar.

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – Senador Lucas – eu peço um tempinho para encerrar, Presidente Chico Rodrigues –, muitas coisas nos unem.

    O Amazonas também tem sua reserva de floresta preservada em 97%. No Amapá deve ser isso.

    Somos boicotados o tempo inteiro e também nos querem longe do Brasil, porque não nos dão a BR-319.

    Portanto, não querem o Amapá, não querem o Amazonas brasileiro; eles os querem isolados para o futuro das novas gerações deles, deles, unicamente deles.

    O que a gente mostrou na CPI das ONGs não está assim tão oculto, Senador, porque a gente mostrou e está claro para nós.

    Outro dia, na semana passada, eu mostrei aqui a Fundação Moore, que financia ONGs aqui no Brasil para boicotar a 319: observatórios das mudanças climáticas da BR-319, impactos da obra da BR-319 no planeta e por aí adiante.

(Interrupção do som.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – E eu encerro agora em um minuto.

    Já gastaram, financiaram, 11 milhões essas ONGs. Portanto, não estão ocultas assim, estão às claras; só não enxerga quem não quer ver.

    E como dizem os mais antigos, os mais sábios, como o meu Senador Esperidião Amin: a covardia é cega.

    Um grande abraço e obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/03/2024 - Página 19