Discurso durante a 19ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica ao papel exercido por ONGs na Região Amazônica em razão de supostas violações à soberania nacional e do alegado impedimento ao desenvolvimento econômico da região.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Regional:
  • Crítica ao papel exercido por ONGs na Região Amazônica em razão de supostas violações à soberania nacional e do alegado impedimento ao desenvolvimento econômico da região.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2024 - Página 14
Assunto
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Indexação
  • DEFESA, COMBATE, INFLUENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, CONTROLE, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), INTERFERENCIA, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO AMAZONICA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ESTADO DO AMAPA (AP).

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, primeiro, Senador Rodrigo, parabéns! A PEC veio ao encontro do que o Brasil tanto anseia e espera de nós Senadores e espera do Senado.

    Sras. Senadoras, Srs. Senadores – vocês vão entender por que eu vou ler um pouco deste papel no final –, ora se fala em soberania relativa, em soberania somente porque integra o território brasileiro... Eu estou falando da Amazônia. A gente tem discutido exaustivamente a questão da soberania da Amazônia aqui, eu tenho trazido este tema. Há cinco anos eu bato nesta tecla, e por mais três baterei sempre na mesma tecla.

    Esta soberania, que deveria ser plena, total, real, infelizmente, como muita coisa está acontecendo neste país, está sendo violada, lamentavelmente com a participação efetiva de autoridades brasileiras. A Amazônia agora passou a ser a casa da mãe joana. Um grupo de ecoterroristas, a serviço de causas que não são as nossas, fretam um navio na Holanda, trazem-no com bandeira inglesa para a Amazônia e para o Amazonas, com tripulação comandada por oficial inglês e resolvem ditar normas em nossa região.

    Ignoram o nosso Exército, a nossa Marinha, a nossa Aeronáutica, as populações que lá vivem. Ignoram três séculos de ocupação por brasileiros que mantiveram aquela região integrada ao território nacional e, a pretexto de protegerem a floresta, estão lá na Amazônia, ditando normas, estabelecendo formas de atuação e chegam até a fazer questionários às empresas com uma série de indagações para, com certeza, orientarem as autoridades do Ministério do Meio Ambiente, que hoje está apenas a serviço dessa gente.

    Os interesses nacionais são colocados em segundo plano. O que interessa é a possibilidade de levantar recursos, porque a Amazônia passou a ser a moeda de troca. Ou adotam medidas que impeçam o desenvolvimento da Amazônia, ou não há mais empréstimo para o Brasil. Esta é a dolorosa realidade. Eles não têm nenhuma preocupação com a questão ambiental. É exatamente o que eu coloco aqui. Quero que as autoridades do Governo digam o que pretendem para a Amazônia. Por enquanto, o que parece é que há todo um esquema montado de esvaziamento da Amazônia, de tornar impossível se viver lá, de fazer com que as pessoas abandonem a região.

    Então, que o Governo e as autoridades digam o que querem para a Amazônia, a fim de tomarmos o nosso rumo. Essa é a nossa grande questão, que a população da Amazônia está querendo saber. O que eles não querem mais é ficar lá como mico de circo para turista ver, nem os não índios, nem os índios.

    Portanto, olha só aqui. Essas palavras não são minhas, esse discurso não me pertence. Essas palavras foram ditas aqui no Senado Federal no dia 10 de abril do ano 2000 pelo nosso eterno Governador e Senador Gilberto Mestrinho. Abril do ano 2000. Vocês me ouviram aqui falando de navio de bandeira holandesa. Está de novo agora, só que na costa do Amapá.

    O nome já não é mais o guardião, agora o nome é a testemunha, fazendo as mesmas coisas, pesquisando, mentindo, inventando, causando pânico na população mundial.

    Olha só, nós estamos hoje em março de 2024. Vinte e quatro anos após, eu falo, digo aqui, e vocês pensam que o discurso é meu porque está atual, os mesmos problemas. Nos tratam como colônia, e você, brasileiro, e você, brasileira, que acham que nós somos colônia, têm que entender que não somos. Um país como o nosso, abençoado por Deus, tem tudo o que o mundo precisa, principalmente a Amazônia, com sua floresta, sua água, seu sol, seus minérios, mas querendo liberdade de poder fazer.

    Reforçando então essas palavras ditas aqui há 24 anos pelo Senador Gilberto Mestrinho. Repeti aqui o discurso sem dizer que era dele para que vocês pensassem mesmo que as palavras eram minhas e não são, como disse; a situação é a mesma, a situação de impotência do amazônida é a mesma.

    Você ouve falar muito no Amazonas, o maior estado da Federação: água doce em abundância, tudo o que você possa pensar é gigantesco. Mas saiba você que a minha população, que a população do Amazonas, 56%, vive abaixo da linha da pobreza, e nós temos todo tipo de minério que você possa imaginar. Nós temos petróleo, gás, potássio, todo tipo de minério e não podemos explorar porque os órgãos ambientais brasileiros continuam aparelhados pelas ONGs, pelo dinheiro estrangeiro, pelo dinheiro de governos que implicam diretamente na política ambiental do país, atingindo a nossa soberania.

    Falar em Amazônia sempre. Sou republicano? Claro que sou, mas sou acima de tudo amazônida. Na Amazônia, hoje, 9 milhões de lares não têm condição de comprar uma cesta básica. Quem diz não sou eu, mas o Unicef. Em mim você não acreditaria, porque a narrativa não deixa, mas no Unicef talvez você acredite. Pobreza campeia, riqueza imensa, mas não podemos fazer nada; por isso que a gente abriu essa caixa-preta em relação ao financiamento de governo estrangeiro.

    Noruega explora seu petróleo como quer, explora ferro e alumínio lá no Pará, poluindo rios; ninguém diz nada. Ela financia, joga no Fundo Amazônia para que financie ONGs, para dizer que nós, amazônidas, e que você, brasileiro, não temos competência, não temos inteligência e não temos suficiente valorização pela Amazônia. Ditam normas, traçam a narrativa que você obedece, e discordar dessa gente hoje é desafiar o império do bem. É perigoso desafiar essa narrativa, mas esse é um dos trabalhos, é uma das missões com as quais nós nos propusemos estar aqui.

    Portanto, se você é daqueles que acham que a gente fica falando sempre em Amazônia, relaxa, vai vir muito mais disso aí, porque enquanto as coisas não forem colocadas no seu lugar, enquanto você, brasileiro, você, brasileira, não conhecer a Amazônia, para que conhecendo possa amar e amar defender de verdade, e saber que quem guarda a Amazônia não são esses hipócritas que dão dinheiro para as ONGs, mas, sim, o produtor, o agricultor, o pescador, o ribeirinho; esses, sim, controlam e mantêm a Amazônia para todos nós.

    Portanto, vamos continuar batendo nessa tecla. Está aqui: palavras do Senador Gilberto Mestrinho, março de 2000, do ano 2000, palavras minhas, março de 2024, as mesmas. Por quê? Porque os problemas são os mesmos, as questões são as mesmas.

    E a gente tem que combater isso sempre, seja em que trincheira for. Deus me concedeu a bênção de estar Senador, portanto, eu tenho que corresponder a essa bênção e me tornar merecedor. E eu só serei merecedor dessa bênção se eu defender aqueles que precisam de defesa, se eu não me preocupar com aqueles que estão felizes: a minha preocupação é com quem busca a felicidade, com quem busca corrigir injustiça, com quem precisa do nosso apoio, da nossa força, da nossa palavra.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/2024 - Página 14