Discurso durante a 19ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação de que a polarização política existente no País se sobreponha à discussão dos problemas locais durante as eleições municipais deste ano.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Eleições e Partidos Políticos:
  • Preocupação de que a polarização política existente no País se sobreponha à discussão dos problemas locais durante as eleições municipais deste ano.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2024 - Página 34
Assunto
Outros > Eleições e Partidos Políticos
Indexação
  • EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, ELEITOR, COBRANÇA, CANDIDATO, CARGO ELETIVO, PREFEITO, VEREADOR, REDUÇÃO, EXCESSO, FAVORECIMENTO, PARTIDO POLITICO, ELEIÇÕES, MUNICIPIOS.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Como sempre, obrigado, amigo e irmão, Senador Girão.

    Presidente histórico deste Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, eu ocupo a tribuna para falar hoje do enorme acontecimento político de 2024, a eleição municipal marcada para o próximo dia 6 de outubro, em primeiro turno, e dia 27 do mesmo mês, nas cidades com segundo turno. Mais precisamente, vou abordar o risco de a polarização política se sobrepor à necessária discussão sobre os problemas que afetam e muito diretamente o cidadão em seu dia a dia.

    Superar o desafio da radicalização é, a meu ver, necessário para que o eleitor faça a escolha baseada na capacidade efetiva dos candidatos, desnudando os extremistas de qualquer lado, que usam o apelo emocional em camuflar e para camuflar incompetências.

    O Brasil vai escolher, em outubro, 5.568 Prefeitos – ficam fora das eleições municipais o Distrito Federal e Fernando de Noronha – e mais de 58 mil Vereadores. O segundo turno pode acontecer apenas até agora em 99 cidades, as que hoje têm mais de 200 mil eleitores. Nestas, sobretudo nas principais capitais com maior peso político e econômico, o debate ideológico mais acirrado será sem dúvida inevitável, pelo que já se percebe no jogo político.

    Resta torcer para que o embate, mesmo que contundente, obedeça minimamente a princípios civilizatórios, o que, convenhamos, está difícil por causa da guerra de desinformação e dos discursos de ódio que grassam nas redes sociais lamentavelmente. Que a Justiça Eleitoral haja com rigor no combate aos excessos, seja de qual lado for.

    Torço para que a provável radicalização nos principais centros não se esparrame pelo país todo. Acho isso plausível a partir de um dado que considero significativo: cerca de dois terços dos municípios brasileiros têm menos de 20 mil habitantes – menos de 20 mil! Será que o eleitor dessas cidades, na campanha para a escolha de Prefeito e Vereadores, está disposto a ouvir debates acalorados sobre os dividendos da Petrobras, descriminalização de drogas, proibição do aborto ou digressões sobre a crise no Oriente Médio? Pergunto.

    Acredito que não. Mais proveitoso – e bem mais – para ele, eleitor, é saber que propostas o candidato a Prefeito tem para acabar com a fila nas Unidades Básicas de Saúde, facilitar o acesso de crianças e adolescentes à educação, dar assistência aos moradores de rua e melhorar o atendimento do serviço público municipal.

    E o candidato a Prefeito sabe explicar aos eleitores como está a situação financeira da cidade que pretende administrar ou continuar gerindo? Pergunto também. Quanto ela arrecada? Quanto gasta? Que montante recebe da União em recursos do FPM, tão lutado por mim, o Fundo de Participação dos Municípios? É mais uma pergunta. Já o candidato a Vereador sabe detalhar o que lhe cabe como Parlamentar municipal? Outro ponto de interrogação. Tem consciência de que seu papel é fiscalizar o Executivo, de verificar se promessas eleitorais são de fato cumpridas? E se aspectos legais da administração pública estão sendo atendidos? Mais um ponto de interrogação.

    O eleitor, a meu ver, pode colaborar muito para que as cidades brasileiras não sejam reféns de campanhas centradas na radicalização política. E aí como? Pergunto. Cobrando dos candidatos proposições factíveis, concretas, vinculadas ao cotidiano das pessoas. Obviamente todos os cidadãos devem trabalhar com a mesma finalidade. Trata-se então de obrigação coletiva, em que alguns têm mais responsabilidade – as lideranças políticas e religiosas, a imprensa e as plataformas de redes sociais.

    Concluo.

    Na circunstância política em que nos encontramos, não tenho dúvida de que é dever de cada brasileiro contribuir para reduzir a polarização e promover ambiente mais harmonioso e construtivo durante as eleições municipais deste 2024. É para mim um compromisso com a democracia.

    Agradecidíssimo.

    Deus e saúde, pátria amada, amigas e amigos deste Senado Federal.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/2024 - Página 34