Fala da Presidência durante a 21ª Sessão Especial, no Senado Federal

Abertura da Sessão Especial destinada a comemorar os 50 anos da nomeação do ex-Ministro Alysson Paolinelli no Ministério da Agricultura.

Autor
Izalci Lucas (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }, Homenagem:
  • Abertura da Sessão Especial destinada a comemorar os 50 anos da nomeação do ex-Ministro Alysson Paolinelli no Ministério da Agricultura.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2024 - Página 8
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }
Honorífico > Homenagem
Matérias referenciadas
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, NOMEAÇÃO, ALYSSON PAOLINELLI, MINISTERIO DA AGRICULTURA (MAGR), HOMENAGEM POSTUMA, EX-MINISTRO DE ESTADO.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF. Fala da Presidência.) – Declaro aberta a sessão.

    Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.

    A presente sessão especial foi convocada em atendimento aos Requerimentos nºs 73 e 78, de 2024, de minha autoria e também do Senador Wellington Fagundes, aprovados pelo Plenário do Senado Federal.

    A sessão é destinada a comemorar os 50 anos da nomeação do ex-Ministro Alysson Paolinelli.

    Convido, para compor a mesa, os seguintes convidados: Sra. Marisa de Sena Gonzaga, viúva do ex-Ministro Alysson Paolinelli... (Palmas.)

    Convido também, para ocupar a mesa, o Sr. Paulo Afonso Romano, representante da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil. (Palmas.)

    Convido também o Sr. Josélio de Andrade Moura, Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária. (Palmas.)

    Convido também o Sr. Roberto Rodrigues, ex-Ministro da Agricultura no período de 2003 a 2006. (Palmas.)

    Convido também o Sr. Eduardo Azeredo, ex-Governador de Minas Gerais. (Palmas.)

    Quero cumprimentar aqui também o meu querido amigo e nosso Presidente eterno da Embrapa, Eliseu Alves. (Palmas.)

    Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional, que será executado pela Banda da Força Aérea Brasileira, regida pelo maestro Tenente Paulo Rezende.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF. Para discursar - Presidente.) – Quero cumprimentar a Sra. Marisa de Sena Gonzaga, viúva do ex-Ministro Alysson Paolinelli; cumprimentar nosso querido Paulo Afonso Romano; meu querido amigo Josélio de Andrade Moura; Sr. Roberto Rodrigues; Sr. Eduardo Azeredo; meu querido Eliseu Alves; cumprimentar cada um dos servidores, servidoras, convidados aqui, autoridades, representantes aqui do agronegócio. Quero cumprimentar a todos vocês!

    Estamos aqui hoje para prestar a nossa homenagem a um brasileiro que transformou o nosso país. Estamos aqui hoje para homenagear Alysson Paolinelli, esse mineiro de Bambuí que tanto fez pelo nosso país durante toda a sua vida. Paolinelli tem que ser lembrado e reverenciado pelo desenvolvimento de nossa maior riqueza, que é o agronegócio, e, sobretudo, por ter colocado o Brasil no topo dos países que alimentam o mundo.

    Hoje, 15 de março, completam-se 50 anos da posse de Alysson Paolinelli no posto de Ministro da Agricultura, cargo que ocupou entre 1974 e 1979. É a oportunidade para que possamos homenagear o que ele fez pelo Brasil e, especialmente, pela agricultura brasileira ao longo de mais de meio século dedicado à vida pública.

    Senhoras e senhores, o filósofo inglês Ralph Emerson disse certa vez que "a recompensa de uma coisa bem-feita é tê-la feito". Alysson Paolinelli fez a coisa bem-feita em toda a sua vida, desde seu início como jovem professor e diretor que salvou a Escola Superior de Agricultura de Lavras (Esal) de ser fechada em 1963. Ali, naquele momento, começava sua trajetória de luta, a semente próspera que mais tarde faria de nosso país uma potência na produção de alimentos para o Brasil e para o mundo.

    Aqui vou relatar este fato: a escola seria fechada por carência de recursos para tristeza e revolta da população, dos alunos e professores. A história foi contada pelo Prof. Eudes de Souza Leão, aquele que foi incumbido pelo MEC de ir a Lavras para fechar a Esal. O próprio Prof. Eudes contou o que aconteceu.

    O Prof. Eudes chegou a Lavras com o ofício para encerrar as atividades da instituição. Ficou hospedado na casa do Prof. Paolinelli, que não sabia que a visita teria a missão de fechar a escola – ele lutava para salvá-la da crise iniciada em 1960 e agravada em 1962. Em 1963, a escola estava com sua sentença de morte pronta para ser executada.

    Mas, sensibilizado com a energia, o amor dos professores, dos alunos e de toda a comunidade, o Prof. Eudes teve a coragem de descumprir a ordem ministerial e não só a reverteu, como também recomendou a federalização da escola.

    Em 2008, num encontro realizado em Recife, ele disse: "Como eu poderia dizer ao Prof. Alysson Paolinelli, ali na sua casa onde me hospedava, que tinha ido para fechar a escola e que a portaria estava no meu bolso?" Pois é, o Prof. Eudes desistiu.

    As dívidas foram pagas. A instituição foi soerguida, e, em 1966, o líder e grande negociador da federalização, o jovem Prof. Alysson Paolinelli, assumiu a direção da escola federalizada e a tornou referência no Brasil.

    Senhoras e senhores, o nosso homenageado era um professor, um educador e sabia que a transformação só aconteceria se o Brasil assumisse o seu protagonismo na produção de alimentos e na garantia da paz mundial. Para isso, ele tinha as palavras: ciência, persistência e competência.

    Formou-se engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura de Lavras em 1959. Nesse mesmo ano, tornou-se professor nessa mesma instituição de ensino e desde logo se pôs a se aperfeiçoar em cursos de estágios nos Estados Unidos, no Chile e na Argentina. Foi Vice-Diretor da instituição entre 1966 e 1967 e Diretor entre 1967 e 1971.

    Entre 1971 e 1974, exerceu o cargo de Secretário de Agricultura de Minas Gerais. Durante sua gestão, Minas Gerais se tornou o maior produtor de café do Brasil. Teve, como princípio, a introdução de políticas de fomento tecnológico, a assistência ao agricultor e a oferta de crédito.

    Sua bem-sucedida gestão em Minas Gerais chamou a atenção em âmbito nacional, e, em março de 1974, no Governo Ernesto Geisel, foi nomeado Ministro da Agricultura – tinha apenas 37 anos.

    Durante sua gestão, teve início o grande processo de modernização do setor agrícola brasileiro. Trouxe a Embrapa para, de fato, fazer e liderar todo o desenvolvimento do setor no país.

    Alysson Paolinelli tinha plena consciência do peso representado pelas desigualdades regionais e de que a má distribuição de renda não satisfazia as exigências de uma sociedade que pretendia se desenvolver. Sabia que o desenvolvimento nacional passava necessariamente pela transformação do nosso setor agropecuário. Com a Embrapa, por suas pesquisas e tecnologias, essa transformação aconteceu.

    Senhoras e senhores, Paolinelli nunca parou ou desistiu do Brasil. Durante toda a sua vida, trabalhou pelo nosso país. Presidiu a Confederação Nacional de Agricultura e foi ainda novamente Secretário de Agricultura de Minas Gerais por seis anos. Além disso, além de produtor rural, era um consultor permanente do setor agrícola nacional.

    O reconhecimento pela sua atuação veio pelo mundo, que, em 2006, o agraciou com o World Food Prize, prêmio equivalente ao Nobel da alimentação, por ter colaborado para o aumento da produção e para a disponibilidade de alimentos no mundo.

    Alysson Paolinelli foi um visionário, foi um homem e uma liderança capaz de olhar décadas à frente de seu tempo. Ele foi o líder na criação de uma agricultura moderna e sustentável em terras tropicais em larga escala.

    Em 2021, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, indicação que tive a honra de fazer juntamente com a Esalq/USP.

    Sobre a paz ele disse:

O homem foi criado e se desenvolveu para ser bem alimentado. A atividade mais importante que ele tem é a capacidade de sustentar seu próprio organismo. E, para isso, ele precisa se alimentar bem. Quando não há uma alimentação segura, ele começa a ter problemas de saúde. Aparecem, também, os conflitos, que às vezes se generalizam e acabam terminando em guerra. A gente vê muito isso na África e em outras regiões do Globo. E todas as guerras mundiais, se você examinar bem as suas origens, foram movidas por disputas por áreas ou para ter alimentos sadios e suficientes. Por isso, tenho sempre na minha mente que alimento é paz.

    Guimarães Rosa, nosso conterrâneo mineiro, dizia que quem elegeu a busca não pode recusar a travessia. Alysson Paolinelli foi um visionário, foi um homem e uma liderança capaz de olhar décadas à frente de seu tempo. Trabalhou incansavelmente até o final da vida. Nunca recusou uma travessia por mais difícil que fosse.

    A ele a nossa homenagem e a nossa eterna gratidão.

    Muito obrigado. (Palmas.)

    Convido agora o nosso Senador Wellington Fagundes.

    Deixe-nos só ajustar a câmera, Senador Wellington.

    O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MT. Por videoconferência.) – Eu gostaria, Sr. Presidente, que passasse para mais um para eu ser o segundo.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) – O.k.

    Então, eu vou passar já a palavra. Aliás, antes de passar a V. Exa., nós assistiremos a um vídeo em homenagem ao ex-Ministro da Agricultura Alysson Paolinelli.

(Procede-se à exibição de vídeo.)

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) – Eu convido para fazer uso da palavra a Sra. Marisa de Sena Gonzaga.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2024 - Página 8