Discurso durante a 22ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de asfaltamento da BR-319 para viabilizar a ligação do Estado do Amazonas com o restante do País.

Considerações sobre a expansão econômica chinesa na América Latina.

Críticas aos "lobbies" ambientalistas que supostamente atuam contra o desenvolvimento da Região Norte.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Regional, Transporte Terrestre:
  • Necessidade de asfaltamento da BR-319 para viabilizar a ligação do Estado do Amazonas com o restante do País.
Assuntos Internacionais, Economia e Desenvolvimento, Relações Internacionais:
  • Considerações sobre a expansão econômica chinesa na América Latina.
Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente:
  • Críticas aos "lobbies" ambientalistas que supostamente atuam contra o desenvolvimento da Região Norte.
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2024 - Página 17
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Infraestrutura > Viação e Transportes > Transporte Terrestre
Outros > Assuntos Internacionais
Economia e Desenvolvimento
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
Meio Ambiente
Indexação
  • NECESSIDADE, ASFALTO, ASFALTAMENTO, RODOVIA, MANAUS (AM), PORTO VELHO (RO).
  • COMENTARIO, INVESTIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, PERU, CONSTRUÇÃO, PORTO.
  • CRITICA, LOBBY, PAIS ESTRANGEIRO, FREIO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, AMAZONIA.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Para discursar.) – Boa tarde, Presidente. Presidente Veneziano, é um prazer enorme estar discursando, sendo presidido pelo senhor.

    Sras. Senadoras, Srs. Senadores, mais uma vez, e aproveitando o gancho do Senador Amin falando dos aeroportos, da necessidade, da importância, e lá vou eu, de novo, falar da nossa BR-319. Pode ser que, para vocês, não tenha tanta importância, porque não conseguem compreender a importância dela para nós; mas para nós, do Amazonas, ela é fundamental.

    Os santuaristas, que exigem ver a Amazônia congelada, com seus milhões de habitantes vivendo sem qualquer das conquistas tecnológicas dos últimos duzentos anos – se depender deles, que estão aprofundando, cada vez mais, os nossos contrastes, o contraste com o Brasil –, estão mais perto de aprofundar os contrastes que desejam. É o que eles desejam: que nós nos separemos do Brasil, ou que eles nos separem do Brasil, como nos separam por não nos permitir o acesso terrestre. É que a poucas centenas de quilômetros dessa nossa sofrida Amazônia, mas do lado peruano, conclui-se, provavelmente ainda este ano, a construção do que será o terceiro maior porto do mundo. Com financiamento chinês, o porto só perderá para Xangai e Singapura. Trata-se do Porto de Chancay, que se localiza ao norte de Lima.

    Como um dos principais portos chineses, trata-se de uma instalação que aproveita a grande profundidade das águas, permitindo o uso por navios de enorme calado.

    Por todas as projeções, o Porto gigante de Chancay permitirá a ampliação imediata do comércio, já muito significativo, não só com o Peru, mas também com o Chile, com a Colômbia e com o México.

    Esse novo avanço tem tudo para se refletir no Brasil. A China já é, de longe, o maior parceiro comercial dos brasileiros, tanto nas exportações, quanto nas importações, superando, há muito tempo, os Estados Unidos. A crise argentina reduziu o comércio entre os vizinhos e o Brasil, e as relações econômicas com a China só não são maiores devido às distâncias e às dificuldades portuárias. Tudo isso tende a se facilitar.

    Um grande passo para isso deverá resultar da mesma política chinesa de infraestrutura, que inclui o Porto gigante de Chancay. Já está prevista a construção de um ramal rodoviário desse porto para o Acre. Será o primeiro segmento da chamada Rodovia Transoceânica. Uma vez mais, trata-se de investimento chinês. Pensa-se na construção, a partir do Porto de Chancay, da chamada Rodovia Transoceânica. Para facilitar o escoamento da produção, rumo à China e aos outros países orientais, essa rodovia passaria do Acre para Rondônia, onde se conectaria com o Rio Madeira.

    A ideia seria, a partir daí, levar a Transoceânica até o Porto do Açu, próximo a Campos, no Rio de Janeiro. O Porto do Açu também tem águas profundas e desempenharia um papel extremamente importante. Deve-se lembrar que, até chegar lá, a Transoceânica cruzaria o Cerrado e estabeleceria conexões com o maior polo industrial brasileiro, que está, claro, na Região Sudeste. A rodovia teria tudo para estimular um novo surto de crescimento do Brasil, estimulando todo tipo de exportação.

    E quem ficaria de fora? Nós amazonenses. Nem é preciso pensar muito para que você tenha adivinhado que somos nós amazonenses que vamos ficar de fora. A maior parte da Amazônia brasileira, caso persista a forte influência dos ambientalistas, santuaristas, profetas do Apocalipse, dessas ONGs a serviço dos lobbies norte-americanos e dos protecionistas europeus, que querem viver eternamente ilhados. Observe-se que, pelo traçado da Transoceânica, ela até percorreria um pequeno trecho da Amazônia Legal, do Acre até Mato Grosso, polo de exportação de grãos, que se torna cada vez mais rico graças à sua produção sofisticada e ao seu acesso aos mercados. Já o Estado do Amazonas, que eu orgulhosamente represento nesta Casa, parte significativa do Pará, o Amazonas e parte do Pará, toda Roraima e vários outros trechos da Região Norte sobrariam nessa equação. Só existe hoje uma possibilidade de integração dessa parcela do território nacional, que é a BR-319. Por isso eu falo sempre, e continuarei falando sempre, da necessidade urgente de termos essa rodovia asfaltada.

    A BR-319 está completamente destruída pelo efeito do tempo. Seu recapeamento vem sendo sabotado ao longo dos últimos anos pelo lobby santuarista e ambientalista – a que eu chamo de profetas do Apocalipse –, a serviço dos interesses dos países ricos. O preço desse lobby foi mostrado por nós na CPI das ONGs. Escancaramos as formas adotadas por eles a intermediar esses interesses.

    Estamos vivendo um momento histórico. A expansão econômica puxada pela China passará pelas Américas. Cabe aos brasileiros aproveitar essa alternativa e cabe a nós reclamar mais uma vez: vamos ter que ficar de fora, porque a BR-319 não será asfaltada tão cedo, pelo menos neste e no próximo ano.

    Por isso é que a gente vem sempre aqui. São os lobbies ambientalistas. De Rondônia para lá, pode; passa pelo Mato Grosso e chega a São Paulo. Até no Acre também pode – que coincidência, é a terra da Marina Silva, que tanto nos prejudica!

    Para vocês entenderem a discriminação que há com a BR-319, que nos é fundamental, é a única via terrestre que nos liga a você, brasileiro. Sem ela, nós não chegamos a você por terra. Pelo ar é muito caro. E, por água, é demorado e caro também. Permita-me, Presidente Veneziano, relatar aqui um episódio que uma família me mandou: percorreram a BR-319, foram abordados por uma patrulha da Polícia Rodoviária Federal. Exigiram documentos, tudo, para ver se tinha algo ilícito. Não tinha. Seguiram adiante na BR-319. Chegaram à BR-364, que vai de Rondônia a Mato Grosso e chega a São Paulo. Lá, foram novamente abordados por outra viatura da Polícia Rodoviária Federal. Checaram documentos, estava tudo lícito, liberaram, só que avisaram que estavam autuando o motorista e o carro. Sabem por quê? Porque a placa estava coberta de poeira, e é regulamento do Dnit que na placa não pode deixar de aparecer os números. Estava com poeira e com lama.

    Olha só a insensatez, a incoerência, a discriminação, a falta de bom senso e de sensibilidade com as quais todo esse pessoal age em relação a nós do Amazonas. Por isso a gente sobe sempre aqui nesta tribuna e, muitas vezes, excede-se e extrapola-se: porque é necessário extrapolar e se exceder quando se trata da BR-319.

    Nós vamos aqui, sempre aqui, desta tribuna – e temos mais três anos deste mandato –, para cobrar, para dizer a você, brasileiro, a você, brasileira, que tem que entender que isso é importante para nós; que essa pregação das ONGs ambientalistas, essa pregação da Ministra Marina, do ICMBio, do Ibama, da Funai não passa de um conluio com organizações internacionais, com governos internacionais que financiam essas ações, como mostramos aqui, com a Fundação Gordon e Betty Moore. Mostramos aqui, foram 11 milhões em quatro anos criando, fomentando ONGs para vigiar a BR-319 e inventar, como a coisa daqueles cientistas imbecis que disseram que, se a BR-319 for asfaltada, novas epidemias surgirão. No barro pode, não tem epidemia, não tem mosquito, não tem vírus; o asfalto, sim, traz isso. Pura hipocrisia.

    Por isso é que eu, mais uma vez, agradeço a Deus e ao povo amazonense, meu Presidente, por eu poder estar aqui e, da tribuna do Senado Federal da República do Brasil, poder falar da nossa necessidade, da discriminação, e poder...

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – ... mais uma vez, chamar essas ONGs ambientalistas, esses profetas do apocalipse, essa gente toda de hipócritas – porque não passam de hipócritas, porque querem tudo do bom e do melhor, e querem tudo do pior para nós, ilhando-nos, tornando-nos uma ilha. O Amazonas não é uma ilha; é o maior estado da Federação e há de ser respeitado como tal.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2024 - Página 17