Discurso durante a 28ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios aos eventos realizados em virtude da celebração dos 200 anos do Senado Federal. Destaque para a importância desta Casa em momentos históricos do País. Satisfação de S. Exa. em vivenciar como Parlamentar, desde 1988, a estruturação da Constituição Cidadã.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Senado Federal, Homenagem:
  • Elogios aos eventos realizados em virtude da celebração dos 200 anos do Senado Federal. Destaque para a importância desta Casa em momentos históricos do País. Satisfação de S. Exa. em vivenciar como Parlamentar, desde 1988, a estruturação da Constituição Cidadã.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2024 - Página 15
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • ELOGIO, REALIZAÇÃO, EVENTO, CELEBRAÇÃO, BICENTENARIO, SENADO, ENFASE, IMPORTANCIA, INSTITUIÇÃO DEMOCRATICA, HISTORIA, BRASIL, REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, ESTRUTURAÇÃO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, CIDADANIA.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) – Exmo. Sr. Presidente desta sessão, nobre Senador Chico Rodrigues.

    Meus cumprimentos aos Senadores que estão no Plenário, Senador Kajuru e Senador Girão.

    Sr. Presidente, vou na mesma toada, como a gente fala.

    Foi tão bonito ontem o ato aqui. Eu estava sentado ao seu lado, à noite, naquele espetáculo maravilhoso. Foi uma obra de arte que nós vimos ali, acompanhados do Presidente da Casa – o Senador Girão também estava, não é? – e de outros Senadores que lá estavam.

    E não tem como não falarmos hoje, já que ontem foi dada a palavra para os convidados que estavam na mesa.

    Assim vou em frente.

    Ontem à tarde celebramos, em sessão especial, aqui, na Casa do Povo – porque para mim o Congresso é a Casa do povo, não é só a Câmara dos Deputados – os 200 anos do Senado Federal. Aqui estiveram representantes de todos os poderes constituídos e várias representações de outros países.

    Ao citar o Presidente do Senado, Senador Rodrigo Pacheco, tão querido já de todos nós – tenho certeza de que falo por todos –, cumprimento a todos os Senadores, Senadoras e autoridades que estiveram aqui hoje e também, à noite, naquele evento magnífico, no teatro.

    Cumprimentamos, com muito carinho também, a todos os servidores responsáveis pelos eventos do dia de ontem, a todos os servidores da ativa e os aposentados, que estiveram aqui, e que estavam lá, também, naquele momento.

    Foi à noite que tivemos aquele belo espetáculo. Espetáculo em que eu me senti como se estivesse em um teatro, como já disse aqui, mas estávamos no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que foi transformado num teatro belíssimo. Sendo duzentos anos – Senado, 200 anos – uma jornada histórica rumo ao futuro.

    Emocionante, o concerto executado pela Orquestra Bachiana Jovem Sesi-SP. Parabéns àquela juventude ali. Estava, ali, acho que uma centena de jovens, músicos.

    Destaque especial para os Maestros João Carlos Martins e Edson Beltrami; os solistas Juliana Taino, Jean William e Raquel Paulin, que foram aplaudidos por diversas vezes de pé, por nós todos que estávamos lá. Parabéns, parabéns!

    Ali nós vimos música, canto, arte, história e democracia, eu diria, entrelaçados, ou melhor, abraçados. E todo mundo sabe que a música encanta. Nós estávamos ali seduzidos por aquele momento e, em muitos de nós, lágrimas inclusive rolaram naquele momento, porque somos inconfidentes, na verdade, contemporâneos da fraternidade e do amor destes tempos de luta e evolução que travou o Senado na busca da democracia e no fim da própria escravidão, o que ficou muito bem retratado lá naquele espetáculo.

    Duas centenas de anos, testemunha, farol e guia. Senado, em cada passo, compromisso de nação, laços eternos, em cada voz, em cada ação.

    Foi lindo, muito lindo! Quem não viu procure ver. A TV Senado filmou e naturalmente gravou; e vai avisar o momento em que vai passar a nível nacional.

    Foi uma retrospectiva da luta pela liberdade, da luta dos negros, negras e brancos para acabar com a escravidão, em que o Senado foi o principal timoneiro, foi a trincheira, porque aqui se travaram grandes debates entre os que eram contra e a favor da liberdade e o fim da escravidão. Não foi tudo aquilo que gostaríamos, nós negros, mas, sem sombra de dúvida, foi importantíssimo; e o ato de ontem à noite demonstrou isso com gravuras lindas – no fundo, que se moviam – os artistas que estavam no palco.

    Reiteramos aqui os valores fundamentais do Senado Federal. O Senado é facho de luz, é diálogo, um espaço de construção coletiva, onde a tolerância, a justiça e a verdade são pilares inabaláveis. Honramos a memória daqueles que nos precederam, que escreveram códigos, normas, preceitos, códigos e leis.

    Grandes momentos esta Casa viveu: Lei Áurea, voto feminino direto, a educação, redemocratização, Constituinte – entre elas, eu participei da de 1988, e eu sempre digo, com muito orgulho "eu estava lá!". Cheguei em 1986, e, ao fim de 1988, nós a promulgamos sob a batuta inteligente e competente de um líder, do grande Ulysses Guimarães, que já faleceu.

    Reafirmamos o nosso compromisso com a transparência e o respeito às leis que regem nossa nação.

    Nosso engajamento é intransigente com as causas nobres e justas, com a defesa da dignidade e dos direitos humanos; com o combate incansável ao racismo e toda forma de preconceito e discriminação. Nosso compromisso com os direitos humanos exige não apenas lágrimas de solidariedade, mas também um firme empenho na construção de um mundo melhor para todos viverem.

    Reconhecemos a importância das diversidades representadas nestas cadeiras, neste Plenário, nas Comissões e corredores, mas queremos mais representatividade de mulheres, de negros, de jovens e de pessoas com deficiência, refletindo a riqueza e a pluralidade do nosso povo. O caráter representativo do Senado é o pilar que oxigena nosso pacto federativo, fortalecendo os laços que unem nossa nação diversa.

    Mas afinal, até que ponto o pacto federativo que temos é justo com nossos 27 entes federados? Em um mundo cada vez mais dominado pelo imediatismo das redes sociais, é essencial que mantenhamos a serenidade diante da frieza das redes, preservando a essência democrática que nos define. Devemos agir para que a liquidez descrita por Bauman não afete a ação política, mas, se o fato está consumado, devemos agir: menos ataques e intolerância, mais diálogo, mais respeito, mais fraternidade e mais amor ao próximo, mais humanidade em nossas atitudes, práticas e ações.

    O povo que procura esta Casa não é estranho à nossa porta, é a nossa gente. A alma do Senado brasileiro...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... é esteio da geografia brasileira, dando voz e vez a todos os cantos e recantos desta vasta terra, deste país gigante, dando palco aos que mais precisam, água aos que têm sede, alimentos aos que têm fome, dignidade à nossa gente.

    Se a alma desta Casa se encontrar em estado pálido, façamos, então, uma boa luta; retiremos as máscaras grudadas em nossa carne; façamos o bom combate desprovido de vaidade, o bom combate que sustenta nossos ideais; e transformemos, assim, essa mesma alma em vibrantes, intensas e sonoras cores, colorindo a caminhada da nossa gente.

    Hoje celebramos não apenas o Bicentenário do Senado, mas, sim, a continuidade de um compromisso com a democracia...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... a justiça e a liberdade para todos os brasileiros. Ruy Barbosa, que está aqui naquela... não é estátua. Como é que se chama?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... naquele busto, aqui no nosso Plenário, em célebre discurso, disse, abro aspa, porque é do grande Ruy Barbosa o que vou dizer: "[...] [chega a ser] irritante [pedir] o fiel cumprimento dos mais sagrados e imperiosos deveres da honra política pelos representantes do povo, [...] [respeito à democracia!]", fecho aspas.

    Que possamos juntos – aqui estou terminando, Presidente –, senhoras e senhores, continuar a escrever o que é preciso ser escrito, sem jamais perder a essência da dignidade humana, sendo assim todos nós outros...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... guiados pela luz da verdade e pelo espírito de servir ao nosso amado povo brasileiro.

    Sr. Presidente, tenho orgulho de dizer que fui Deputado constituinte lá em 1988. Ajudei a construir a Constituição Cidadã junto com grandes nomes, e digo aqui que não são nomes da esquerda que, concluindo, vou citar, Presidente.

    Ulysses Guimarães estava lá, Lula da Silva estava lá, Mário Covas estava lá, Benedita da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Olívio Dutra, Carlos Alberto Caó – e muitos dos que aqui citei já faleceram –, Jarbas Passarinho, o homem que liderou o Centrão com, eu diria, diplomacia, um intelectual, que apareceu ontem na tela, merecidamente, junto com tantos outros, Irma Passoni, Florestan Fernandes, entre tantos outros.

    A Constituição Cidadã estabeleceu um pacto social abrangente, fundamentado nos valores do povo brasileiro, campo e cidade, alicerce, alma e esperança, dedicando-se às causas nobres, direitos humanos, democracia e liberdade. A plenitude dos direitos fundamentais da cidadania foi alcançada mediante muita resistência, muito diálogo, muito amor e amorosidades.

    Viva o Senado Federal!

    Vida longa à nossa Constituição Cidadã!

    Viva a democracia!

    Viva o povo brasileiro!

    Era isto, Presidente. Encerro agradecendo a tolerância de V. Ex.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2024 - Página 15