Discurso durante a 28ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Convite para evento de filiação de S. Exa. ao PL.

Indignação com a suposta ausência de oportunidade para a manifestação da Oposição durante a sessão especial que comemorou o Bicentenário do Senado Federal. Defesa da construção de novos rumos para os próximos anos desta Casa de acordo com o que foi aprendido em experiências passadas.

Autor
Izalci Lucas (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atividade Política:
  • Convite para evento de filiação de S. Exa. ao PL.
Atuação do Senado Federal, Homenagem:
  • Indignação com a suposta ausência de oportunidade para a manifestação da Oposição durante a sessão especial que comemorou o Bicentenário do Senado Federal. Defesa da construção de novos rumos para os próximos anos desta Casa de acordo com o que foi aprendido em experiências passadas.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2024 - Página 21
Assuntos
Outros > Atividade Política
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • CONVITE, BANCADA, SENADO, PARTICIPAÇÃO, EVENTO, FILIAÇÃO PARTIDARIA, ORADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO LIBERAL (PL).
  • CRITICA, AUSENCIA, MANIFESTAÇÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, BICENTENARIO, SENADO, DEFESA, ALTERAÇÃO, OBJETIVO, INSTITUIÇÃO DEMOCRATICA, ANO, PROXIMIDADE, RECONHECIMENTO, APRENDIZAGEM, EXPERIENCIA, ANTERIORIDADE.

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - DF. Para discursar.) – Exatamente, Presidente.

    Cheguei aqui em 1970, ainda com 13 anos.

    Presidente, quero iniciar a minha fala também exatamente convidando os nossos colegas e a população, de um modo geral, para a minha filiação amanhã mesmo.

    Amanhã estarei me filiando ao Partido PL, lá no Minas Brasília Tênis Clube, com a presença do nosso ex-Presidente Jair Bolsonaro e de muitos colegas Senadores, Deputados, Governadores e também Prefeitos. Então, será uma honra muito grande contar com a presença de todos os colegas e amigos aqui do Distrito Federal.

    Presidente, ontem o Senado Federal se reuniu em sessão especial para celebrar os 200 anos desta Casa revisora. Era para ser um bom e belo dia para nascer e renascer, para aqueles que, ainda iniciantes, pudessem abrir os olhos para o mundo que se avizinha, para aqueles que, ao enxergarem mais apuradamente as complexidades ora postas, que pudessem cuidar com justiça daquilo que está sendo forçosamente colocado neste difícil momento que estamos vivendo no resto do mundo e principalmente aqui no Brasil.

    Infelizmente ontem não foi dada à Oposição a possibilidade de fala e a oportunidade de se manifestar com liberdade e apreço à nossa democracia. Com isso, sinto dizer, a celebração ficou manchada e expôs ao Brasil a chaga de nosso Parlamento, que, se já não faz valer a sua prerrogativa de legislar, também não tem agora a de falar e de se manifestar. A festa da democracia mostrou-se frágil, perdeu o seu brilho.

    Senhoras e senhores, ao celebrarmos os 200 anos de nossa Casa Alta, o Senado Federal da República, seus Senadores e servidores devem, acima de tudo, olhar para o passado e aprender com aqueles que, com erros e acertos, fizeram a evolução e o desenvolvimento do nosso país, aqueles que ouviram, viram e representaram cidadãos e cidadãs, suas dificuldades e apelos em cada canto deste nosso grande e rico Brasil.

    Não sou saudosista, mesmo porque não vivi no tempo e ao tempo para relembrar momentos importantes do nosso Brasil, mas conheço a história. Fui atrás dela para saber de antes e de todas as transformações ocorridas em nosso país monárquico e republicano, mas posso dizer um pouco do que vivi, do que aprendi.

    Era ainda pré-adolescente, no início da década de 70, quando aqui cheguei, de mudança, para a nova capital. Foi um período em que estudava, trabalhava, ajudava no sustento da família. E ainda servi ao Exército. Mas tive depois grandes mestres e procurei a história daqueles que fizeram muito, desde a Monarquia à República, para aprender, seguir em frente, evoluir e fazer o melhor.

    O conhecimento do passado traz não só evolução, mas sobretudo, corrige erros e desvios futuros. Por isso, a história é tão importante e não pode ser desvirtuada, como tem sido quando é contada diferentemente daquilo que, de fato, ocorreu.

    Foi por isso e principalmente pela educação que entrei para a política e tenho a honra de ser Senador. Foi para fazer o melhor, não para ter carreira. Minha profissão de contador, auditor e professor já me garantia uma vida e um sustento para minha família, como até hoje, graças a Deus, o faz.

    Eu sempre disse e repito que hoje aqui sirvo ao Distrito Federal e o represento, represento seus cidadãos, cidadãs. É isso que faço todos os dias.

    Servir à população, senhoras e senhores, não é profissão ou interesse. É missão, amor e dedicação. Entretanto, meus amigos e minhas amigas, para fazer melhor, é preciso que analisemos a história e façamos jus àqueles que trabalharam por um país continental próspero e justo. Para fazer melhor, é preciso que esse nosso trabalho aqui, como representantes dos nossos estados, das nossas cidades, seja um trabalho por um país que pense nas gerações futuras. Elas não viverão de auxílios. Elas não viverão de mentiras. Elas viverão do reconhecimento e do trabalho. Elas viverão da educação e das oportunidades que hoje a elas oferecemos.

    Para falar hoje sobre os dois séculos de existência de nossa Casa revisora de leis, fui atrás daqueles que muito fizeram e que lutaram pelo nosso Brasil para mantê-lo livre e pacífico, para desenvolvê-lo com justiça e liberdade, sem as arbitrariedades que, infelizmente, hoje estão ocorrendo em nosso país.

    Vivemos hoje uma desarmonia entre os Poderes que não é inédita. Já vivemos isso, mas hoje é muito mais grave. Vivemos um momento em que a narrativa se sobrepõe à Justiça e a faz valer para investigar e julgar. Temos hoje uma Justiça em que o juiz é vítima, acusa e julga. Há algo estranho acontecendo em nosso país de todos os brasileiros. Ao nosso Congresso cabe legislar, e ao nosso Senado, sobretudo, revisar e aprovar as leis com vistas ao melhor para o Brasil. À Justiça não cabe legislar, apenas julgar na forma da lei.

    Ao nosso Senado Federal de hoje: que acorde e faça jus ao Senado Federal de ontem! Basta apenas que os nossos representantes façam uma viagem ao início dessa jornada de 200 anos. Há muito que conhecer, há muito que aprender.

    Senhoras e senhores, nada como o amor, a inteligência e a visão de futuro dAquele que por nós se sacrificou. Neste momento da Páscoa e da ressurreição, nada como Ele para nos lembrar de por que estamos aqui.

    No início deste meu pronunciamento, falei sobre nascer e renascer. Portanto, para finalizar, peço-lhes atenção às palavras inscritas em nossa oração de Páscoa, que traz esperança em um novo recomeçar e que diz: "Neste momento tão especial de reflexão, que possamos lembrar daqueles que estão aflitos e sem esperanças! Que possamos fazer uma prece por aqueles que já não o fazem mais, porque perderam a fé em um novo recomeçar, esqueceram que a vida é um eterno ressuscitar, é um eterno ressurgir"!

    Ao nosso Senado Federal de hoje: que faça jus ao Senado Federal de ontem e ressurja para os próximos 200 anos!

    É isso, Sr. Presidente. É lamentável, realmente, o que aconteceu aqui ontem, não deixando que a oposição se pronunciasse numa sessão tão especial como essa de 200 anos.

    Então, quero deixar registrado aqui a minha indignação com relação a essa falta...

(Soa a campainha.)

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - DF) – ... de democracia que ocorreu aqui no dia de ontem: não deixaram a oposição se manifestar num momento tão importante.

    Muito obrigado, Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – Nobre Senador Izalci, ficará registrado o seu protesto. No entanto, eu gostaria apenas de dizer, como estava presente na sessão também em comemoração aos 200 anos que aqui se manifestaram o Presidente Rodrigo Pacheco, e não poderia ser diferente, como Presidente desta Casa, o Senador Veneziano Vital do Rêgo, como Primeiro-Vice, e, representando os Senadores, o Senador Rogério Carvalho, Primeiro-Secretário desta Casa. Obviamente, por se tratar de uma sessão solene e com uma data emblemática, acredito que a relação da nominata foi exatamente apenas para comemorar o aniversário de 200 anos desta Casa, que é, como já disse, o ponto de equilíbrio na política brasileira.

    O Senado da República é essa espécie de caixa de ressonância que, no momento próprio, no momento devido, obviamente, tem os seus microfones abertos, o seu Plenário aberto para a manifestação de todas as Sras. e os Srs. Senadores, sejam do centro, da direita, da esquerda, enfim, porque, afinal de contas, aqui é o largo estuário da democracia nacional...

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - DF) – Eu só quero, Presidente, complementar a minha fala, porque na reunião de Líderes foi feito um pedido para que os Líderes pudessem se manifestar. Por isso que digo que foi muito ruim não ter a representação da oposição nesta Casa, exatamente para manifestar aquilo que disse aqui: o momento de comemoração aos 200 anos é um fato histórico, e a gente precisa refletir a realidade; e a realidade hoje é essa que tive a oportunidade de falar e que deveria estar registrada também, mesmo no momento de festa, porque a gente precisa celebrar as festas, mas reconhecendo que esta Casa é uma Casa democrática e que tem que ter a voz da oposição e da situação.

    Mas era isso, Sr. Presidente, obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2024 - Página 21