Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação contrária à política externa brasileira sob a gestão do Governo Lula.

Autor
Izalci Lucas (PL - Partido Liberal/DF)
Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Governo Federal:
  • Manifestação contrária à política externa brasileira sob a gestão do Governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 18/04/2024 - Página 51
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, POLITICA EXTERNA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PARCERIA, DITADURA, ENFASE, VENEZUELA, AUSENCIA, CONDENAÇÃO, ATAQUE, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, GRUPO TERRORISTA, HAMAS, HEZBOLLAH, COMENTARIO.

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras e Srs. Senadores, é desolador e profundamente preocupante observar a trajetória recente da política externa brasileira sob a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente em relação ao seu posicionamento diante do conflito entre Irã e Israel.

    A recusa do Itamaraty em condenar com veemência os ataques iranianos a Israel não é somente uma falha diplomática; é uma escolha que revela uma desconexão alarmante com os valores democráticos que deveriam guiar nossas relações internacionais. E foi assim, ao não reagir ao primeiro ataque do Hamas a Israel, que a escolha foi feita.

    Senhoras e senhores, essa omissão voluntária em não se alinhar com as democracias ocidentais, que prontamente condenaram a agressão, é um sinal de um desvio ético grave que coloca o Brasil em uma posição perigosamente próxima de regimes autoritários. A posição brasileira infelizmente nos leva a crer que há, sem sombra de dúvida, um alinhamento ideológico que favorece governos com práticas antidemocráticas e desumanas, como os regimes da China, da Rússia, Nicarágua e até mesmo da Venezuela, para citar alguns. E é ainda pior e mais grave quando defende, se omite em condenar e até se aproxima de facções terroristas, como é o caso do Hamas e do Hezbollah – é bom lembrar que o Hamas vibrou e parabenizou Lula pela vitória nas últimas eleições; não faria isso sem razão.

    As falas do Presidente Lula quanto ao conflito entre Ucrânia e Rússia, sobre o qual afirmou que a atacada Ucrânia era tão culpada pela guerra quanto a atacante Rússia, refletem esse alinhamento, assim como quando comparou a resposta de Israel aos ataques promovidos pelo grupo terrorista Hamas com o Holocausto e o genocídio a que o povo judeu foi submetido na Segunda Guerra Mundial. A declaração do Presidente Lula causou um grave incidente diplomático que fez Israel colocá-lo como uma persona non grata ao país.

    Mas a língua solta do Presidente não para de comprovar este compadrio com regimes autoritários. Lula afirmou com todas as letras que o autoritarismo na Venezuela não passa de uma narrativa. Assim, segundo o Lula, os mais de 500 mil venezuelanos refugiados que estão aqui no Brasil são apenas uma narrativa. Lula, não satisfeito, mais tarde complementou que para ele o conceito de democracia é relativo.

    É bom lembrar sempre que a democracia é a prática que garante aos cidadãos o poder de participar nas decisões políticas de seu país, portanto é o governo em que o povo exerce a soberania. Mas é bom lembrar ainda o conceito de que democracia e autoritarismo são termos que se opõem, se anulam: onde uma está, não pode haver o outro.

    Os posicionamentos do Presidente, certamente com o auxílio precioso de sua diplomacia, têm colocado o Brasil em situações vexaminosas perante o mundo, que luta por paz e justiça. Está claro que há um jogo duplo sendo jogado pelo Governo Lula, em que condenações são adaptadas conforme conveniências políticas, ignorando princípios de justiça e de direitos humanos.

    A política de dois pesos e duas medidas adotada pelo Itamaraty é uma estratégia que mancha a reputação internacional do Brasil e contradiz a própria essência do que deveria ser a diplomacia de um país que se pretende líder global – e certamente o seria não fossem essas declarações, posicionamentos mal-ajambrados, que nos afastam cada vez mais de nos colocar do tamanho que somos: um país continental, rico pela própria natureza e pelo seu povo. O Brasil é um dos cinco países que alimenta o mundo. Hoje somos considerados o celeiro do mundo.

    O mais frustrante nisso tudo é que não se trata apenas de uma escolha diplomática equivocada que parte da autoridade máxima da nação. É uma traição aos ideais que muitos brasileiros defendem. Como cidadão deste país, sinto-me ultrajado ao ver o Brasil se distanciando das nações que compartilham de um compromisso com a liberdade e a justiça para aliar-se a regimes que nada têm a oferecer além de opressão e conflito.

    Senhoras e senhores, esse é o momento de indignação e de exigir mais do nosso Governo. É um momento de não permitirmos que a nossa pátria se torne cúmplice de atrocidades e de políticas autoritárias sob o disfarce de uma diplomacia de diálogo aberto. Precisamos de uma política externa que não apenas respeite os direitos humanos, mas que os promova ativamente, alinhando-se inequivocadamente com aqueles que defendem a paz e a democracia no mundo.

    Isso não é apenas uma questão de política internacional; é uma questão de consciência, integridade moral e, sobretudo, amor ao próximo, em consonância com os ditames religiosos e humanitários que os brasileiros de cada canto querem e acreditam.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/04/2024 - Página 51