Discurso durante a 55ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Solidariedade ao povo gaúcho em razão da tragédia climática que se abateu sobre o Estado do Rio Grande do Sul nos últimos dias e apelo para a construção de um esforço nacional de ajuda humanitária ao Estado

Autor
Zequinha Marinho (PODEMOS - Podemos/PA)
Nome completo: José da Cruz Marinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Congresso Nacional, Calamidade Pública e Emergência Social, Governo Estadual:
  • Solidariedade ao povo gaúcho em razão da tragédia climática que se abateu sobre o Estado do Rio Grande do Sul nos últimos dias e apelo para a construção de um esforço nacional de ajuda humanitária ao Estado
Publicação
Publicação no DSF de 07/05/2024 - Página 13
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Congresso Nacional
Política Social > Proteção Social > Calamidade Pública e Emergência Social
Outros > Atuação do Estado > Governo Estadual
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), CALAMIDADE PUBLICA, INUNDAÇÃO, CONFIANÇA, ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, AGRADECIMENTO, SERVIDOR, SENADO.

    O SR. ZEQUINHA MARINHO (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - PA. Para discursar.) – Muito obrigado, Presidente.

    Eu quero aqui pedir licença ao povo do Pará, porque hoje o pronunciamento que eu quero trazer tem a ver exatamente com o povo gaúcho, e quero apresentar, inicialmente, nossa solidariedade a todo o povo gaúcho, incluindo àqueles que não estão no seu estado, em função de terem se mudado de lá. Os gaúchos se espalharam pelo Brasil, são grandes produtores rurais, por onde estão têm ajudado este país a crescer e a ser o que é na produção de alimentos.

    Eu gostaria muito, de alguma forma... Ontem, mandei algumas mensagens de WhatsApp aos nossos colegas aqui, ao Senador Heinze, ao Senador Hamilton, ao Senador Paulo Paim, sobre de que forma a gente pode contribuir, porque a dimensão do problema é muito maior do que a gente pode sentir. Eu tenho lá um pastor conhecido, um amigo, Cristiano Colaço, e ele nos passou relatos que a gente lamenta, porque, ao mesmo tempo, acontecendo em tantas cidades, em tantos municípios, e isso nos atormenta e nos aterroriza. As pessoas sofrem com os impactos daquilo que o Governador do estado lá, o Eduardo Leite, categorizou como o maior desastre do estado em toda a sua história, em toda a sua existência.

    A minha solidariedade às vítimas dessa tragédia, porque, de acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil na manhã de hoje, já somam 83 mortos, 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas. Até o momento, são 141.300 pessoas desabrigadas, pelo que está catalogado, porque o Governo, a Defesa Civil, as Forças Armadas ainda, claro, não têm nem como fazer um balanço, mas, daquilo que está sendo apurado, esse é o resultado de hoje pela manhã.

    Elas tiveram que sair de suas casas, e a grande maioria está desalojada. Desse total, 121,9 mil estão nessa condição e apenas 19,3 mil se encontram em abrigos. Tem muita gente desabrigada que perdeu tudo que tinha, um frio complicadíssimo ali nesse momento. Ao todo, Senador Seif, 345 dos 496 municípios gaúchos registram algum tipo de problema afetando 850 mil pessoas naquele estado.

    É lamentável lembrar que, em setembro de 2023, o estado tinha sido afetado por fortes chuvas e inundações. Agora, seis meses depois, isso volta a se repetir. Eu acho que precisamos de medidas que previnam essas tragédias climáticas porque, certamente, daqui para frente, isso vai se amiudar, vai continuar acontecendo.

    Louvo aqui as ações de solidariedade espalhadas pelo Brasil. Tive conhecimento de que agora uma carreta sairá do Pará, lá do nosso estado, com mantimentos e doações para o Rio Grande do Sul. Os materiais para doação estão sendo recebidos em pontos de coleta distribuídos em Altamira e Brasil Novo. Eles estão recebendo alimentos, água potável, produtos de higiene pessoal, roupas, lençóis, colchões, fraldas descartáveis e ração para pets. Parabéns aos envolvidos nessa iniciativa e que se multiplique por todo o Brasil.

    E eu quero aqui fazer um apelo a alguns clubes de serviço Brasil afora, Lions Clubs, Rotary Clubs, a maçonaria também trabalha, e as nossas igrejas evangélicas e católicas, tenho certeza de que, com o coração piedoso que temos, certamente poderemos fazer alguma coisa que possa aliviar um pouco a dor e a tristeza dos nossos irmãos gaúchos.

    Encerro este pronunciamento trazendo um trecho da nota publicada pela Frente Parlamentar da Agropecuária, a nossa FPA. Nesse documento, a frente destaca que "A dor causada pela perda de vidas, moradias e comércio nos municípios gaúchos deve motivar a união de todos os entes da Federação e espectros políticos na reconstrução das cidades atingidas e no atendimento às vítimas". A nota da Frente Parlamentar da Agropecuária finaliza:

Junto a toda essa preocupação, encaminhada a assistência humanitária ao povo gaúcho, reitera-se a necessidade de proteger e salvaguardar os produtores rurais mais afetados e necessitados de toda a região, que dependem da sua produção para o sustento de suas famílias e contribuem para a retomada da economia nos municípios afetados. A FPA está a serviço do povo gaúcho e lutará no Congresso Nacional pelas medidas necessárias para o reerguimento do estado.

    A gente tem uma estatística aqui com relação às cidades. Calcule, Senador, a dificuldade de quem mora na zona rural: se aqueles que estão na zona urbana, onde o foco das atenções estão ali postos, você calcula quem fica na zona rural, que é uma casa aqui e outra um pouco mais distante. A tribulação que vive esse produtor. E esse produtor certamente não perdeu a só a sua casa, perdeu todo o rebanho que tinha, perdeu toda a sua produção, perdeu seus equipamentos, perdeu tudo. Então, o Rio Grande do Sul precisa do Brasil como um todo.

    De manhã, ali pela televisão, quando nos perguntavam, eu dizia: olha, nós somos 26 estados e um Distrito Federal, não é? Mas somos uma união. E eu, nesse momento, quero aqui reafirmar que vamos estar lutando daqui ou da forma como a gente conseguir entender ser mais eficiente para que o Brasil ajude esse pedaço, que lamentavelmente teve essa tragédia, uma tragédia natural. O Rio Grande do Sul tem sofrido um momento com secas, um outro momento agora com excesso de chuvas, com excesso de enchentes. Então, a gente fica extremamente preocupado.

    Eu estou acompanhando aqui no Senado Federal. Os servidores gaúchos aqui do Senado estão com um grande trabalho, uma articulação muito pesada no sentido de compra e aquisição de cobertores, com medo exatamente da onda de frio que está, pela meteorologia, anunciada para os próximos dias. As crianças, os idosos e todo mundo, muito complicado ter que sobreviver a tudo isso. Então, parabéns a esses servidores aqui do Senado. Possivelmente a Câmara dos Deputados também esteja fazendo a mesma coisa.

    E a gente espera que o Brasil reaja de uma maneira muito positiva, demonstrando essa solidariedade de uma forma muito direta, arrecadando recursos, arrecadando alimentos, arrecadando roupas, enfim, aquilo que a gente puder para suprir essa necessidade.

    Mas eu quero aqui também fazer um apelo muito especial. E aí esse apelo, meu Presidente, começa lá pelo Acre, e talvez o mais distante estado do Rio Grande do Sul seja Roraima, no extremo norte, então lá no fundão do Brasil, em que nós todos fazemos parte desta Federação.

    Que nossos Governadores, que nossas lideranças da Região Norte, eu falei esses dois, o Acre e Roraima, mas não posso deixar de fora aqui o Amazonas, o Amapá, o Pará, Rondônia, e aí vem aqui para o Estado de Tocantins, que já está aqui no meião do Brasil. Todos nós, o Nordeste de V. Exa. também, que são muitos estados, muitos Governadores, muita gente, muitas organizações.

    E aí é hora de a gente ver. Lá na Amazônia, nós temos dezenas – prestem atenção –, dezenas de milhares de ONGs. É muita coisa. É muita coisa. Por que esse povo também não entra em campo? Por que esse povo também não faz alguma coisa? Lá é uma tragédia ambiental. Então, vamos para lá também fazer alguma coisa, ajudar.

    As políticas governamentais no pós-tragédia, que aqui nosso Senador Confúcio Moura começou a dissertar, eu tenho certeza de que elas vão acontecer porque acho que governo nenhum, independentemente da questão ideológica ou lado político, vai encolher a mão amiga.

    E tenho também absoluta convicção de que tudo que chegar a esta Casa que vise a melhorar, a amenizar a situação do Rio Grande do Sul o Congresso Nacional certamente vai abraçar, vai poder votar e ajudar com a maior rapidez possível.

    Fiquei um tanto triste hoje, pela manhã, quando conversava com alguém aqui a respeito do Uruguai. O Uruguai disponibilizou lanchas, ainda na semana passada, na quinta-feira ou sexta-feira, e hoje essas lanchas ainda não tinham sido liberadas para que pudessem atuar no resgate. Ora, a burocracia está sendo levada em conta e sendo priorizada numa situação dessas, quando pessoas estão morrendo, porque o teto da casa foi levado.

    Hoje, minha esposa ficou transtornada, porque, sobre um teto, estavam dois homens, e um foi resgatado e, quando o helicóptero voltou para resgatar o outro, quando estava tentando içá-lo, a onda bateu na casa e a casa foi embora, e essa pessoa também se foi. Por alguns segundos, aquele homem não foi resgatado. Se segundos fazem diferença na vida das pessoas, três ou quatro dias fazem alguma coisa extraordinária.

    Então, não é hora de ficar atrás de protocolos burocráticos para poder liberar a vinda daquilo que foi disponibilizado para salvar vidas, para resgatar vidas. O Governo do Uruguai se prontificou, colocou um helicóptero, colocou muitas lanchas... "Mas não podem ir, porque têm que cumprir isso." O nosso Itamaraty precisa pensar agora com o coração – não dá para ser racional neste momento –, nós temos que atender uma demanda que precisa efetivamente ser atendida.

    Era esse o registro que eu gostaria de fazer, lamentando profundamente. Minha solidariedade aos nossos Senadores de lá – o Luis Carlos Heinze, o Paulo Paim, o Hamilton Mourão –; ao Deputado Alceu Moreira, com quem eu me dou muito na Frente Parlamentar da Agropecuária; e a tantos outros que eu tenho certeza de que estão lá na luta pela salvação e pelo resgate do seu povo.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/05/2024 - Página 13