Pronunciamento de Cleitinho em 23/04/2024
Discurso durante a 47ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Indignação com proposta de aumento salarial para o cargo de presidente do Banco do Brasil. Necessidade de responsabilidade e transparência com os gastos públicos.
- Autor
- Cleitinho (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/MG)
- Nome completo: Cleiton Gontijo de Azevedo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Administração Pública Indireta:
- Indignação com proposta de aumento salarial para o cargo de presidente do Banco do Brasil. Necessidade de responsabilidade e transparência com os gastos públicos.
- Aparteantes
- Jorge Kajuru.
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/04/2024 - Página 30
- Assunto
- Administração Pública > Organização Administrativa > Administração Pública Indireta
- Indexação
-
- CRITICA, PROPOSTA, AUMENTO, SALARIO, CARGO, PRESIDENTE, BANCO DO BRASIL, DEFESA, RESPONSABILIDADE, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, GASTOS PUBLICOS.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Para discursar.) – Obrigado, Presidente.
Uma boa tarde a todos os Senadores e Senadoras; aos servidores desta Casa; à população que acompanha a gente pela TV Senado; ao meu filho Davi, que está aqui hoje aqui comigo, meu amigo, meu irmão, meu melhor amigo. Obrigado por você estar aqui hoje, viu, meu filho, te amo.
Eu queria começar a minha fala de hoje, gente, falando... Só para deixar uma reflexão aqui, nada demais. Parece que vai decidir na sexta-feira, e fica com a consciência, de quem representa tão bem o Banco do Brasil, o Banco do povo, porque saiu uma matéria agora "Salário mínimo previsto para 2025 tem uma alta de 2,6 além da inflação". Então, "Salário mínimo de 2025: Governo anuncia alta para R$1.500". Muito bom.
Aí, o que acontece? Saiu uma notícia ontem aqui que me chamou a atenção, que o Banco do Brasil propõe um salário de R$117 mil para a Presidente. O Banco do Brasil propõe um salário aqui para R$117 mil, que chega aqui, o Banco do Brasil propõe um reajuste de 57% para o salário da presidente.
Quer dizer, do salário mínimo, vocês viram a porcentagem. Agora, vocês estão vendo aqui a da Presidente do Banco do Brasil. Eu tenho que me posicionar aqui e eu queria que vocês viralizassem essa fala minha para o Brasil inteiro, porque eles vão decidir sexta-feira, para ter o mínimo de consciência, porque eu acho que tem que ter consciência.
Com o Brasil que está da forma como está, uma Presidenta do Banco do Brasil, que é um banco do povo, ter um aumento, um reajuste aqui de 57% – é de 57% que eu estou falando, não estou falando aqui do salário mínimo não, viu, gente, que é o que está aqui. Saiu aqui: "Salário mínimo previsto para 2025 tem alta de 2,6% além da inflação". Aí eu pego aqui agora e saiu essa notícia maravilhosa do Banco do Brasil de que vão por um salário de R$117 mil para a Presidente – R$117 mil! – que poderá alcançar a remuneração de R$4 milhões anuais. Um salário de R$117 mil para um país que está em déficit, para um país que está quebrado, para um país que precisa fazer mais Minha Casa, Minha Vida... É só uma questão de consciência.
E, falando em consciência, eu queria chamar a atenção da população brasileira. A minha função aqui é de legislar e fiscalizar, e eu quero deixar bem claro que isso aqui, gente, não acontece só no Governo atual, não; isso aconteceu no Governo anterior, no Governo do Temer, da Dilma, em todos os governos acontece isso, e eu não sei por quê. Eu queria deixar aqui uma reflexão sobre essas licitações que existem, para essas empresas que fornecem tanto para os municípios, quanto para os estados e para a União, porque falta consciência: por que é que tudo para o público tem que ser mais caro, se, pela lógica, tinha que ser mais barato? Porque é dinheiro do povo e, na maioria das vezes, é para servir o povo! Aí a gente pega essas contratações e algumas não têm nem licitação.
O que me chama a atenção, e eu quero repetir aqui para depois não falarem assim: "Você está falando isso porque agora é o Governo Lula". Não! Isso aqui sempre foi assim, e eu acho que cabe a nós querer mudar isso, essa vergonha, esse desperdício de dinheiro público, porque o povo não tem direito a isso – o povo não tem direito a isso –, porque falaram que ia até ter passagem mais barata para o povo andar de avião, mas nem isso está tendo.
Aí eu faço uma pergunta aqui, eu estou vendo aqui uma questão de... Porque é o seguinte, gente: tem esses aviões da FAB aí porque os ministros têm que viajar, vão viajar para um estado, vão viajar para outro, vão fazer o trabalho que têm que fazer. Mas o que me chama a atenção é que, nessas viagens, eles têm direito a diária – todo ministro tem direito a diária – e eles fazem contratação para eles terem lanchinho dentro do avião nessas viagens, que podem ser viagens internacionais ou podem ser viagens de estado para estado que gastam duas horas. Aí, nessas contratações, me chamaram a atenção os valores, e eu vou mostrar depois para vocês aqui os itens. Numa contratação, foram R$380 mil – em uma contratação, R$380 mil!
Eu vou repetir novamente: se a gente não começar a mudar este país aqui... Porque sempre foi assim, foi assim no Governo anterior, no Governo do Temer, no Governo do Fernando Henrique, de todos! Sempre foi assim, porque eles nunca têm consciência com o dinheiro público. Sabem por que eles não têm consciência? Porque não sai do bolso deles, porque, se fosse sair do bolso deles, vocês podem ter certeza absoluta de que não ia ser desse jeito.
Aí aqui: são R$380 mil. Só para vocês entenderem, esses ministros, às vezes, levam outros convidados também, de seis a dez pessoas dentro do avião, lembrando que eles têm direito a diária – vão descer lá na cidade tal, vão ter direito a diária –, só que, mesmo assim, eles fizeram essa contratação aqui para ter lanche, comida dentro do avião, nessa viagem. Uma de R$380 mil e outra num valor de R$78 mil, isso dá quase meio milhão de reais. E o que me chama a atenção aqui são os itens, olhem que legal.
Eu pergunto para você, população brasileira: você tem isso dentro da sua casa? Porque quem está pagando isso aqui é você, o patrão de verdade aqui é você, essa turma aqui de ministros, essa turma que trabalha aqui é tudo empregado de vocês. Aí eu pergunto a vocês se vocês têm direito a esses itens maravilhosos aqui: amendoim de 40g individual, biscoito de sal, bolinho tipo Bauducco. Aqui tem mais, gente: queijo tipo Polenguinho individual – que coisa maravilhosa; quentinha, bandeja de frutas, salada de frutas, suco natural de fruta de polpa, cereal em barra, sanduíche de frango, sanduíche de peito de peru.
Eu faço uma pergunta de novo para a população brasileira: você que está aí e que vai receber no ano que vem um salário mínimo de R$1,5 mil compra essas coisas para o seu café da tarde? Não sei. Suco de pêssego, batata chips, leite desnatado... Aí é o que me chama a atenção. Eu quero explicar para vocês por que tudo para a administração pública, tudo para o Governo Federal, para o estado ou para o município tem que ser mais caro. Você faz uma pesquisa: um leite desnatado, pelo que eles estão pagando aqui, gente, R$8,46, que você compra no supermercado por R$4. Vocês reparam que é sempre o dobro do preço? Essas pessoas que fazem essas contratações ou essa empresa que ganha não têm um mínimo de consciência ou de respeito com o dinheiro público, não? Porque você vai ao supermercado e paga R$4. Por que tem que pagar aqui o povo – o Governo tem que pagar isso, porque é o povo que está pagando – R$8,46?
Aí eu faço uma pergunta: essa empresa que ganhou aqui comprou onde? Onde ela comprou? Onde ela comprou? Aí me chama a atenção aqui também, gente, a Coca-Cola de 300ml: R$6,25 uma latinha de 300ml. Eu ia até trazer uma aqui, mas eu não estou tomando refrigerante, estou fazendo regime, então não trouxe. Mas R$6,25! Aí eu faço uma pergunta para vocês aqui: vai no supermercado para você comprar, para você ver? Devem ser R$2,50, R$3, para comprar. Aí eu faço uma pergunta: essa empresa comprou no supermercado?
Aí que está a moral da história: você vai se sentar em um restaurante, esse restaurante comprou... Um exemplo que eu vou dar para vocês: eles compraram no atacado, aí eles compraram por R$2,50, R$3. O restaurante vai vender mais caro. Aí, ele chega a vender por quase o dobro do preço mesmo. Você vai se sentar em um restaurante, pedir uma Coca de 300ml e vai dar isso aí, de R$6 a R$7. Mas aí o que aconteceu? O restaurante comprou do atacado para poder te revender. Mas é aí que está a moral da história: essa empresa aqui comprou de quem? Foi do restaurante? Foi lá no Coco Bambu aqui em Brasília? Ou ela comprou foi do atacado para depois vender para o povo aqui por R$6, se deve ter pagado de R$2 a R$3?
Isso aqui é uma afronta à população brasileira. Nós estamos falando de quase R$0,5 milhão de um ministério, que é o Ministério da Saúde – um ministério! Se você dividir esse orçamento, que vai dar quase um ano, para seis ou dez pessoas, sabe quanto dá uma alimentação dessa para eles aqui? São R$350 numa viagem dentro do avião, são R$350 para cada um, enquanto o vale-alimentação do servidor público chega a R$600 – um vale-alimentação, durante todo um mês. Numa viagem aqui, R$350! Isso aqui é uma afronta!
E eu estou falando aqui não é só do Ministério da Saúde, não, viu, gente. São todos os ministérios. E eu acho que as coisas a gente consegue aqui pelas pequenas coisas. É quando a gente começar a economizar em tudo – tudo! – que vem do Senado, que vem da Câmara, que vem do STF, que vem dos ministérios, que vem do Presidente Lula, que vocês vão ver a economia que a gente faz para devolver para o povo, para um país que está em déficit – para um país que está em déficit, porque o nosso país está em déficit. Não existe isso aqui, não.
E eu vou continuar fazendo isso, fiscalizando, cobrando. Ah, eu queria até... Mostra o vídeo aí.
O SR. ORIOVISTO GUIMARÃES (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - PR) – Senador Cleitinho, posso fazer uma pergunta só?
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Fique à vontade, fique à vontade.
O SR. ORIOVISTO GUIMARÃES (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - PR) – Esclareça-me: R$380 mil de lanchinho numa única viagem?
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Não isso aqui é do orçamento que dever ir para o ano inteiro.
O SR. ORIOVISTO GUIMARÃES (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - PR) – Ah!
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Por isso que eu até dividi.
O SR. ORIOVISTO GUIMARÃES (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - PR) – Para o ano inteiro?
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – É, para o ano inteiro. Por isso que eu dividi por pessoas, porque pode dar de seis a dez pessoas. Então, uma pessoa tem direito, dentro de um avião, em uma viagem que pode ser de duas horas, a R$350, pelo que tem aqui de itens – R$350!
O SR. ORIOVISTO GUIMARÃES (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - PR) – Eles vão ficar gordos, não é?
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Muito, muito. (Risos.)
Mas sabe o que é, Senador? Não sai do bolso deles, isso não sai do bolso deles. É uma contratação aqui de R$350 mil e outra de R$78 mil. Dá quase R$0,5 milhão para o Ministério da Saúde. É o que eu quero falar para vocês, tem vários ministérios aqui.
(Soa a campainha.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Então, eu quero chamar aqui é a consciência da população, para a população brasileira entender como é gasto o seu dinheiro.
E eu queria que vocês mostrassem o vídeo. Vocês viram? Nesse vídeo aqui, gente, eu questionei um edital de licitação que o STF estava fazendo para comprar água mineral. Aí eu dei uma sugestão para o STF: para eles colocarem bebedouro. Aí eu não sei se eles estão ouvindo muito o Cleitinho, por a gente estar fiscalizando 24h, mas saiu um edital de licitação no STF agora em que eles vão comprar seis bebedouros. Então, estão escutando o Cleitinho! Estou satisfeito demais.
Nesse quase um ano e meio que estou aqui, pela primeira vez eu vou dar apoio ao STF. Eles estão fazendo a coisa certa e estão trazendo economia. Escutaram o Cleitinho. Até a população brasileira vai ficar do lado de vocês, STF. Olha que bacana! Olha que legal! Vocês fizeram aí exatamente o que eu falei para vocês fazerem: economizar. Vocês sabem por que têm que economizar? Aí vale para todos os Senadores, Presidente, Governadores, todos os políticos, ministros, tudo o que for: é porque o dinheiro não é nosso, gente, o dinheiro é do povo. Tenha respeito e zelo com o dinheiro público.
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Presidente, para finalizar, é uma proposta que vou fazer aqui e para que eu quero o apoio de todos os Senadores. Enquanto o país estiver em déficit, se vier alguma proposta louca aqui de querer aumentar salário de agente político, seja de ministro, seja de Deputado Federal, seja do Presidente da República, seja de Senador, se estiver com déficit, está proibida.
Eu acho que é mais do que justo, porque um país que não está arrecadando mais, que está arrecadando menos e está gastando mais não tem condição de ficar aumentando salário para quem administra o país. Então, se vier uma loucura dessa daqui um ano, dois anos, a lei é muito simples, muito democrática e muito boa: se estiver o déficit como está o déficit agora, não pode ter aumento para agente político. Eu acho que é mais do que justo e acredito que toda a população brasileira vai me apoiar.
Você quer um aparte, Senador?
O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para apartear.) – É claro que eu quero.
Primeiro, é um prazer em revê-lo, meu amigo querido e estimado Senador Cleitinho.
Como você me acompanha desde menino nas TVs, você me acompanhava também no primeiro mandato como Senador em 2019, quando você já era Deputado Estadual, não é isso?
(Soa a campainha.)
O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – O Presidente Veneziano é testemunha, o Girão é, o Oriovisto é.
Eu não quero tirar o seu mérito – pelo amor de Deus! –, eu quero me juntar a ele: o primeiro Senador da República a subir na tribuna, a apontar todas as mordomias do Supremo Tribunal Federal, uma a uma, de lagosta, camarão, vinho, champanhe, a mostrar tudo, tudo, e a dizer que tinha que haver um basta nesse sentido e em tudo o que era, assim, para o mundo inteiro inacreditável, tanto que foi matéria do Le Figaro, do Le Parisien, do The Guardian, dos maiores jornais do mundo...
Também eu falei com você e você falou: "Kajuru, eu te apoio completamente". Foi naquele projeto em que eu tive o apoio do Girão e tive o apoio do Oriovisto e que está até hoje parado aqui. Foi o projeto para que cada Parlamentar abrisse mão de 50% dos seus custos, assim como o Supremo deveria fazer o mesmo e os demais...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Eu quero só acompanhá-lo, cumprimentá-lo e também relembrar, porque você sabe que a memória da população brasileira é curta na maioria das vezes e aí se esquece de algo que eu lá atrás, em 2019, comecei. Enfrentei uma luta difícil aqui, apanhei em todos os sentidos, sofri processos, inclusive de indenização – e eu não quero que você passe por isso.
Mas é só para aplaudi-lo e dizer que, graças a Deus, eu dei esse pontapé inicial e tenho você hoje como um companheiro que só me causa orgulho.
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Obrigado, Senador Kajuru.
O Oriovisto aqui para mim é um dos melhores Senadores da República que tem, e não é só do Paraná, não, do Brasil. Eu tenho muito respeito e aprendo com o senhor todo dia aqui. Quem dera se eu tivesse o conhecimento e a inteligência que o senhor tem, mas eu tenho coragem e tenho vontade.
Senador, só para finalizar – viu, Presidente? –, eu acho que a população brasileira não está com a memória curta. Aí é um conselho que eu dou para V. Exa. Você começou muito nessa questão, nos quatro anos, mas agora você parou. Vamos continuar! Vamos voltar a fazer isso.
(Soa a campainha.)
O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Até porque não tem que ter indenização de uma coisa que eu estou falando, que é pública. Eu estou cobrando aqui o que é certo. Eles não vão me indenizar porque eu estou falando a verdade, não. Tudo o que eu estou falando aqui está no Portal da Transparência. Eu estou fazendo isso aqui é pelo povo.
Então, um conselho que eu lhe dou – quem sou eu para lhe dar conselho, Senador Kajuru? – é que, da mesma forma como você entrou, volte a ser aquele Kajuru que você foi, questionando, cobrando do STF, que você vai ter o meu total apoio.
Muito obrigado.