Discurso durante a 56ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Proposta de reversão dos recursos do fundo eleitoral e dos recursos economizados por Parlamentares para auxílio no combate ao desastre causado pelas chuvas no Estado do Rio Grande do Sul.

Críticas aos gastos públicos supostamente excessivos com licitações de aquisição de gêneros alimentícios no âmbito do Ministério da Defesa.

Autor
Cleitinho (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/MG)
Nome completo: Cleiton Gontijo de Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Calamidade Pública e Emergência Social:
  • Proposta de reversão dos recursos do fundo eleitoral e dos recursos economizados por Parlamentares para auxílio no combate ao desastre causado pelas chuvas no Estado do Rio Grande do Sul.
Administração Pública Direta:
  • Críticas aos gastos públicos supostamente excessivos com licitações de aquisição de gêneros alimentícios no âmbito do Ministério da Defesa.
Aparteantes
Jorge Kajuru.
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2024 - Página 30
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Calamidade Pública e Emergência Social
Administração Pública > Organização Administrativa > Administração Pública Direta
Indexação
  • PROPOSTA, DESTINAÇÃO, Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), RECUPERAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), CALAMIDADE PUBLICA, INUNDAÇÃO, NECESSIDADE, REMANEJAMENTO, EMENDA INDIVIDUAL.

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Para discursar.) – Sr. Presidente, muito obrigado.

    Boa tarde a todos os Senadores e Senadoras desta Casa, aos servidores, à população que acompanha a gente pela TV Senado, à população que está aqui em Plenário hoje, sejam sempre bem-vindos.

    Eu queria aqui falar sobre a situação do Rio Grande do Sul. Não vai ser solidariedade, gente, post de rede social que vai matar a fome e resolver o problema do Rio Grande do Sul, não. O que vai resolver o problema do Rio Grande do Sul é dinheiro, e cabe a nós, Senadores e Deputados, políticos do Brasil, unidos, independentemente de lado, de esquerda, de direita, de ideologia, nós somos um só povo, ajudar todo o Estado do Rio Grande do Sul.

    Tem algumas medidas aqui que eu acho que a gente deve tomar o mais rápido possível. Eu estava até conversando aqui com o Senador Kajuru sobre uma das medidas, porque eu e o Kajuru, a gente sempre tem a austeridade de devolver dinheiro todo mês, a gente não usa toda a verba, a gente usa só o que é em benefício da população. Que fique claro aqui que não estou julgando ninguém, nenhum político, não. Cada um faz sua parte, e a gente faz da maneira que a gente pode. Mas uma das medidas que a gente quer encaminhar para o Presidente Pacheco – porque todas as Casas têm um orçamento, como o Senado também tem esse orçamento, e, no final do ano, ou sobra, ou gasta tudo, ou devolve para o Governo –, uma das indicações que o Senador Kajuru vai fazer é que as economias que os Senadores fizerem este ano que a gente possa indicar também para o Estado do Rio Grande do Sul. Eu faço questão de fazer isso. Eu já fiz uma economia, ano passado, no primeiro ano do mandato; neste segundo ano, eu faço questão de, do que sobrar aqui, poder fazer essa economia e devolver para o Estado do Rio Grande do Sul.

    Outra situação de que eu queria falar aqui, de suma importância também, é a questão do fundo eleitoral. A gente está falando este ano de quase R$5 bilhões para político fazer campanha. Aí eu faço uma pergunta para a população brasileira que está me vendo agora aqui: vocês, que são o patrão – porque esse dinheiro de verdade é de vocês, vocês que têm que decidir –, preferem investir em campanha política este ano ou pegar esses quase R$5 bilhões e devolver para o Rio Grande do Sul? Eu acredito que toda a população brasileira, 99% ou até 100%, vai achar melhor pegar todo esse recurso e devolver para o Estado do Rio Grande do Sul.

    Então, eu peço aqui a sensibilidade. Talvez a gente fale assim: "Ah, Cleitinho, como é que faz política sem dinheiro?". Olha, eu vou falar uma coisa para vocês. Eu fiz política três vezes, para Vereador, para Deputado e para Senador, e eu nunca precisei usar esse dinheiro. Eu usei do meu próprio bolso. Então tem jeito de fazer, basta querer.

    Então, o primeiro passo é esse. Falar que não tem jeito? Tem. Eu sou a prova viva. Eu estou aqui, estou aqui, eu nunca usei. Eu até acho que uma das classes mais desonradas que tem hoje no Brasil infelizmente é a política, que deveria ser uma das mais honradas porque a política é a arte de servir. Então, eu acho que seria um exemplo para a sociedade brasileira, para a gente colocar um exemplo para a sociedade, mostrar que esse dinheiro que está parado para poder fazer campanha a partir de agosto possa ser devolvido para o Estado do Rio Grande Sul.

    Aí pode falar: "Cleitinho, mas todo o recurso?". Aí é com cada Senador. Se quiser fazer emenda, o Kajuru fez uma indicação para o Pacheco aqui. Se não me engano, mandou para o STF também, não é, Kajuru? Qual é a porcentagem? Tudo?

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) – Duas opções: 20% ou 50%.

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – De 20% ou 50%. Eu fiz o projeto aqui para os R$5 bilhões poderem ser destinados, mas está aqui para a gente poder dialogar e conversar e poder resolver isso o mais rápido possível. Eu acho que a população brasileira, o Estado do Rio Grande Sul não pode esperar. Precisa-se urgentemente de iniciativas.

    Outra iniciativa que eu estou fazendo aqui – eu fiz esse projeto, que parece que foi anunciado hoje pelo Ministro Padilha – é de que as emendas sejam remanejadas. Nós, Senadores, Deputados também... Porque tinha esse prazo para poder indicar, mas vai se dar um prazo maior para a gente poder indicar. E eu vou fazer isso.

    Se eu não me engano, os Senadores aqui têm na média de R$50 a R$60 milhões/ano de emenda impositiva para poder destinar, no caso, para o seu estado. Eu sou de Minas Gerais, a gente tem que destinar os recursos para Minas Gerais. São 853 municípios. Então, eu vou pegar 10% dessas emendas que eu tenho impositivas, que vai dar uma média de R$5 milhões a R$6 milhões, e vou destinar para o Estado do Rio Grande Sul. Faço questão de fazer isso. Faço questão de poder também deixar minha parcela de contribuição.

    Como eu falei para vocês, gente, vir na tribuna aqui ou ir para a rede social e fazer foto falando que é solidário ao Estado do Rio Grande Sul não vai encher a barriga de ninguém. A gente precisa resolver esse problema o mais rápido possível. O que precisa ser feito no Rio Grande Sul, além de salvar vidas nesse momento, é a reconstrução do Estado do Rio Grande Sul.

    Tem mais de 300 cidades que foram afetadas. Vão ser bilhões ou trilhões de reais, e é aí que entra o Estado. Porque, se o Estado não conseguir resolver isso agora, não precisa do Estado, não precisa do Estado, não precisa de político. Se for para unir o povo igual está fazendo a iniciativa privada para poder resolver, aí não precisa dos políticos. Aí não precisa de o povo ficar pagando imposto para pagar salário de político.

    Então, nós aqui agora temos que fazer um serviço de excelência para o Estado do Rio Grande Sul. E eu tenho certeza de que todo o povo brasileiro tem empatia pelo Estado do Rio Grande Sul e vai apoiar todas as medidas que precisam ser tomadas aqui. Então, outra medida que eu estou fazendo aqui, eu tenho esse recurso para poder destinar para Minas Gerais, eu vou tirar 10% dessas emendas impositivas que eu tenho, que seriam para Minas Gerais, e vou destinar para o Estado do Rio Grande Sul.

    Tem a cidade de Canoas, que está numa situação, assim, caótica, e a gente quer poder ajudar também. Eu vi uma fala...

    Você quer pegar aparte, Kajuru? Fica à vontade.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para apartear.) – Eu apenas quero, para depois evidentemente o Senador Cleitinho concluir, dizer que eu esperava totalmente do fundo do meu coração, em nome de minha mãe, essa sua atitude.

    Primeiro, quero registrar, e você estava junto aqui comigo, quando o Senador da experiência de um Jayme Campos veio me cumprimentar pela minha posição de ontem e nos cumprimentar pela nossa posição em conjunto hoje. Em cinco anos de mandato... Nada contra os outros que têm despesas maiores do que a minha. Eu vivo em Goiânia. Eu não vivo em Manaus, por exemplo. E você vem de carro de Divinópolis para cá. Eu sou o Senador mais econômico, e você é o segundo mais econômico. Eu, em cinco anos, não gastei nenhum centavo, nada, até o papel Chamex do meu gabinete e até o café do meu gabinete são divididos entre os assessores, até porque o meu gabinete não é cafeteria.

    Então, com essa sua iniciativa ontem, no telefone comigo, eu falei: "Só nós dois juntos vamos somar quase R$3 milhões por ano em economia". Eu sou o primeiro mais econômico e você é o segundo, pau a pau comigo. Portanto, outros fazendo a mesma coisa, por exemplo, os Senadores de Brasília, que gastam menos, porque moram aqui, nós podemos passar e chegar até R$10 milhões.

    Então, é uma atitude que tem que, na minha opinião, não ser propagada como demagogia...

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Não!

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... porque aqui nenhum de nós tem demagogia, é apenas da nossa obrigação. E o Rio Grande do Sul precisa. Eu decidi, hoje, passar 50% das minhas emendas do Goiás para o Rio Grande do Sul, em função do General Hamilton Mourão, do Senador Paulo Paim, porque eu sei que os dois fariam o mesmo se fosse Goiás vivendo hoje, se fosse Minas Gerais vivendo hoje a catástrofe do Rio Grande do Sul.

    Nós somos brasileiros, não importa, e nós somos empregados públicos do país, como Senadores. Não somos só dos nossos estados, nós defendemos as causas nacionais e não só as mineiras e goianas.

    E eu o cumprimento pelo seu projeto, do qual eu já quero lhe pedir para ser o Relator, sobre a questão de fundo daqui para frente, de emergência, porque não adianta um projeto apenas para o Rio Grande do Sul, porque até ele ser aprovado, o Rio Grande do Sul já está feliz de novo, Senador Cleitinho, já acabará a situação lá – se Deus quiser –, só que, no final do ano, nós teremos outro Rio Grande do Sul, como temos sempre Minas, Rio de Janeiro, Espírito Santo e por aí. E esse seu projeto é o ideal, porque ele é amplo, é rigorosamente para o estado que, anualmente, tiver problemas.

    Então, eu o acompanho 100% em tudo, cumprimento-o e fico feliz de ter mais um companheiro traçando esse mesmo perfil. Graças a Deus, fazemos isso com orgulho, sem nenhum momento pensando em política, até porque nós dois, quando conversamos particularmente, às vezes, nem temos vontade de continuar. Então, parabéns.

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Obrigado, Senador Kajuru.

    A gente aqui não quer apontar o dedo para ninguém. Como a gente faz a nossa parte e esse recurso fica aqui no Senado, a gente está fazendo essa indicação para poder devolver para o povo e para o Estado do Rio Grande do Sul, que tanto necessita. Então, isso aqui não é apontar o dedo para nenhum Senador, não. Estamos fazendo a nossa parte aqui e vamos encaminhar isso para o Senador Presidente, Rodrigo Pacheco...

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – ... para que possa fazer isso por nós.

    Muito obrigado, viu, Senador Kajuru?

    Queria finalizar minha fala aqui... Eu vi essa fala da Simone Tebet e eu queria só fazer uma orientação para ela, porque acho que neste momento a gente tem que se unir, mas escutem aí, pessoal.

(Procede-se à execução de áudio.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Pessoal, é no tempo certo, então o que eu quero falar para a Simone é que tome atitude de poder... Com todo o respeito, porque a gente tem que estar unido agora para poder ajudar o Estado do Rio Grande do Sul, e eu estou aqui é para deixar a minha parcela de contribuição.

    Vá lá ao Estado do Rio Grande do Sul, reúna-se com os mais de 300 Prefeitos e já busque as informações do que vai precisar, porque eu canso de falar uma coisa: não é falta de dinheiro, "agora não tem o dinheiro". Tem o dinheiro, eu vou mostrar para vocês que tem sempre dinheiro e o que mais tem é dinheiro sobrando.

    Então eu queria mostrar aqui...

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – ... para toda a população brasileira, que eu vou questionar e vou cobrar, que tem que ir R$1 trilhão, R$2 trilhões – o que for – para o Estado do Rio Grande do Sul, porque, enquanto tiver licitações como essa aqui, do Ministério da Defesa, em que se gasta, com camarão seco, tamanho médio, com cabeça e casca, R$178 mil, não falta dinheiro! Carne bovina, tipo picanha, congelada, R$109 mil. Olhem o que mais: filé de salmão congelado, com pele, R$103 mil; peru inteiro temperado, congelado, R$23 mil; Chester, R$44 mil; carne bovina, tipo coxão mole, chã de dentro, R$1 milhão; carne bovina, tipo alcatra, congelada, R$1,2 milhão. Se tem dinheiro para isso aqui, gente, tem que ter dinheiro para o estado do Rio Grande do Sul, urgentemente.

    Não pode faltar nada para o Estado do Rio Grande do Sul. Se tem dinheiro para isso aqui – se nem o povo tem condição de comer picanha, se nem o povo tem condição de comer peru inteiro, não tem condição de comer Chester –, quer dizer que não falta dinheiro. Pelo contrário, tem dinheiro!

    Então, que se possa, o mais rápido possível, reunir com o Governador do Estado do Rio Grande do Sul...

(Soa a campainha.)

(Interrupção do som.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – ... com todos os Prefeitos do Rio Grande do Sul... (Fora do microfone.)

    Para finalizar, Presidente.

    ... para que se possa, o mais rápido possível, mandar R$1 trilhão, R$2 trilhões – o que for – para o Estado do Rio Grande do Sul, porque nós somos um só povo.

    Dividiu-se o país, isso, desde quando o mundo é mundo, desde antes de Jesus Cristo, mas nós somos um só povo. Já dizia isso Davi: você quer um país unido? Nós somos um só povo, não divida o país.

    Então, eu quero falar para o Estado do Rio Grande do Sul, para todo o povo brasileiro, para todo o povo brasileiro: não tem essa de Estado do Rio Grande do Sul, mineiro, é não sei o quê, é Rio de Janeiro; nós somos um só povo! E que nós possamos, agora, priorizar o Estado do Rio Grande do Sul. Que se pegue esse fundo eleitoral de quase 5 bilhões e se devolva para o povo. Se pode ter dinheiro para isso aqui, tem que ter dinheiro para o Estado do Rio Grande do Sul.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2024 - Página 30