Discurso durante a 63ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre as enchentes no Estado do Rio Grande do Sul e preocupação com os eventos climáticos extremos. Elogios ao Governador Eduardo Leite, pela entrevista concedida ao Programa Roda Viva, da TV Cultura.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Calamidade Pública e Emergência Social:
  • Considerações sobre as enchentes no Estado do Rio Grande do Sul e preocupação com os eventos climáticos extremos. Elogios ao Governador Eduardo Leite, pela entrevista concedida ao Programa Roda Viva, da TV Cultura.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2024 - Página 13
Assunto
Política Social > Proteção Social > Calamidade Pública e Emergência Social
Indexação
  • COMENTARIO, CALAMIDADE PUBLICA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), PREOCUPAÇÃO, QUALIDADE, EVENTO, MUDANÇA CLIMATICA, ELOGIO, GOVERNADOR, ENTE FEDERADO, EDUARDO LEITE, MOTIVO, ENTREVISTA, PROGRAMA, TELEVISÃO, CULTURA.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Voz respeitada da amada Roraima e amigo pessoal, Senador Chico Rodrigues, sempre pontual na Presidência das sessões deste Senado Federal.

    Brasileiras e brasileiros, minhas únicas vossas excelências, o assunto, neste 21 de maio de 2023, ainda tem de ser a tragédia que cobre de sofrimento o Rio Grande do Sul, onde chuvas torrenciais vêm provocando mortes, destruindo cidades, devastando plantações, num rastro de destruição inédita no país. Solidários, os brasileiros de todas as regiões se mobilizam, conscientes de que só muita união vai permitir a recuperação plena do Rio Grande do Sul, cuja tragédia é um sinal de alerta que precisa reverberar em todo o país.

    E aqui peço a atenção da pátria amada. É hora de nos desvencilharmos de qualquer tipo de negacionismo que possa impedir as discussões e as ações planejadas para evitar a repetição de tragédias semelhantes à que vemos hoje no Sul do país. O aquecimento global está posto. O desequilíbrio ambiental e a perda da biodiversidade são realidades, e, como consequência – só não vê quem não quer –, temos os eventos climáticos extremos. Catástrofes impostas pela natureza sempre aconteceram, argumentam alguns negacionistas. É fato, só que elas demoravam a se repetir, ao contrário de agora.

    No quadro atual, os eventos climáticos extremos, como secas prolongadas, incêndios devastadores e enormes inundações, acontecem com mais frequência e mais intensidade, como os cientistas vêm prevendo há meio século. No ano passado, considerado o mais quente na história do planeta Terra, diversas regiões do mundo viveram um período de riscos climáticos recordes, segundo a Organização Meteorológica Mundial. Só no Brasil, senhoras e senhores, de acordo com a OMM, em 2023, houve o registro de cinco ondas de calor, de três chuvas intensas, de uma onda de frio, de uma inundação, de uma seca e de um ciclone extratropical. Em 2024, estamos nos deparando com a tragédia que se abate sobre o Rio Grande do Sul, que, infelizmente, revela também quanto estamos despreparados para enfrentar as consequências da nova realidade climática.

    O Brasil tem 5.570 municípios, e quase um terço deles – 1.492 – é suscetível a eventos climáticos extremos, segundo informações do Ministério do Meio Ambiente. Dar a devida proteção a essas localidades significa salvar vidas humanas, evitar perdas materiais, prejuízos econômicos, danos ao meio ambiente e riscos à saúde.

    A missão é complexa, mas não impossível. Ela requer uso intensivo de tecnologia, melhoria de nossa infraestrutura, muita informação e o indispensável envolvimento de todos os setores da sociedade brasileira. A missão será exitosa desde que haja muita união e que as ações objetivas partam de todos os níveis de governo, sob a coordenação de quem tem maior responsabilidade, qual seja, o Executivo federal.

    Sobre como executar, podemos buscar exemplos em várias partes do mundo, sobretudo nos Estados Unidos, na China, na Holanda, e usar a nossa criatividade. O Brasil tem centros de estudos, universidades e cientistas com reconhecimento mundial que podem contribuir na elaboração das políticas públicas adequadas para enfrentar o que se convencionou chamar de novo normal climático. As soluções precisam ser abrangentes e múltiplas, à altura do desafio.

    Em breve, vamos nos despedir do fenômeno El Niño, que, desde meados do ano passado, trouxe para a Região Sul do Brasil chuvas acima da média histórica, mas logo ele será substituído pela La Niña, que deve trazer estiagem para o Sul e alimentar a intensidade da estação chuvosa na Amazônia, além de provocar chuvas acima da média no Nordeste, com risco de enchentes no litoral daquela região. Portanto, estamos nos preparando? Pergunto. Deixo no ar essa mesma colocação.

    De minha parte, tenho a certeza de que o Brasil não pode mais, diante das violentas reações, principalmente das reações da natureza às agressões perpetradas pelos homens, repetir os equívocos e as omissões de administrações passadas, cujo legado de negligência criou condições para a repetição de catástrofes.

    Encerro, Presidente Chico, pois nós dois...

    E aqui não vejo, pela minha qualidade do único olho, se o Senador Girão está. (Pausa.)

    Está, querido.

    Quem mais? Só nós três?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Beto, querido, Líder do PT.

    Nós não somos mesquinhos ideologicamente. Então, eu quero aqui aplaudir a entrevista dada ontem pelo Governador tucano ao programa Roda Viva, em rede nacional, infelizmente com pouca audiência, mas é um programa de qualidade acima da média. Ele foi coerente; não foi politiqueiro, pelo contrário, soube valorizar a atuação do Presidente Lula; soube sair das perguntas pegadinhas que existem – trabalhei na TV Cultura e conheço como é o sistema, como é a maneira de se entrevistar toda segunda-feira. E ele não caiu em nenhuma dessas. Ele soube respeitar o trabalho do Ministro Paulo Pimenta, que lá está como embaixador, e fez questão absoluta de não politizar a entrevista sobre um fato humanamente trágico, em que nós devemos respeitar as opiniões divergentes, mas também não podemos...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... entrar nesse abismo, nesse báratro do conteúdo vazio das discussões que não levam a rigorosamente nada.

    Agradecidíssimo, Presidente Chico Rodrigues.

    Deus, saúde, alegrias e vitórias a seus familiares, a seus amigos nesta semana, neste 2024, a todo o Brasil, às gaúchas e aos gaúchos em especial, aos funcionários do Senado Federal, maiores patrimônios desta Casa, e a toda a Mesa Diretora, que revejo com o maior prazer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2024 - Página 13