Discurso durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Em fase de revisão e indexação
Autor
Zequinha Marinho (PODEMOS - Podemos/PA)
Nome completo: José da Cruz Marinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso

    O SR. ZEQUINHA MARINHO (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - PA. Para discursar.) – Muito obrigado, Presidente.

    Requeiro, nos termos do art. 222, do Regimento Interno do Senado Federal, a inserção em ata de voto de aplausos à Sociedade Bíblica do Brasil, nossa querida SBB, pelos 76 anos da instituição, que completa, nesta quinta-feira, 11 de junho – nesta terça-feira, perdão – 11 de junho de 2024.

    Com a missão de promover a difusão da Bíblia e sua mensagem como instrumento de transformação e desenvolvimento integral do ser humano, a Sociedade Bíblica do Brasil, a SBB, completa 76 anos de uma trajetória comprometida em traduzir, produzir e distribuir a Bíblia Sagrada, um verdadeiro manual para a vida, que promove o desenvolvimento espiritual, cultural e social do ser humano.

    A SBB foi fundada por líderes cristãos em 1948, no Rio de Janeiro, orientada pelo lema Dar a Bíblia à Pátria. Naquele momento, a instituição assumia atividades relacionadas à tradução, produção e distribuição da Bíblia em todo o território nacional e depois para países diversos. A entidade faz parte das Sociedades Bíblicas Unidas, uma aliança mundial nascida ainda no século XIX e que tem como finalidade facilitar a difusão do texto sagrado.

    Quero aqui aproveitar para cumprimentar e parabenizar toda a Diretoria Nacional da SBB, assim como, lá em meu Estado do Pará, a Secretaria da SBB, liderada pelo Pastor Adriano Casanova e todos os seus colegas desse maravilhoso ministério. Portanto, meus parabéns aqui, pelo Senado Federal, à Sociedade Bíblica do Brasil, pelo grande trabalho que faz, não só de caráter cultural e espiritual, mas também social, porque, lá em nosso estado, realiza missões sociais importantes, principalmente nas comunidades ribeirinhas e ligadas à Ilha do Marajó, ao arquipélago do Marajó, e assim por diante.

    Mas, ainda, Presidente, utilizando deste expediente, eu gostaria de informar que a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa aqui do Senado Federal realizou no dia 6 de junho, agora, quinta-feira passada, de 2024, a partir das 9h, 10h da manhã, na cidade de Melgaço, a diligência externa sobre os crimes denunciados, crimes sexuais cometidos contra crianças e adolescentes no arquipélago do Marajó, lá em nosso Estado do Pará.

    Esteve conosco, colaborando, a quem eu quero aqui agradecer, a Deputada Federal Silvia Waiãpi, lá do Estado do Amapá, nossa vizinha ali do arquipélago do Marajó; o Deputado Federal Delegado Caveira, que é lá do nosso estado; o Prefeito da cidade de Melgaço, Tica Viegas, que não só participou presencialmente, mas também nos ajudou concedendo toda a estrutura que a gente precisava para poder realizar aquele trabalho, que foi um trabalho longo, um tanto cansativo, mas da prefeitura, pelos seus secretários e o Prefeito, que foram muito gentis conosco – gratidão a eles todos –; o Vereador Hermógenes Melo, representando a Presidência da Câmara do Município de Breves; o Vereador Carlinhos Diniz, representando a Presidência da Câmara da cidade de Melgaço; e aí, algumas entidades ali presentes, como a Irmã Henriqueta, que representou o Instituto Dom Azcona; a Missionária espanhola Josefa Iglesias, da Casa de Acolhimento Ágape da Cruz; o Pastor Elvis Ribeiro, da Missão Humanitária das Assembleias de Deus, ministério da igreja mãe, em Belém; o Sr. Paulo Ângelo Nogueira, Promotor de Justiça da cidade de Melgaço; ainda o pároco local, Padre Marcelo; o Pastor Jonias Guedes; e a Missionária Luciene Ribeiro.

    Foi um trabalho pesado, mas interessante, realizado naquele arquipélago. Como já dissemos, o objetivo ali era conversar com depoentes, ouvi-los, para que, a partir daquele momento, pudéssemos estruturar um trabalho, a fim de que possamos, pouco a pouco, tirar do Marajó aquela chaga, que são os crimes de assédio, de estupro, abusos sexuais principalmente contra crianças e adolescentes.

    Alguns depoimentos interessantes que nós ouvimos naquela ocasião foram: o do Sr. Ângelo Menezes, ex-Conselheiro Tutelar do Município de Anajás, que é um grande município no coração do arquipélago do Marajó, onde têm acontecido diversos fatos que chamam a atenção não só daquela região, mas de todo o estado e do Brasil; o da Sra. Marinete Ladeira, avó da garotinha Elisa Rodrigues, lá em Anajás, que perdeu a sua neta, desaparecida, assim, instantaneamente – essa criança, certamente, foi conduzida por alguém, e não se sabe o porquê –, e ainda chora muito a perda da sua netinha; o da Sra. Aldenira Machado, mãe do Henzo, garoto de 14 anos, de Breves, que também foi raptado naquela cidade há não muito tempo; o da Irmã Henriqueta, do Instituto Dom Azcona, que trouxe uma reflexão muito importante sobre a situação não só das questões relacionadas a esse assunto, mas, principalmente, ligadas às questões sociais, como a questão da extrema pobreza ou da miséria que envolve as famílias e as torna muito vulneráveis a essa violência que, lamentavelmente, ainda grassa naquela região do arquipélago do Marajó; e o da missionária espanhola, como já disse, Maria Josefa Iglesias, que dirige, no Município de Portel, a casa de acolhimento chamada Ágape da Cruz, onde tem vinte e tantas crianças que são acolhidas após a violência – após esses acontecimentos todos, ela recolhe e sustenta essas crianças, protegendo-as dos seus agressores e sustentando-as. Esse é um trabalho extremamente importante naquela região.

    Recebemos muitos depoimentos em vídeo, como o da Ana Francisca, adotada pela Maria da Conceição – foi abusada dos nove aos treze anos essa criança –, lá na cidade de Melgaço; o da Maria da Conceição, avó da Charlene, criança abusada também na cidade de Melgaço; o da Maria Ferreira – caso de 25 crianças adotadas na Justiça –, que tem a guarda dessas crianças e trabalha por elas, lá em Portel também; e o do Peter Avelar, de Cachoeira do Arari, que também colaborou com um depoimento através de vídeo.

    Outros depoimentos presenciais que tivemos ali foram através do Fernando Soares, Conselheiro Tutelar de Breves, que pôde expor os acontecimentos ligados a essa área na cidade de Breves; da Luciene Ribeiro, da Missão Humanitária, que, com a experiência vivida no arquipélago, acolhe, alimenta e protege crianças e cuida delas, conhecendo profundamente as causas que levam a esses fatos; da Maria Ferreira – já a citamos aqui –, que tem a guarda dessas crianças; do Paulo Nogueira, Promotor de Justiça de Melgaço, que fez o seu relato e deu a sua interpretação daquele cenário, que é tão penoso; assim como também do Alan Robert, Conselheiro Tutelar da cidade de Melgaço, que fez o seu relato.

    São coisas tristes, minha Senadora, porque a gente ainda tem essa mancha.

    Vamos começar um trabalho naquela região, para a gente...

(Soa a campainha.)

    O SR. ZEQUINHA MARINHO (Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - PA) – ... tentar fortalecer a família marajoara, para evitar esses tipos de acontecimentos, porque, lamentavelmente, quando a família não presta atenção, isso acaba acontecendo e manchando a história de um povo tão bom, de uma região tão linda.

    Eu ouço V. Exa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/06/2024 - Página 115