Discurso durante a 78ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas às ONGs ambientalistas no Brasil, principalmente aquelas que atuam na Região Amazônica. Críticas à dependência do Brasil em relação a importações de adubos e fertilizantes. Defesa da exploração do potássio nacional, em especial no Município de Autazes-AM, para suprir o mercado interno desse minério.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }, Meio Ambiente:
  • Críticas às ONGs ambientalistas no Brasil, principalmente aquelas que atuam na Região Amazônica. Críticas à dependência do Brasil em relação a importações de adubos e fertilizantes. Defesa da exploração do potássio nacional, em especial no Município de Autazes-AM, para suprir o mercado interno desse minério.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2024 - Página 32
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }
Meio Ambiente
Indexação
  • CRITICA, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), REGIÃO AMAZONICA, DEPENDENCIA, BRASIL, IMPORTAÇÃO, FERTILIZANTE, ADUBO, DEFESA, EXPLORAÇÃO, MINERIO, MINERAÇÃO, POTASSIO, AUTAZES (AM).

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente Weverton, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, talvez entendam no final do discurso o que estou dizendo agora.

    A cada semana parece que escalam uma ONG para falar mal da gente – eu quero dizer aqui que não estou me queixando, nem quero ser coitadinho; não tem Senador coitadinho, não tem Senador que possa se queixar pela bênção de estar Senador –: outro dia, foi porque eu ousei desmentir o que disseram, que a enchente no Rio Grande do Sul era culpa do desmatamento na Amazônia, e a gente mostrou que não, que esse fenômeno aconteceu lá em 1941; depois, a gente disse aqui que o Brasil é responsável apenas por 1,3% do CO2 jogado na atmosfera, aí veio outro ataque. Eu não vou dizer o que foi, nem estou me queixando; é só para justificar, porque eu faço de novo, repito o que digo sempre aqui sobre essas malditas ONGs. E saibam que cada mentira, que cada acusação é uma medalha a mais no meu peito de amazônida.

    A Comissão Parlamentar de Inquérito das ONGs nos mostrou, mostrou ao Brasil, de forma clara, incontestável, como os nossos alegados ambientalistas são competentes ao fazer contas. Não há uma das grandes ONGs brasileiras que não tenha na ponta do lápis as grandes operações feitas com ingressos de capital no país, em especial, claro, nas suas contas. Da mesma forma, sabem contabilizar com perfeição seus rendimentos mensais, mesmo que não expliquem com clareza sua disposição para trocar salários maiores nas ONGs por salários bem menores no Ministério do Meio Ambiente – e uma dessas ONGs tem como responsável a pessoa que largou um ganho de R$60 mil para ganhar R$18 mil no Ministério do Meio Ambiente. Por aí você já sabe o que significa, o que quer dizer.

    Por isso mesmo, é difícil de compreender as razões pelas quais os mesmos ambientalistas demoram tanto para fazer cálculos sobre os custos de produção incidentes no mercado brasileiro e no mercado internacional, mesmo quando são de grande interesse para nosso país – e eu vou citar aqui o potássio. É só olhar para os mercados externos para perceber as perdas ocorridas na importação de insumos na agricultura brasileira, essa mesma que tem puxado para cima o produto interno bruto.

    As importações de adubos e fertilizantes em 2021 bateram recordes, ultrapassando de longe o recorde anterior.

    Eu peço, se eu merecer, a sua atenção, brasileira; a sua atenção, brasileiro, a esses números.

    As importações de adubos e fertilizantes em 2021 bateram recordes, ultrapassando de longe o recorde anterior, de 2011. No ano de 2021, o Brasil desembolsou em valores US$15,136 bilhões na compra do produto, acréscimo de 89% se for comparado ao ano de 2020. Em 2022, chegamos a US$24,7 bilhões destinados à compra de adubos e fertilizantes químicos, representando um acréscimo de 78,3%. Feitas as contas, o Brasil importa 86% dos adubos e fertilizantes que consome.

    Dentre os principais fertilizantes intermediários importados, destacam-se o cloreto de potássio, que representa, em média, 38% do total importado nos últimos cinco anos, de 2017 a 2021, seguido por ureia, com participação de 22%; fosfato, com 14%; sulfato de amônio, 9%; nitrato de amônio, 6%. Em outras palavras, o potássio – que nos negam no Amazonas, que negam à Amazônia, que negam ao Brasil – está em primeiro lugar na lista de gastos, seguido por outros. Portanto, o potássio, na lista de fertilizantes, é o que mais o Brasil importa.

    E quem mais vende potássio para o Brasil, superando um terço das importações totais? Acertou quem disse o Canadá, que é um dos que mantêm as ONGs que estão de plantão aqui para sempre criarem aqueles factoides sobre a Amazônia. O pior não é criarem factoide; o pior é que tem brasileiro que acredita. Aí vêm Rússia, Marrocos, e até Israel também aparece nisso.

    Quando se fala no Canadá, porém, quem são os reais fornecedores? Adivinhem só! Os reais fornecedores do potássio que o Canadá manda para o Brasil, Senador Cleitinho, são os indígenas. Os indígenas canadenses é que mandam o potássio para o Brasil, e aqui os nossos indígenas não podem fazer absolutamente nada. Os reais fornecedores de potássio do Canadá para o Brasil são os indígenas canadenses, mais de 600 mil pessoas de origem indígena que ocupam áreas ricas em potássio. Quando o Brasil paga por esse potássio, são os indígenas canadenses, na maioria os inuítes, que recebem esse dinheiro. E aqui o índio, que dizem defender, que dizem proteger, não pode fazer nada. Balela, índio não é dono de sua terra, como dizem esses imbecis, esses hipócritas. Os índios não podem plantar, não podem colher, não têm documento para conseguir financiamento, não têm absolutamente nada, a não ser a mácula, a infelicidade de serem usados por esses hipócritas como instrumento de arrecadação de dinheiro.

    Veja-se, portanto, o erro que estamos cometendo ao importar um produto de que dispomos no país.

    Ações judiciais impedem há nove anos que aproveitemos o potássio da região de Autazes, vizinho a Manaus, no Amazonas. A alegação principal nessas ações, em tese – e aqui faço questão de dizer que apenas em tese –, de militantes ambientalistas, que estão prejudicando populações indígenas brasileiras... O potássio de Autazes sequer está em terras indígenas – não está em terras indígenas, nunca esteve –, mesmo assim alega-se que esse potássio não pode ser explorado justamente para não prejudicar os índios. E haja potássio do Canadá, mandado pelos indígenas do Canadá.

    A população indígena da região vive hoje em condições discutíveis – está pobre mesmo! –, com os problemas de sempre, inclusive alcoolismo e, principalmente, pobreza, quando poderia estar fazendo o que, a propósito, constitui reivindicação da maioria.

    Em muitas aldeias que visito, Senador Weverton, para onde a gente vai levar Starlink, vai levar barco, vai levar implemento agrícola, quando eles têm alguma atividade – algumas, são pouquíssimas –, é a extração, a exploração da castanha, por três meses: colheita e venda. Ficam nove meses sem fazer absolutamente nada. No Canadá, os índios podem; no Brasil, não podem fazer nada.

    Tudo aponta nessa direção, inclusive o interesse de nossos indígenas. Não há risco de poluição, uma vez que a mineração se faz – estou falando do potássio – a nível profundo. E ainda existe forte possibilidade de expansão a baixo custo, uma vez que a própria Petrobras conta um uma área também em condições de ser explorada no futuro e com nível zero de poluição.

    Quando eu me referia a eventuais erros de cálculo de nossos pretensos ambientalistas – são os profetas do apocalipse, trombeteiros do apocalipse –, sequer me referia a um cálculo que eles próprios deveriam observar com atenção, que é a questão geográfica. E aqui eu chamo a atenção do Brasil: olhem só como a questão geográfica deveria importar nisso. O potássio hoje comprado do Canadá – dos indígenas do Canadá – é embarcado para o Hemisfério Sul em Vancouver, chegando, então, de lá a Santos ou Paranaguá, onde será reembarcado para uso em fazendas do Centro-Oeste. Viaja, assim, o que corresponde, em tecnologia de hoje, por aproximadamente 107 dias – é o quanto demora o potássio do Canadá para chegar ao Brasil. Caso se utilize o potássio nacional – e eu falo do potássio de Autazes, que vai suprir o mercado interno em 25% –, ele será retirado de áreas acessíveis ao Rio Madeira e será transportado por barcaças que já fazem esse percurso com produção agrícola. O potássio viajará cinco dias da mina à porta da fazenda, e não mais 107 dias. O Brasil não precisa estar importando potássio; só o está porque o Ministério Público Federal, parte dele, e a Justiça Federal, parte dela, sempre estão prontos a dar uma liminar para impedir que o potássio de Autazes, no Amazonas, seja explorado. Portanto, o potássio viajaria – ou viajará –, repito, cinco dias da mina à porta da fazenda. É evidente que essa simples contagem de tempo representa um ganho não apenas financeiro, mas também ambiental. É mais um cálculo fácil de fazer.

    Por todos esses motivos, é evidente que estamos agindo ao contrário de todos os interesses nacionais, mancomunados, manipulados por essas ONGs. Eu não estou falando apenas na questão financeira, não, com o gasto desnecessário em importações, mas na questão de se atender à população, em especial à população interessada em produzir, e inclusive na questão ambiental. É só fazer as contas. Os dados eu citei aqui. E sabem por que eles não fazem conta? Porque vão constatar, vão reconhecer que são mentirosos, que são hipócritas – imbecis, não; imbecil não age tanto como eles agem em termos de ganhar dinheiro.

    Portanto, aqueles que semanalmente escalam uma ONG para me atacar, que o façam de novo. Será mais uma medalha que eu botarei no meu peito, porque, à medida que me criticam, o amazonense se dá conta de que estou sendo vítima disso porque defendo o que me propus a fazer.

    Encerrando, Sr. Presidente – peço só um minuto a mais –, quero repetir uma coisa que já está virando... dogma, não, mas respostas. As ONGs, os blogues, os sites, os portais fazem o papel deles, que é atacar, porque recebem dinheiro para isso e, portanto, estão honrando o compromisso: "tu me pagas, e eu te dou em serviço a mentira, a hipocrisia". E eu estou honrando e cumprindo a minha missão, que é defender a Amazônia.

    O mal dessa gente é pensar que conhecem a Amazônia mais do que eu; não conhecem, jamais conhecerão. O interesse deles é dinheiro, o meu é defender a população.

    O Amazonas, o meu estado, o maior estado do país, tem – Senador Cleitinho – 65% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza. E tem minério de todo tipo, tem petróleo... Tem, mas não podemos explorá-los.

    Então, não venham para mim pregar lições ou mentir, até porque eu disse ontem, digo hoje e vou dizer amanhã: homem público, que honra o seu mandato, não tem que ter medo de injúria, calúnia e difamação. E eu não vim aqui para ser mestre de cerimônia, eu não vim aqui para ser candidato a mister simpatia.

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - AM) – Eu vim aqui para defender o Brasil, para defender a Amazônia e para defender, acima de tudo, o Amazonas. Cumpro, portanto, o meu dever, como cumprirei amanhã.

    Que me deem mais uma medalha.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2024 - Página 32