Discurso durante a 100ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Discurso em sessão especial destinada à entrega da Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara.

Autor
Zenaide Maia (PSD - Partido Social Democrático/RN)
Nome completo: Zenaide Maia Calado Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Homenagem:
  • Discurso em sessão especial destinada à entrega da Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara.
Publicação
Publicação no DSF de 11/07/2024 - Página 21
Assunto
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, ENTREGA, COMENDA, DIREITOS HUMANOS, DOM HELDER CAMARA.
  • CONGRATULAÇÕES, PAULO PAIM, SENADOR, RECEBIMENTO, COMENDA, DOM HELDER CAMARA.
  • CONGRATULAÇÕES, RAFAEL REGIS AZEVEDO, RECEBIMENTO, COMENDA, DOM HELDER CAMARA.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - RN. Para discursar.) – Sra. Presidente Teresa Leitão, meu colega Senador e homenageado aqui, justamente, Paulo Paim, demais presentes aqui à entrega da comenda, de minha autoria, a Rafael Regis Azevedo e todos aqui presentes que já foram nominados, é uma imensa satisfação participar desta cerimônia de entrega da Comenda de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara.

    Eu comecei meu curso de Medicina em Pernambuco, e eu conheci Dom Hélder Câmara, um cristão na palavra exata, um olhar, um representante eclesiástico que falava em fé com obra. Sabem o que ele dizia para nós jovens, adolescentes? Dizia que um jovem sem espírito de rebeldia, aquela rebeldia que faz a gente lutar por aquilo em que a gente acredita, está a um passo da servidão precoce. Então, Dom Hélder era aquela figura grande, pequeno em estatura, mas muito grande, Paulo Paim, e, por isso, parabéns.

    Gente, eu também estou aqui... O Paulo Paim está de parabéns porque ele tem um projeto de lei que se destina a ajudar nossos irmãos do Rio Grande do Sul, que eu terminei de relatar, e é por isso que estou um pouco atrasada, e que está sendo votado, e, com certeza, é terminativo na CAS, e a gente vai poder botar o sistema financeiro deste país também para ajudar o Rio Grande do Sul. (Palmas.)

    Em primeiro lugar, penso que é o nosso dever falar, mesmo que brevemente, sobre Dom Hélder. A memória de nosso Brasil é, infelizmente, muitas vezes, curta, e os jovens talvez não se deem conta da dimensão de D. Hélder Câmara, nascido em 1909, falecido em 1999. A sua vida é um exemplo de dedicação aos pobres, aos desamparados e necessitados. Cearense de Fortaleza, destacou-se quando ocupou o posto de Arcebispo de Olinda e Recife, entre 1964 e 1985.

    Esse período coincidiu com os nossos anos de chumbo, caracterizados pela opressão e pelo mais abjeto desrespeito aos direitos humanos. Em tempos tão adversos, em tempos tão hostis, D. Hélder foi a voz que se projetou no combate à arbitrariedade e à violência. Na década de 1970, era um dos mais conhecidos brasileiros em todo o mundo. Assim foi, merecidamente, indicado ao Prêmio Nobel da Paz. A sua candidatura só não foi avante porque foi boicotado pelo então Governo que a gente tinha aqui no Brasil.

    Sua trajetória foi caracterizada pelo trabalho árduo, na promoção dos valores da Igreja e na firme convicção de que ajudar os mais pobres era sua missão de vida. O L'Osservatore Romano, órgão do Vaticano, comparou-o com a figura de São Francisco de Assis, qualificando-o como um homem de Deus, um homem de Cristo, um homem dos pobres. Enfim, por tudo isso, por toda essa marcante história, D. Hélder é um exemplo que deve ser enaltecido e um exemplo que precisa ser apresentado aos mais jovens. Todos nós temos muito o que aprender com D. Hélder.

    Dito isso, quero parabenizar o jovem Rafael Regis de Azevedo pela premiação. A sua luta contra as neuralgias do nervo timpânico e do nervo intermédio têm servido para despertar a atenção de todos nós brasileiros para as doenças raras. Doenças, senhoras e senhores, que contam poucos casos no Brasil e no mundo e que, muitas vezes, são desconhecidas da maioria dos médicos. O Rafael, por exemplo, é afetado por doenças que atingem menos de 150 pessoas em todo o planeta. Rafael tem buscado o tratamento no exterior, haja vista que as doenças que o afetam são pouco conhecidas. Apesar de ser algo crônico e incapacitante, ele tem conseguido, diria que heroicamente, trazer à baila a questão das doenças raras. Ele tem sido capaz de afetar positivamente a vida de muitas pessoas, a vida de famílias que simplesmente se sentem desorientadas quando se veem frente a um caso de doença rara. Dessa forma, Rafael tem incentivado o cuidado e o apoio a muita gente em todo o nosso país. Rafael, portanto, é um porta-voz dos direitos humanos. Um porta-voz dos direitos daqueles que vivem com doenças raras. A sua atuação já foi merecidamente premiada em outras ocasiões; entendo, pois, que é justíssimo que ele receba a Comenda Dom Hélder Câmara.

    E eu diria o que é que Rafael merece. Rafael tem fé – ele e a família – aquela fé que faz a gente insistir, persistir e nunca desistir de lutar por aquilo em que acredita. E, com certeza, D. Hélder Câmara achava que era possível, sim, ter um olhar diferenciado para os mais carentes e vulneráveis deste país.

    Ao premiá-lo, nós, Sras. Senadoras e Srs. Senadores, mostramos que estamos sensibilizados com a sua luta e com a luta de milhares de brasileiros e brasileiras atingidos por algum tipo de doença rara.

    Rafael, obrigado pela atuação em prol dos direitos humanos. O Senado Federal está de portas abertas para ouvir o que você tem a nos falar, para que possamos ajudar a mitigar o sofrimento de muitos brasileiros.

    Era o que eu tinha a dizer a todos aqui. E quero parabenizar todos que estão sendo homenageados.

    Uma Comenda Dom Hélder Câmara faz com que qualquer brasileiro ou brasileira se sinta homenageado, honrado e justiçado.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/07/2024 - Página 21