Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão Solene destinada a comemorar os 20 anos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Autor
Chico Rodrigues (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco de Assis Rodrigues
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Homenagem, Saúde Pública:
  • Sessão Solene destinada a comemorar os 20 anos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Publicação
Publicação no DCN de 06/06/2024 - Página 27
Assuntos
Honorífico > Homenagem
Política Social > Saúde > Saúde Pública
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, SERVIÇO DE ATENDIMENTO MOVEL DE URGENCIA (SAMU).
  • REGISTRO, CRISE, SERVIÇO DE ATENDIMENTO MOVEL DE URGENCIA (SAMU), IMIGRANTE, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, PACARAIMA (RR), FRONTEIRA.

    O SR. CHICO RODRIGUES (PSB - RR. Para discursar. Sem revisão do orador.) - Boa tarde a todos e a todas.

    Eu quero inicialmente cumprimentar o Presidente, requerente desta sessão junto com a Senadora Janaína Farias e com o Deputado Jorge Solla; a Sra. Ministra Nísia Trindade, que por motivo superior teve que se ausentar; o Presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e ex-Ministro de Estado da Saúde, Sr. Arthur Chioro, que, de uma forma didática, deu-nos uma verdadeira aula de SAMU aqui. Ele, entre outros, e o Senador Humberto Costa merecem todo o mérito por terem participado da gênese da criação do SAMU no Brasil. Também cumprimento o Diretor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do Instituto Federal, Dr. Victor Leonardo Arimatea Queiroz, e a Deputada Federal Erika Kokay, outra baluarte na defesa do SAMU.

    Em poucas palavras, quero dizer que o SAMU é entre as instituições nacionais uma unanimidade, é inquestionavelmente uma unanimidade. O SAMU absorveu ensinamentos, absorveu aprendizados, inclusive com a orientação daqueles que trouxeram especificamente da França a experiência de atendimento médico de urgência. Verificamos nos últimos 20 anos — eu fui da Câmara primeiro, e agora estou no Senado — uma verdadeira revolução no SAMU em termos de atendimento à população brasileira, de todas as classes sociais. Todas as classes sociais, na hora de uma emergência, são atendidas pelo SAMU.

    Verificamos que a brilhante Senadora do Rio Grande do Norte conhece quase tudo sobre saúde e é uma das maiores defensoras do setor no Senado. Temos que fazer justiça também. Em rápidas palavras, S.Exa. mostrou exatamente a questão financeira, de orçamento, de prioridade, tudo isso. A vida não tem custo, é tudo investimento; não tem despesa, é tudo investimento. Nos quatro pontos do País, de norte a sul, de leste a oeste, o SAMU está presente e tem um significado gigantesco. Quando ele falta, causa problemas seriíssimos.

    Eu gostaria de citar um case, no caso específico do meu Estado, Roraima. Sr. Arthur Chioro, em Roraima, especificamente, que está na parte mais setentrional do País, fazemos uma franja de fronteira de 2 mil quilômetros com dois países, Venezuela e Guiana, temos hoje uma situação atípica. Pela localidade de fronteira chamada Pacaraima já passaram mais de 800 mil venezuelanos. Vou repetir, porque o Brasil às vezes não conhece esses dados: foram quase 800 mil venezuelanos. E ali há dia em que chegam 500 pessoas, tangidas pela necessidade política interna do país delas. O Prefeito Juliano Torquato, com quem conversamos permanentemente, cobra-nos a presença ali de maior aparato para atendimento à saúde. Agora, imaginem, há dias em que há 2 mil, 3 mil pessoas dormindo nas ruas, até que desçam a serra para ir a Boa Vista e, de lá, para outros lugares do Brasil ou da América do Sul.

    Pois bem, viemos, Presidente, Senador Humberto Costa, já há longo tempo, solicitando que haja maior presença do Estado brasileiro naquela localidade, porque, além da população — são quase 10 mil brasileiros —, há essa leva imensa de pessoas que ali chegam normalmente com problemas seriíssimos de saúde.

    Por meio de emendas de minha autoria, foram adquiridas duas ambulâncias tipo A, as quais vêm atendendo a população. Mas imaginem que são exatamente 200 quilômetros de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, até Boa Vista, Capital, onde há hospitais com maior capacidade para atender emergências.

    Eu gostaria de falar com a Ministra, mas, como em outras vezes, vamos falar com a assessoria. Nós precisamos, sim, de pelo menos duas unidades do SAMU na nossa fronteira, porque há ali milhares de pessoas. Eu falava com o Prefeito, há poucos momentos, e ele me dizia que há semana com mais de 30 emergências, com o uso de ambulâncias tipo A, da Prefeitura, adquiridas com recursos de emendas, ou de carros improvisados. E, por incrível que pareça, Dr. Chioro, as pessoas não pedem para nós ambulâncias, mas dizem: "Nós queremos o SAMU aqui". É como se o SAMU fosse o salvador da Pátria, e hoje é mesmo.

    As pessoas têm confiança no SAMU, tanto quanto nas Forças Armadas, no Corpo de Bombeiros etc., porque é uma instituição que foi bem criada e é tão cuidada que se consolidou no Brasil, a ponto de hoje nós termos a alegria de ouvir esses profissionais, e nos aliamos aos que têm essa consciência, de anjos azuis — são anjos porque salvam vidas, não têm dia, não têm hora, se capacitam, se especializam, se dedicam, fazem desse trabalho quase um sacerdócio.

    Eu conheço praticamente todos aqueles que trabalham no SAMU no meu Estado. Apesar de ser um Estado muito grande territorialmente, tem apenas 15 Municípios. Há SAMU nos outros 14 Municípios, menos em Pacaraima, onde nós, em verdadeiro brado, pedimos para que nessa nova leva de 1.800 ambulâncias — eu soube algo a esse respeito, em termos de aquisição por parte do Ministério —, nós possamos atender aquela população que, independentemente da questão dos venezuelanos, são cidadãos, são seres humanos também.

    O SAMU atende a todos de forma indistinta. Imaginem que na nossa Capital moram mais de 100 mil venezuelanos. Dos 800 mil venezuelanos que por ali já passaram, ficaram mais de 100 mil. Em uma população de 450 mil habitantes na Capital, em torno de 100 mil pessoas são venezuelanas, as quais foram, ao longo dos últimos anos, com a crise da Venezuela, ficando no País.

    Chegando há pouco no meu gabinete, vi o Presidente, Senador Humberto Costa, outro baluarte na defesa da saúde do Brasil. Aliás, são dois médicos que têm essa expressão do empenho, da dedicação, da vontade. O Dr. Chioro citou ter trabalhado com o Senador Humberto Costa, quando Ministro da Saúde, na criação, inclusive, do SAMU. Os senhores sabem que essa é uma demanda que hoje o Governo deve urgentissimamente atender, porque o SAMU é a tábua de salvação para milhares de pessoas em regime de necessidade, de urgência e de emergência. Elas sabem que o SAMU tem, no coração, toda a dedicação para cuidar da população brasileira.

    Portanto, fica esse registro, mas sem esquecer o mais importante de tudo: os aproximadamente 80 mil funcionários do SAMU são uma referência e um exemplo de amor ao próximo, de amor ao Brasil e de compromisso e responsabilidade com essa função tão nobre que exercem.

    Então, neste aniversário de 20 anos, quero deixar o meu grande abraço e o meu aplauso, como cidadão, a cada um de vocês no Brasil inteiro.

    Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 06/06/2024 - Página 27