Discurso durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Questionamentos sobre a pertinência das cobranças realizadas por ONG sem relação à preservação ambiental no Brasil, diante do suposto aumento na produção e no uso de combustíveis fósseis por países europeus. Críticas ao papel das ONGs que recebem fundos estrangeiros e suas ligações com o governo e instituições públicas.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Regional, Economia e Desenvolvimento, Meio Ambiente:
  • Questionamentos sobre a pertinência das cobranças realizadas por ONG sem relação à preservação ambiental no Brasil, diante do suposto aumento na produção e no uso de combustíveis fósseis por países europeus. Críticas ao papel das ONGs que recebem fundos estrangeiros e suas ligações com o governo e instituições públicas.
Publicação
Publicação no DSF de 18/07/2024 - Página 11
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Economia e Desenvolvimento
Meio Ambiente
Indexação
  • CRITICA, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA, NORUEGA, EXPLORAÇÃO, PETROLEO, GAS NATURAL, POLUIÇÃO, FINANCIAMENTO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG).
  • TROCA, DIRIGENTE, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), FUNCIONARIO PUBLICO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS (IBAMA), FUNDAÇÃO NACIONAL DOS POVOS INDIGENAS (FUNAI).
  • MANIPULAÇÃO, FINANCIAMENTO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), INTERESSE, PAIS ESTRANGEIRO.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - AM. Para discursar.) – Obrigado, Presidente.

    Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, neste último discurso, antes do nosso merecido recesso, eu quero tocar no mesmo assunto – o assunto de sempre – e falar com o brasileiro, com você brasileiro e você brasileira que está assistindo agora.

    É lógico que falo sobre o mesmo tema, porque é bom sempre provar – mostrar – com dados a hipocrisia dos Governos da Noruega, da Alemanha, da Grã-Bretanha, por aí afora.

    É lógico que os santuaristas e pretensos ambientalistas brasileiros adoram seus modelos europeus de utilização de energia, e não é para menos. Conforme o dado que apuramos na CPI das ONGs e que, na verdade, qualquer "ongueiro" sabe, é desses países e dessas fundações nutridas por suas grandes empresas que parte o recurso que engorda as caixas dos que dizem defender o meio ambiente. Cada vez mais, porém, são esses países que recorrem a combustíveis poluentes para manter as suas economias.

    Vou dar o exemplo da Alemanha: a Alemanha, que implantou o modelo público ambiental aqui no Brasil, hoje voltou a recorrer ao carvão para alimentar suas fábricas – carvão. Alega que não mais tem como se abastecer do gás, comprado antes da Rússia, e abandonou todas as suas metas climáticas. Tudo aquilo com que se comprometeu, abandonou. O calo apertou, não é? Tiveram que mudar de sapato. Hoje várias das florestas que subsistiam em território alemão estão sendo cortadas para garantir a energia.

    Em tempos recentes, a energia eólica era o modelo a recorrer. Não mais. As principais fontes na matriz energética alemã, no total da produção bruta de energia, constituíam-se na linhita, ou seja, carvão, com 22,5%; no carvão retirado duro das minas tradicionais, com 14,1%; gás natural, 13,2%; e energia nuclear, que o país fingiu superar, mas hoje ainda responde por 11,7%. Estão vendo só a hipocrisia? É a Alemanha, que abastece ONGs para nos policiar e não deixar que a gente explore sequer o potássio.

    A Noruega é quem abastece o Fundo Amazônia, quem dá 2 bilhões, 3 bilhões. A Noruega, pois é, brasileiro, brasileira, a Noruega, que abastece o Fundo Amazônia. A Noruega está fazendo por lá o que trava aqui. É bom lembrar que é uma das maiores doadoras do Fundo Amazônia. Além da Alemanha, meu bom Presidente Veneziano, é mais um país que investe recursos nas ONGs para impedir qualquer desenvolvimento aqui no Brasil. Mas lá pode tudo. Ela vive hoje, a Noruega, da exploração do petróleo no Mar do Norte – aqui a gente não pode tirar ali no Amapá –, chegando até o Ártico; ela vai do Mar do Norte até o Ártico explorando petróleo.

    Vamos lembrar que o meio ambiente do Ártico é tão ou mais sensível do que a Amazônia. Basta ver como estão sendo dissolvidos os icebergs, o que contribui decisivamente para a elevação do nível dos oceanos, esse grande perigo ecológico que, inclusive, pode fazer desaparecer países inteiros. Mas as ONGs jogam a culpa no desmatamento da Amazônia, o que é ridículo, mas a narrativa é tão grande que alguns brasileiros, algumas brasileiras acabam engolindo isso.

    Mais: de dez anos para cá, a Noruega permitiu que se perfurassem 700 novos poços de petróleo e gás; 700 novos poços de petróleo e gás, novos. Vários já foram abertos. Quando todos estiverem perfurados, a produção de petróleo e gás na Noruega aumentará em 60%; a produção de gás e petróleo na Noruega vai aumentar 60%. Aqui a gente não pode, na Foz do Amazonas, lá perto do Amapá.

    São ONGs vitaminadas com recursos da Noruega, assim como da Grã-Bretanha, que também explora o óleo no Mar do Norte – a Grã-Bretanha também –, que custeiam parte da campanha para impedir que o Brasil explore o petróleo na Margem Equatorial, que os demagogos chamam de Foz do Amazonas, embora esteja a mais de 60km da foz, distante da foz; ou seja, lá na Alemanha, na Grã-Bretanha, na Noruega, pode tudo, aqui não pode nada, porque as ONGs, mancomunadas com parte do Judiciário, estão sempre impedindo que se explorem os nossos recursos naturais.

    Uma pequena parcela do dinheiro proveniente dessa exploração de petróleo do Ártico vai para as ONGs do Fundo Amazônia, que é bajulado pela Ministra Marina Silva, como se esse fundo prestasse para alguma coisa em prol do Brasil.

    Até presta, para eles; porque presta para impedir que se tenham por aqui atividades econômicas semelhantes às que fazem sua fortuna por lá. Foi com dinheiro da Noruega e da Grã-Bretanha que se financiou uma viagem do barco do Greenpeace pela Região Amazônica, lotado por falsos técnicos, cientistas, ambientalistas, vagabundos engajados nessa empreitada.

    Esse navio fez o que dele se esperava: denunciou os riscos, provavelmente falsos ou ao menos exagerados, da exploração do petróleo em nossas águas; ou seja, lá se pode tudo, mas eles mandam o Greenpeace vir para cá, para descobrir coisas e impedir que se avance aqui no Brasil. É igualzinho à Alemanha: manda por aqui e faz diferente por lá – continua poluindo o planeta com suas chaminés.

    Agora, comparem a qualidade de vida dos noruegueses, dos alemães e dos ingleses com a dos amazonenses, por exemplo, de lá onde estão impedindo o potássio, impedem o ouro, impedem terra-rara, impedem tudo. O meu estado, o Amazonas, comporta sozinho tudo o que eu falei aqui, dentro do estado, porque a gente ainda é o maior; e 63%, Presidente, vivem abaixo da linha da pobreza no Amazonas – são 63%. É só comparar o nosso povo com o povo norueguês, que manda dinheiro para nos amordaçar – e as ONGs fazem esse serviço muito bem-feito, repito, com a complacência, sempre, de parte do Judiciário.

    Modelo citado pelas nossas ONGs, a Noruega é ainda o 13º maior produtor de petróleo do planeta, extraindo 1,7 milhões de barris/dia. Em 2019, o país consumia 207 mil barris/dia, sendo o 55º maior consumidor do mundo. O país foi o 14º maior exportador de petróleo do planeta em 2018.

    A Noruega costuma ser citada por aqui como grande preservadora da floresta. E até certo ponto é verdade. Mas sabe por quê? Porque o problema lá está na retirada da madeira, muito custosa, em função do perfil montanhoso do país, e também da baixa qualidade da madeira que se extrai.

    A verdade é que esses pretensos modelos dos nossos ambientalistas não conseguem manter suas metas climáticas. Abandonam-nas. No primeiro aperto, abandonam. E o Brasil continua cumprindo com as metas climáticas, como se fôssemos nós os responsáveis pela desgraça ambiental do planeta.

    Já defensores de metas climáticas robustas hoje admitem que não conseguiram atingi-las: França, Alemanha, Inglaterra, Noruega. Eles admitem que não podem, mas não abrem mão para cá, através dessas ONGs.

    Eu peço um ou dois minutos a mais, Presidente.

    Grandes corporações, como Unilever, Bank of America e Shell, já fizeram essa admissão; culpam, inclusive, a falta de padronização e de regulamentação clara, além de se queixarem da insuficiência do apoio governamental e dos atrasos na implementação de novas tecnologias.

    Os objetivos já eram pouco ambiciosos: a Folha de S. Paulo registra que o objetivo mediano de 51 grandes empresas era reduzir suas emissões em apenas 30% até o final da década. Nem isso – nem isso – conseguiram. A Unilever, por exemplo, destaca a sustentabilidade nas relações com os investidores. Em abril, porém, anunciou que abandonaria suas metas de redução da poluição plástica e de preservar a biodiversidade. O motivo é simples: o custo se revelava superior ao previsto. Eles podem mudar. Vá aqui fazer alguma coisa; vá, para você ver o escândalo que é.

    O aumento das exportações de veículos elétricos da China para a Europa fez com que as fábricas que planejavam reduzir a produção de seus veículos à combustão recuassem nas metas.

    Só a diretoria de ONGs se compara ao padrão de vida da Alemanha e da Noruega. Temos, no Brasil, dirigentes de ONGs com rendas elevadíssimas, graças ao dinheiro que vem lá de fora. Isso a gente pôde comprovar na CPI das ONGs, mas não pudemos pedir indiciamento, porque ficar com dinheiro de estrangeiro aqui, botar no bolso, como algumas ONGs fazem, não é crime tipificado, aqui no Brasil. E, repito, em conluios incestuosos, trocam suas equipes periodicamente com os órgãos do Governo. Hoje, no Ibama; amanhã, no ISA; depois de amanhã, na Funai; e, antes, em outra ONG. Sempre fazendo esse rodízio.

    Funcionários regiamente pagos pelas ONGs deixam esses cargos para ocupar postos públicos. Claro, neles realizarão o serviço santuarista defendido pelo Ministério do Meio Ambiente e incentivado financeiramente pelas ONGs.

    E aos brasileiros resta o quê? Enquanto não reagirmos a esse tipo de maquinação – e é isso o que eu tenho feito aqui, utilizando o meu mandato para isso – estaremos nós brasileiros simplesmente cumprindo as missões hipócritas conferidas pelos verdadeiros poluidores, que financiam as ONGs: Noruega, Alemanha, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Canadá.

    Canadá... O potássio que o Brasil importa – e daqui estou vendo o meu amigo Kajuru e o meu amigo Girão –, quase todo, parte dele, vem do Canadá. E sabe onde é extraído, Kajuru? Nas reservas indígenas do Canadá.

    Aqui, o nosso índio não pode...

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - AM) – ... plantar um pé de roçado para fazer farinha e vender.

    Obrigado, Presidente.

    E eu agradeço, mais uma vez, a Deus por esta oportunidade de poder discursar para brasileiros e brasileiras, para mostrar o quanto essa hipocrisia nos prejudica. E para que, quem sabe, um dia, você possa entender que eles são os mentirosos, que eles são os hipócritas, que eles são os vilões, e não nós brasileiros, em particular os amazônidas.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/07/2024 - Página 11