Discurso durante a 112ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexão sobre o desempenho do Brasil nas Olimpíadas de Paris 2024 e a importância do esporte como política pública nacional. Homenagem aos atletas olímpicos brasileiros. Comparação do desempenho olímpico do Brasil com outros países, com destaque para a performance positiva em relação a alguns países da América Latina. Críticas à falta de equipamentos e infraestrutura adequados nas escolas para o treinamento dos jovens atletas. Destaque para os recursos enviados por S. Exa. para o desenvolvimento de práticas esportivas nas comunidades do Instituto Federal de Educação de Rondônia. Menção ao programa “Esporte por Toda Parte”, em Brasília, como um exemplo de sucesso na redução da violência juvenil através do esporte.

Autor
Confúcio Moura (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Confúcio Aires Moura
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Crianças e Adolescentes, Desporto e Lazer, Educação, Homenagem:
  • Reflexão sobre o desempenho do Brasil nas Olimpíadas de Paris 2024 e a importância do esporte como política pública nacional. Homenagem aos atletas olímpicos brasileiros. Comparação do desempenho olímpico do Brasil com outros países, com destaque para a performance positiva em relação a alguns países da América Latina. Críticas à falta de equipamentos e infraestrutura adequados nas escolas para o treinamento dos jovens atletas. Destaque para os recursos enviados por S. Exa. para o desenvolvimento de práticas esportivas nas comunidades do Instituto Federal de Educação de Rondônia. Menção ao programa “Esporte por Toda Parte”, em Brasília, como um exemplo de sucesso na redução da violência juvenil através do esporte.
Publicação
Publicação no DSF de 13/08/2024 - Página 15
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Crianças e Adolescentes
Política Social > Desporto e Lazer
Política Social > Educação
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • ANALISE, PARTICIPAÇÃO, BRASIL, OLIMPIADAS, PARIS, FRANÇA, HOMENAGEM, ATLETA PROFISSIONAL, REBECA ANDRADE.
  • CRITICA, INVESTIMENTO, AUSENCIA, INFRAESTRUTURA, ESPORTE, QUADRA POLIESPORTIVA, ESCOLA, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, TREINAMENTO, JOVEM, CRIANÇA, ADOLESCENTE, NECESSIDADE, ABERTURA, UTILIZAÇÃO, POPULAÇÃO, SOCIEDADE.
  • NECESSIDADE, INTEGRAÇÃO, ESPORTE, ENSINO PUBLICO, EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO, ATLETA AMADOR, ATLETA PROFISSIONAL.
  • COMPARAÇÃO, RESULTADO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, AMERICA LATINA, OLIMPIADAS, PARIS.
  • REGISTRO, REMESSA, RECURSOS FINANCEIROS, INSTITUTO FEDERAL, EDUCAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), ESPORTE.
  • COMENTARIO, PROGRAMA, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), ESPORTE, REDUÇÃO, VIOLENCIA, JOVEM.

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Para discursar.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores é uma satisfação muito grande voltar aqui nesta segunda-feira bem tranquila para este pronunciamento.

    Eu não assisti ao pronunciamento do Senador Paim, mas, pelo jeito, vai ter o mesmo ritmo que eu vou usar no meu, que será sobre as Olimpíadas.

    Bem, Sr. Presidente, as recentes Olimpíadas trouxeram à tona, mais uma vez, a excelência dos nossos atletas, mas também expuseram as lacunas e os desafios que ainda enfrentamos no cenário esportivo mundial. É inegável o orgulho que sentimos ao ver fenômenos como a atleta Rebeca Andrade e outros grandes talentos brasileiros brilhando no palco internacional, merecendo de nós todo o carinho, admiração e muita emoção. No entanto, também é inegável a frustração ao observar a participação, aquém da esperada, em modalidades como natação, onde o Brasil, um país com tanta vocação aquática, teve um desempenho triste, abaixo do seu potencial.

    A questão que se coloca é: como podemos esperar resultados diferentes, se o Brasil, em suas escolas públicas e privadas, não dispõe de equipamentos e infraestruturas adequados para o treinamento dos nossos jovens? Não há como prosperar sem esse suporte necessário. O talento existe, mas, sem uma base sólida, ele se dispersa e o que vemos são apenas destaques isolados, fenômenos que surgem, mas por força da vontade, por força do talento individual de cada um desses segmentos jovens que vêm, geralmente, das camadas mais pobres da nossa população.

    É preciso que o Brasil, de uma vez por todas, priorize o esporte como um pilar essencial do desempenho dos nossos jovens. Mais do que isso, é preciso incluir o esporte no contexto da educação pública, que, de maneira integral e estruturada, possa desenvolver um projeto esportivo nacional que tenha como base as escolas, onde o esporte seja parte do cotidiano dos alunos, assim como são as disciplinas tradicionais. Existe esse projeto, que precisa ser estratégico. Não podemos tentar treinar atletas para todos os esportes indiscriminadamente. Isso dilui os esforços e os recursos. Devemos fazer escolhas claras e objetivas, focando em desenvolver modalidades para que já temos vocação e potencial de nos tornarmos potências mundiais. É necessário identificar talentos desde cedo e oferecer a eles as condições ideais para que possam se desenvolver plenamente. Não podemos mais permitir que nossos jovens talentosos sejam descobertos por acaso ou que dependam da sorte para alcançar o topo.

    O Brasil precisa transformar sua paixão pelo esporte em uma política de Estado que permeie nossas escolas e forme, de maneira consistente, atletas que possam competir de igual para igual com os melhores do mundo. Que possamos olhar para o futuro e, com certeza, com planejamento, investimento e seriedade, nossos talentos não serão apenas fenômenos isolados, mas sim uma constante realidade, fruto de um sistema educacional que valoriza e integra o esporte como um verdadeiro caminho de desenvolvimento e cidadania.

    Sr. Presidente, o que a gente vê normalmente no Brasil é que – até que equipamentos esportivos têm, como quadras. Há muitas quadras nas escolas brasileiras –, na sexta-feira, a escola é fechada, as quadras ficam paralisadas e a comunidade não participa desses benefícios. Então, a gente tem que abrir esse modelo, abrir as escolas que têm campos, quadras cobertas, piscinas, quadras de areia – tem uma variedade muito grande –, numa cidade média ou grande brasileira.

    Lá em Rondônia mesmo, é difícil a cidade que não tenha muitas quadras, quase todas têm quadras, até as escolas rurais. Então, estamos precisando mesmo é de uma política educacional que chame os jovens e faça essa seleção naturalmente, que vá identificando as suas potencialidades, os talentos que estão ali escondidos nessas escolas, para que possam ser desenvolvidos depois – eles são referenciados –, como lá em Uberlândia, em um centro de atletismo adequado, onde esses alunos são internados e ficam ali morando, com bolsas de estudo, praticando, com orientação, as mais diversas especialidades.

    Então, o Brasil é grande e nós temos essa potência. Nós vimos lá o esforço desses jovens brasileiros, que foi muito grande. A gente não pode lamentar, não; nós temos que nos orgulhar deles, que estão lá, isolados, com uma disposição, própria dos seus organismos, de se jogarem nesses treinamentos exaustivos para representarem o Brasil. E é muito bonito, Sr. Presidente, porque V. Exa. pode observar que, quando um atleta brasileiro ganha uma determinada medalha de ouro, bronze ou prata, o que ele mais faz na hora de subir ao pódio é se vestir, se cobrir com a bandeira do Brasil. Ele tem orgulho de estampar para o mundo a bandeira do Brasil.

    Eu acho que não existe mídia mais positiva para um país do que um acontecimento olímpico, um show maravilhoso como aquele, que espelha realmente o esforço de todos os países participantes – uns mais, outros menos. Logicamente, nós vimos aqui que a primeira classificação ficou com os americanos, que obtiveram 40 medalhas de ouro, 44 de prata e 42 de bronze; no total, 126 medalhas. Depois, veio a China com 91 medalhas; o Japão, com 45; a Austrália, com 53; a França, com 64, porque recebeu mais de bronze; e assim vai. No 13º lugar, ficou um país da antiga União Soviética, o Uzbequistão. Ele teve 8 medalhas de ouro, 2 de prata e 3 de bronze. O Quênia, na África, teve 4 de ouro – mais que o Brasil –, 2 de prata e 5 de bronze; um total de 11. Ele ficou em 17º lugar, e o Brasil em 20º lugar.

    Fomos, mesmo assim, o melhor das Américas, só perdemos para o Canadá e para os Estados Unidos. Ganhamos do México, ganhamos do Chile, ganhamos da Colômbia, ganhamos da Argentina, que foi muito fraca, e assim foi de outros países da América, com toda essa desgraceira que a gente lamenta. Queríamos mais. Quem é que não queria que aquelas meninas do vôlei ganhassem? Quem é que não queria que aquelas meninas do futebol feminino ganhassem? Todos nós torcemos, de uma maneira fanática, para que elas brilhassem e nos representassem. O esforço delas foi gigantesco.

    Mas a gente pode muito mais, nós temos condição de fazer muito mais. Somos um país muito grande, muito diverso. Eles estão lá nas nossas comunidades pobres. Eles vêm de lá, descem o morro, descem dos bairros periféricos e vêm para os treinamentos. Ali eles se expõem, eles se oferecem. Essa menina, a Rebeca Andrade, é um show espetacular, é um fenômeno mundial, nos orgulha bastante.

    Então, eu vejo que... Por exemplo, eu agora coloquei alguns recursos do ano passado para o Instituto Federal de Educação de Rondônia poder desenvolver práticas esportivas nas comunidades. No Instituto Federal de Educação, colocamos R$4 milhões para que eles pudessem colocar... e assim nós vamos colocando subsequentemente, em outros anos, para que o Instituto Federal, que tem muitos professores de educação física, possa despertar, em nosso estado, esse talento adormecido que existe na nossa juventude.

    Eu fico muito satisfeito. Quero parabenizar todos os atletas brasileiros indistintamente, tendo ganhado medalhas ou não, que nos representaram muito bem: são realmente pessoas fantásticas, patriotas verdadeiros, que foram para lá nos representar, fizeram bonito, cada qual com seu jeito especial de nos representar, mas, logicamente, temos que entender as nossas deficiências por aqui. Nós temos que entender que não existe uma política definida, clara, de valorização desses atletas, de estímulo a esses atletas; há, sim, alguns programas, mas que não atendem à diversidade brasileira.

    Então, eu fico muito satisfeito. Eu acho que uma Olimpíada é realmente muito importante. O Brasil perdeu espaço em relação às duas últimas Olimpíadas – tivemos menos medalhas –, mas, de qualquer forma, foi bom – isso serviu de alerta para nós –, o brilho foi fantástico, foi uma emoção muito grande em nós todos. Eu ficava lá na sala aguardando esses jogos com muita vibração, muita torcida, muita energia positiva, para que esses atletas pudessem conquistar espaços merecidos.

    Assim eu encerro o meu pronunciamento, que foi mais resumidinho, mas foi apenas para destacar a importância para o Brasil do esporte. Esporte por toda parte.

    Aqui em Brasília, lá atrás, na época em que o Joaquim Roriz era Governador, ele criou um programa aqui em Brasília chamado esporte por toda parte. Ali em Planaltina, naquela época, tinha umas gangues muito perigosas, muita violência de jovens contra jovens, com matanças de jovens. E o Roriz, naquela época, criou esse programa e abriu as quadras esportivas das escolas até meia-noite; ficavam abertas para que os jovens pudessem ali praticar exercícios físicos, jogar bola e diminuir a violência.

    Certo é que diminuiu mesmo, então é um exemplo, uma prova incontestável de que o esporte ajuda na contenção da violência, desse impulso. O jovem gasta energia com boas práticas e deixa de ir para o mundo das drogas, para a violência física, para o homicídio, para o tráfico e para outras contravenções.

    Muito obrigado, Sr. Presidente, era só isso. Muito agradecido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/08/2024 - Página 15