Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Tributo à trajetória do ex-Ministro de Estado e ex-Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por ocasião dos dez anos de seu falecimento. Elogios aos atletas que representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, com destaque para o desempenho das mulheres.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desporto e Lazer, Homenagem:
  • Tributo à trajetória do ex-Ministro de Estado e ex-Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por ocasião dos dez anos de seu falecimento. Elogios aos atletas que representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, com destaque para o desempenho das mulheres.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 15/08/2024 - Página 14
Assuntos
Política Social > Desporto e Lazer
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EDUARDO CAMPOS, EX-DEPUTADO, EX-GOVERNADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).
  • CONGRATULAÇÕES, ATUAÇÃO, ATLETA AMADOR, ATLETA PROFISSIONAL, BRASIL, ENFASE, MULHER, PARTICIPAÇÃO, OLIMPIADAS.
  • CRITICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONCESSÃO, ISENÇÃO FISCAL, VALOR MONETARIO, PREMIO, MEDALHA, RECEBIMENTO, ATLETA AMADOR, ATLETA PROFISSIONAL, BRASIL, PARTICIPAÇÃO, OLIMPIADAS.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Inicialmente, é um privilégio subir a esta tribuna tendo na Presidência desta sessão um homem público de raríssimas qualidades, respeitado pela nossa amada Alagoas e reconhecido pelo seu trabalho, Rodrigo Cunha. Tenho por você – você sabe – um respeito sincero e o carinho da mesma forma.

    Presidente, brasileiras e brasileiros, minhas únicas vossas excelências, subo à tribuna, neste 14 de agosto de 2024, para prestar homenagem a Eduardo Henrique Accioly Campos, com quem tive um convívio suficiente de anos para tê-lo como um ídolo político. Ele morreu há dez anos em acidente aéreo, durante campanha pela Presidência da República.

    A Câmara dos Deputados fez hoje pela manhã sessão solene para homenagear Eduardo Campos, da qual, infelizmente, eu não pude participar, pois cumpria agenda exatamente com o Presidente do nosso histórico Partido Socialista Brasileiro (PSB), o Vice-Presidente da República, Geraldo Alckmin, que, em Goiás, no meu amado estado, lançou o programa Brasil Mais Produtivo, que vai beneficiar 300 mil indústrias, num investimento de 300 bilhões, cuja finalidade é apoiar micros, pequenas e médias empresas do setor industrial. Lamento, mas eu fui o único político goiano responsável por mais este dia histórico para a indústria, para o comércio e para o agro em Goiás.

    Volto à pauta.

    Todavia, como Líder que sou do PSB, já por quatro anos, no Senado Federal, não poderia deixar de prestar meu tributo a Eduardo Campos, que morreu num 13 de agosto, como seu avô, o histórico Miguel Arraes, com quem também convivi prazerosamente, este falecido em 2005 e de quem se tornou Eduardo herdeiro político.

    Quando Miguel Arraes, após voltar do exílio, elegeu-se Governador, em 1986, Eduardo Campos foi seu chefe de gabinete e, em 1990, com 25 anos e já filiado ao nosso histórico PSB, foi eleito Deputado Estadual. Seguiram-se três mandatos como Deputado Federal, a partir de 1994. Em 2004, no Governo Lula 1, assumiu o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Foi eleito Governador de Pernambuco duas vezes, em 2006 e em 2010, com gestões – sei que Paulo Paim, gaúcho, referência que temos neste Congresso Nacional, pensa da mesma forma – marcadas pela industrialização do estado e pela realização de fantásticas obras. Eduardo Campos criou várias políticas públicas, como o Pacto pela Vida, que, em seus seis anos, conseguiu reduzir em 35%, pátria amada, o número de homicídios em Pernambuco, e que foi premiado, em 2013, pela Organização das Nações Unidas.

    O desempenho de Eduardo Campos como Governador o habilitaria a pleitear a Presidência da República, sem nenhuma dúvida. Em abril de 2014, lançou a sua pré-candidatura, tendo como Vice Marina Silva, mas o destino não quis que ele viesse a disputar a eleição. Penso que Deus reservou ao seu amado filho, para o qual eu tenho enorme admiração, João Campos, querido, disputar essa eleição um dia.

    Em 13 de agosto de 2014, o avião que o levava do Rio para Guarujá caiu na cidade de Santos. Por coincidência, Presidente Rodrigo e Paim, a nossa Senadora e ex-Ministra Tereza Cristina estava indo para o aeroporto recebê-lo, e eu estava, com meu irmão José Luiz Datena, indo também a Guarujá para recebê-lo. O Brasil perdia, de forma trágica, mais um líder político, de apenas 49 anos.

    Seu legado permanece no Partido Socialista Brasileiro, que ele presidiu por nove anos, de 2005 a 2014, e nos filhos Pedro e João, ambos irreparáveis, que trilham a política como o pai e como o bisavô. Que seus filhos e o PSB sigam honrando a memória de Eduardo Campos!

    Passando a outro tema, permitam-me, senhoras e senhores, meus únicos patrões, cumprimentar os atletas que representaram o Brasil nos Jogos Olímpicos de 2024, encerrados no último domingo, em Paris. A delegação do Brasil apresentou o desempenho alinhado com os dois Jogos Olímpicos anteriores. Depois de ganhar 19 medalhas no Rio, em 2016, e 21 medalhas, em Tóquio, em 2020, conquistou 20 medalhas em Paris, em 2024: três de ouro, por quatro mulheres também de ouro; sete de prata; e dez de bronze. Duas modalidades merecem ênfase: o judô e a ginástica artística.

    Pela minha visão, parece-me que chegou essa outra nossa referência... É o Oriovisto? É o Oriovisto Guimarães, que sabe tudo de economia, mas que não entende nada de esporte. Portanto, não adianta eu me referir a ele sobre Olimpíada. O que entende de ginástica artística o Oriovisto Guimarães? (Risos.)

    Brincadeira à parte, gente, é preciso aplaudir também Isaquias Queiroz, que ganhou uma medalha de prata na disputa da canoagem, no C1 1000m, e alcançou cinco medalhas, igualando-se aos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt, históricos brasileiros do esporte olímpico. Os três só ficam atrás dessa rainha do esporte brasileiro, de Guarulhos, São Paulo, Rebeca Andrade, ganhadora de seis medalhas olímpicas, quatro delas em Paris, onde foi a síntese do protagonismo feminino.

    Das nossas 20 medalhas, 12 foram conquistadas por mulheres: na ginástica artística, no judô, no surfe, no skate, no voleibol, no futebol feminino, no boxe e no vôlei de praia. E só mulheres conquistaram medalhas de ouro, em Paris 2024: a Rebeca Andrade, na ginástica; a Beatriz Souza, no judô; e a dupla, no vôlei de praia, Duda e Ana Cristina.

    O brilho das nossas atletas incomodou muitos machistas – sei que você jamais seria e não o é, Presidente Rodrigo Cunha – que, nas redes sociais, miseráveis redes sociais, que hoje me causam nojo – eu fui o pioneiro no Brasil ao criar a primeira internet em TV, quando trabalhava no SBT com o meu melhor patrão, por 16 anos, Silvio Santos, por quem oro todos os dias, porque não suportarei perdê-lo...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... por tudo o que ele significou para mim –, fizeram questão de manifestar seu caráter misógino. Misógino! Coisa horrorosa! Só posso lamentar que ainda existam brasileiros incapazes de reconhecer o quanto é relevante, em um país com liderança em rankings de feminicídio e estupro, comemorar o merecido sucesso de atletas mulheres.

    Gostaria também de concluir dizendo que discordo da decisão do amado Presidente Lula – e ele sabe o quanto, nesses 35 anos, eu o idolatro –, que isentou do pagamento do imposto os prêmios em dinheiro dos atletas medalhados em Paris. Atletas são trabalhadores iguais aos outros, Presidente Lula.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Todos devem ser tratados com isonomia. Os nossos atletas não precisam de privilégios. Além de aplausos, merecem, sim, incentivos, como o proporcionado pelo Programa Bolsa Atleta, instituído em 2005, no seu Governo Lula 1, e revigorado agora, em 2024, também no seu Governo histórico, Lula.

    Já o Brasil necessita urgentemente de uma política para democratizar o esporte que seja capaz de associar a prática esportiva à educação e à saúde pública. Só assim criaremos as condições para que se multipliquem as rebecas, as bias, as dudas, as anas, as lorenas e as gabis.

    Agradecidíssimo.

    Pela primeira vez, Kajuru, em cinco anos e meio de mandato, passa o seu tempo de dez minutos por apenas um minuto...

(Interrupção do som.)

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para apartear.) – Senador Kajuru, eu sou obrigado a pedir, no mínimo, mais um minuto. O Plenário está...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Primeiro, registro a presença conosco da nossa inesquecível Senadora, querida, Ana Amélia.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Lá tem foto dela, no meu gabinete. Sabiam?

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Ouviu? Agora, ele me deixou com ciúmes, vou botar uma no meu gabinete também. (Risos.)

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Cunha. Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - AL) – Deixem-me só interromper. Eu estou no gabinete que era da Senadora. Então, eu ganhei de todos vocês. (Risos.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Só privilegiados aqui.

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Cunha. Bloco Parlamentar Independência/PODEMOS - AL) – É do Brasil, é do Brasil.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – E eu fiquei oito anos como Senador ao lado da Senadora sentada aqui, ao meu lado. Pronto!

    Kajuru...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Fale, amado.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... eu queria, bem rápido, só cumprimentar V. Exa.

    Eduardo Campos, de fato, é um líder inquestionável – não quero dizer que foi, é um líder inquestionável, porque as suas ideias continuam entre nós –, um homem que tinha compromisso só em fazer o bem sem olhar a quem, um homem de fino trato, pois o diálogo com ele era sempre da mais alta qualidade.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Ele não precisava concordar com tudo o que eu falava, nem eu com tudo o que ele falava, mas, assim mesmo, ele sempre advogava o melhor caminho: o caminho do encontro, do meio, e não da polarização, como falávamos nós três hoje, como está neste país.

    Por isso, V. Exa., ao fazer essa homenagem... Eu sei que, pela manhã, Humberto Costa esteve lá na Câmara representando o Senado, na homenagem que a Câmara fez a Eduardo Campos, e V. Exa. faz com muita competência, falando de um pedaço da sua história, porque a história dele é tão bonita que precisaria de horas para falar toda ela.

    Ficam aqui meu carinho e minha solidariedade aos familiares, ao PSB, a V. Exa. De fato, há 10 anos, naquele fato lamentável do avião que caiu, nós perdemos um grande líder.

    Parabéns pelo pronunciamento de V. Exa.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Obrigado, Presidente da nossa Comissão Externa do Rio Grande do Sul, Paulo Paim. Suas palavras sempre...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... acrescentam e dão brilho a qualquer pronunciamento de todos nós os 81 Senadores desta Casa.

    Deus e saúde, pátria amada e funcionários deste Senado Federal, maior patrimônio desta Casa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/08/2024 - Página 14