Discurso durante a 129ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o possível aparelhamento político da Petrobras.

Autor
Izalci Lucas (PL - Partido Liberal/DF)
Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Administração Pública Indireta:
  • Preocupação com o possível aparelhamento político da Petrobras.
Publicação
Publicação no DSF de 04/09/2024 - Página 113
Assunto
Administração Pública > Organização Administrativa > Administração Pública Indireta
Indexação
  • CRITICA, APARELHAMENTO, NATUREZA POLITICA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), ENFASE, NOMEAÇÃO, CARGO DE DIREÇÃO, CARGO DE CONFIANÇA, COMENTARIO, ALTERAÇÃO, GOVERNANÇA PUBLICA, COMPROMETIMENTO, ETICA, TRANSPARENCIA, RISCOS, NATUREZA ECONOMICA.

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras e Srs. Senadores, a Petrobras está de volta ao pântano de interesses políticos, com reedição daquilo que já vivemos durante o petrolão. Esse filme, senhoras e senhores, nós já vimos, e a tragédia foi enorme.

    Estamos diante, novamente, das práticas nefastas, evidenciadas pela recente onda de indicações políticas para cargos estratégicos dentro da estatal. Isso é um sintoma claro de um mal crônico: o aparelhamento. Mas não se trata de qualquer aparelhamento; trata-se de um aparelhamento minucioso, meticuloso, orquestrado por figuras-chave que, nos bastidores, movem as peças como mestres de um jogo macabro.

    Vamos aos fatos.

    A nova gestão que assumiu o comando da empresa, em menos de cem dias, já foi reconfigurada para acomodar os interesses dos poderosos de plantão, Alexandre Silveira e Rui Costa, que, com a força de titãs, no atual Governo, garantem a inclusão de seus protegidos em posições-chave, garantem que a máquina estatal opere não em prol do desenvolvimento nacional, mas para manter a roda viva da política partidária girando. Não são cargos quaisquer; são posições de comando nas áreas de exploração, engenharia e, ironicamente, transição energética, um setor que deveria ser cuidado por ciência e inovação, mas que agora está nas mãos dos indicados políticos, muitos deles com qualificações questionáveis e que, no mínimo, levantam suspeitas sobre suas reais capacidades para conduzir projetos dessa magnitude. Mais uma vez, estamos diante de uma escolha entre o progresso e o desenvolvimento versus o retrocesso, e tudo indica que é o retrocesso que está vencendo, e por larga margem.

    A nomeação de Magda na Presidência da Petrobras, precedida pela demissão abrupta de Jean Paul Prates, foi o ponto de partida para uma série de mudanças que não podem ser vistas senão como um desmonte da governança da estatal. Sob a liderança de Magda, as escolhas dos Ministros Silveira e Rui Costa foram rapidamente implementadas, como se houvesse uma pressa desesperada para garantir que os interesses políticos fossem assegurados antes que qualquer forma de controle ou regulação pudesse intervir. A demissão de Prates tinha que ser rápida, e assim foi feito por Lula e seus dois escudeiros, Silveira e Costa.

    Assim, a Petrobras transforma-se, mais uma vez, em ferramenta de barganha política. Pois é, senhoras e senhores, estamos diante do enfraquecimento da governança e cada vez mais distantes da geração de riqueza e inovação para o país. Os bancos de investimentos internacionais, como o Citi, o UBS e o HSBC, já levantam bandeiras vermelhas. E, quando instituições financeiras conhecidas por sua frieza analítica assim o fazem, o sinal de alerta foi aceso, e sabemos que o problema é grave, pois trata-se de um movimento calculado onde os interesses pessoais e partidários se sobrepõem às necessidades da estatal.

    A inclusão de delegados de polícia, advogados ligados a partidos políticos e até mesmo familiares de doadores de campanha nos altos escalões da Petrobras é a prova do aparelhamento. Isso comprova que não importa mais quem é o mais qualificado para o cargo, mas quem tem as conexões políticas mais fortes. É a velha história que conhecemos de "quem é o amigo do amigo do meu pai".

    As recentes mudanças nas regras internas da Petrobras, feitas às pressas para acomodar os interesses dos novos donos do poder, revelam a fragilidade da governança atual. As alterações das regras em questão de horas, para permitir que aliados políticos assumissem posições-chave no comitê de assessoramento, são uma demonstração clara de que a ética e a transparência foram relegadas ao segundo plano. Quando a necessidade de proteger os interesses de poucos se torna mais importante do que a preservação da integridade de uma das maiores empresas do país, sabemos que estamos diante de um desastre anunciado.

    Senhoras e senhores, a Petrobras, outrora uma gigante com potencial para liderar o Brasil rumo a um futuro energético sustentável, agora se arrasta sob o peso de interesses mesquinhos e corruptos. O retorno do aparelhamento político à estatal é uma afronta não apenas ao mercado, mas a toda a nação, que mais uma vez verá o seu patrimônio ser dilapidado em prol de uma minoria que, em nome do poder, não hesita em destruir o que deveria ser preservado.

    A história já nos mostrou que esses movimentos não terminam bem. A Operação Lava Jato foi um exemplo claro de como o aparelhamento e a corrupção podem devastar uma empresa e, por extensão, todo um país. No entanto, ao que parece, as lições do passado foram para o lixo. Estamos condenados a repetir os mesmos erros esperando resultados diferentes? Com certeza, não. Estamos diante novamente das práticas que corrompem e aniquilam qualquer esforço de um futuro próspero para o nosso país.

    O futuro da Petrobras e, por consequência, do Brasil está sendo jogado em um tabuleiro onde as peças são movidas por interesses que nada têm a ver com o bem-estar da população. É com um misto de indignação e desespero, enquanto a história se repete, que a Petrobras, mais uma vez, é levada ao abismo por aqueles que deveriam protegê-la. Vítima de um novo aparelhamento político, a empresa que um dia já foi orgulho nacional segue, mais uma vez, em direção ao colapso, sacrificada no altar dos interesses partidários. E digo isso porque participei da CPI da Petrobras e vi tudo o que aconteceu nessa empresa, assim como nos fundos de pensão. Basta ver agora o fundo de pensão dos Correios. Da mesma forma, serão injetados bilhões. Aquele que comanda o fundo de pensão, participou lá atrás, como advogado, das transações e dos investimentos feitos na Venezuela, na Argentina, e até hoje temos crédito aí para receber e não recebemos.

    Então é um alerta que faço porque essa história nós já vimos antes.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/09/2024 - Página 113