Discurso durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com acontecimentos que se sucederam no âmbito do Governo do Tocantins após as recentes operações da Polícia Federal.

Autor
Irajá (PSD - Partido Social Democrático/TO)
Nome completo: Irajá Silvestre Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Direito Penal e Penitenciário, Governo Estadual, Servidores Públicos:
  • Preocupação com acontecimentos que se sucederam no âmbito do Governo do Tocantins após as recentes operações da Polícia Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2024 - Página 79
Assuntos
Jurídico > Direito Penal e Penitenciário
Outros > Atuação do Estado > Governo Estadual
Administração Pública > Agentes Públicos > Servidores Públicos
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, ATUAÇÃO, AMBITO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO TOCANTINS (TO), OBJETO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, EXONERAÇÃO, SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL.

    O SR. IRAJÁ  (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - TO. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, trago a esta tribuna, Sr. Presidente, três fatos que despertam a minha profunda preocupação com os tocantinenses e com o futuro do nosso estado.

    São acontecimentos recentes no Governo do Tocantins que se sucederam imediatamente após as operações da Polícia Federal nos últimos dias em nosso estado.

    É nosso dever, como representantes do povo, olhar atentamente para o que se passa e buscar respostas que garantam a segurança da população, a transparência e, o principal, a retidão na gestão pública.

    O primeiro fato, Sras. e Srs. Senadores, é a alarmante debandada que está acontecendo, no Estado de Tocantins, no alto escalão do Governo do estado sob a administração de Wanderlei Barbosa. Até a última sexta-feira, foram 18 exonerações a pedido, todas em um curto espaço de tempo e, coincidentemente, após alguns fatos que se desdobraram após a operação da Polícia Federal. São funcionários importantes, estratégicos na gestão de Wanderlei Barbosa, que pediram para sair.

    Outros também estão sendo exonerados a toque de caixa. Os cargos são os mais variados, e trago aqui quais são os que abandonaram o Governo do Sr. Wanderlei Barbosa e que agora completam esse quadro de exonerados, temos: o Procurador-Geral do Estado, a Chefe de Gabinete do Governador, a Secretária-Executiva da Governadoria, dois Assessores Especiais do Governador, o Presidente do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), o Presidente do Instituto de Terras do Tocantins (Itertins), o Superintendente do Procon do Tocantins, o Superintendente de Desporto Escolar na Secretaria de Educação, o Vice-Presidente da Agência de Mineração e Delegado de Polícia, o Vice-Presidente... o Secretário de Trabalho e Desenvolvimento Social da Setas, o Assessor Especial Técnico redistribuído para a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social.

    Repito: são 12 pessoas que, após as ações da Polícia Federal no Estado de Tocantins, saíram ou foram exoneradas da gestão, tudo isso em pouquíssimos dias no nosso estado.

    A pergunta que não quer calar é: por que essa debandada repentina? A saída de tantas pessoas sinaliza uma gestão em crise, uma administração que, diante da suspeita de corrupção recorrente no estado, começa a se desintegrar ou significa que o castelo da corrupção, instalado no Estado de Tocantins, começou a ruir?

    O segundo fato, Sras. e Srs. Senadores, foi após as buscas da Polícia Federal em endereços ligados ao Governador Wanderlei Barbosa. Vimos movimentos estratégicos do Governo para não dizer um "cala a boca" à nossa população. Simplesmente o Governador, dois dias após a ação da Polícia Federal na porta da sua casa, do seu gabinete e das pessoas mais próximas, resolveu antecipar o pagamento dos salários dos nossos valorosos servidores públicos estaduais. No dia 21, quarta-feira, tivemos as operações acontecendo e, surpreendentemente, na sexta-feira, o Governador vai a público anunciar o pagamento antecipado dos salários de agosto. Wanderlei usou mais de R$286 milhões para simplesmente tirar a atenção dos tocantinenses e principalmente das pessoas em relação ao fato de o seu Governo estar envolvido até o pescoço no caso das cestas básicas de papel que foram vendidas no Estado de Tocantins durante a pandemia do coronavírus, um dos piores momentos da nossa história, do Brasil e do mundo.

    Este é um claro exemplo de uma tentativa de distrair a opinião pública, de desviar o foco dos escândalos e silenciar a população do estado. Mas, senhoras e senhores, não se enganem, o povo do Tocantins não nasceu ontem e percebe muito bem essas manobras políticas sorrateiras, em véspera de operação da Polícia Federal.

    Quero ainda chamar a atenção para um terceiro fato relevante: a retirada do ar dos dados da gestão do Governo estadual. Logo após a operação da Polícia Federal, a Agência de Tecnologia da Informação do Tocantins comunicou uma suposta inconsistência no servidor da plataforma do estado, afetando o acesso a informações e serviços de 13 órgãos e secretarias da gestão, incluindo a Secretaria de Ação Social, que foi o grande pivô do escândalo de corrupção, o maior escândalo da história do Tocantins: a compra de cestas básicas superfaturadas diante de uma quadrilha que se instalou no Palácio Araguaia e que promoveu uma atividade criminosa no estado ao comprar cestas "de papel" entregues, entre aspas, à população do Tocantins durante a pandemia do coronavírus. Isso mesmo, cestas, senhores e senhoras, compradas no papel. Cesta no papel é aquela que o Governo compra, paga, mas não entrega à população tocantinense que estava passando fome nos momentos mais cruéis da nossa história.

    É coincidência demais, Sr. Presidente, para ser considerada apenas um problema técnico. Quando o Governo do estado tira do ar a plataforma de dados e transparência, ocultam-se informações importantes para a sociedade e impede-se o controle social, a fiscalização, que são pilares fundamentais da nossa democracia.

    Essas medidas desesperadas do Governador Wanderlei Barbosa não mudam o fato de que ele lidera uma máfia marcada por diversos escândalos de corrupção no Estado do Tocantins, por quase três anos à frente da gestão do nosso Governo. Aliás, é marcada, inclusive, por ser o pivô do maior escândalo de corrupção na história dos 35 anos do Estado do Tocantins. Capaz, inclusive, de querer enganar e convencer o povo tocantinense de que propina agora mudou de nome e se chama consórcio entre amigos.

    É triste ver um estado tão promissor quanto o nosso Tocantins sendo arrastado para um mar de lama, onde a transparência é suprimida e a corrupção parece estar enraizada no coração do poder do estado, à frente do Palácio Araguaia. O Tocantins, senhoras e senhores, Senadoras e Senadores, merece muito mais. Merece um governo decente, honesto, trabalhador e que pare de assaltar o bolso do povo do Tocantins.

    Chega de tantas desculpas esfarrapadas. Chega de tentativas de enganar a população. Nós precisamos de respostas; precisamos de ações concretas para corrigir o rumo deste estado e garantir que a corrupção não vença. Acorda, Tocantins! O povo do Tocantins merece respeito e um governo passado a limpo.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2024 - Página 79