Pronunciamento de Izalci Lucas em 23/09/2024
Discurso durante a 137ª Sessão Especial, no Senado Federal
Sessão especial destinada a realizar a Abertura Oficial da 5ª Semana dos Técnicos Industriais.
- Autor
- Izalci Lucas (PL - Partido Liberal/DF)
- Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Indústria:
- Sessão especial destinada a realizar a Abertura Oficial da 5ª Semana dos Técnicos Industriais.
- Publicação
- Publicação no DSF de 24/09/2024 - Página 8
- Assunto
- Economia e Desenvolvimento > Indústria, Comércio e Serviços > Indústria
- Matérias referenciadas
- Indexação
-
- SESSÃO ESPECIAL, INAUGURAÇÃO, SEMANA, TECNICO INDUSTRIAL.
- DEFESA, PARTICIPAÇÃO, EMPRESA, ELABORAÇÃO, CURRICULO, FORMAÇÃO, CURSO TECNICO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, FACILITAÇÃO, INSERÇÃO, JUVENTUDE, MERCADO DE TRABALHO.
- SOLICITAÇÃO, APOIO, SENADOR, AUMENTO, INVESTIMENTO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), IMPLANTAÇÃO, CURSO TECNICO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, ESCOLA, ENSINO MEDIO.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Para discursar.) – Sr. Presidente Senador Castellar Neto, eu o cumprimento e parabenizo também o nosso Presidente Rodrigo Pacheco pela iniciativa desta sessão solene.
Quero cumprimentar o nosso Presidente interino do Conselho Federal dos Técnicos, Ricardo Nerbas; o Sr. Diretor-Geral da Agência Nacional de Mineração, Mauro Henrique Moreira Sousa; o nosso Secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência e Tecnologia, ex-Senador, colega nosso como Deputado e como Senador, Inácio Arruda; o Secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Marcelo; e todos os profissionais convidados, alunos e professores.
Vou começar esse meu pronunciamento com uma fala do astrofísico e cientista americano Neil Tyson. Ele diz: "Não sei de nenhum momento da história da humanidade em que a ignorância foi melhor do que o conhecimento". Tyson, inspirado pelo filósofo Sócrates, estava falando do bem que o saber nos proporciona.
E por que inicio aqui esta nossa celebração com esse tema? Pela importância do intercâmbio de profissionais técnicos, alunos, professores, dirigentes de entidades ligadas aos técnicos industriais que se seguirá pelos próximos dias, mas também pela importância, necessidade, urgência e sobretudo pelo desafio que o Brasil tem em formar profissionais técnicos em nosso país.
Todos vocês que aqui estão sabem que, nos países mais desenvolvidos do planeta, os alunos do ensino médio já saem com o conhecimento de uma área técnica e podem iniciar suas vidas profissionais. Na Alemanha, na Dinamarca, na França e em Portugal, mais da metade dos alunos do ensino técnico, do ensino médio, cursam o ensino profissional. Já a Eslovênia e a Croácia têm as maiores taxas de matrícula na educação profissional. O Brasil, senhoras e senhores, é um dos países que menos investe em ensino técnico no mundo. De acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil está entre os cinco países com menor percentual de estudantes matriculados na educação profissional.
Um dos diferenciais do ensino técnico é que ele disponibiliza no mercado cursos focados no ensino prático e no aprofundamento de inúmeras áreas de atuação e de interesse. Por terem essas características, esses cursos desenvolvem as competências essenciais para o mercado de trabalho em âmbito nacional e até internacional. A Alemanha, motor econômico da União Europeia, tem um sistema que inspira várias outras nações, como os Estados Unidos, por exemplo. O sistema dual da Alemanha é feito junto com as empresas alemãs: o sistema permite que o aluno passe um terço do tempo do curso na escola e dois terços em estágio em uma companhia. Isso tem feito com que mais da metade dos alunos do ensino médio optem pelo ensino profissionalizante ao invés do curso superior.
Mas, como eu sempre adverti em todos os debates dos quais participei aqui no Congresso Nacional e também em instituições Brasil afora, a exemplo da Alemanha a oferta dos cursos tem que ser feita junto com as empresas que deveriam participar da elaboração da grade curricular. Isso garante a entrada desses jovens no mercado de trabalho, nas companhias e até no empreendedorismo de alguns que façam a opção de montar seu próprio negócio. Senhoras e senhores, na Alemanha, as empresas são parceiras do Estado e assim garantem a eficiência do objetivo, que é preparar e capacitar o jovem para o mercado de trabalho. Não vou aqui me estender sobre o sistema alemão, mas até no que diz respeito aos professores, tudo é planejado.
O Brasil carece de mão de obra e sabemos disso. A previsão, segundo levantamentos publicados, é de que o Brasil terá que qualificar cerca de 9,6 milhões de pessoas em ocupações industriais para os próximos anos. Isso significa que três a cada quatro trabalhadores precisarão passar pela formação, não só para fazer face às demandas de novas vagas, mas para repor os que se aposentam e aqueles que precisam continuar suas formações.
De acordo com o Observatório Nacional da Indústria publicado agora, em fevereiro do ano passado, o Brasil precisaria de 77 mil técnicos industriais para o ano, especialmente nas áreas de logística e metalmecânica, além de profissionais que atuam em pesquisas, segurança do trabalho, desenhistas técnicos, eletroeletrônica, tecnologia da informação e construção.
E é sempre bom lembrar e também alertar que as mudanças tecnológicas se dão em curto espaço de tempo e afetam praticamente todas as áreas de trabalho.
Vimos o quanto tivemos que nos reinventar na pandemia, com prejuízos imensos, especialmente para as nossas crianças e jovens, que perderam uma parte significativa de suas vidas escolares.
Vimos os nossos professores, muitos dos quais, além da falta de infraestrutura tecnológica em suas escolas, nas poucas em que havia internet, não estavam familiarizados com o uso da tecnologia.
Já na logística, muitas empresas precisaram se reinventar, errar e aprender durante a pandemia, no processo de distribuição de mercadorias e acesso aos insumos.
Não foi nada fácil.
Senhoras e senhores, sabemos que a projeção do emprego setorial considera o contexto econômico, político e tecnológico, entretanto a diferença reside na formação a partir do emprego que se estima para os próximos anos. Certamente, leva-se em conta a conjuntura, mas não há dúvida de que a implementação de novas tecnologias nas empresas e as mudanças organizacionais nas cadeias produtivas serão realizadas.
As vagas nesse nível de formação contabilizarão 2,2 milhões de postos de trabalho, que representam cerca de 18,4% do total do emprego industrial no país. A análise foi feita pelo Observatório Nacional da Indústria, com base no Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025. Pelas informações que hoje temos, fica claro que precisamos dar toda ênfase na formação e qualificação de nossos profissionais técnicos.
Por isso, faço aqui um apelo a todos que debaterão o setor nos próximos dias, na 5ª Edição da Semana dos Técnicos Industriais, importante evento de que hoje tenho a honra de participar: durante os debates que se seguirão, peço-lhes que nos ajudem a exigir do poder público, em especial do Ministério da Educação, que invista e faça valer o ensino técnico-profissional em todas as nossas escolas de ensino médio do país, para que possamos formar novos profissionais e assim vislumbrar o desenvolvimento e a prosperidade que todos desejamos para o nosso Brasil.
Senhoras e senhores, nessa semana que passou, relatei o projeto que aprovou o nome de Anísio Teixeira como patrono da educação pública brasileira pelo seu legado, que inspira.
Assim, eu finalizo o meu pronunciamento com uma frase desse grande brasileiro, que disse: "Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra".
Parabéns a todos os técnicos industriais deste país.
Muito obrigado.