Discurso proferido da Presidência durante a 139ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Abertura de sessão de debates temáticos destinada a debater os incêndios florestais e mudanças climáticas.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso proferido da Presidência
Resumo por assunto
Meio Ambiente:
  • Abertura de sessão de debates temáticos destinada a debater os incêndios florestais e mudanças climáticas.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/2024 - Página 8
Assunto
Meio Ambiente
Matérias referenciadas
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DEBATE, INCENDIO, FOGO, SECA, FLORESTA, ECOSSISTEMA, BIODIVERSIDADE, BIOMA, CERRADO, PANTANAL MATO-GROSSENSE, AMAZONIA, MUDANÇA CLIMATICA, CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE, AGRICULTURA, AGROPECUARIA, GRILAGEM, DESMATAMENTO, RESPONSABILIDADE, MONITORAMENTO, FISCALIZAÇÃO, PREVENÇÃO, TECNOLOGIA, AUTORIDADE CLIMATICA, CONSEQUENCIA, ECONOMIA, SAUDE PUBLICA, ACORDO INTERNACIONAL, COOPERAÇÃO, PROTEÇÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, BRASIL, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA, INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBIO), INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS (IBAMA), INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE), SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA), CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA), GOVERNO FEDERAL, ECONOMIA DE BAIXO CARBONO, POLITICAS PUBLICAS, Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar - Presidente.) – O dela está comprometido... (Risos.) Hoje é o Dia do Pulmão.

    O Brasil arde em chamas. Além das florestas, a nossa biodiversidade, a nossa saúde e as nossas esperanças estão sendo consumidas pelo fogo. Não é um desastre natural, senhoras e senhores, é uma tragédia anunciada, uma consequência direta das mudanças climáticas e da irresponsabilidade humana.

    Vemos nossos biomas – a Amazônia, o Pantanal, o meu Cerrado – sendo devorados por incêndios devastadores, deixando um rastro de destruição ecológica e social.

    O Cerrado, bioma que muitos chamam de caixa d'água do Brasil, está em chamas. Apenas no mês de agosto, mais de 2,5 milhões de hectares de vegetação foram destruídos. Esse número, que representa um aumento de 177% em relação ao mesmo período do ano passado, é devastador, e o impacto disso não é apenas local. As nascentes que abastecem 8 das 12 maiores bacias hidrográficas do Brasil estão ameaçadas.

    A Amazônia, rica em biodiversidade e essencial para o equilíbrio climático global, vive uma tragédia semelhante. Até setembro deste ano, o Estado do Amazonas registrou mais de 21 mil focos de incêndio, superando o recorde histórico de 2022.

    As queimadas que assolam o Pantanal, bioma extremamente sensível, não só destroem a vegetação, mas também impactam profundamente a fauna local. Milhares de animais são mortos ou gravemente feridos pelas chamas, enquanto muitos outros são deslocados de seus habitats, ficando sem abrigo e alimento.

    Esses incêndios são muito mais do que manchas cinzentas na paisagem. São sintomas de uma cultura predatória que coloca o lucro imediato à frente das preocupações com um futuro sustentável. As queimadas criminosas facilitam um avanço do desmatamento, abrindo caminho para atividades como a agropecuária extensiva e a exploração ilegal de madeira.

    Enquanto alguns poucos lucram com a devastação, as comunidades locais e a população em geral pagam o preço com sua saúde. A poluição do ar causada pelas queimadas aumenta a incidência de doenças respiratórias, especialmente entre crianças e idosos, sobrecarregando nossos sistemas de saúde e afetando de forma desproporcional as populações mais vulneráveis. Além disso, a inflação, que recuou em agosto, está sob pressão, e os reflexos das queimadas nos preços dos alimentos serão sentidos nas próximas semanas.

    As queimadas também prejudicam nossa competitividade no comércio internacional, uma vez que crises ambientais dessa magnitude afetam a imagem do Brasil e dificultam acordos comerciais com outros países e blocos econômicos.

    O Brasil tem uma responsabilidade imensa no cenário mundial. Não podemos nos afastar dos compromissos assumidos na COP, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, e nos fóruns internacionais.

    A destruição da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal compromete nossa ambição climática e coloca em risco nossa credibilidade como líder na preservação ambiental.

    Sabemos que enorme parte desses incêndios não é obra do acaso; eles resultam de ações criminosas, deliberadamente provocadas para transformar áreas de florestas em pastos e em monoculturas. É inaceitável que tais práticas continuem impunes.

    Senhoras e senhores, Brasil brasileiro, é urgente uma ação conjunta e integrada dos órgãos competentes para conduzir uma investigação aprofundada e eficaz. É preciso identificar e punir os responsáveis e também desarticular as redes que incentivam e financiam a destruição ambiental.

    Não podemos mais assistir a esses acontecimentos com indiferença. O Brasil precisa urgentemente aperfeiçoar suas políticas públicas e empreender ações mais robustas e eficientes para prevenir e combater os incêndios florestais. Necessitamos, então, de um sistema de monitoramento mais sofisticado, de mais recursos para as brigadas de incêndio e, acima de tudo, de uma fiscalização ambiental rigorosa.

    O combate aos incêndios florestais é, sim, uma questão de preservação ambiental, mas é também uma questão de justiça social e econômica. Não se trata apenas de preservar árvores, mas de salvar vidas e de garantir um ar que possamos respirar.

    O futuro do Brasil depende das decisões que tomarmos agora. Não há mais tempo a perder! A cada hectare queimado, a cada nova nuvem de fumaça que cobre nossos céus, estamos mais próximos de um ponto sem retorno. Vamos agir antes que seja tarde demais. Juntamente com outros fóruns e entidades científicas e governamentais, poderemos transformar o conhecimento em ação, viabilizando políticas públicas eficazes e fortalecendo o engajamento da sociedade. Assim, reafirmamos nosso compromisso com a preservação ambiental e com a construção de um futuro sustentável para as próximas gerações.

    Agradecidíssimo, pátria amada. (Palmas.)

    De imediato, inicio a fase de pronunciamento dos convidados e, pela ordem, evidentemente, concedo, neste momento, a palavra, da tribuna, inicialmente à Senadora pelo Distrito Federal, como disse, preparadíssima e apaixonada pela causa...

    O Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, daqui a pouco, estará... (Pausa.)

    Ele já está presente, o Rodrigo Agostinho.

    E ele pode compor a mesa, por fineza. Será uma honra tê-lo aqui.

    Na tribuna, portanto, a Presidente da Comissão de Meio Ambiente, que faz um trabalho extraordinário nesta Casa, Leila do Vôlei, Leila Barros, com a palavra.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/09/2024 - Página 8