Pronunciamento de Hamilton Mourão em 25/09/2024
Discurso durante a 139ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal
Sessão de debates temáticos destinada a debater os incêndios florestais e mudanças climáticas.
- Autor
- Hamilton Mourão (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/RS)
- Nome completo: Antonio Hamilton Martins Mourão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Meio Ambiente:
- Sessão de debates temáticos destinada a debater os incêndios florestais e mudanças climáticas.
- Publicação
- Publicação no DSF de 26/09/2024 - Página 48
- Assunto
- Meio Ambiente
- Matérias referenciadas
- Indexação
-
- SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DEBATE, INCENDIO, FOGO, SECA, FLORESTA, ECOSSISTEMA, BIODIVERSIDADE, BIOMA, CERRADO, AMAZONIA, PANTANAL MATO-GROSSENSE, MUDANÇA CLIMATICA, CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE, AGRICULTURA, AGROPECUARIA, DESMATAMENTO, GRILAGEM, RESPONSABILIDADE, MONITORAMENTO, FISCALIZAÇÃO, PREVENÇÃO, TECNOLOGIA, AUTORIDADE CLIMATICA, CONSEQUENCIA, ECONOMIA, SAUDE PUBLICA, ACORDO INTERNACIONAL, COOPERAÇÃO, PROTEÇÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, BRASIL, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA, INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBIO), INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS (IBAMA), INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE), SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA), CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA), GOVERNO FEDERAL, ECONOMIA DE BAIXO CARBONO, POLITICAS PUBLICAS, Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.
O SR. HAMILTON MOURÃO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RS. Para discursar.) – Quem fala demais dá bom-dia a cachorro, Kajuru.
Bom, Senador Kajuru, a quem eu cumprimento por esta sessão, que é extremamente significativa no momento que nós estamos vivendo aqui no Brasil, na companhia da nossa Senadora Leila, Presidente da Comissão de Meio Ambiente, que, em todos os momentos, tem sido uma pessoa devidamente comprometida com a causa ambiental aqui no nosso país. E cumprimento a todas as senhoras e a todos os senhores, acompanhei parte dos debatedores e das debatedoras que falaram e que me antecederam.
Queria deixar claro aqui, meu caro amigo Kajuru, para todo o Brasil, que, nas últimas semanas, todas as regiões do país nos deixaram convivendo com uma realidade que pode parecer nova, mas não é. Os eventos climáticos extremos vêm sucedendo e fazem com que, hoje, a paisagem diária, de norte a sul e de leste a oeste, esteja caracterizada por um céu encoberto de fumaça, com fuligem tóxica que se acumula pelas ruas, e por um ar pesado, poluído, pleno de resíduos sólidos e com um odor insalubre, dificultando a vida de todos nós.
Essa tragédia ambiental não cessa e – vamos dizer assim – teve a contribuição desse período duro de seca que nós estamos vivendo, que tem levado a racionamento de água, a perda de lavouras e que aumenta, a cada dia, a destruição dos nossos biomas.
O Brasil é um dos raros países do mundo que tem cinco biomas, e nós temos que nos orgulhar disso. Então, não podemos mais esperar, a gente não pode mais ser surpreendido, anualmente, com tragédias dessa natureza. É inquestionável que o planeta vive uma fase em que os efeitos das mudanças climáticas são sentidos de forma cada vez mais aguda. Vemos, sentimos e assistimos a enchente, seca e tudo o que tem direito, como a Leila se referiu, agora há pouco, ao que aconteceu lá no Rio Grande do Sul – e, hoje, estamos tendo novamente chuvas fortes na região.
Eu queria lembrar aqui que o Governo a que eu servi, tão constantemente bombardeado por celebridades do ambientalismo, de quem agora eu não ouvi falar... Eu não vi onde é que estava o Macron, onde é que estava o DiCaprio, onde é que estava a Greta. A gente tem que olhar, muitas vezes, coisas que acontecem em que nós somos torpedeados por gente que não conhece a realidade do nosso país.
Eu destaco que eu fui Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal – hoje, desativado. Quando eu vi que tem sala de situação, com os ministérios integrados, tudo isso nós estávamos fazendo. Fizemos três grandes operações conjuntas de combate aos ilícitos ambientais, e lá estavam o ICMBio, o Ibama, as Forças Armadas, as polícias estaduais, as polícias da União e outros órgãos estaduais, todos trabalhando juntos para tentar impedir que esses desastres acontecessem.
Eu não quero aqui ser o arpão, o acusador, porque eu vi aqui alguns dos debatedores que me antecederam, que eram dos críticos mais contumazes que eu tinha, que aqui estavam choramingando: "Ah, é difícil transportar brigadista, é difícil treinar, recrutar". É difícil, porque a gente tem que se planejar. Então, agora que eles estão do outro lado do balcão... Quando era estilingue era fácil, agora viraram vidraça. Mas eu não quero aqui ser estilingue, Kajuru, Leila, eu quero aqui ser alguém que está para cooperar na busca da solução por conhecer o problema; por ter visto, tratado e pelejado; por ter vivido na Amazônia – e não é viver na Amazônia de ir lá a Manaus e dar um adeus para todo mundo, é ter vivido na Amazônia profunda, aonde a gente só chega de barco ou de avião. Essa é a realidade que tem que ser compreendida por todos, que entende as distâncias envolvidas, porque, quando se fala de uma queimada, lá no norte do Mato Grosso, a distância de Cuiabá para lá é a mesma distância daqui de Brasília para o Rio de Janeiro. Então, as pessoas desconhecem isso, a realidade, a amplitude do nosso país.
Também me surpreendeu a ação do Ministro do STF, que era Ministro da Justiça e disse que tinha um plano de que iria instalar 34 bases na Amazônia. Kajuru, ganha uma passagem para Pyongyang quem descobrir onde é que está esse plano e como é que ele vai instalar essas 34 bases lá! Agora, ele está dando ordem para todo mundo.
Então, o que eu alerto, aqui, minha gente? Não adianta procurar culpado – quem é que tacou fogo, quem é que não tacou fogo? –, nós temos que ter: planejamento integrado, centralizado; união de esforços de Governo central, governos estaduais, municípios; educação da população, para compreender como tem que lidar com o terreno. A imensa maioria dos nossos proprietários rurais sabem que a terra é o seu maior patrimônio. A família da minha falecida esposa, lá do Rio Grande do Sul, é de proprietários rurais, eles cuidam da terra melhor do que cuidam deles mesmos, porque sabem que ali que está o seu maior patrimônio, patrimônio que nós recebemos, aqui, no nosso país, de todos aqueles que nos antecederam.
Por isso é que eu alerto: não pode ter anomia nem acefalia, nesta hora, e não adianta a caça à bruxa, o que adianta é trabalho em conjunto. Por isso é que eu digo – e o meu recado, aqui, Kajuru, é um só –: mãos à obra, vamos trabalhar!