Discurso durante a 142ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexão acerca da primeira etapa das eleições municipais.

Defesa do Presidente Lula, ressaltando as ações do Governo Federal no Estado de Rondônia.

Ponderação sobre a polarização política no país, com destaque para eventuais prejuízos na análise de pautas significativas para a sociedade.

Autor
Confúcio Moura (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Confúcio Aires Moura
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Eleições:
  • Reflexão acerca da primeira etapa das eleições municipais.
Desenvolvimento Regional, Governo Federal:
  • Defesa do Presidente Lula, ressaltando as ações do Governo Federal no Estado de Rondônia.
Atividade Política:
  • Ponderação sobre a polarização política no país, com destaque para eventuais prejuízos na análise de pautas significativas para a sociedade.
Publicação
Publicação no DSF de 15/10/2024 - Página 11
Assuntos
Jurídico > Direito Eleitoral > Eleições
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Outros > Atividade Política
Indexação
  • ANALISE, ELEIÇÕES, PREFEITURA MUNICIPAL, CARACTERIZAÇÃO, EXCESSO, POLARIZAÇÃO POLITICA, ELEITOR, VITORIA, CANDIDATO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, IDEOLOGIA, NATUREZA POLITICA, CENTRO.
  • SAUDAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INVESTIMENTO PUBLICO, ESTADO DE RONDONIA (RO), AUMENTO DE DOTAÇÃO, DOTAÇÃO ORÇAMENTARIA, DESTINAÇÃO, DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DOS TRANSPORTES (DNIT), AUMENTO, CREDITO AGRICOLA, CONSTRUÇÃO, HABITAÇÃO POPULAR, LIGAÇÃO, PONTE, MUNICIPIO, GUAJARA-MIRIM (RO), PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, INCENTIVO, INTEGRAÇÃO, ESTADO, AMERICA LATINA.
  • DEFESA, UNIÃO, POLITICO, DIVERSIDADE, IDEOLOGIA, NATUREZA POLITICA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, EDUCAÇÃO BASICA, CRECHE, ENSINO FUNDAMENTAL, SANEAMENTO BASICO.

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Para discursar.) – Sr. Presidente, todos os convidados presentes, Senadores que estão remotamente ligados ao Senado nesta tarde – só nós dois aqui presencialmente, não é, meu Presidente querido? – e técnicos e funcionários da Casa, é uma satisfação muito grande.

    Este meu discurso hoje é para fazer uma análise, Sr. Presidente, das eleições, agora, passadas. Nós vimos uma resposta muito bacana. Nós estamos lutando contra e vivendo no Brasil ainda uma polarização muito forte; é uma manifestação de ódio até entre família. Um parente ficou de mal com o outro por causa de política, um é de um lado, outro é do outro, e se afastaram. Então a coisa se radicalizou muito, mas a eleição deu uma resposta muito bonita de que o povo não quer radicalização; o povo quer serviço, quer trabalho.

    Um exemplo: nós tivemos dez Governadores de capitais eleitos no primeiro turno – dez Governadores. Como assim? Teve Governadores com 90% dos votos. O Dr. Furlan, lá no Macapá, por exemplo, teve cerca de 85% a 90% dos votos – uma votação estrondosa.

    Por que um Prefeito consegue uma votação tão grande assim? Decerto, ele atendeu aos clamores dos aflitos, das pessoas mais pobres, das mães que precisam do SUS. O Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, com uma campanha bem no centro da polarização, foi reeleito pela quarta vez, como Prefeito da cidade do Rio de Janeiro.

    E, assim, na soma geral das cidades grandes e pequenas do Brasil, a maioria dos Prefeitos são de centro. Eles não são nem de extrema esquerda nem de extrema direita, porque na população, na realidade, pode ter uma minoria – eu não sei quantificar quanto vai dar isso – que realmente é extremista de direita e extremista de esquerda; realmente, são movidos por fantasias conspiratórias.

    Mas a grande massa das pessoas, os desempregados, os pobres, querem saber da solução das suas aflições, dos seus dramas. Elas querem saber de ir lá a uma unidade de saúde e ser atendido rápido, receber a medicação, fazer os exames laboratoriais; eles querem saber do transporte coletivo mais rápido nas capitais, nas cidades grandes; eles querem saber do emprego; eles querem saber da solução dos seus problemas, ali mais perto, não é?

    E esses Prefeitos deram respostas positivas a esse povo. Eles não resolveram o problema brasileiro, mas encaminharam soluções que agradaram à maioria da população, em grande parte. Isso é muito bom!

    E muitos Prefeitos foram reeleitos; uma quantidade assombrosa de reeleição, significando que a maioria dos Prefeitos brasileiros trabalharam corretamente, em sintonia com os anseios da comunidade. Isso é muito bom! Agora, o extremismo, realmente, é terrível porque movimenta um certo ódio um do outro. Isso não é bom.

    Eu represento, aqui, o Estado de Rondônia. O Estado de Rondônia tem se caracterizado, desde a eleição passada, em 2018, por ser um estado conservador de direita, grande parte de extrema direita. Nós somos oito Deputados Federais e três Senadores, como lá no seu Estado de Roraima também. Só tem eu que apoia o Lula, só um.

    Apoio o Lula por quê? Eu sou do MDB, eu não sou do PT, por que eu apoio o Lula? Porque nós estamos no Governo! Nós temos três Ministros no Governo, em ministérios importantes: temos Simone Tebet, temos Renan Filho e temos o Jader Filho, no Ministério das Cidades, dos Transportes e outros. Então, eu me sinto no Governo.

    Em uma análise geral, ampla, sobre o meu Estado de Rondônia, meu Presidente Mecias, eu posso lhe dizer o seguinte, que o que o Presidente Lula fez em Rondônia, nesse um ano e pouco, quase dois anos de Governo, olha, foi, realmente, fantástico o trabalho. A nossa rodovia – eixo único que atravessa o estado de ponta a ponta – estava intrafegável. O pessoal vinha de Mato Grosso, vinha do Sul, quando chegava em Rondônia falava: "Meu Deus do céu, estou entrando aqui no inferno...". A buraqueira era demais! Tinha um trecho horroroso ali, todos nós políticos, não tinha um caminhão que passava, uma carreta, um carro pequeno... Para rodar 3km, 40 minutos de travessia, por causa da buraqueira e do atoleiro, em uma rodovia que movimenta milhares de veículos por dia. Agora, rapidamente, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumentou, substancialmente, o orçamento do Dnit, lá no Estado de Rondônia: no Governo passado, o orçamento era de 130 milhões por ano; agora, é de 600 milhões por ano. Então, tivemos o orçamento quadruplicado. Isso foi muito bom.

    Quanto à habitação popular, ficamos quatro anos sem nenhuma casa; agora, estamos construindo casas. Retomamos as construções de um conjunto habitacional, em Ji-Paraná, com 1.456 apartamentos, que estava, há quase dez anos, parado; agora, está retomando, vai terminar uma parte dele em dezembro. Lançamos obras de habitação também em várias cidades do Estado de Rondônia. Isso é muito importante.

    O crédito, para a agricultura familiar e para o agronegócio também, aumentou bastante. O Plano Safra foi, realmente, importantíssimo para o Estado de Rondônia, mas, mesmo assim, a direita e o conservadorismo persistem no estado, e eu mantenho a minha posição.

    Eu quero que este Governo dê certo. Eu estou trabalhando aqui para ajudar, como também, no Governo passado, eu não atrapalhei. Eu não atrapalhei o Governo! Eu não fiz aqui um discurso, eu não pedi um aparte de nenhum Senador para criticar o Governo passado, nenhuma vez! Tenho respeito por todos os Senadores. Eu saio da tribuna, desço e cumprimento todos, abraço, sem distinção, de direita, de esquerda, seja o que for, eu nem olho isso, e eu vou cumprimentando, mas certo é, assim eu entendo, que os problemas brasileiros têm que ser atacados.

    Por exemplo, além de tudo que citei aqui agora mesmo, ainda tem um projeto maravilhoso dessas integrações latino-americanas, de autoria da Ministra Simone, que é esse corredor até os portos do Pacífico, que vai passar pela cidade de Guajará-Mirim, ligando à Bolívia, uma ponte do valor de R$450 milhões, que está em andamento, projeto pronto, já agora na fase licitatória e com alguns arranjos para poder dar ordem de serviço. Então, muita coisa tem acontecido lá em nosso estado.

    Por que eu defendo o Governo? Para que o estado não fique assim, eu sei que o Presidente Lula não vai fazer isso, virar as costas para um estado, mesmo que ele seja manifestadamente contrário, e no voto aqui nas duas Casas ele perca. Mas ele não faz isso porque é experiente, ele não guarda esses rancores e sabe que as coisas podem se reverter. E nós temos dramas para serem resolvidos lá em nosso estado também. Nós temos que controlar a seca, essa seca fantástica da Amazônia, os rios secando, o Rio Madeira, um rio caudaloso, um rio navegável, uma das maiores hidrovias brasileiras, está realmente com o seu nível de água muito baixo, inclusive ameaçando as grandes usinas hidrelétricas do Estado de Rondônia.

    Então, Sr. Presidente, eu me relaciono, eu sou um homem de centro. Eu acredito no seguinte: eu tenho uma admiração imensa pelo Governador Caiado, que é de direita. Caiado é de direita antes de ser político. Caiado foi colega meu, na década de 90, na Câmara. E Caiado, Ronaldo Caiado, antes, como médico, já corria o Brasil defendendo as pautas de direita e até hoje mantém essa coerência. E é o Governador que tem mais de 80% de avaliação positiva no Brasil, um dos raros Governadores muito bem avaliados. Então, é um homem de direita, mas dá para conversar com ele. É um homem de direita que realmente tem um posicionamento, que pensa na população, prova disso está aí na sua brilhante aceitação, no seu brilhante Governo, na sua reeleição, que foi muito bem conquistada lá no Estado de Goiás.

    Assim sendo, Sr. Presidente, eu quero aqui destacar que realmente, dentro de toda essa polarização que nós temos, eu acho que a maior polarização que nós temos que fazer é juntar todo mundo para enfrentar o drama da educação ruim no Brasil. Eu acho que todos nós, de extrema direita, direita, centro, esquerda, extrema esquerda, nós temos que juntar todo mundo para resolver o problema da qualidade da educação brasileira. Nós temos que juntar todo mundo aqui no Congresso Nacional para, até o ano 2033, nós resolvermos a dramática situação do saneamento básico brasileiro. E lá na nossa Região Amazônica, lá no seu Estado de Roraima, no meu estado, no Estado do Amazonas, no Estado do Pará, toda a Amazônia tem os piores indicadores de esgoto sanitário do Brasil. Água até mal e mal, mas esgoto é muito baixo. Lá nós temos em torno de 2% a 3% do Estado de Rondônia com esgoto sanitário, cidades com esgoto sanitário. A gente vive numa insanidade. Como é que a gente vai controlar doenças veiculadas por água se não tiver um tratamento adequado de esgoto sanitário?

    As pautas brasileiras são diversas. Nós podemos brigar, sim, para ver quem faz melhor, quem faz mais, quem faz mais bonito, quem atende melhor a população, quem vai conseguir mais recursos para a educação básica, para as creches, para o ensino fundamental. Como nós vamos alfabetizar as crianças com seis anos a oito anos, na idade certa? Essas são as grandes pautas nacionais, relevantes e importantes. Além disso, promover o desenvolvimento do país a partir da produção, reerguer a indústria nacional, encontrar mecanismos tributários facilitadores, que venham realmente a facilitar a vida dos nossos exportadores, de quem quer produzir, de quem quer investir no Brasil ou de quem quer vir para cá aplicar recursos financeiros nas empresas brasileiras. Nós precisamos é disso. Nós podemos até divergir aqui no discurso, mas, na hora de trabalhar pelo bem comum, pelo bem de todos, eu acredito que não tem essa de direita e de esquerda, de extrema direita e de extrema esquerda.

    O extremismo ameaça. E eu realmente tenho medo dos extremos, tanto de esquerda como de direita. Quem não tem medo da extrema esquerda? Quem não tem medo do Maduro, na Venezuela? Quem não tem medo dos ditadores de direita sanguinários por aí afora? Não é bom para lado nenhum. A França, agora, deu uma lição bonita, não é? A extrema direita conseguiu faturar no primeiro turno as eleições, já tinha até um nome para ser Primeiro-Ministro. Juntaram todo mundo – o centro, a esquerda, todos os partidos, até divergentes – e derrotaram-no no segundo turno. Isso foi realmente devido à ameaça, ao risco de voltar o nazismo, o fascismo na Europa. Esse é o dilema.

    E o povo está atento a tudo isso, aos extremistas, ao risco dos extremos, dos dois lados – dos dois lados. Prova disso é que a União Soviética acabou. Acabou aquele império do extremismo de esquerda, de Stalin, de Lenin, de todo mundo que matava de fome e, realmente, de perseguição, de tortura e de prisão milhares de russos ou de quem pelo menos ameaçava fazer oposição. Acabou! Acabou com a Perestroika, de Gorbachev.

    É assim a vida, gente! Neste nosso país, a gente precisa desse grande entendimento, desse grande pacto nacional para a gente encaminhar as nossas pautas. O que a direita quer é o que eu quero, que sou de centro; o que eu quero, que sou de centro, é o que a esquerda quer. Agora, os extremos eu não sei. Esse é perigoso. Desse eu estou fora. Esse eu não discuto de maneira nenhuma. Mas com o restante dá para a gente conversar, dá para a gente arrumar, dá para a gente votar, dá para a gente entender. É isso que nós queremos.

    Era só isso, Sr. Presidente.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/10/2024 - Página 11