Discurso durante a 141ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação contra o Governo Federal, em razão de supostas interferências ideológicas nas relações diplomáticas e na política industrial brasileira. Denúncia sobre a suposta exclusão de uma empresa israelense de processo licitatório do Ministério da Defesa.

Autor
Flavio Azevedo (PL - Partido Liberal/RN)
Nome completo: Flávio José Cavalcanti de Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Governo Federal, Licitação e Contratos, Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública:
  • Indignação contra o Governo Federal, em razão de supostas interferências ideológicas nas relações diplomáticas e na política industrial brasileira. Denúncia sobre a suposta exclusão de uma empresa israelense de processo licitatório do Ministério da Defesa.
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2024 - Página 39
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Administração Pública > Licitação e Contratos
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública
Indexação
  • DENUNCIA, GOVERNO FEDERAL, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EXCLUSÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EMPRESA, PROCEDENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, LICITAÇÃO, MINISTERIO DA DEFESA, MINISTRO DE ESTADO, JOSE MUCIO MONTEIRO, IDEOLOGIA, POLITICA EXTERNA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

    O SR. FLAVIO AZEVEDO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, eu me inscrevi quase que por último hoje na reunião, depois de receber um telefonema de um colega da CNI e depois de ouvir o discurso que foi feito ontem pelo Ministro José Múcio.

    Aí eu vou me permitir fazer uma correção no que foi dito aqui pelo meu caríssimo Senador Flávio Bolsonaro pelo clima de ontem e pelo contexto em que o Ministro da Defesa falou sobre a tese de como a ideologia está prejudicando a diplomacia e as indústrias brasileiras e os negócios no Brasil.

    O Ministro, meu caro Flávio Bolsonaro – que parece que saiu –, fez quase que uma denúncia, e corajosa denúncia, dentro desse contexto, sobre o quanto a ideologia estava prejudicando a diplomacia e a economia brasileira.

    Ele citou três exemplos.

    Primeiro, o caso de Israel, que foi uma licitação de equipamentos militares, de carros blindados. Quando ele anunciou a licitação, ele foi instado a tentar entregar ao segundo colocado. Ele não disse o nome nem por quem foi instado a isso. E o TCU já negou peremptoriamente entregar ao segundo colocado a licitação, a não ser que fosse justificado o motivo técnico, como foi dito aqui por S. Exa.

    O motivo não foi a ausência de documentos. O motivo não foi a idoneidade da empresa, o motivo foi ideológico: em função da relação que existia atualmente com Israel, que disse que o Presidente não era mais bem-vindo a Israel, não se podia permitir nenhuma contratação. Foi Celso Amorim, presente na reunião da CNI, ontem, que justificou isso, pelo fato de o Presidente Lula ter sido "destratado", entre aspas, pelo Governo israelense.

    E o Ministro José Múcio disse: "eu não sei o que fazer, porque desse equipamento o Brasil precisa e não se pode contratar com o segundo colocado por uma questão de legislação. E eu sou impedido de contratar com o primeiro colocado por uma questão ideológica".

    Citou mais dois exemplos, ontem. Essa reunião foi ontem, na CNI.

    Existem, no Pará e no Amapá, reservas enormes – isso foi referido no discurso, hoje, coincidentemente, do nosso Senador Lucas Barreto –, e o Brasil importa – essas reservas são de fósforo e de potássio. A de fósforo está a 40km de um porto e pode se transformar na maior reserva mundial – não sei agora se de fósforo ou de potássio –, e nós não podemos explorar essas reservas. O Governo não permite, por conta de estarem situadas próximo a uma reserva indígena – não é dentro; é próximo à reserva indígena. E o Brasil, hoje, importa principalmente o potássio da Rússia e do Canadá.

    E quem são os donos da reserva do Canadá? Índios. Índios canadenses exploram uma enorme reserva de potássio e vendem para o Brasil.

    Então, acho que está chegando a hora – e isso é uma ação da Ministra Marina, que fica atrapalhando o destravamento desse processo, alegando, como sempre, riscos para o meio ambiente –, aí a opinião é minha, está na hora de convidar a Ministra Marina e mais algumas ONGs para conhecer os primos ricos do Canadá, que fornecem esse mineral para o Brasil.

    Então, ele cita também isso, o Ministro, em tom de crítica, como outro exemplo de quanto a diplomacia brasileira e a economia brasileira estão sofrendo, por conta de um processo ideológico.

    E, finalmente – isso é fantástico, citado também pelo Ministro da Defesa, ontem, na CNI –, o Brasil tem uma quantidade de munição enorme, que ele não usa mais, nas nossas Forças Armadas, cuja manutenção é caríssima – o termo é dele –, e conseguiu negociar com a Alemanha.

    Essa munição serviria para treinamento, etc., na Alemanha, e, com o negócio propriamente fechado, ele foi proibido de continuar e de concluir esse negócio, porque existia a hipótese de que, sendo vendido para a Alemanha, a Alemanha fornecesse para a Ucrânia, para ser usado contra a Rússia, uma aliada brasileira.

    Então, isso foi dito, explicitamente, pelo Ministro da Defesa, ontem, nessa reunião da CNI.

    Termino aqui as minhas palavras, sei do adiantado da hora, dizendo o seguinte: a proibição, num ato puro, como já foi citado aqui pelo Senador Flávio Bolsonaro, por questão ideológica, de não poder comprar de uma empresa israelense...

    Aí eu faço aqui uma pergunta: nós, da direita, somos acusados, diariamente, de sermos nazistas e fascistas. Esse antissemitismo demonstrado no impedimento está me recordando que Hitler mandava pintar, colocar uma suástica nas vitrines dos comerciantes judeus, recomendando que não comprassem, que o povo alemão não comprasse onde a suástica estava desenhada nas vitrines.

    Então, quem são os nazistas agora? Não somos nós, não é?

    Fica aqui essa pergunta.

    Aliás, eu vou até mudar: fica aqui a afirmação, com a minha responsabilidade de Senador, de que esse é um comportamento nazista; não é só antissemita; é um comportamento nazista que o Governo brasileiro está tendo com relação a Israel.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2024 - Página 39