Pela ordem durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pela morte de Fernando Pimentel Canto, sociólogo, compositor, cantor, cronista e escritor.

Autor
Randolfe Rodrigues (PT - Partido dos Trabalhadores/AP)
Nome completo: Randolph Frederich Rodrigues Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
Homenagem:
  • Voto de pesar pela morte de Fernando Pimentel Canto, sociólogo, compositor, cantor, cronista e escritor.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2024 - Página 61
Assunto
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • VOTO DE PESAR, MORTE, SOCIOLOGO, COMPOSITOR, CANTOR, ESCRITOR, FERNANDO PIMENTEL, OBIDOS (PA).

    O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AP. Pela ordem.) – Presidente, desde a tarde de ontem, o Amapá está de luto, e eu, em particular, também assim estou. Nós perdemos na tarde de ontem – foi sepultado nesta tarde de quarta-feira – o sociólogo, compositor, cantor, cronista, escritor Fernando Pimentel Canto.

    Fernando Pimentel Canto era o Presidente da Academia Amapaense de Letras.

    Em particular, eu nunca esperaria e eu não gostaria, nunca, de ter que proferir e solicitar um voto de pesar para um amigo como aqui o faço.

    Eu agradeço a Deus a possibilidade de ter convivido com ele, mas, mais do que ser meu amigo, em particular, Fernando Canto era um patrimônio de todos os amapaenses.

    Fernando compôs nos anos 1980, junto com o chamado Grupo Pilão, um dos primeiros LPs da musicografia amapaense, que é, na prática, um hino amazônida.

    Veja, é um hino que traz versos que dizem o seguinte:

Eu vim trazendo a pororoca

E o povo das malocas para guerrear

Atravessando a verde mata

A verde mata virgem

Só pra chatear

Virgem Maria que coisa

Quero ver o estrondo

Quando o pau quebrar

    Essa música Quando o Pau Quebrar é do LP Quando o Pau Quebrar, do Grupo Pilão, de composição de Fernando Canto, um dos grupos musicais que mais cantaram a Amazônia e mais cantaram, em especial, o que representa aquela margem esquerda do Rio Amazonas, onde está o meu Amapá.

    Fernando foi autor de mais de 18 livros, de diferentes definições, crônicas, poesias como essa, como Quando o Pau Quebrar, um misto de história e sociologia, como o livro recente que ele publicou, pelo Conselho Editorial do Senado, que mostra a troca de cartas entre os engenheiros e arquitetos da Fortaleza de São José de Macapá, a maior fortaleza da história do império colonial português já erguida no mundo. Mostra a saga dos escravos na construção daquela fortaleza e mostra, também, a tristeza da escravidão.

    Isto era o Fernando Canto: era um doutor em todos os quadrantes da expressão "doutor".

    Fernando, nos anos 1980 e 1990, resgatou o Marabaixo, que é o principal símbolo cultural do Amapá, e que era esquecido pelas gerações de então. Desde a recuperação das marabaixetas por parte da obra e do esforço de Fernando, o Marabaixo voltou a pertencer ao cotidiano da juventude amapaense.

    Do boêmio Laguinho, morador do bairro negro de Macapá, do bairro do Laguinho, nós perdemos ontem um símbolo da nossa cultura, um símbolo das nossas letras, um dos mais expressivos poetas amazônidas.

    Agradeço, Presidente, o tempo que o senhor me chancela para poder aqui prestar esta homenagem a um querido amigo, mas um dos grandes nomes do Amapá, da Amazônia e, eu digo, do Brasil...

(Soa a campainha.)

    O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AP) – Era membro do Conselho Editorial deste Senado. Também foi empossado há pouco tempo neste Conselho Editorial e o integrava com enorme devoção e zelo.

    E é nestes termos e com este relato, historicizando um pouco quem era Fernando Canto, que eu peço a V. Exa. a inscrição, nos termos do Regimento Interno, de voto de pesar para a sua esposa, Sônia Canto, e para os seus filhos.

    Enfim, é um voto de pesar, reitero, que eu não gostaria de pedir. As pessoas próximas da gente nós gostaríamos que fôssemos embora antes delas, mas é o destino da vida, é o destino que a vida aponta para nós.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2024 - Página 61