Pronunciamento de Jayme Campos em 26/11/2024
Pela Liderança durante a 167ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
- Autor
- Jayme Campos (UNIÃO - União Brasil/MT)
- Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT. Pela Liderança.) – Sr. Presidente Senador Mourão, Sras. e Srs. Senadores, o que me traz na tarde de hoje a esta tribuna é para falar em relação ao Grupo Carrefour, que lamentavelmente, de forma infeliz, fez uma declaração, através do seu CEO, que não retrata a verdade em relação à carne brasileira. Mas, finalmente, a empresa francesa Carrefour publicou uma carta de retratação após a polêmica envolvendo a carne produzida pelo Mercosul. O pedido de desculpa, porém, chegou tarde demais e pouco atenua os prejuízos causados à imagem da produção brasileira.
A declaração do CEO global da empresa, Alexandre Bompard, foi uma ofensa direta ao agronegócio nacional. É inaceitável, não apenas no campo legal, mas também no âmbito moral, colocar em dúvida a qualidade da nossa produção, a ética ambiental e a agropecuária brasileira. A decisão do Carrefour também afrontou as condutas produtivas do nosso Estado de Mato Grosso, do qual sou representante neste Senado Federal e que mundialmente é reconhecido por sua pecuária sustentável. Não podemos permitir, sob nenhuma hipótese, que as empresas internacionais com discurso protecionista penalizem os nossos produtores, e é fundamental aprovarmos uma lei de reciprocidade econômica entre os países com relações comerciais.
Mas, Sras. e Srs. Senadores, nos últimos 30 anos, a pecuária brasileira aumentou sua produtividade em 172%, enquanto reduziu a sua área de pastagem em 16%. Tal feito ambiental nos coloca entre os parques pecuários mais sustentáveis do mundo, lastreados pelo pesado investimento em inovação.
O Brasil tem uma das mais rígidas legislações ambientais do mundo, sempre buscando equilibrar nosso crescimento em produção da agropecuária com o objetivo comum humanitário da preservação dos recursos naturais. Nossas áreas de preservação da vegetação nativa pelo agronegócio correspondem a mais de quatro vezes o território da França. Somos reconhecidos por 160 países por nossas rigorosas práticas sanitárias e ambientais, incluindo mercados da União Europeia, Estados Unidos, Japão e China.
Sras. e Srs. Senadores, Mato Grosso é celeiro do mundo e razão de orgulho para o Brasil, e não aceitará qualquer ofensa com nítido impacto econômico para as nossas trabalhadoras e os nossos trabalhadores. Não permitiremos que interesses econômicos estrangeiros prejudiquem nossa imagem, nossa economia, a renda e a qualidade de vida do povo brasileiro.
O Brasil, por sinal, é o principal mercado para investimentos diretos dos franceses em países emergentes, à frente da China. Mais de 1.150 subsidiárias de empresas francesas estão estabelecidas em nosso país.
Portanto, é preciso mais respeito comercial com a nação brasileira.
(Soa a campainha.)
O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – A postura do Carrefour sobre a carne brasileira foi um golpe baixo: além de suspender compras, ainda levantou suspeita sobre a nossa inspeção sanitária. Uma medida infundada e incoerente com os princípios do livre mercado, da segurança alimentar e da cooperação internacional.
Quero manifestar, para finalizar, meu total apoio aos produtores brasileiros. Estaremos aqui, no Senado Federal, sempre em defesa da dignidade e da reputação do agronegócio nacional.
Concluindo, Sr. Presidente, tenho certeza absoluta que eles recuaram na medida em que houve união, sobretudo das indústrias frigoríficas do Brasil. Na medida em que foram denunciar que a nossa carne não era de boa qualidade, que não iam comprar carne do Mercosul, de imediato a nossa associação das indústrias frigoríficas anunciaram: "Também não vamos vender carne para vocês aqui no mercado interno".
(Soa a campainha.)
O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – E o Brasil não depende da França. Muito pelo contrário, o que eles compram do mercado brasileiro é coisa quase insignificante, é zero, ou 2% no máximo.
Por isso, tenho convicção de que temos que aprovar essa lei da reciprocidade.
V. Exa. estava aqui, Senador General Mourão, na semana passada, quando aprovamos aqui a lei do crédito de carbono. Infelizmente, o que estava no primeiro instante, na primeira versão, era que o que era bom para eles não era bom para nós. Temos que ser isonômicos: o que é bom para vocês é bom para nós. Agora, só bom para vocês e ruim para o povo brasileiro, sobretudo para as nossas atividades comerciais, isso não podemos admitir.
O Brasil é um país soberano, e temos certeza de que somos hoje um país que está contribuindo com o mundo na questão da alimentação e da segurança alimentar, melhor dizendo.
(Soa a campainha.)
O SR. JAYME CAMPOS (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Feito isso, eu encerro aqui, Sr. Presidente, dizendo que eu não admito, em hipótese alguma... Eu venho de um estado longe, deste país aqui, lá do Mato Grosso, e, mesmo distante dos grandes portos, mesmo distante dos grandes centros consumidores, nós estamos produzindo, mas com tecnologia, de forma sustentável, preservando o ecossistema, enfim. Então, nós temos que ser respeitados e tratados como tal.
Portanto, parabéns, com certeza, a todos os produtores, seja da pecuária, da agricultura, enfim, àqueles que produzem e constroem a grandeza do nosso país.
Muito obrigado, Sr. Presidente.