Discurso durante a 168ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da exploração de recursos naturais na Margem Equatorial Atlântica, com destaque para os benefícios dessa atividade econômica para o desenvolvimento da Região Amazônica. Explicação sobre os riscos ambientais e financeiros da nova operação petrolífera em comparação à possível revitalização de reservas geológicas já exploradas pela Petrobras.

Autor
Lucas Barreto (PSD - Partido Social Democrático/AP)
Nome completo: Luiz Cantuária Barreto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente, Minas e Energia:
  • Defesa da exploração de recursos naturais na Margem Equatorial Atlântica, com destaque para os benefícios dessa atividade econômica para o desenvolvimento da Região Amazônica. Explicação sobre os riscos ambientais e financeiros da nova operação petrolífera em comparação à possível revitalização de reservas geológicas já exploradas pela Petrobras.
Publicação
Publicação no DSF de 28/11/2024 - Página 32
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Meio Ambiente
Infraestrutura > Minas e Energia
Indexação
  • DEFESA, EXPLORAÇÃO, RECURSOS NATURAIS, MARGEM EQUATORIAL, ESTADO DO AMAPA (AP), ESTADO DO PARA (PA), ESTADO DO MARANHÃO (MA), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), BENEFICIO, ATIVIDADE ECONOMICA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, REGIÃO AMAZONICA, CRITICA, DECISÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), PRIORIDADE, INVESTIMENTO, BACIA DE CAMPOS, COMENTARIO, CONTRATO DE RISCO, MEIO AMBIENTE, NATUREZA FINANCEIRA, OPERAÇÃO, PETROLEO, RESERVA, GEOLOGIA.

    O SR. LUCAS BARRETO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - AP. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, quero iniciar falando aqui do nosso querido colega Rogério Carvalho, que falou que nós precisamos abrir as fábricas, em Sergipe, de nitrogenados, ou seja, de nitrogênio, fósforo e potássio.

    Quero dizer, meu querido amigo, que no Amapá e na Amazônia, ali junto com o Senador Plínio, nós temos essa tríade do desenvolvimento. Nós temos 208 milhões de toneladas de fósforo prospectadas no complexo Maicuru, do lado do Pará, na Renca; nós temos, em Autazes, potássio para explorar por mil anos; e nós temos no petróleo, no gás do Amapá o tão sonhado nitrogenado, ou seja, a ureia.

    Então, Sr. Presidente, nós precisamos é que o Brasil veja isso, que o Ministério do Meio Ambiente veja isso.

    Agora a China, como falou o Senador Plínio ali, comprou a maior mina de urânio do Brasil, ou seja, para produzir bomba para destruição, pode; o Amapá que preservou, o Amazonas que preservou não pode nada.

    Então vim aqui hoje falar de novo, novamente, mais uma vez da exploração de petróleo na Margem Equatorial Atlântica, que se formatará, Senador Plínio, em um modelo único de desenvolvimento com governança do conhecimento, capaz de harmonizar o uso desses recursos naturais na Amazônia com equilíbrio ambiental.

    A criação de uma bolsa social, Sr. Presidente, do petróleo, como propõe o Presidente do Suriname, Chan Santokhi, essa via social revela a força social da indústria do petróleo – diga-se de passagem que essa bolsa social seria de US$700 para cada habitante do Suriname –, que precisa ser unida em uma nova e necessária ordem de desenvolvimento regional que se obrigue a integrar novas plataformas de desenvolvimento sustentadas, que inclua o emprego e o conhecimento, única via capaz de combater a pobreza e garantir o bem-estar social de todos.

    Em reportagem publicada no início deste mês do jornal O Globo, com o título "Até a última gota possível de petróleo", a diretoria da Petrobras cogita uma aventura geológica, prometendo melhorar sua produção na velha e já explorada Bacia de Campos, cuja atual produção já é bem inferior à de 25 anos atrás, ou seja, inferior a 1 milhão de barris/dia. A maioria dos especialistas garante que essa aventura financeira só deve ser utilizada em países onde os custos de revitalização, que são muito altos, não dispõem de novas reservas virgens, muito rentáveis, como são as trilionárias reservas da Margem Equatorial do Amapá, Pará e Maranhão.

    Veja, Sr. Presidente, que a Petrobras pretende investir cifras superiores a US$22 bilhões para produzir um óleo mais caro e com grande incerteza de que esse projeto poderá ter a longevidade necessária para cobrir esses investimentos. Teremos aí um banquete servido somente às velhas empreiteiras. Lembro que a eficácia da retirada do óleo desses poços nos últimos 50 anos nunca passou de 20%. E estou na obrigação de lembrar a este Senado Federal que a exploração do pré-sal da Margem Equatorial Atlântica, além do fato de que essas reservas são ricas em óleo e gás e estão 100% prontas para serem exploradas com segurança ambiental, baixo custo e alto lucro...

    Como conselho, acredito que a Petrobras deve evitar uma aventura geológica na Bacia de Campos só para socorrer velhas e insaciáveis empreiteiras; ou seja, temos uma insensatez econômica, que usará o dinheiro do brasileiro, que poderia ser investido com grande retorno na Margem Equatorial do Amapá ou, ainda, financiar a transição energética.

    Numa análise simples, a exploração do óleo e gás no Amapá será de grande retorno financeiro e ambiental, pois o Brasil ganha, e o povo da Amazônia Atlântica terá novas atividades econômicas que promoverão um novo paradigma de desenvolvimento, sem oneração da grande floresta, quebrando finalmente esse paradoxo amazônico; sem oneração da grande floresta, onde o ambientalismo patrimonialista, marinista constrói um modelo de preservação que busca preservar a floresta projetando as sociedades amazônicas a um cárcere de pobreza, ou melhor, em escravos ambientais.

    No caso de prospecção da Margem Equatorial do Amapá, Pará e Maranhão, a Petrobras irá investir apenas US$3 bilhões em atividades exploratórias e prospectoras na Margem Equatorial até 2029, para iniciar a exploração de reservas geológicas superiores a 14 bilhões de barris de óleo e trilhões de metros cúbicos de gás. Se isso for confirmado, a empresa parte para a fase de produção. Ao todo, a estatal reservou US$7,9 bilhões para projetos de exploração.

    Sr. Presidente, Srs. Senadores, fazer a revitalização de reservas geológicas exploradas há mais de 50 anos é ambientalmente arriscado e economicamente insustentável, pois a tendência da descarbonização das fontes de energia é baixar de preço o petróleo e, com isso, inviabilizar essa revitalização das velhas reservas da Bacia de Campos, pois a Margem Equatorial é o grande prêmio que a Petrobras e o Brasil devem explorar com urgência.

    O Brasil, Sr. Presidente, não pode e não deve refazer a felicidade dessas prestadoras de serviços terceirizadas do Rio de Janeiro, que já se banquetearam em demasia de grandes lucros nos últimos 50 anos. Nós estados da Amazônia queremos o legítimo direito, como entes federativos, de explorarmos, pelo menos uma única vez, nosso petróleo e gás, que nos foi singularmente dado pelo Criador.

    O bem-estar climático não pode ser construído tão somente com o sacrifício dos países em desenvolvimento para garantir as riquezas e o conforto das nações ricas.

    Sr. Presidente, eu finalizo aqui destacando esse desumano paradoxo ambiental que é o paradoxo amazônico, ao qual nós do Amapá estamos submetidos.

    O Amapá, Sr. Presidente, conseguiu zerar o desmatamento...

(Soa a campainha.)

    O SR. LUCAS BARRETO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - AP) – ... zerar o carbono neutro, enquanto os nossos índices de desenvolvimento econômicos e sociais estão abaixo de zero.

    Esse triste paradoxo revela duas verdades: a primeira de uma grande farsa ambientalista climática, que transforma os amazônidas em sociedades invisíveis, enquanto o Ibama, em nome do "marinismo", impõe uma ditadura ideológica que retira o nosso direito de sermos sujeitos ao nosso próprio destino.

    Eis o novo paradoxo ambiental.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/11/2024 - Página 32