Discurso durante a 176ª Sessão Especial, no Senado Federal

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Autor
Damares Alves (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/DF)
Nome completo: Damares Regina Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso

    A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Para discursar.) – V. Exa. me permite falar da bancada?

    A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Independência/PDT - DF) – Pois não.

    A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) – Eu não posso sair desta sessão sem registrar meus cumprimentos aos nossos queridos delegados. Eu ia ficar quietinha, porque eu sei que está todo mundo com um horário muito corrido, mas eu não posso me omitir.

    Quero dizer para os senhores que os Senadores todos não estão aqui porque esta semana foi atípica. Gente, foi tão atípica que teve um momento em que a Senadora Leila ficou tonta quando ela estava lendo um relatório. Eu preciso dizer isso. Vocês não têm ideia do que foi esta semana e do que serão as próximas duas semanas. Mas com certeza todos os Senadores gostariam de estar aqui. Eles ligam para nós, que somos do DF, e imploram: "Estejam lá por nós, por favor". Então, eu e a Leila somos muito demandadas, porque os colegas precisam viajar, mas eu preciso aqui dizer que todos os nossos Senadores queriam estar aqui para prestar essa homenagem. Esta Casa reconhece a grandeza do trabalho dos senhores.

    Nós somos de uma geração em que nós aprendemos a amar os delegados. Todos nós, da nossa geração, um dia desejamos ser delegados na infância. Meu sonho era dizer: "Está preso". Era um sonho. Não consegui. Estou numa CPI esperando uma oportunidade para dizer isso. Não consegui ainda. Mas quero dizer que esta Casa reconhece.

    Eu queria fazer uma fala conexa com o que a Leila acabou de falar: "Doutor, o senhor está de terno aqui, não o reconheci", porque vocês estão tão bonitos aqui sentados neste Plenário, mas isso não é o dia a dia de vocês. Não é. E às pessoas que estão nos assistindo eu preciso lembrar o que é o dia a dia de um delegado. Eu, que trabalho lá na ponta, que vim lá de movimento de base e que tenho respeito e amor por todos os delegados, sei que não é isso todos os dias.

    E aqui eu quero falar dos nossos delegados do Distrito Federal, que são os melhores do mundo. Eu não sou boba de não falar isso, não é? Inclusive, gente, o Sr. Paulo... A gente brinca que o Senado não tem 81 Senadores, tem 82, porque ele tem mais presença no Senado que muitos Senadores aqui da história do Senado.

    Eu queria hoje registrar o meu amor aos delegados do DF, mas eu queria falar dos delegados que estão lá na ponta, Doutor, lá na região ribeirinha. Há dois meses, eu fui a Manaus para me encontrar com uma delegada da Polícia Civil, que é uma menina aqui do DF e que passou no concurso. Ela prendeu o agressor, Leila – um agressor...

    O Brasil entrou novamente no livro dos recordes: a criança mais jovem do mundo que foi estuprada tem cinco dias e foi no interior do Amazonas. E eu conheci a delegada, e eu conheci as condições de trabalho dessa delegada, e eu preciso falar isso para o Brasil. Essa delegada fez a diligência a pé. Ela prendeu o agressor a pé. Essa é a realidade de muitos delegados no Brasil, lutam tanto para passar no concurso público, se esforçam tanto e, às vezes, lá na ponta não têm as condições de trabalho que merecem.

    Soube de uma outra delegada, Dr. Paulo, que apreendeu um número enorme de drogas e teve que ficar 40 horas sentada ao lado com uma arma na mão e um único agente, toneladas de drogas lá na Amazônia, até chegar o reforço para ajudá-la a guardar a droga e levar os traficantes embora. Que risco essa menina correu? Quarenta horas dormindo ao lado de toneladas de drogas! Mas essa é a realidade dos delegados todo dia, e a gente precisa mostrar isso para o Brasil.

    Vocês são heróis, vocês são guerreiros. (Palmas.)

     E nós aqui, como Parlamentares, precisamos fazer esse reconhecimento e o tempo todo lembrar que vocês não estão só no sistema de garantia de segurança, vocês estão no sistema de garantia de direitos, não tem direitos humanos no Brasil sem delegados. Eu preciso falar isso e preciso deixar isso muito certo.

    Contem conosco aqui no Senado para que o dia a dia de vocês não seja tão difícil como tem sido hoje. Vocês estão sendo colocados muitas vezes numa posição de vilão. Eu não suporto ver tantas agressões aos delegados nos últimos anos. Vocês não são vilões, vocês são heróis.

    Eu precisava deixar a minha manifestação registrada e quero aproveitar aqui – eu sou Senadora, sim, mas sou pastora, e o Estado é laico, mas eu posso, sim, falar – para deixar aqui registrado meus votos de um Natal abençoado e clamar ao meu Deus que proteja cada um de vocês, que proteja a família de vocês. Quantas vezes as famílias são abandonadas porque vocês estão cuidando de nossas famílias? Que vocês tenham um final de ano abençoado, que os anjos do Senhor blindem vocês e as suas famílias.

    O Senado Federal reconhece a importância de vocês para a nação. E eu posso dizer, sim, como mãe e como avó, nós amamos os nossos delegados de polícia no Brasil. Que Deus os abençoe!

    Obrigada, Presidente, por ter me concedido a palavra. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2024 - Página 28