Pronunciamento de Eduardo Girão em 19/12/2024
Discurso durante a 187ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Preocupação com os problemas da saúde pública em Fortaleza-CE, com destaque para a situação do hospital Instituto Doutor José Frota (IJF).
- Autor
- Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
- Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Saúde Pública:
- Preocupação com os problemas da saúde pública em Fortaleza-CE, com destaque para a situação do hospital Instituto Doutor José Frota (IJF).
- Publicação
- Publicação no DSF de 20/12/2024 - Página 81
- Assunto
- Política Social > Saúde > Saúde Pública
- Indexação
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- CRITICA, ESTADO DO CEARA (CE), CONTRATAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, INSTITUTO DE SAUDE, GESTÃO, HOSPITAL, DESENVOLVIMENTO, ASSOCIAÇÃO CIVIL, SAUDE, ADMINISTRAÇÃO, UNIDADE DE SAUDE, UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA), CONSEQUENCIA, PREJUIZO, REPASSE, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, ATENDIMENTO, EMERGENCIA, CAPITAL DE ESTADO, MUNICIPIO, FORTALEZA (CE), NECESSIDADE, INTERVENÇÃO, MINISTERIO PUBLICO, CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM), SINDICATO, MEDICO, PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA, COMBATE, CORRUPÇÃO, SAUDE PUBLICA.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar. Por videoconferência.) – Muitíssimo obrigado, Sr. Presidente.
Eu não vou nem precisar desse tempo todo, agradeço. Desde cedo, iniciei, mas tive problema na conexão para falar sobre o caos na saúde na capital do meu estado, em Fortaleza. Nós estamos vivenciando isso que o Senador Plínio Valério ontem falou, o que Manaus está vivenciando também. Também nós tivemos o caso de Goiânia, onde o Tribunal de Justiça de Goiás resolveu intervir na Secretaria Municipal de Saúde.
Então, no Estado do Ceará, infelizmente, na sua capital, Fortaleza – terra onde eu nasci –, o Instituto Doutor José Frota, que é o IJF, o maior hospital de emergência de Fortaleza, atende pacientes de todos os 184 municípios do estado, praticamente, está, no momento, sem fornecer alimentação, Presidente, aos pacientes e aos profissionais de saúde; suspendeu as cirurgias; e, dos 375 itens de remédio, apenas 279... Olha só, apenas não: 279 estão indisponíveis. Vou repetir: de 375 itens de remédio, 279 estão indisponíveis para a população. As cirurgias tiveram que ser suspensas depois que o Sindicato dos Médicos fez grave denúncia sobre uma cirurgia em que o paciente teve que ficar por três horas com o crânio aberto, simplesmente porque não havia dreno disponível. E um detalhe: o equipamento custa R$30 – R$30! A cirurgia só foi concluída depois que outro hospital enviou um dreno através de um motoboy.
A crise no IJF está diretamente relacionada com a questão dos repasses orçamentários de uma gestão tripartite envolvendo a União, o Governo estadual e o Município de Fortaleza.
Há informações, Presidente, de que os problemas com os repasses para o IJF agravaram-se depois que o governo do estado contratou duas organizações sociais, o ISGH (Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar) e a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), no valor anual de R$1 bilhão - "b" de bola, R$1 bilhão – para administrar 6 hospitais, 9 UPAs, 118 unidades básicas e 4 policlínicas.
O Ministério Público já ingressou com ação civil pública, e nosso mandato está acionando a Defensoria Pública, o Conselho Federal de Medicina e o Sindicato dos Médicos. E tivemos, hoje, uma reunião com o Procurador-Geral da Justiça no sentido de uma possível intervenção no IJF, Presidente. O povo cearense sofre há muitos anos.
Todo mundo sabe, eu já subi à tribuna várias vezes para denunciar uma crise crônica na segurança pública, pois é o Ceará um dos estados mais violentos do planeta, com um índice de 35 mortes por 100 mil habitantes.
Segundo padrões internacionais, índices superiores a dez – repito, nós temos 35 –, mas índices superiores a dez já definem um estado crítico de epidemia em violência, e isso tem uma relação direta com a saúde, com pessoas atendidas, vítimas de bala inclusive.
Com relação à saúde pública do nosso estado, não é muito diferente: dinheiro não falta; falta capacidade de gestão, falta transparência, e o pior, abundam denúncias de desperdício e corrupção. Por exemplo, durante a CPI da Pandemia de covid, da qual eu fui titular, fizemos inúmeros – inúmeros, de perder a conta – requerimentos para investigar denúncias graves de desvios de verbas públicas nos estados e municípios. Uma das mais emblemáticas foi o chamado "calote da maconha" – ficou conhecido assim –, em que o Consórcio Nordeste, formado pelos nove Governadores dos estados nordestinos, fraudou a compra de 300 respiradores junto com uma empresa especializada em vender produtos à base de maconha. A empresa só tinha duas notas fiscais. O dinheiro evaporou! Foram pagos R$48 milhões, e os 300 respiradores nunca foram entregues. Eu fui, inclusive, à sede da empresa, em São Paulo, mostrar isso. É um escândalo que está sendo investigado ainda, curiosamente, nesse período que nós temos aí, exatamente o período delicado que a gente está vivendo.
Mesmo sendo ainda da Minoria, nós vamos continuar fazendo a nossa parte da melhor forma possível, para que um dia o Brasil possa ter um Congresso Nacional responsável, ter governantes competentes e honestos, ter um Poder Judiciário que seja exemplo de integridade e verdadeira justiça para todos.
Eu aproveito para desejar um feliz Natal, de muita luz, muita paz, harmonia, serenidade e um 2025 de luz, sabendo que nós vamos ter momentos delicados, principalmente por causa desse Governo irresponsável, perdulário, que nós temos no Brasil, que não para de gastar, não faz o dever de casa, só pensa em poder pelo poder – eles só pensam naquilo, em poder pelo poder –, mas que o bem e a justiça prevaleçam, Presidente.
Deus os abençoe.