Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à gestão do Governador do Estado do Tocantins, Sr. Wanderlei Barbosa, por supostamente demonstrar descontrole fiscal, cercear a liberdade de imprensa e negligenciar os municípios.

Autor
Irajá (PSD - Partido Social Democrático/TO)
Nome completo: Irajá Silvestre Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Administração Pública, Direitos Individuais e Coletivos, Governo Estadual:
  • Críticas à gestão do Governador do Estado do Tocantins, Sr. Wanderlei Barbosa, por supostamente demonstrar descontrole fiscal, cercear a liberdade de imprensa e negligenciar os municípios.
Publicação
Publicação no DSF de 12/03/2025 - Página 97
Assuntos
Administração Pública
Jurídico > Direitos e Garantias > Direitos Individuais e Coletivos
Outros > Atuação do Estado > Governo Estadual
Indexação
  • CRITICA, GOVERNADOR, ESTADO DO TOCANTINS (TO), WANDERLEI BARBOSA, CRISE, GESTÃO FISCAL, IRREGULARIDADE, UTILIZAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, ATAQUE, IMPRENSA.

    O SR. IRAJÁ  (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - TO. Para discursar.) – Sr. Presidente Senador Laércio, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, e todos que também nos acompanham pela TV e pela Rádio do Senado Federal, em especial os nossos amigos e irmãos tocantinenses, estamos diante de mais um escândalo na administração do Governo de Wanderlei Barbosa. Desta vez, o tema central é a preocupante situação fiscal em que se encontra o nosso Estado do Tocantins, o que coloca em risco, inclusive, o futuro de nossa população, que já anda sofrendo nas áreas essenciais, na saúde, na segurança, e em tantas outras áreas desse desgoverno.

    Há poucos dias, o Governador falou, Sr. Presidente, em equilíbrio fiscal, mas os números oficiais contam uma história bem diferente. O próprio grupo gestor do Governo de Tocantins divulgou dados alarmantes. As despesas com o pessoal estão avançando de forma descontrolada, colocando o estado à beira de um colapso financeiro.

    Vamos aos fatos.

    Em 2021, há três anos, quando o então atual Governador Wanderlei Barbosa recebeu o Tocantins, nós tínhamos apenas 40% das nossas receitas correntes líquidas comprometidas com o salário, com subsídios, gratificações e horas extras dos nossos servidores efetivos e também comissionados. Três anos depois, esses mesmos gastos subiram de 40 para 46,32%. Isso significa, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, que os gastos do Governo saíram de R$5,3 bilhões por ano para R$6,6 bilhões, um aumento de R$1,2 bilhão em três anos. Os Tocantinenses que estão nos acompanhando, nos assistindo, talvez não compreendam a dimensão desses números. Eles podem parecer superficiais ou números frios, ao pé da letra. Para vocês terem uma ideia, com R$1,2 bilhão gastos a mais em apenas três anos, daria para construir, Sr. Presidente, 10 mil casas populares com esse mesmo dinheiro. Daria também para construir 1.238 postos de saúde novos. Isso daria para construir praticamente dez postos de saúde para cada um dos 139 municípios do Estado do Tocantins. Com esse descontrole, o Governo do Tocantins estourou o chamado limite de alerta, estabelecido pela nossa Lei de Responsabilidade Fiscal. No entanto, o Governador insiste em dizer que não há uma falha na sua gestão.

    O problema não para por aí. Em um ato que remete ao mais puro coronelismo, o Governador Wanderlei Barbosa está tentando agora silenciar a nossa competente imprensa do Estado do Tocantins, impedindo que essa verdade seja divulgada pelos veículos de comunicação. Muitos dos dados que foram revelados aqui são, inclusive, frutos da apuração jornalística e de veículos de comunicação sérios do Estado, que ousaram denunciar essa realidade, mas agora estão pagando caro, sendo perseguidos, intimidados e, inclusive, boicotados pelo Governo do Estado. Não adianta querer calar e amordaçar a nossa imprensa, Sr. Presidente. A época da ditadura acabou há mais de 50 anos. Eu quero aqui, na tribuna do Senado Federal, aproveitar esta oportunidade para expressar a minha total solidariedade à imprensa tocantinense, que resiste bravamente a essa tentativa de censura e nunca foi tão oprimida na história dos 36 anos do nosso Estado, fundado desde a nossa Constituinte, em 1988. Eu tenho a certeza de que o tempo de ameaças, de arbitrariedades, de chantagens, está perto do fim.

    E tem mais: além de colocar as finanças do nosso Estado no precipício, o Governador está agora negligenciando as suas obrigações com os municípios tocantinenses. Wanderlei Barbosa não paga, há mais de três anos, pelo menos 35 prefeituras do Estado do Tocantins que já deveriam ter recebido os R$2 milhões do programa Tocando em Frente.

    O Governo também, Sr. Presidente, não está passando a integralidade do ICMS devido às prefeituras, está ficando com quase a metade desses recursos que, por direito, pertencem aos nossos municípios. A Associação Tocantinense de Municípios, inclusive, está já preparando uma ação judicial para garantir que esses valores sejam devidamente pagos às nossas cidades.

    Na hora de trabalhar, o conhecido já, no Estado do Tocantins, Coronel Barbosa prefere a truculência e o autoritarismo, deixando de lado o verdadeiro papel de um gestor, que é cuidar da população e garantir o desenvolvimento do nosso estado.

    Sras. e Srs. Senadores, nós não podemos fechar os olhos para essa realidade, essa triste realidade no Tocantins. O atual Governo recebeu o Estado do Tocantins com as contas ajustadas e com dinheiro em caixa. Agora, já torrou todas as reservas e aumenta as despesas dia após dia, ano após ano. A situação fiscal do Tocantins é gravíssima, e a responsabilidade recai diretamente sobre o Governador Wanderlei Barbosa.

    É preciso, sim, cobrar transparência, responsabilidade e ações concretas para reverter este triste cenário que se instaurou no Estado do Tocantins nos últimos três anos. O povo tocantinense merece, sim, um governo que priorize o bem-estar da população e não os interesses pessoais de um Governador que parece mais preocupado em manter a sua imagem do que em resolver os problemas reais do nosso estado.

    Chega de coronelismo, chega de mentiras. Nós queremos um estado passado a limpo, um estado que seja respeitado pelo seu Governador. O Tocantins, que já está agora completando quase 20 anos, Sr. Presidente, infelizmente – quase 20 anos da sua história de 36 anos desde a sua fundação – não termina um Governador no exercício na cadeira de Governador democraticamente eleito. Isso é uma vergonha nacional, mas infelizmente me parece que, pelo andar da carruagem, pelo avançar das ações judiciais, essa história deve se repetir.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/03/2025 - Página 97