Pronunciamento de Jorge Kajuru em 18/03/2025
Discurso durante a 8ª Sessão Especial, no Senado Federal
Sessão Especial destinada a homenagear o ex-Presidente José Sarney pelos 40 anos da redemocratização do Brasil.
- Autor
- Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
- Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Constituição,
Defesa do Estado e das Instituições Democráticas,
Movimento Social:
- Sessão Especial destinada a homenagear o ex-Presidente José Sarney pelos 40 anos da redemocratização do Brasil.
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/03/2025 - Página 14
- Assuntos
- Outros > Constituição
- Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas
- Outros > Movimento Social
- Matérias referenciadas
- Indexação
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- SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, EX-PRESIDENTE DA REPUBLICA, JOSE SARNEY, RETOMADA, ESTADO DEMOCRATICO, DEMOCRACIA, ASSEMBLEIA CONSTITUINTE, CONGRESSO NACIONAL, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, CIDADANIA, BRASIL, PERIODO, SUCESSOR, DITADURA, RUBENS PAIVA.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Brasileiras e brasileiros, minhas únicas vossas excelências, desde já, o maior elogio dos meus 50 anos de carreira nacional na televisão brasileira foi de quem está ao meu lado, o Presidente Sarney, em uma das duas maiores entrevistas que fiz na minha vida, com ele e com Tancredo Neves, em 1982, quando trabalhava na Rádio Itatiaia. Eu e a Senadora Leila do Vôlei, minha irmã, fizemos recentemente uma entrevista histórica, e o Presidente falou que gostava muito de me ver na tribuna falando primeiro brasileiras e brasileiros e não, brasileiros e brasileiras.
Bem, no dia 15 de março completamos 40 anos da redemocratização do Brasil, 40 anos em que os ventos da liberdade embalam o auriverde pavilhão da Pátria. Sob essa brisa da democracia, o povo brasileiro pôde eleger, sem restrições, todos os seus representantes, de Vereadores ao Presidente da República.
Nenhum partido político está na ilegalidade. Eleições livres e periódicas tornaram-se rotina. As instituições funcionam dentro da normalidade. Se hoje estamos aqui celebrando estas quatro décadas de conquistas democráticas, é porque podemos contar com a experiência, com a determinação e com a ousadia de um irretocável homem público, dos maiores nascidos nas terras brasileiras. Refiro-me prazerosamente, em nome de mamãe, ao ex-Presidente, ex-Senador, ex-Governador, eterno José Sarney, a quem cumprimento nesta oportunidade.
Por esse motivo, apresentei o requerimento e lembro, como se fosse hoje, na reunião dos Líderes, quando fiz a proposta, que o nosso Presidente Davi Alcolumbre na hora concordou. E não vou esquecer que um amigo de uma das reservas morais desta Casa, o Senador amazonense Eduardo Braga, meu amigo pessoal, olhou para mim emocionado e bateu palmas pela ideia.
Então, apoiado por diversas Senadoras e Senadores, por todos, por unanimidade, para que o Senado Federal realizasse esta sessão especial com o objetivo de prestar justa homenagem a esse extraordinário homem público brasileiro, neste momento, além de reconhecermos o incomparável legado do ex-Presidente José Sarney, celebramos a própria redemocratização e o esforço coletivo do povo brasileiro para garantir a consolidação das instituições democráticas.
O então Senador José Sarney foi peça-chave para a transição democrática e para o nascimento da nova República. Ao romper com o extinto PDS, herdeiro da antiga Arena, partido que dera sustentação política ao regime militar, José Sarney se transformou no maior fiador da redemocratização, integrando a chapa presidencial de oposição ao lado de Tancredo Neves, outro homem público histórico, inesquecível e eterno. Quiseram Deus e o destino que, após a sua eleição indireta pelo Congresso Nacional, o Dr. Tancredo Neves não tomasse posse e nos deixasse naquele fatídico dia 21 de abril de 1985. Eu estava em um teatro vendo uma peça de Marcelo Rubens Paiva e fui evidentemente às lágrimas em Belo Horizonte. Coube, então, senhoras e senhores, meus únicos patrões, ao agora Presidente José Sarney levar adiante o processo de transição democrática – e o fez com inegável maestria.
O período era de grandes turbulências. Vivíamos pressionados por uma inflação de preços galopantes que minavam o poder de compra do trabalhador. Havia um intenso e legítimo anseio por liberdade, que precisava ser habilidosamente conduzida, para não comprometer todo o processo de redemocratização.
A frase que veste o caráter de José Sarney, entre tantas, é que a liberdade de expressão é o maior pilar de uma democracia. E Sarney sempre teve a responsabilidade com a liberdade de expressão, como bem colocou o Presidente Davi.
Graças à sua apurada sensibilidade e incomparável experiência política, Sarney logrou realizar uma transição sem traumas para a vida democrática. Durante seu Governo, convocou a Assembleia Nacional Constituinte, que promulgou a nova Carta Magna do Brasil, a Constituição Cidadã, sabiamente assim denominada pelo nosso saudoso e também raro homem público Dr. Ulysses Guimarães, abrigando importantes direitos civis, políticos e sociais, vários deles inéditos em nosso arcabouço jurídico.
Sarney ampliou as liberdades civis e políticas, acabando com a censura e legalizando os partidos políticos que haviam sido banidos durante a ditadura.
Sua inestimável contribuição para redemocratizar o Brasil pontua uma trajetória de mais de 60 anos de vida pública. Além de Presidente da República, foi Deputado Federal, Governador, Senador por 40 anos – e depois dele, atrás de nós, o eterno Ruy Barbosa, que chegou aos 34 anos de mandato –, por vários mandatos, e Presidente desta Casa em diversas ocasiões, sempre participando ativamente dos debates mais relevantes para a nossa pátria amada.
Saúdo, portanto, o nosso querido Presidente José Sarney nesses 40 anos de nossa redemocratização. Seu legado jamais será esquecido – jamais! Está perenemente insculpido nas páginas da nossa história e em nossos corações.
Agradecidíssimo. (Palmas.)