Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para o crescimento do PIB do Brasil no ano passado em 3,4%, alavancado pelos serviços, indústria e consumo das famílias; e para os desacertos das estimativas feitas pelos analistas de mercado segundo levantamento feito pelo Universo Online.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Economia e Desenvolvimento, Política Social, Tributos:
  • Destaque para o crescimento do PIB do Brasil no ano passado em 3,4%, alavancado pelos serviços, indústria e consumo das famílias; e para os desacertos das estimativas feitas pelos analistas de mercado segundo levantamento feito pelo Universo Online.
Publicação
Publicação no DSF de 19/03/2025 - Página 43
Assuntos
Economia e Desenvolvimento
Política Social
Economia e Desenvolvimento > Tributos
Indexação
  • ANALISE, CRITICA, FREQUENCIA, ERRO, PREVISÃO, ANALISTA, MERCADO FINANCEIRO, INDICE, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), TAXA SELIC, DOLAR, BOLSA DE VALORES, INFLAÇÃO.
  • COMENTARIO, SUPLANTAÇÃO, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), COMPARAÇÃO, PREVISÃO, ANALISTA, MERCADO FINANCEIRO, CRITICA, CREDIBILIDADE, ESTIMATIVA, NATUREZA ECONOMICA.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – O Marcos Rogério fica com medo de o Kajuru fazer alguma observação, e aí ele fala: "Se você fizer, dá o contrário!". (Risos.)

    Eu não vou fazer nenhuma para você – fique tranquilo – até o final do mandato, pelo carinho e pelo amor que eu sinto que você tem pela sua filha, que é algo admirável.

    Voz da educação, Senador Confúcio, eu começo, de imediato, brasileiras e brasileiros, o meu pronunciamento desta terça-feira, 18 de março de 2025, com a lembrança de informação divulgada dias atrás: o Produto Interno Bruto do Brasil cresceu, no ano passado, 3,4%, puxado por serviços, indústria e consumo das famílias.

    A elevação do PIB de 3,4% superou o dobro da estimativa feita pelo mercado no início de 2024 – então, Brasil, tome cuidado com o que o mercado informa – de uma alta de 1,59%, ou seja, um erro feio, grotesco, como, aliás, tinha acontecido em 2023: na previsão do mercado, mercado triste, 0,78%; o crescimento real do PIB foi de 2,9%.

    Destaco aqui outra informação, divulgada no final de janeiro. O Universo Online fez levantamento das estimativas realizadas no início de 2021, 2022, 2023 e 2024 e constatou que o mercado errou 95% das previsões sobre a economia e a Bolsa de Valores. Pasmem: 95% de erro ou apenas 5% de acerto! O que você prefere, brasileiro, brasileira? O levantamento do UOL abrange a taxa de juros Selic, o Produto Interno Bruto, a variação do dólar, o Ibovespa e a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Para a previsão sobre a Bolsa de Valores, o Universo Online usou a primeira edição de cada ano de pesquisa feita por um banco norte-americano, com gestores de fundos que aplicam no Brasil. Para os demais itens, a referência foi o primeiro Boletim Focus do Banco Central – trata-se de pesquisa que o BC (Banco Central) realiza, semanalmente, com mais de cem economistas do mercado.

    Repetindo, foram avaliadas estimativas de cinco aspectos econômicos, nos últimos quatro anos. E acreditem, dos 20 quesitos analisados – prestem atenção –, o mercado só acertou uma vez – uma vez, Presidente Confúcio, uma! –: a previsão do desempenho da Bolsa em 2022, em que se esperava um índice baixo de 120 mil pontos, e ela fechou com 109.735 pontos.

    Um fato chama a atenção: não houve acerto em quatro anos nos quatro indicadores apurados pelo Boletim Focus do Banco Central. Gente, é muita imprecisão, não?! Sem contar aqui erros comprometedores, como um registrado em 2021. A taxa Selic, estimada em 3,25%, findou o ano em 9,25%.

    Para ficar apenas em 2024, além do equívoco sobre o crescimento do PIB, o levantamento do UOL apontou falhas nos demais quesitos: o Ibovespa, projetado para superar 140 mil pontos, terminou o ano em 120 mil pontos; a taxa Selic, que deveria ficar em 9%, subiu para 12,25%; o dólar, estimado em R$5, fechou a R$6,18; e a inflação, prevista para 3,90%, acabou o ano com índice de 4,83%.

    Economia, sabidamente, não é uma ciência exata. Além disso, como país exportador de bens primários, o Brasil é altamente sensível à variação de fatores internacionais, sem contar as transformações climáticas. Existem, de fato, dificuldades para o acerto de projeções que são feitas com base em modelos estatísticos, os quais levam em conta dados do passado. Porém, a repetição de erros graves ao longo de anos permite questionamentos sobre a confiabilidade dos analistas do mercado, que não estão nem aí, na verdade – comportam-se como donos da verdade –, e que, em demonstração continuada de arrogância soberba, seguem empilhando desacertos sobre desacertos.

    Não à toa, muitos se perguntam: será que o viés pessimista de alguns e de algumas projeções, como baixo crescimento e taxa cambial nas alturas, não desconsidera a base real da economia em favor de eventuais interesses financeiros de grupos sem compromissos com o país? Pergunto. Precisamos refletir a respeito seriamente, sobretudo os que têm como obrigação formular políticas econômicas, em especial aquelas voltadas para a redução das desigualdades sociais.

    De minha parte, tenho uma certeza: imprensa, políticos, formadores de opinião e brasileiros, em geral, deveriam acender menos velas para o santo mercado e suas previsões equivocadas – e muito equivocadas! Repito: deveríamos acender menos velas para o santo mercado, ou seja, o santo do pau oco.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/03/2025 - Página 43