Pronunciamento de Jorge Kajuru em 01/04/2025
Discurso durante a 16ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários sobre a apreensão de um submarino carregado de cocaína em Portugal, com a presença de brasileiros a bordo, destacando a possível ligação com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Preocupação com a crescente movimentação de máfias internacionais no Brasil e necessidade de maior protagonismo da União no combate ao crime organizado. Apoio à PEC no.45/2023, que prevê a incorporação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) à Constituição.
- Autor
- Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
- Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Administração Pública,
Atuação do Senado Federal,
Direito Penal e Penitenciário,
Segurança Pública:
- Comentários sobre a apreensão de um submarino carregado de cocaína em Portugal, com a presença de brasileiros a bordo, destacando a possível ligação com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Preocupação com a crescente movimentação de máfias internacionais no Brasil e necessidade de maior protagonismo da União no combate ao crime organizado. Apoio à PEC no.45/2023, que prevê a incorporação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) à Constituição.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/04/2025 - Página 15
- Assuntos
- Administração Pública
- Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
- Jurídico > Direito Penal e Penitenciário
- Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
- Indexação
-
- COMENTARIO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO LIBERAL (PL), ESTADO DE GOIAS (GO), DESTINAÇÃO, RECURSOS, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG).
- COMENTARIO, APREENSÃO, DROGA, PROCEDENCIA, SUBMARINO, BRASIL, SUSPEIÇÃO, PARTICIPAÇÃO, CRIME ORGANIZADO, ITALIA, DISTRIBUIÇÃO, ENTORPECENTE, EUROPA.
- COMENTARIO, LAVAGEM DE DINHEIRO, CRIME ORGANIZADO, BRASIL, UTILIZAÇÃO, MINERAÇÃO, IMOVEL, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, PODER PUBLICO.
- APOIO, PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO (PEC), FORMAÇÃO, UNIFICAÇÃO, SISTEMA, SEGURANÇA PUBLICA, MELHORIA, EFICIENCIA, COMBATE, CRIME, CRIME ORGANIZADO.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Amigo, orgulho dos pernambucanos, Senador Humberto Costa, sempre pontual quando preside as sessões.
Brasileiras e brasileiros, minhas únicas vossas excelências, abraçando as palavras do Senador Girão, só dizendo que a mim não cabe, de forma alguma, discutir, até porque sou o único Senador da história dos 200 anos que, em seis anos de mandato, nunca gastou um centavo sequer de todos os privilégios que existem e dos direitos que existem, porque não são só privilégios.
Quem mora longe – como Humberto Costa, Pernambuco; Plínio, Manaus; e outros – não pode pagar a passagem aérea do bolso dele. Eles, como funcionários do pernambucano e do amazonense, estão aqui para servi-los. Então, a gente não pode, de forma alguma, radicalizar e generalizar. O meu caso apenas é que, lá em Goiás – acho que o Humberto ficou sabendo –, um Deputado do PL (Partido Liberal) simplesmente pegou R$3 milhões para uma ONG que não existe, cujo responsável é uma criança de um ano de idade. E esse Deputado será cassado; ele vai para a cadeia, com certeza.
A minha fala hoje aqui na tribuna, 1º de abril de 2025, é sobre segurança pública, um dos assuntos no topo das preocupações dos brasileiros. Começo com a informação que, na semana passada, chamou a atenção e ganhou manchetes aqui e na Europa: a apreensão – atenção – pelas polícias de Portugal e da Espanha, Senador Paim, de seis toneladas e meia de cocaína, um recorde no continente europeu. O inusitado – atenção, pátria amada – é que o fato se deu em pleno Oceano Atlântico. A droga estava num submersível que partiu do litoral brasileiro e tinha como destino a Península Ibérica. Dos cinco tripulantes presos, três eram brasileiros. E o que isso tem a ver com a segurança pública no Brasil, Kajuru? Como diria o famoso detetive inglês da literatura e do cinema, aspas: "Elementar, meu caro Watson", fecho aspas.
No novidadeiro tráfico de drogas via submarino, as autoridades têm fontes suspeitas de envolvimento da organização criminosa PCC. O Primeiro Comando da Capital estaria fornecendo a cocaína para distribuição na Europa por uma das máfias italianas; isso terá de ser confirmado. Todavia, a suspeita reforça os indícios de um vínculo internacional que torna cada vez mais desafiador o combate ao crime organizado no Brasil.
O nosso país, antes uma espécie de refúgio de mafiosos, vem se transformando, gradativamente, em plataforma de negócios de traficantes transnacionais. Há poucos dias, o jornal O Globo publicou uma ampla reportagem baseada em relatórios de investigações brasileiras e europeias que detalham a movimentação financeira das máfias italianas no Brasil, já aí na casa dos bilhões de reais. Algumas informações são assustadoras, senhoras e senhores, meus únicos patrões. Para lavar dinheiro, os mafiosos compram imóveis, criam negócios de fachada em garimpos ilegais da Amazônia e – pasmem – usam até empresas que prestam serviço ao poder público.
Ainda de acordo com o trabalho jornalístico, nas investigações já conhecidas aparecem nomes de distribuidoras de combustíveis, produtora de eventos, distribuidoras de bebidas e até corretora de valores.
A constatação de que máfias italianas estão usando o Brasil para lavar dinheiro do tráfico de drogas com a ajuda de facções criminosas nativas é mais um atestado do nosso insucesso no combate ao crime organizado.
De um lado, existe um esquema sofisticado e organizações estruturadas que agem com desenvoltura em todo o país. Do outro, temos ações policiais isoladas, sem coordenação, incapazes de ferir de morte o crime que ganhou dimensão nacional e vai criando ramificações no exterior.
Já passou da hora de se unificar o combate ao crime organizado com o engajamento da União, o que está previsto, por sinal, na proposta de emenda à Constituição da segurança, elaborada pelo Ministério da Justiça, que logo tramitará aqui, no Congresso Nacional.
A redação da proposta vem sendo negociada há quase um ano, tempo suficiente para vencer a resistência de alguns Governadores que viam riscos de perda de poder sobre as polícias. O objetivo é outro: dar à União o papel de coordenador de ações em todo o país, através da incorporação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) à Constituição.
Creio que criar padrões de segurança e integrar as polícias em todo o território nacional é missão para ontem. Além do mais, no combate ao crime não se pode prescindir das necessárias ações federais para as investigações sofisticadas sobre movimentações financeiras das facções e das máfias. Isso vale também para os casos que exigem a cooperação com autoridades de outros países.
O crime está organizado. Precisamos, urgentemente, organizar também como combatê-lo. Não podemos mais ficar a ver navios enquanto os criminosos usam submarinos para traficar drogas – submarinos para traficar drogas.
Agradecidíssimo.
Deus e saúde, alegrias e vitórias em suas vidas, em todo o nosso país, em especial a todos e todas desta nossa Casa, especialmente aos funcionários, o maior patrimônio deste Senado Federal.
Não ouvi a campainha, Presidente Humberto Costa, mais uma vez, em seis anos de mandato.
Agradecidíssimo.