Pronunciamento de Nelsinho Trad em 02/04/2025
Discurso durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Necessidade de revisão da política de comércio exterior brasileira, frente ao avanço do protecionismo comercial e das tarifas impostas pelo Governo dos Estados Unidos da América, com ênfase para o papel do Congresso Nacional.
- Autor
- Nelsinho Trad (PSD - Partido Social Democrático/MS)
- Nome completo: Nelson Trad Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Relações Internacionais:
- Necessidade de revisão da política de comércio exterior brasileira, frente ao avanço do protecionismo comercial e das tarifas impostas pelo Governo dos Estados Unidos da América, com ênfase para o papel do Congresso Nacional.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/04/2025 - Página 57
- Assunto
- Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
- Indexação
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- NECESSIDADE, REVISÃO, POLITICA, COMERCIO EXTERIOR, BRASIL, TARIFAS, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DONALD TRUMP, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL.
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS. Para discursar.) – Senador Laércio, Presidente da nossa sessão neste momento; Senadora Leila, demais colegas que estão nos assistindo, é apenas um comentário que eu não poderia deixar de fazer, na condição de Presidente da Comissão de Relações Exteriores, em função da decisão dos Estados Unidos de aplicar novas tarifas a produtos de diversos países, inclusive o Brasil. Isso nos leva a uma reflexão. Eu imagino que essa política comercial precisa fortalecer uma estratégia de comércio exterior, principalmente com planejamento, previsibilidade e inteligência.
Na Comissão de Relações Exteriores do Senado, tenho defendido que o Congresso Nacional participe ativamente na construção dessa estratégia. Ontem mesmo, aprovamos um projeto importante: a questão da reciprocidade econômica. Tão importante quanto esse mecanismo de defesa que o Congresso Nacional está idealizando é também dar sequência à relação de diálogo, de entendimento e de procurar compreender as situações que outros países possam estar colocando para o nosso Brasil. Muitas vezes isso pode ser mais prático, mais rápido e mais eficiente, para se chegar ao denominador comum de que qualquer mecanismo legal é preciso ter, até mesmo como escudo para se defender de situações como essa.
Há uma coisa importante, Senador Laércio: nós não podemos aceitar que o produtor brasileiro seja sempre o elo mais frágil dessa cadeia de conflito global – não vou chamar de guerra. E é com esse espírito que eu proponho a revisão de estratégia da nossa política de comércio exterior. Isso é muito importante. A taxação imposta agora pelos Estados Unidos é um sinal dos tempos de agora, uma tendência que todos os países devem reavaliar. E se os Estados Unidos estão revendo seus acordos e práticas comerciais, o Brasil também precisa fazer o mesmo de forma propositiva, técnica e articulada intersetorialmente, não só com o setor produtivo, como também com o nosso Congresso.
A Comissão de Relações Exteriores está pronta para contribuir, ajudar e liderar esse debate. Estamos propondo, inclusive, uma missão Parlamentar, Senador Laércio, aos Estados Unidos, para fortalecer o diálogo em busca de equilíbrio e cooperação. Projetos como tem lá no nosso estado, da Rota Bioceânica, também fazem parte dessa visão de futuro. Eles fortalecem nossa autonomia, ampliam nossas ações logísticas e reduzem a nossa dependência de mercado único. Essa é uma política externa com responsabilidade.
Eu vejo também com bons olhos essa iniciativa de se buscarem outros mercados, porque essa é a lei da competitividade dentro de um comércio global. Se não está dando certo de um lado, vamos tentar abrir frentes de negócios de outro, para que o nosso produtor, aquele que se preparou e se organizou, através de sanidade e de qualidade, para mandar o seu produto para fora, não seja penalizado.
V. Exa. é empresário e sabe disso. Para se preparar para exportar algum produto, você investe, você gasta. E, no meio dessa situação toda, você é sobretaxado. Como você estaria se sentindo numa situação como essa?
Então, nós temos que ser a voz desses produtores brasileiros e fazermos... Ah, não deu certo aqui? Vamos abrir a porta do outro lado. Porque, com certeza, com a qualidade e a sanidade dos nossos produtos, ao ficar sem relação comercial com quem quer que seja, nós não vamos ficar perenes nesse sereno.
Então é um momento de reação planejada, inteligente, não de ações intempestivas. É hora de a gente se organizar, planejar e fazer com que essa ordem global, que está mudando, não venha nos pegar de surpresa.
E outra coisa interessante que precisa ser comentada aqui. Nada do que está sendo feito deixou de ser avisado. O Presidente dos Estados Unidos, na sua campanha, na sua pré-campanha, sempre disse que ia agir dessa forma. Então, não vamos aí achar que fomos pegos de surpresa, porque não é por aí. Nós temos que, realmente, estar preparados e prontos para fazer o enfrentamento de desafios novos que temos pela frente. E confio muito na capacidade e na criatividade daqueles que moram e vivem no nosso país.
Por isso, estou aqui colocando a nossa Comissão à disposição para a gente fazer esse enfrentamento juntos, de forma a não se penalizar aquele que produz, que trabalha e que coloca o seu produto para fora do nosso país, o Brasil.
Era isso.
O SR. PRESIDENTE (Laércio Oliveira. Bloco Parlamentar Aliança/PP - SE) – Senador Nelsinho Trad, quero cumprimentar V. Exa. pelo pronunciamento que faz neste momento.
Quero dizer que não é surpresa para mim, pela sua competência em conduzir o seu mandato de uma forma tão brilhante aqui no Senado, que o senhor, na condição de Presidente da Comissão de Relações Exteriores, prontamente, ao ouvir o pronunciamento do Presidente dos Estados Unidos, venha a esta tribuna se manifestar, colocando a Comissão de Relações Exteriores à disposição, para que haja uma providência em proteção aos produtores do nosso país.
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS. Fora do microfone.) – Obrigado.