Discurso durante a 23ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Censura à suposta desorganização institucional no Brasil, evidenciada pela incapacidade do Governo em enfrentar a crise fiscal e pelo crescimento da violência.

Considerações acerca da importância das Forças Armadas na mediação dos conflitos e comemoração pelos 377 anos do Exército Brasileiro, completados dia 19 de abril de 2025.

Autor
Hamilton Mourão (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/RS)
Nome completo: Antonio Hamilton Martins Mourão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Finanças Públicas, Fiscalização e Controle da Atividade Econômica, Governo Federal, Tributos:
  • Censura à suposta desorganização institucional no Brasil, evidenciada pela incapacidade do Governo em enfrentar a crise fiscal e pelo crescimento da violência.
Defesa Nacional e Forças Armadas, Homenagem:
  • Considerações acerca da importância das Forças Armadas na mediação dos conflitos e comemoração pelos 377 anos do Exército Brasileiro, completados dia 19 de abril de 2025.
Publicação
Publicação no DSF de 23/04/2025 - Página 19
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Finanças Públicas
Economia e Desenvolvimento > Fiscalização e Controle da Atividade Econômica
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Economia e Desenvolvimento > Tributos
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Defesa Nacional e Forças Armadas
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • REGISTRO, CONTEXTO, ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL, CRISE, NATUREZA ECONOMICA, INFLAÇÃO, AUSENCIA, CONTROLE, NATUREZA FISCAL, CARGA TRIBUTARIA, AUMENTO, VIOLENCIA, CRESCIMENTO, CRIME ORGANIZADO, CORRUPÇÃO, NOTICIA FALSA, DISCURSO DE ODIO.
  • HOMENAGEM, FORÇAS ARMADAS, MEDIAÇÃO, CONFLITO, MANUTENÇÃO, SOBERANIA NACIONAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EXERCITO.

    O SR. HAMILTON MOURÃO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RS. Para discursar.) – Sras. e Srs. Senadores, senhoras e senhores que nos acompanham pelas mídias, especialmente o povo do meu Rio Grande do Sul, é grave a situação do Brasil.

    A incapacidade do Governo em conter o rombo fiscal, que impõe a famílias, setores produtivos e à sociedade em geral um peso cada vez mais difícil de suportar, com a carestia, tributação extorsiva e uma mal contida inflação; o crescimento da violência pelo crime organizado, um virtual estado dentro do Estado, o qual domina vastas áreas do país e compromete até mesmo a soberania nacional; a volta da corrupção, tornada possível pelo desmonte da Operação Lava Jato, indecorosamente comemorado por quem, em tese, deveria combater tal crime, o que torna o Brasil, de fato e de direito, uma terra sem lei.

    Essas questões e outras de maior interesse da sociedade estão, no entanto, relegadas ou postergadas por aquela que domina o país. Não dominam o país hoje as penas desproporcionais dos réus do 8 de janeiro, não nos dominam os atropelos da Suprema Corte, a questão da anistia e as manifestações promovidas pelo Presidente Bolsonaro. Não, nada disso nos domina.

    O que hoje paralisa o país é a discórdia, de cima a baixo, dos mais altos escalões da República às pessoas comuns, todos envoltos em um turbilhão de desinformação, preconceito e animosidade que a tudo envenena. Até a imprensa, Senador Kajuru, mesmo a dita tradicional e responsável, incontinenti, atira-se na fogueira das paixões, esquecendo o seu papel institucional de informar, esclarecer e fortalecer a liberdade de pensamento e de expressão na sociedade. É a discórdia, levada pelo extremo desrespeito à lei e às instituições, justificada pelo desejo incontido de vencer, de punir, de destruir o adversário ou o desafeto político.

    Não é a divergência, não é a discordância, não é o dissenso – que são essenciais em uma democracia – que estão incapacitando a sociedade brasileira de enfrentar seus grandes problemas, mas, sim, repito, pura e simplesmente, o ódio institucionalizado, o revanchismo, a vingança, que não têm como levar situação alguma a bom termo.

    Quando chegamos a esse ponto, recomendam a prudência e o bom senso que uma tomada de consciência, individual e coletiva, diga-nos o que nos une, o que nos é comum, o que deveria fazer de nós uma sociedade democrática e que, como tal, deve ser caracterizada pelo pluralismo, pelas liberdades e pelo respeito à lei.

    E quem faz isso são as instituições. Sim, são as instituições que conseguimos construir, fazer funcionar e ser respeitadas que nos facultam viver no âmbito do Estado de direito no qual exercemos – pode parecer um pleonasmo, Senador Plínio Valério – nossos direitos e deveres em busca de paz, de segurança e de prosperidade.

    Porém, faço aqui um lembrete, quase uma advertência: aos que teimam em nutrir narrativas utópicas reacionárias e revolucionárias do não Estado, é bom lembrar que há vida social além dele, mas, por certo, nunca sem ele, cabendo-nos aperfeiçoá-lo, preservá-lo e protegê-lo de seus excessos, de suas fraquezas e de sua apropriação por uns e outros.

    Tratemos, portanto, de instituições. A difícil situação em que o país se encontra pode ser resumida na consternadora constatação de que, neste momento, muito poucas instituições estão atendendo as demandas sociais para as quais existem. E, dentre elas, está o Exército Brasileiro, que, ao lado da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira, serve à nossa população, independentemente de região, categoria social, raça, preferências partidárias ou ideológicas, a despeito da incompreensão de parte de uma sociedade e de um Governo que não o respeita, não o valoriza e não lhe fornece os recursos para o cumprimento de sua missão.

    No último dia 19 de abril, o Exército Brasileiro comemorou os 377 anos da primeira batalha de Guararapes, na qual as três raças formadoras do povo brasileiro, unidas, alcançaram vitória decisiva na guerra que escreveu a sangue o endereço do Brasil, um Exército sempre vitorioso, interna e externamente, que sustentou a independência, a unidade e a integridade territorial e levou bem alto e bem longe a bandeira do Brasil na defesa da liberdade dos povos, da verdadeira democracia e da paz.

    Destaco que 80 anos são passados desde que combatemos ao lado dos aliados, na Segunda Guerra Mundial. Os feitos heroicos da Força Expedicionária Brasileira estão para sempre inscritos no livro das grandes epopeias desta nação. É o exército, uma instituição nacional permanente, baseada na hierarquia e na disciplina, que muitas vezes é incompreendida e vilipendiada por desavisados que a tomam por instrumento de suas vontades e de seus devaneios, incapazes de compreender o que é a nação. Aventureiros e heróis das redes sociais, verdadeiros palanqueiros do oportunismo, insistem em ofender a reputação do Exército Brasileiro e desmerecer os homens e as mulheres que integram a longa linhagem verde-oliva. Lembro a eles que o nosso ethos de soldado é, antes de tudo, patriota, legalista e apartidário, pois nos atemos enfaticamente à nossa destinação constitucional, aqui já tantas vezes citada, mas que inescrupulosos tentam manipular e é quase sempre incompreendida.

    Senhoras e senhores, o Exército se destina à defesa da pátria. E mencionar pátria deveria ser suficiente para que todos nós brasileiros abandonemos esse caminho sem volta da discórdia.

    Meus cumprimentos aos homens e às mulheres que integram o invicto Exército de Caxias.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/04/2025 - Página 19