Discurso durante a 27ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Prestação de contas de viagem à Itália para evento comemorativo que celebrou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, com homenagem à atuação dos combatentes da Força Expedicionária Brasileira e crítica ao uso de recursos públicos em viagens oficiais.

Insatisfação com decisões do STF quanto aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, com destaque para a atuação do Ministro Luís Roberto Barroso em virtude de suposta parcialidade e ativismo político.

Autor
Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atividade Política, Defesa Nacional e Forças Armadas, Orçamento Público, Relações Internacionais:
  • Prestação de contas de viagem à Itália para evento comemorativo que celebrou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, com homenagem à atuação dos combatentes da Força Expedicionária Brasileira e crítica ao uso de recursos públicos em viagens oficiais.
Atuação do Judiciário:
  • Insatisfação com decisões do STF quanto aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, com destaque para a atuação do Ministro Luís Roberto Barroso em virtude de suposta parcialidade e ativismo político.
Publicação
Publicação no DSF de 29/04/2025 - Página 27
Assuntos
Outros > Atividade Política
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Defesa Nacional e Forças Armadas
Orçamento Público
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
Indexação
  • PRESTAÇÃO DE CONTAS, VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, ITALIA, COMEMORAÇÃO, EXTINÇÃO, SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, HOMENAGEM, ATUAÇÃO, COMBATENTE, FORÇA EXPEDICIONARIA BRASILEIRA (FEB), CRITICA, UTILIZAÇÃO, RECURSOS PUBLICOS, MISSÃO OFICIAL.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), MANIFESTAÇÃO COLETIVA, JANEIRO, CONDENAÇÃO, ATIVISMO JUDICIAL, MINISTRO, LUIS ROBERTO BARROSO.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) – Paz e bem, meu querido irmão, Senador Confúcio Moura, do Estado de Rondônia!

    Eu quero saudar aqui as demais Senadoras, Senadores, funcionários desta Casa, assessores, brasileiras e brasileiros que estão nos ouvindo, nos assistindo pelos canais da Casa revisora da República: Agência Senado, TV Senado e Rádio Senado, que fazem um trabalho belíssimo.

    Sr. Presidente, eu quero aqui fazer uma prestação de contas com a viagem que eu fiz, nesse final de semana.

    Eu confesso para o senhor: eu saí daqui correndo. Na quinta-feira, na sessão que nós tivemos aqui, fiz um pronunciamento e fui para o aeroporto, porque tinha que ir ao Rio de Janeiro, depois de meses pedindo, visitar – é uma humilhação por que o Senado passa, mas tudo passa, e isso vai acabar – o General Braga Netto, no Comando Leste. Tive a oportunidade de conversar por alguns minutos com ele. Fiquei preocupado com o peso dele; parece-me que perdeu muito peso, muito abatido. Ele é um preso político clássico que a gente vê no Brasil, um homem que sempre serviu à sua pátria com muita honradez, sempre trilhou um caminho, e a gente está vendo aí que as conversas telefônicas dele nos deixaram saber que quem ligou para ele foi o pai do Coronel Mauro Cid, não foi ele que ligou, ou seja, fake news que é feita de forma seletiva para tentar macular a imagem de um homem de bem.

    E saí daqui, e conversei com ele, e embarquei, imediatamente, logo depois, para Milão. Tive que fazer uma conexão em Paris rapidamente, porque eu fui participar de um evento. A Europa e o mundo comemoram os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial – nós estamos celebrando esses 80 anos. E esse evento foi muito emblemático.

    Eu acho que eu passei mais tempo dentro de avião do que lá. Voltei ontem mesmo, domingo, e cheguei há pouco aqui, em Brasília, no Brasil, fazendo uma conexão em São Paulo, com um detalhe importante: sem usar um centavo do dinheiro público desta Casa nem do Brasil. Fiz questão de pagar a minha passagem.

    E acho que eu posso... Outros Parlamentares não podem, e é importante uma representatividade dessa – não quero julgar. O que eu acho errado, por exemplo, é um Governador de um estado, como o do Estado do Ceará, com o caos instalado, empresa saindo por causa da insegurança, a situação econômica difícil que todo brasileiro está vivendo, ir para a China na semana passada e ir de executiva, sendo pago pelo contribuinte. Quer dizer, de econômica ainda se entende que o Governo pague, agora pagar mais de R$60 mil extras para ser de executiva... Você está de brincadeira, Governador.

    Inclusive, quero parabenizar o combativo Vereador Marcelo Mendes, que mostrou o Diário Oficial e fez a denúncia dessa irresponsabilidade e falta de cuidado com o dinheiro de quem paga imposto caro neste país.

     Presidente, foi uma série de coincidências que eu não chamo... Aprendi na vida a observar os sinais e eu vi muita "jesuscidência" nessa viagem em que eu estive lá. Primeiro, porque eu cheguei dia 25 de abril, que é o Dia do Elba, uma data marcante que eles comemoram, que é um ponto de inflexão que aconteceu para a vitória final, que foi no dia 8 de maio, e para o fim da Segunda Guerra Mundial.

    Então, a Itália estava comemorando isso no dia. No dia seguinte – o senhor gosta de futebol –, um grande ídolo brasileiro que é mais conhecido, inclusive, na Itália, um campeão de 1962, campeão mundial pelo Brasil, que jogou no Inter de Milão, fez a passagem para o mundo espiritual no dia 26, no sábado, e estava lá estampado nos jornais, ou seja, um sinal, assim, interessante, porque o evento foi sobre a justiça e a verdade histórica em nome da liberdade dos pracinhas que saíram daqui do Brasil, deixando suas famílias.

    O Brasil saiu de uma neutralidade que seria covardia. O Brasil sempre teve um papel de neutralidade, mas, naquela história, naquele momento da humanidade, ele não podia ficar em cima do muro. O Brasil teve uma postura com relação a se unir aos Aliados e conseguir enfrentar aquele Eixo do Mal, que estava tocando o terror na Europa, no mundo todo, e o Brasil fez essa incursão com navios, aviões, chegando lá pelas montanhas com neve. O Brasil não estava preparado para aquilo, mas teve uma fibra, uma bravura muito grande de cerca de... Aí eu quero dar o número de 25 mil soldados brasileiros, os pracinhas combatentes, o pessoal da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que demonstraram ali uma grandeza muito grande. Não foram apenas esses que foram – morreram mais de 2 mil –, mas teve uma turma que saiu lá do Ceará, saiu do Nordeste e foi lá para Roraima, no segundo ciclo da borracha, porque naquele momento tinham que abastecer a indústria americana para que tivessem condições de equipamentos de guerra, de estrutura, de utensílios – matéria-prima –, e muitos cearenses morreram lá, muitos nordestinos, nessa nova ida.

    Então, foi uma mobilização de norte a sul, de leste a oeste do Brasil, para terminar essa Segunda Guerra, e o Brasil foi muito feliz, conseguiu fazer a diferença. Lá no Ceará, tem o bairro Monte Castelo e tem o bairro Montese, que foram duas batalhas importantes para os nossos pracinhas.

    Eu aprendi muita História nesse evento. Estavam lá Deputados, inclusive do Parlamento Europeu, de Portugal, lá da Itália, brasileiros... O Deputado General Girão estava à frente dessa organização, o Deputado Nikolas Ferreira, o Deputado Helio Negão, o Deputado José Medeiros, que foi Senador aqui, a Deputada Silvia Waiãpi, representando os indígenas, o Deputado Helio Negão, os negros... Rapaz, foi um negócio assim, porque foi tudo acontecendo, jovens presentes lá, com essa inspiração!

    A gente traz para o momento que a gente vive, porque a ditadura hoje é aqui dentro do Brasil! E nós estamos precisando do apoio dessas nações que nós fomos apoiar naquele momento. Então, foi muito bacana, já saímos de lá com o compromisso de fazer um evento no Parlamento europeu, em Bruxelas, na sede. O Deputado António está à frente disso – do Partido Chega – e já nos convidou para uma comitiva brasileira de Senadores e Deputados, agora nas próximas semanas, para estarem lá denunciando os abusos que estão acontecendo aqui no Brasil. Vamos libertar o Brasil!

    Se é para falar de liberdade, eu acredito que ontem foi o ponto de inflexão que nós tivemos nesse evento muito marcante. Estavam lá o jornalista Alexandre Garcia e o jornalista Alexandre Pittoli. Tinha até humoristas que fazem um trabalho com muita criatividade, como o Paulo Souza tem feito, furado a bolha da tragédia humanitária que a gente está vendo aqui. 

    E foi uma semana marcante porque Bolsonaro, cuja família é lá da Itália, a história da família, foi intimado dentro de uma UTI. Aquilo é extremamente desumano. Você pode não gostar, ter críticas ao Bolsonaro, mas dentro de um hospital, numa UTI! Essa imagem chocou lá, inclusive, internacionalmente, numa semana em que nós tivemos a Débora do batom, uma brasileira com dois filhos pequenos, recebendo 14 anos. A gente achava que ia ter algum tipo de sensibilidade ainda, de humanidade dentro do STF. Que nada! Teve a voz do Ministro Fux, e meus parabéns a ele, mas o que prevaleceu foi a vingança, a vingança cega, completamente cega, com relação à Débora do batom. Rasgaram a Constituição, o devido processo legal e o ordenamento jurídico deste país.

    Agora, Presidente, também, eu quero colocar que eu fui ao Comando do Leste, onde eu estive no Rio de Janeiro... E olha que eu não sabia desses detalhes! Parece que eu fiz o percurso. Passei pelo Comando do Leste, para visitar o Braga Netto, e fui, na conexão, lá para a Itália, saindo de lá, e de lá saíram os pracinhas para prestar esse grande serviço à humanidade. E eu quero dizer que o que marcou muito o Brasil, o mundo, naquele momento, e foram interessantes as histórias que surgiram lá, que foram reveladas por familiares que estavam lá, dizendo que os brasileiros, da compaixão que eles tinham. Os soldados preferiam ser presos pelos brasileiros do que por outras guarnições de outros países. Preferiam se entregar para os brasileiros, por causa da humanidade do brasileiro. Olha que coisa de arrepiar! Nós somos a maior nação católica do mundo, a maior nação espírita do mundo. Inclusive, a FEB, a Força Expedicionária Brasileira, foi uma das que, através dos seus cidadãos, generais, coronéis, militares, mais plantaram a semente do espiritismo aqui, que veio da França – olha só que curioso! –, do Allan Kardec. E aqui, em todas as regiões do Brasil, os desbravadores do espiritismo, dessa doutrina que faz muita caridade hoje no mundo, ter a participação da FEB. Então, esses soldados preferiam se entregar aos brasileiros pela compaixão, não é? O Brasil é um país fantástico.

    Presidente, eu quero, aqui, eu não posso deixar de agradecer a acolhida que nós tivemos dos brasileiros. Foram poucas horas que eu passei lá. O brasileiro se desdobrando, fazendo uma força-tarefa, preocupado com os brasileiros que estão aqui, sofrendo censura, sofrendo perseguição por serem cristãos, conservadores, de direita. E eu quero parabenizar a Sônia, o Marcelo Rabelo, a Tânia, que organizaram o evento lá, muito bem organizado. Foi o dia inteiro, terminou à noite. E também quero parabenizar, pela acolhida que nós tivemos, outro grupo lá da Europa, que tem também nos Estados Unidos, que não organizou esse evento, mas organiza outros, que é a turma do Yes Brazil. Nós tivemos lá a Beth, que é de Genebra, o Douglas, que é lá da Espanha, a Laísa, que é de Roma, a Sirlei, de Paris, e também o Phillip, que é lá de Zurique. Então, um abraço pelos momentos que nós vivemos juntos lá, e aos Deputados, a todo mundo com quem a gente pôde confraternizar nesse momento e aprender um pouco.

    Presidente, eu não poderia deixar, no minuto que me falta, de falar da Débora, que eu toquei no assunto aqui. Saiu uma pesquisa agora que diz o seguinte: 70% dos brasileiros consideram injusta a pena de 14 anos de prisão imposta pelo STF à Débora do Batom – 70% dos brasileiros. Só não vê quem não quer, é uma comoção. Eu te digo que o ódio, às vezes, cega pessoas que estão detentoras momentaneamente do poder. O poder passa, nós passamos, mas a história vai mostrar essa tortura que está acontecendo aqui no Brasil, e 70% dos brasileiros já perceberam isso. Isso furou a bolha, como também algo dito pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Sr. Luís Roberto Barroso, ontem, domingo. Olha, cheio de sinais o que aconteceu nessa semana... Inclusive também a ex-primeira dama lá do Peru, condenada por corrupção, a quem o Governo brasileiro, o Lula, mandou um jato da FAB, com o nosso dinheiro – meu, seu, e não é barato isso – ir buscar, como se a gente fosse Uber de corrupto, como se a gente fosse refúgio de quem não tem ética. Nós não vamos deixar o Brasil inverter os valores nessa proporção. Nós vamos estar aqui nesta tribuna, água mole em pedra dura tanto bate até que fura, porque, de um grande mal que nós estamos vendo no Brasil – que não perdura para sempre, a gente sabe – está acontecendo um grande bem, que é a união desses brasileiros não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro, se juntando, gente que é injustiçada, gente que está percebendo isso, estão se juntando e vão dar grandes alegrias para esta nação, sem vingança, sem revanche, com amor no coração.

    E eu quero encerrar, Sr. Presidente, com a música Monte Castelo – o Monte Castelo, que foi uma dessas batalhas da Segunda Guerra, em que o Brasil teve uma participação decisiva, lá na Itália, o Brasil ficou ali restrito à Itália –, uma música do Renato Russo, acabou de fazer 65 anos Brasília, e ele viveu grande parte do tempo aqui em Brasília, apesar de ter nascido no Rio de Janeiro. A banda Legião Urbana tem uma música que eu gosto muito, que é Monte Castelo, que diz "É só o amor, é só o amor. Que conhece o que é verdade". É uma música linda, feita com uma passagem bíblica de Paulo. Ela é um estímulo neste momento. Não é com vingança, não é com revanche, não é usando as armas que usa contra nós esse regime instituído hoje no Brasil, Lula e alguns Ministros do STF, com essa ditadura, que a gente tem que fazer da mesma forma deles. Não, a nossa é o amor, e é o amor que liberta, é o perdão que liberta! E a gente vê o Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal dizer numa entrevista a um dos principais veículos de comunicação do Brasil: "A anistia é perdão, e o que aconteceu no 8 de janeiro é imperdoável".

    Agora, o interessante é que ele foi, na comitiva com o Lula, na comitiva com outros Deputados, Senadores, na comitiva com o Presidente desta Casa e o Presidente da Câmara, a um evento de despedida de um Papa que pregou o perdão, que pregou muito o perdão! E aí, o Ministro Barroso vai e não lembra que no Brasil tem presos políticos, a partir do desrespeito do STF às leis desta nação, no espírito de vingança em que está baseado o Brasil hoje. Porém, não é com essa vingança, não é com retaliação... Muito pelo contrário; nós temos que orar por essas autoridades. Nós brasileiros cristãos precisamos orar por esses algozes, para que eles tenham percepção do que estão plantando, porque a lei da semeadura é inexorável, é a lei da natureza: a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória; tudo o que você planta você vai colher – e eu sou espírita, Sr. Presidente – nesta vida ou na próxima.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Nós temos a oportunidade de nos reconciliar, e não podemos perdê-la, com quem quer que seja: com um familiar nosso, com alguém do trabalho, com os nossos irmãos e irmãs. Reconciliar, pacificar. É isso que o Brasil faz, mas o exemplo precisa vir de cima, e ainda não veio.

    Então, Sr. Ministro...

    Se o senhor me der mais um minuto, eu prometo encerrar.

    Sr. Ministro Barroso, imperdoável é o senhor ser um Ministro do Supremo Tribunal Federal escancaradamente político, militante, ideológico. O senhor pratica o ativismo. O senhor falou: "Nós derrotamos o bolsonarismo". Nós quem, cara pálida? O senhor entregou para o mundo e fez o Brasil passar vergonha, depois, com falácias – hoje mesmo o Estadão mostra.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Falácias. Melhor ficar calado, porque o senhor falou, e está gravado. É aquela história: o print é eterno.

    O senhor votou a favor da droga, da maconha, do porte. O senhor não podia ter votado, o senhor é suspeito. Deveria ter-se declarado impedido porque o senhor fez palestra para o bilionário George Soros, da Open Society, defendendo em 2004 a legalização. Não podia; é conflito de interesse. Eu pedi o impeachment do senhor, eu e outros Senadores, e um dos motivos foi esse. O senhor tem que se declarar, tem o dever moral de se declarar impedido de votar a anistia. De votar, não, porque a votação é nossa – é constitucional, é do Congresso –, mas o senhor não pode absolutamente julgar ninguém pelo dia 8 de janeiro porque o senhor é parcial. O senhor já demonstrou em várias entrevistas que só deveria falar no alto, mas não.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Deus abençoe....


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/04/2025 - Página 27