Discurso durante a 51ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o Dia do Físico.

Apelo por mais investimentos na educação básica, considerada fundamental para o desenvolvimento científico do país.

Críticas ao contingenciamento dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Autor
Izalci Lucas (PL - Partido Liberal/DF)
Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Homenagem, Pesquisa Científica:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o Dia do Físico.
Educação Básica:
  • Apelo por mais investimentos na educação básica, considerada fundamental para o desenvolvimento científico do país.
Fundos Públicos, Pesquisa Científica:
  • Críticas ao contingenciamento dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Publicação
Publicação no DSF de 27/05/2025 - Página 12
Assuntos
Honorífico > Homenagem
Economia e Desenvolvimento > Ciência, Tecnologia e Informática > Pesquisa Científica
Política Social > Educação > Educação Básica
Economia e Desenvolvimento > Finanças Públicas > Fundos Públicos
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, CELEBRAÇÃO, Dia Nacional do Físico, FISICA.
  • DEFESA, INVESTIMENTO, RECURSOS FINANCEIROS, EDUCAÇÃO BASICA, EDUCAÇÃO INFANTIL.
  • CRITICA, CONTINGENCIAMENTO, FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO E TECNOLOGICO (FNDCT).

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF. Para discursar.) – Bom dia.

    Quero cumprimentar aqui o nosso Presidente, nosso grande amigo e grande Senador Astronauta Marcos Pontes. Eu o cumprimento e, ao mesmo tempo, o parabenizo pela iniciativa desta sessão solene. Quero cumprimentar também aqui o nosso representante do Comando da Aeronáutica, nosso Tenente-Brigadeiro do Ar Vincent Dang; o nosso Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear da Marinha, Almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria; também o Presidente do CNPq, Ricardo Magnus Osório Galvão; representando aqui a Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência e Tecnologia, Débora Peres Menezes; e o Presidente da Sociedade Brasileira de Física, Rodrigo Capaz. Quero cumprimentar todos os físicos aqui, todos os convidados.

    Eu não poderia também deixar de parabenizar aqui meu professor de física do ensino médio, Aloísio Otávio Pacheco de Brito, que é um grande amigo – e, só de saber o nome dele, a gente já sabe a importância que ele foi para mim no ensino médio –; e a minha amiga também, Amábile Pacios, que foi Diretora do Marista, que também é física e tem uma grande defesa da educação.

    O problema da física hoje não é nem nas universidades, no ensino superior. O grande problema do Brasil hoje é a educação infantil, que é a base da educação, na qual as nossas crianças já não são mais alfabetizadas na idade certa. O Brasil constrói a casa começando pelo telhado, não é? Quem tem recurso, que é a União, cuida do ensino superior; depois quem tem um pouco menos, que é o Governo Federal, o Governo estadual, cuida do ensino médio; e quem está quebrado, que são as prefeituras, cuida da educação infantil. Daí é que a gente hoje tem sérias dificuldades com os nossos alunos: 70% dos alunos do ensino médio saem do ensino médio sem saber matemática; 60% sem saber português.

    A gente está vendo – eu sou da área de educação – as universidades fechando os cursos de engenharia porque não tem aluno mais não só pelo preço, mas em função de não saber matemática. As pessoas têm dificuldade de acompanhar o curso de engenharia. Então, a gente precisa fazer uma revolução realmente na educação.

    Eu tive o privilégio, por duas vezes, de ser Secretário de Ciência e Tecnologia, em 2004 e 2007, antes ainda de entrar aqui no Congresso Nacional. E foi uma decepção muito grande, não é? A gente que veio da iniciativa privada, quando chegou à área pública, tudo que a gente queria fazer não podia. A universidade não podia falar com o mercado, o pesquisador não podia participar do projeto, não podia participar das patentes. Então, nós resolvemos vir para cá, para o Congresso, para mudar essas leis.

    Hoje nós estamos aqui praticamente com 100% da bancada, eu e Marcos Pontes somos 100% da bancada de ciência, tecnologia, inovação e pesquisa. E a gente não faz isso com discurso; a gente faz isso com recurso. Lamentavelmente, por mais que isso seja óbvio e todos reconheçam – e eu aprendi aqui que sabedoria é reconhecer o óbvio –, a gente, por mais que saiba o óbvio, não tem realmente feito o dever de casa.

    Como disse aqui o Senador Marcos Pontes, a gente precisa fazer mais audiências na Comissão Mista de Orçamento, a gente precisa popularizar a ciência. Ninguém sabe para que serve a ciência, o que é a ciência. Esses jovens não têm a mínima noção, porque, nas escolas, não tem mais laboratório de ciência, não tem internet, não tem esporte, não tem cultura. Cara, e aí o que fazem para melhorar isso? "Vamos aprovar o Pé-de-Meia, R$200 para cada um." Vai resolver o quê na educação? Nada.

(Soa a campainha.)

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - DF) – Então, a gente precisa realmente fazer uma revolução nessa área.

    E eu quero, Senador Marcos Pontes, dizer aqui para vocês que são líderes deste país que quem não gosta de política vai ser governado por quem gosta. E é o que está acontecendo neste país: as pessoas de bem se afastam, e o Brasil é comandado por pessoas que têm outros interesses. É por isso que nós estamos aí patinando e vamos continuar patinando, porque a gente não investe em ciência, tecnologia, inovação e educação.

    Então, é um momento de comemorar o Dia do Físico, parabenizar a todos, mas é incrível como o Brasil não reconhece e não investe nessa área. É uma luta muito grande. Quando a gente tem a lei, não tem recurso; aí depois contingencia os recursos... Quantos anos passaram aqui, o Senador Marcos Pontes como Ministro... E antes disso, ficamos 15, 20 anos contingenciando quase 100% do FNDCT, que é o nosso Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Conseguimos aprovar com muita dificuldade a proibição do contingenciamento, mas continuam usando artifícios para não investir. Eu fico imaginando aqui o CNPq, a Capes, que não tem recurso para pagar a bolsa, R$2,5 mil uma bolsa, dedicação exclusiva. Cara, é brincadeira, não é? E olha que nós somos modelo: em 1960, no agronegócio, nós fizemos uma revolução, e a Embrapa hoje é reconhecida mundialmente. E parece que nos esquecemos do dever de casa. Hoje os países estão fazendo isso, coisa que nós fizemos nos anos 60, e a gente não faz mais.

    Então, é só um alerta, uma reflexão aqui que a gente tem que fazer nesse dia, porque vocês realmente são líderes deste país. Senador, parabéns pela iniciativa. Parabéns a todos os físicos e vida longa. Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/05/2025 - Página 12