Fala da Presidência durante a 56ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Abertura de sessão de premiação e condecorações destinada à entrega do Prêmio Adoção Tardia - Gesto Redobrado de Cidadania.

Autor
Fabiano Contarato (PT - Partido dos Trabalhadores/ES)
Nome completo: Fabiano Contarato
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
Crianças e Adolescentes, Homenagem:
  • Abertura de sessão de premiação e condecorações destinada à entrega do Prêmio Adoção Tardia - Gesto Redobrado de Cidadania.
Publicação
Publicação no DSF de 30/05/2025 - Página 36
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Crianças e Adolescentes
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO DE PREMIAÇÕES E CONDECORAÇÕES, ENTREGA, PREMIO, ADOÇÃO TARDIA.
  • REGISTRO, DADOS, CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ), DISPONIBILIDADE, CRIANÇA, ADOÇÃO, COMENTARIO, DESIGUALDADE REGIONAL, CONCENTRAÇÃO, REGIÃO SUDESTE, REGIÃO SUL.

    O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES. Fala da Presidência.) – Declaro aberta a sessão.

    Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.

    A presente sessão de premiações e condecorações destina-se à entrega do Prêmio Adoção Tardia - Gesto Redobrado de Cidadania.

    Compõem a mesa desta sessão o meu querido Senador do Estado da Bahia Angelo Coronel – para mim, é sempre uma alegria partilhar esta legislatura e estar nela com V. Exa.; a Deputada Soraya Santos – bem-vinda a esta Casa –; o Desembargador Salomão Resedá, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, corte que foi agraciada com o Prêmio Adoção Tardia, em 2024; a Sra. Eleusa Coronel, cofundadora do Instituto Assembleia de Carinho, na Bahia, esposa do Senador; e a Sra. Tanísia Cunha, Presidente do Instituto Assembleia de Carinho.

    Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional, que será executado pela Banda de Música da Base Aérea de Brasília, regida pelo Capitão músico Paulo César Ramos Rezende.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.) (Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Fabiano Contarato. Bloco Parlamentar Pelo Brasil/PT - ES. Para discursar - Presidente.) – Minhas amigas, meus amigos, corações presentes nesta Casa, há momentos em que o protocolo cede espaço à emoção pura, e hoje é um desses dias. Estamos aqui, no Senado Federal, não apenas para cumprir um rito, mas também para mergulhar juntos na profundidade de uma causa que redefine o significado de família, de esperança, que é a adoção tardia.

    Permitam-me perguntar: o que é o tempo para uma criança que espera? Cada edição deste prêmio é um farol que ilumina essas esperas, celebrando o milagre do encontro, a coragem de corações que se abrem para reescrever destinos, provando que o amor não conhece calendários, apenas a urgência de ser.

    O Prêmio Adoção Tardia – Gesto Redobrado de Cidadania é o nosso humilde tributo a almas extraordinárias, pessoas e instituições que não apenas enxergam, mas também sentem a dor silenciosa da espera e respondem com o mais transformador dos gestos: o de acolher, com amor, filhos e filhas que já trazem na bagagem a vivência de anos, por vezes, de uma solidão que nenhuma criança deveria conhecer.

    Vivemos em um Brasil de contrastes dolorosos, onde a beleza da nossa diversidade convive com a cicatriz da desigualdade. E, quando essa desigualdade lança sua sombra sobre a infância, o impacto é devastador, roubando sonhos, adiando futuros.

    Os dados do Conselho Nacional de Justiça de outubro de 2024 não são meros números, são o eco de vidas em suspenso. Enquanto 4.935 crianças e adolescentes aguardavam, com o coração na mão, por uma família, mais de 94% dos 35.622 pretendentes habilitados manifestavam preferência por crianças com até oito anos. Especificamente, 32% dos pretendentes desejavam adotar crianças de dois a quatro anos. No entanto, a maioria das crianças à espera de uma família tem mais de sete anos. Essa não é apenas uma estatística, é o retrato de um desencontro que precisa ser sanado com urgência e com amor. E a concentração de pretendentes no Sudeste e Sul apenas aprofunda as feridas regionais dessa espera.

    Senhoras e senhores, essa defasagem não é apenas um descompasso. É um grito silente que ecoa nos corações das instituições, é o abismo entre o desejo de amar e a realidade daqueles que mais desesperadamente precisam desse amor.

    A adoção tardia, portanto, é muito mais que uma escolha. É um ato revolucionário de amor, de justiça, de redenção. É dizer a uma criança e a um adolescente: "Eu vejo você. O tempo não te diminuiu, ele te preparou para este encontro. Seu lugar estava aqui, guardado, e agora ele é seu, para sempre". É resgatar a dignidade, é reacender a luz da esperança.

    Saímos de uma pandemia que nos lembrou, da forma mais dura, da nossa fragilidade e da nossa interdependência. Famílias foram dilaceradas, a vulnerabilidade se tornou palpável. Nesses momentos, a solidariedade deixa de ser uma opção para se tornar o ar que respiramos, o alimento da nossa alma coletiva. Promover a adoção tardia é cultivar essa solidariedade em seu estado mais puro, é recusar-se a aceitar que uma infância se perca na invisibilidade.

    Sabemos, e celebramos, que o Brasil tem caminhado, ainda que com passos que gostaríamos que fossem mais largos, rumo a uma cultura de acolhimento. Há mais luz sobre o tema, mais debate, mais corações se movendo, mas as sombras do desconhecimento, do receio infundado, da falta de amparo, do preconceito ainda são barreiras dolorosas para muitos.

    Por isso, este prêmio é mais que uma cerimônia. É um farol potente, um grito de esperança que ecoa desta Casa para todo o Brasil. É o Senado Federal, com toda a sua voz, declarando o valor incomensurável daqueles que amam com a coragem de quem enfrenta o desconhecido por uma causa maior.

    Cada um dos agraciados carrega a chama da sensibilidade que não se cala diante do abandono, mas que age, que transforma, que cura.

    Que este prêmio seja, a cada ano, uma convocação apaixonada que inflama nossos corações. Que ele inspire políticas públicas que pulsem com a urgência da vida, famílias que se abram sem medo para o milagre da adoção tardia, e uma sociedade que finalmente entenda que nenhuma criança é tardia demais para ser amada.

    Porque adotar é permitir que o amor floresça em sua forma mais sublime, mais corajosa, mais transformadora. É amar em dobro, é reescrever a história com as tintas da esperança.

    Com o coração transbordando, muito obrigado. (Palmas.)

    Neste momento, concedo a palavra ao Senador Angelo Coronel. (Pausa.)

    Quero aqui registrar, querido Senador, antes do seu pronunciamento, a presença dos alunos do ensino médio da Escola Comunitária de Campinas, em São Paulo. Bem-vindos ao Senado Federal! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/05/2025 - Página 36