Discurso durante a 54ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade do asfaltamento da BR-319 para a Zona Franca de Manaus-AM e críticas à posição da Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Infraestrutura, Meio Ambiente:
  • Necessidade do asfaltamento da BR-319 para a Zona Franca de Manaus-AM e críticas à posição da Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Publicação
Publicação no DSF de 28/05/2025 - Página 46
Assuntos
Infraestrutura
Meio Ambiente
Indexação
  • CRITICA, MARINA SILVA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA, OPOSIÇÃO, OBRA PUBLICA, INFRAESTRUTURA, ASFALTAMENTO, RODOVIA, ESTADO DO AMAZONAS (AM).

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente Confúcio, Senadoras, Senadores, Presidente Rodrigo Pacheco, seja bem-vindo.

    Eu fui, por quatro anos, Girão, Ouvidor-Geral do Senado, exatamente os dois mandatos do Rodrigo. Seja bem-vindo, irmão, conte com a nossa Bancada do Amazonas também para ajudar Minas.

    Hoje eu perdi uma oportunidade e vou pedir a paciência dos senhores e das senhoras porque eu vou falar disso aqui. A Ministra Marina Silva esteve na Comissão de Infraestrutura e, quando chegou a minha hora de falar, houve algum problema, ela se retirou e eu não pude questioná-la do que eu iria falar, porque na CPI das ONGs, Rodrigo, a Ministra falou textualmente: "Eu não vou permitir que se construa uma estrada para passear de carro". Era sobre a 319, que não era para passear, só para passear, isso era um direito, e que não era viável economicamente.

    Hoje eu iria saber, eu iria passar uns dados sobre a Zona Franca e iria perguntar a ela se manteria essa afirmação ou mudaria de opinião, quem sabe, mas, infelizmente, quando chegou a minha vez, ela já estava muito nervosa e acabou se retirando.

    Ano passado, Girão, Rodrigo, a Suframa controlou a entrada de R$127,569 bilhões em mercadorias incentivadas, que é o papel da Zona Franca. Desse montante, R$86 bilhões, arredondando um pouquinho – estou falando de bilhões –, são de mercadorias importadas, principalmente da Ásia. Vêm em navios cargueiros, não tem nada a ver com estrada. Mas R$42 bilhões, R$41,902 bilhões, são de mercadorias nacionais, ou seja, compradas no Brasil. Estamos falando de R$42 bilhões, que muito bem poderiam utilizar esse modal rodoviário, acessando a 319, mas não é possível isso. Nós não temos isso, não trafega.

    Então, eu queria mostrar esses dados para mostrar para a Ministra que não é só para passear, que é um direito nosso, meu, seu, dela, o direito de passear, de ir e vir, nós somos brasileiros. Os preceitos fundamentais da Constituição asseguram direitos iguais: estrada, educação, saúde. Não estamos sendo respeitados nisso. Infelizmente, não pude mostrar.

    Então, eu queria falar para vocês, brasileiros, que a nossa rodovia, por isso a gente aqui bate todos os dias, é uma importante alternativa logística para a Zona Franca também, mas nós estamos falando do que chega ao Amazonas – medicamento, alimentação, outras mercadorias – e do que sai do Amazonas. E, ao longo da estrada, no que pese não ter asfalto no meião, tem moradores que precisam de saúde, precisam de escola, de posto médico, precisam trafegar, por isso que a gente bate nessa tecla.

    Daí eu pedir sempre paciência de quem está ouvindo em casa e lamentar que eu não pudesse hoje mostrar esses dados para a Ministra Marina da Silva. Vou lamentar que ela tenha saído. Não sei qual vai ser o comentário amanhã. Da outra vez, me lacraram como machista, e eu não a ofendi, não teve nada, porque é um direito da gente: é um dever respeitar as mulheres e um direito não concordar com a função.

    Quantos milhares de pessoas em Manaus acham que eu sou um péssimo, Senador? Milhares, caçamba! Então, não tem problema nenhum quanto a isso. E eu achar que uma Ministra não merece o meu respeito não tem nada de mais nisso; é a função que não merece. Infelizmente, outro problema teve, e essa reunião aconteceu.

    Nós precisamos, sim, dessa estrada. Na covid – na covid – morreram acho que mais de 100 mil pessoas... estou exagerando, mas foram milhares, milhares e milhares. A gente via as pessoas morrendo por falta de oxigênio e via os vídeos e as fotos de caminhões transportando oxigênio atolados na BR-319.

    Agora – está na cheia – ela funciona, atolando. Vai vir a seca, vai vir a seca – nós chamamos de seca lá quando é estiagem –, os rios não serão mais navegáveis, eles vão ficar isolados, e a gente não tem essa estrada.

    Por isso, eu queria dizer aos brasileiros e brasileiras sobre essa narrativa, meu bom Presidente Confúcio, de que não dá para asfaltar porque vai degradar o meio ambiente. Ora, nós temos mais de 20, Rodrigo, unidades de conservação com área de proteção ambiental, com reservas indígenas – mais de 20! Ou seja, já está blindado, já está blindado quando a gente fala do entorno, porque no trajeto eu continuo dizendo: se derrubar uma só árvore eu deixo de ser Senador porque eu estaria aqui mentindo, e é o que eu não faço.

    A gente precisa, brasileiro, a gente precisa, imagine só... e foi dito pelo Ministro Renan Filho – eu estou usando, Ministro, permita-me, eu vou usurpar essa fala –: Manaus é a única capital no planeta com mais de 2 milhões de habitantes que não é ligada por asfalto a outra cidade, a outra capital – no planeta! Dito pelo Ministro Renan Filho, de quem eu usurpei essa frase, e vou citar esse dado também. Imagine só 2,2 mil pessoas, só de Manaus, isoladas. Eu não posso chegar até vocês pela estrada, tem que ser por ar ou água, o que torna muito caro.

    Portanto, estou aqui mais, Presidente Confúcio, lamentando a falta de oportunidade e registrando, Girão, nos Anais que a gente busca, a gente quer paz. A gente quer os mesmos direitos que os brasileiros têm, que são assegurados na Constituição.

    Por que se permite – e nada contra o Pará, pelo amor de Deus, irmãos e irmãs paraenses, moram mais 300 mil em Manaus –, por que lá se pode destruir uma floresta de 13km, derrubar para fazer pista para que os donos de jatos possam na COP 30 trafegar da sede para os seus hotéis? São 13km de floresta virgem. Ninguém diz nada! Por que só a gente? Por que só nós, amazonenses, e a gente... uma das funções é essa aqui: protestar.

    Então, amanhã, eu não sei o que vocês vão ler e ouvir na televisão. Da outra vez foram verdadeiros absurdos. Dessa, eu não sei o que direi. Eu só separei a mulher da Ministra. Mulheres respeitadas sempre, sempre! É um dever nosso respeitar as mulheres, e quem está falando aqui é quem é avô de seis netas. Agora, Ministro, Governador, Senador, eu posso respeitar ou não. E a Ministra do Meio Ambiente eu não tenho como respeitar, porque ela desrespeita a gente o tempo inteiro, não permitindo que nós nos tornemos brasileiros de fato e de direito, com o asfaltamento da BR–319.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/05/2025 - Página 46