Pronunciamento de Confúcio Moura em 24/06/2025
Discurso durante a 68ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários sobre a matéria publicada no jornal Valor Econômico “Coisas que acontecem num certo país infeliz”. Destaque para os avanços atuais do país, como controle da inflação e queda do desemprego, e ponderação sobre a necessidade de priorização da educação.
- Autor
- Confúcio Moura (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
- Nome completo: Confúcio Aires Moura
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Atuação do Congresso Nacional,
Atuação do Judiciário,
Economia e Desenvolvimento,
Educação,
Governo Federal,
Trabalho e Emprego:
- Comentários sobre a matéria publicada no jornal Valor Econômico “Coisas que acontecem num certo país infeliz”. Destaque para os avanços atuais do país, como controle da inflação e queda do desemprego, e ponderação sobre a necessidade de priorização da educação.
- Publicação
- Publicação no DSF de 25/06/2025 - Página 19
- Assuntos
- Outros > Atuação do Estado > Atuação do Congresso Nacional
- Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
- Economia e Desenvolvimento
- Política Social > Educação
- Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
- Política Social > Trabalho e Emprego
- Indexação
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- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, VALOR ECONOMICO, CRISE, BRASIL, REGISTRO, DEMOCRACIA, GUERRA, MIDIA SOCIAL, AUMENTO, DISCURSO DE ODIO, NOTICIA FALSA, AMBITO INTERNACIONAL, OBSERVAÇÃO, ATAQUE, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, EXPOSIÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), REDUÇÃO, DESEMPREGO, CONTROLE, INFLAÇÃO, DEFESA, EDUCAÇÃO, SOLUÇÃO.
O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Para discursar.) – Perfeitamente. Perfeito.
Sr. Presidente, Senadores e Senadoras, presentes e ausentes, eu recebi há poucos dias um texto do jornalista Pedro Cafardo, publicado no jornal Valor Econômico, intitulado "Coisas que acontecem num certo país infeliz" – eu vou repetir o título do artigo do Pedro Cafardo: "Coisas que acontecem num certo país infeliz". Não é uma crítica a um governo específico, não é uma disputa partidária. É um golpe no coração, um retrato de um país que parece ter perdido a capacidade de sonhar, de planejar e de construir um futuro melhor, preso em rotinas de frustração, desconfiança e desesperança.
Vivemos em um país que alterna surtos de otimismo e longos períodos de frustração. O brasileiro acorda, trabalha, luta, mas carrega no peito a amarga sensação de que o país não vai para a frente, de que as coisas boas duram pouco, de que estamos sempre à beira de um novo retrocesso, as chamadas décadas perdidas. A crise não é só econômica; ela é moral, é institucional, é social e, acima de tudo, é uma crise de esperança, mas, Sr. Presidente, essa crise não é um fenômeno isolado, o mundo inteiro passa por um período sombrio.
Há apenas um século, as guerras eram travadas das trincheiras: homens sujos, soterrados, expostos à miséria para defender ideais e suas pátrias. Hoje, aprendemos, com horror, que as mesmas nações se enfrentam com mísseis teleguiados e drones que matam a quilômetros, muitas vezes, indistintamente, crianças e civis. São populações inteiras devastadas pelo poder remoto da tecnologia letal. A violência física foi digitalizada, automatizada, mas o sofrimento humano continua o mesmo, ou talvez até pior.
Enquanto isso, no campo da política global, a intolerância cresce. A democracia é atacada por dentro. As redes sociais, em vez de promoverem o diálogo, muitas vezes alimentam o ódio e a desinformação. Governos se tornam reféns de extremismos. As instituições internacionais, que foram símbolo da reconstrução, vacilam, estão enfraquecidas, lutam para manter sua autoridade e legitimidade, e o mundo, fragilizado, se fecha. A intolerância cresce como uma praga sem vacina.
Aqui no Brasil, o reflexo dessa instabilidade mundial se soma às nossas mazelas históricas: dois impeachments presidenciais em menos de 30 anos; uma polarização política que dilacera amizades, famílias e comunidades; um Supremo Tribunal Federal exposto, atacado e questionado; um Congresso que, por vezes, assume um protagonismo que desafia o equilíbrio constitucional; e uma sociedade civil exausta, que não sabe mais em quem confiar.
O brasileiro olha para Brasília e pergunta: quem está cuidando de nós? Quem está pensando no futuro? Quem está preocupado com as próximas gerações? Existe luz no fim do túnel? Sim, há luz. O PIB se recupera, o desemprego cai, a inflação se aproxima da meta, conseguimos eliminar a gripe aviária – uma vitória técnica e humana, com vigilância, coordenação e ciência –, mas isso não chega até quem mais precisa: o jovem de periferia, a família de renda baixa, o cidadão comum, que ainda vê o Brasil como um país bonito, mas distante.
E é aqui, senhoras e senhores, que entra a minha convicção mais profunda: o único caminho para rompermos o ciclo da desesperança é a educação de qualidade. Não existe outro. Não há milagre. Não haverá salvador da pátria. Não existe reconstrução sem um pacto educacional. Não será uma eleição que mudará o destino do Brasil se não houver um compromisso firme, contínuo e corajoso com a educação.
A educação é a arma mais poderosa que temos; educação de qualidade, da creche à pós-graduação; educação que forma cidadãos críticos, conscientes e éticos; educação que cria oportunidades e que devolve ao brasileiro a esperança de um futuro melhor. Ela pode colocar o Brasil em pé. Precisamos resgatar a capacidade do Brasil de formar suas crianças, seus jovens e até mesmo os adultos que foram esquecidos pelo sistema educacional.
Sr. Presidente, faço aqui um apelo aos meus colegas Senadores, aos Governadores, Prefeitos, ministros, Parlamentares de todas as esferas: chegou a hora de colocarmos a educação como prioridade nacional, não apenas no discurso, mas na prática, no orçamento, nas políticas públicas. A história cobrará de nós. As futuras gerações perguntarão o que fizemos quando o Brasil precisou de equilíbrio, de responsabilidade e de visão de futuro. O Brasil não pode continuar sendo o país da frustração crônica. Que sejamos, juntos, a geração que transformou o lamento em ação, a descrença em esperança, e a esperança em realidade!
Educação já! Educação sempre! Educação para todos!
Muito obrigado, Sr. Presidente.