Discurso durante a 68ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre as críticas recebidas por S. Exa. pelo apoio a projetos de iniciativa do Governo Federal.

Insatisfação com a possível retaliação política através da não liberação de emendas em prejuízo à população. Repúdio ao personalismo na política e à troca de favores como prática comum.

Autor
Cleitinho (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/MG)
Nome completo: Cleiton Gontijo de Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atividade Política, Governo Federal, Imposto de Renda (IR):
  • Considerações sobre as críticas recebidas por S. Exa. pelo apoio a projetos de iniciativa do Governo Federal.
Atividade Política, Execução Financeira e Orçamentária, Infraestrutura:
  • Insatisfação com a possível retaliação política através da não liberação de emendas em prejuízo à população. Repúdio ao personalismo na política e à troca de favores como prática comum.
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2025 - Página 21
Assuntos
Outros > Atividade Política
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Economia e Desenvolvimento > Tributos > Imposto de Renda (IR)
Orçamento Público > Orçamento Anual > Execução Financeira e Orçamentária
Infraestrutura
Indexação
  • DEFESA, INDEPENDENCIA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, APOIO, PROJETO, INICIATIVA, GOVERNO FEDERAL, REGISTRO, ENDOSSO, POLITICA, BENEFICIO, POPULAÇÃO, ISENÇÃO, IMPOSTO DE RENDA, COMENTARIO, FISCALIZAÇÃO, EXECUTIVO.
  • CRITICA, BLOQUEIO, TRATOR, ESTRADA, CIDADE, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), INDICAÇÃO, EMENDA INDIVIDUAL, PREJUIZO, PREFEITURA, POPULAÇÃO, ATIVIDADE RURAL, COMENTARIO, RODOVIA, BURITIS (MG), INTERRUPÇÃO, OBRAS, RESTRIÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS.

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG. Para discursar.) – Sr. Presidente, boa tarde. Boa tarde a todos os Senadores e Senadoras e à população que acompanha a gente pela TV Senado.

    Eu queria, de uma forma sempre respeitosa, fazer um desabafo aqui, porque eu vi algumas críticas sobre a questão de eu ter mantido o veto, porque o Presidente é o Lula. Eu sempre me posiciono aqui, porque alguns projetos que vêm a favor do povo, independentemente de quem seja o Presidente, eu vou sempre apoiar. Então, eu estou fazendo, de uma forma bem respeitosa, um desabafo aqui, porque eu sou empregado de todos: eu sou empregado de quem é de direita, eu sou empregado de quem é de esquerda, eu sou empregado de quem é de centro, eu sou empregado de quem não é nada – todos pagam o meu salário –, eu sou empregado de quem não gosta de mim. Eu tenho essa consciência, desde pequeno, de ser grato. Se eu estou aqui, eu devo primeiro a Deus; depois eu devo ao povo, ao povo mineiro que me colocou aqui e que paga o meu salário. Aí não é só o povo mineiro que paga o meu salário, não, é toda a população brasileira, quem gosta e quem não gosta.

    Então, independentemente de quem seja o Presidente – se estivesse o Bolsonaro como Presidente, se fosse o Ciro, se fosse a Simone, e hoje está o Lula, de quem eu não sou aliado e não serei aliado, mas sou aliado do povo –, tudo o que for a favor do povo eu vou defender e vou apoiar, tudo o que for a favor! Eu nunca... Meu pai sempre, eu quero deixar isso aqui bem claro: "Cleitinho, qual é a sua ideologia?". A minha ideologia são duas: primeiro, Jesus Cristo; segundo, José Maria de Azevedo, que é meu pai. Ele me ensinou, desde pequeno, o que é servir ao próximo, o que é ser caridoso, o que é ser generoso, sempre falou comigo, desde pequeno. Eu via o meu pai lá no varejão dizer: "A gente tem um varejão aqui, a gente tem que ajoelhar e agradecer a Deus por ter trabalho, a gente ter comida".

    Sabem o que meu pai fazia lá na Ceasa? Ele trazia um pouco a mais de mercadoria, uns dez sacos de batata a mais, umas dez caixas de tomate a mais, levava lá para a minha casa, para um salão que tinha lá na minha casa, e ele e a minha mãe, junto com a gente, separavam saco de verdura para poder doar para as pessoas. As pessoas iam lá para casa para a gente poder doar. Então, o meu pai sempre me ensinou a ser caridoso. O meu pai sempre me ensinou que a gente tem que cuidar de quem precisa.

    Então, independentemente de quem seja o Presidente da República hoje, eu vou cuidar de quem precisa. Graças a Deus que você que está vendo e está me criticando não precisa, mas tem pessoas aqui no Brasil que passam fome. Tem pessoas no Brasil aqui que não têm trabalho, que não têm emprego. Tem pessoas aqui que não tiveram a oportunidade que eu estou tendo de ser Senador da República, que tem um gabinete com estrutura para não sei quantos, mais de 20 assessores, que tem carro oficial aqui com a placa em que está escrito "Senado", que tem um salário de quase R$40 mil, que tem direito a um apartamento funcional maravilhoso que dá de mil em vários apartamentos privados, que tem direito a um monte de privilégio e regalia, que, quando entra aqui, tem direito, além de auxílio moradia, a auxílio mudança. Quando eu terminar o meu mandato, eu vou ter novamente. Olhe que privilégio que eu estou tendo! Como é que eu não vou cuidar de quem precisa, independentemente, se o Governo que está aí hoje é de esquerda, se o Governo que está aí hoje não é aliado meu – e não serei aliado, como eu falei –, eu sou aliado do povo?

    Então, Lula, tudo o que for a favor do povo traga, tudo o que for a favor! A isenção de Imposto de Renda para quem ganha R$5 mil eu apoio, claro que eu vou apoiar, claro que eu vou apoiar! Aqui a gente está debatendo poder dar aposentadoria para Deputado, está lá na Câmara. Aqui a gente está debatendo e vai votar amanhã aumento de Deputado. Como é que eu não vou apoiar o que é para o povo?

    Eu tenho consciência de classe, eu sei por que eu cheguei aqui. Porque eu tenho duas doutrinas na minha vida, duas ideologias independentemente de ideologia de esquerda e de direita: a minha ideologia se chama José Maria de Azevedo, meu pai; e a outra é Jesus Cristo, que ensinou a quem quisesse ser cristão a amar ao próximo como a si mesmo, a amar todo mundo, a respeitar todo mundo. Meu pai sempre falou comigo: "Não saia de casa para prejudicar ninguém. Saia só para ajudar. Se você não consegue ajudar, não atrapalhe. Já é meio caminho andado você fazer isso".

    Então, eu quero deixar bem claro aqui que não adianta vir apontar o dedo para mim, que não adianta vir falar: "Ah, se você for apoiar o negócio do Lula, eu não vou te apoiar mais". Eu não estou apoiando o Lula. O Lula é Presidente da República. Olha o palácio em que ele mora ali. Qualquer coisa que eu for fazer aqui não vai beneficiar o Lula, não, vai beneficiar o povo. E se estivesse o Bolsonaro aqui, quem critica estaria apoiando o Bolsonaro.

    Quando o Bolsonaro aumentou o Auxílio Brasil, agora Bolsa Família, todo mundo aqui que era apoiador do Bolsonaro apoiou o Bolsonaro. Quando o Bolsonaro veio com a medida para poder reduzir o imposto, para a questão do INSS, e da gasolina, para poder reduzir a gasolina, quem era apoiador do Bolsonaro apoiou o Bolsonaro. Então, se o Bolsonaro estivesse fazendo algo para o povo, a gente estava aqui apoiando.

    Uma coisa para a qual eu me ajoelho todo dia e peço a Deus é que Deus não me faça ser egoísta, hipócrita e demagogo. E ainda, às vezes, eu sou, porque eu sou pecador, eu erro. E vou errar ainda aqui. Mas, independentemente de ideologia, não contem comigo para, quando for a favor do povo, acharem que eu vou votar contra o povo. Quem me colocou aqui foi o povo. E até o ano que vem eu estarei aqui e o Lula também estará. Então, o que ele fizer aqui que for a favor do povo eu vou apoiar, mesmo que eu saiba que me prejudica.

    Só para vocês terem noção, eles foram lá no meu estado, há 15 dias, Girão, foram já fazer campanha para o candidato dele, o que eu respeito, porque é o direito, é a democracia, apesar de não ser eleição ainda, mas foram lá, falaram mal de mim, pegaram o microfone para falar mal de mim, foram lá entregar mais de 300 tratores. Sabe o que aconteceu? Eu vou mostrar para vocês como é que é a política, o que eu, se fosse um Presidente ou Governador, não teria coragem de fazer isso. Não é forma de fazer política, porque, quando você prejudica um Senador ou um Deputado, você não está prejudicando o Senador ou Deputado, você está prejudicando a cidade e o povo. Foram lá entregar 300!

    No ano passado, tinha uma tal de emenda de bancada aqui que a gente podia indicar, do Republicanos, e eu indiquei. O ministério pegou e barrou. Aí, o ministério pegou, há uns quatro meses, e ligou lá no gabinete: "Olha, aquela emenda não vai ter jeito, mas você pode indicar 11 tratores". Eu, de uma forma, dentro da honestidade, fui lá e indiquei para 11 cidades, 11 tratores. Tudo certo, tudo o.k.

    Aí, eles foram lá fazer aquela cena, há 15 dias, para entregar esses tratores, e um Prefeito pega e, com os Prefeitos que eu indiquei, começa a me ligar: "Olha, Cleitinho, mas a minha não está vindo. A minha não foi liberada". Vocês acreditam que com os 11? Eu só tinha direito a 11, hein! Senador lá tinha direito a 200; eu só tive direito a 11, e indiquei para os municípios. Sabe o que eles fizeram? Os 11 que eu indiquei foram bloqueados. Não entregaram. Eu tenho áudio de Prefeito aqui. Inclusive, eu mostrei o vídeo no Ceasa, onde eu fui ontem, para mostrar os tratores. Foram lá, fizeram o maior auê, e até agora não entregaram os tratores.

    Então, eu pedi ao Ministro, ao próprio Presidente Lula para pegar agora os 11 que estão parados aí, que eu não sei onde estão, se não compraram, se vão comprar, e colocar lá também para poder entregar, gente, porque eu não tenho estrada. Eu não tenho fazenda. Quem, no caso, precisa são as prefeituras. Quando vocês prejudicam um Senador como estão me prejudicando aqui, vocês não estão prejudicando o Senador, porque, como eu falei, eu não tenho nada disso, mas vocês estão prejudicando o povo.

    Sabe o que é o pior de tudo, Girão? É que, na maioria das vezes, eu nem gosto de ficar prestando conta de emenda, não, porque eu acho que emenda é do povo que volta para o povo. Eu acho uma chatice mandar fazer faixa: "Obrigado, Deputado", "Obrigado, Senador". Parece que saiu do meu bolso. É igual a quando você vai no caixa eletrônico tirar seu dinheiro. O dinheiro é seu, gente. Pare de agradecer a político por fazer obra! A obra é sua, você que pagou por isso. Então, eu nem gosto. Eu detesto. "Olha, eu vou fazer uma faixa para você, Cleitinho". Não faça, pelo amor de Deus! "Cleitinho para Prefeito. Eu vou te apoiar depois". Não venha com essa, porque eu já conheço como funciona. Vocês falam agora que apoiam para poder mandar emenda, mas depois vocês fazem igual ao que Pedro fez com Jesus Cristo: vocês não negam três vezes, não, vocês negam cinco ou mais vezes. Então, não venham com essa ladainha, não.

    Eu mando a emenda, porque eu tenho! Então, eu vou indicar com honestidade, com tudo certo, mas é uma nojeira ficar mandando fazer faixa, fazer isso, fazer aquilo. Só que eu acho que a gente tem que prestar conta, porque, como enraizou isso, Girão? Como se a única coisa que um Parlamentar pudesse fazer era mandar emenda, como se o único trabalho que o Parlamentar soubesse fazer é isso, e não é; para mim, o de menos é esse, porque quem tem que fazer isso é o Executivo, é o Governo que tem que fazer. Esse Orçamento é do Governo, e cabe a nós fiscalizar, mas ficam botando isso para nós. Aí eu vou ficar fazendo faixa falando o que eu entreguei?! Não, mas eu tenho que prestar conta, e é isso que estou fazendo aqui. As emendas que mandam entregar, vou lá e indico para as cidades.

    Então, pelo amor de Deus, não façam isso!

    Teve uma indicação de emenda que fiz para uma estrada, que está esperando o asfalto há 50 anos, nunca teve, nunca teve. É o seguinte para quem mora em terra: a época de agora, que não chove, é poeira; quando chove, é barro. Aí eu peguei e indiquei 7km ano passado, fizeram a metade, e, para fazer o restante, tem que pagar, e o Governo bloqueou. Aí eu faço uma pergunta para o Governo, que está fazendo isso comigo: você sabia que, lá em Buritis, que é essa região, a maioria lá votou foi em você, Presidente Lula? Então, querendo me prejudicar, vocês não estão me prejudicando; na verdade, vocês estão prejudicando as pessoas que moram lá. Eu moro...

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – ... em São Roque, lá tem pavimentação, tem asfalto. As pessoas que vão lá a Buritis, que vão e voltam, que têm que ir e voltar, é que estão sendo prejudicadas.

    Quando você faz isto – negar alguma coisa ou barrar alguma coisa de um Senador que é da oposição ou um Deputado –, você não está fazendo isso... Vamos mudar a política, gente! Ah, se um dia eu fosse Presidente ou Governador! Eu ia chegar e falar assim: "Oposição, venha cá. Tudo que for a favor... Pode me xingar lá no Plenário, pode falar, mas tudo que vocês trouxerem aqui que é bom para o povo, tragam que eu vou ajudar. A emenda do fulano, que está falando mal de mim, entrega". Sabem por quê? Você não paga o mal com o mal. Eu aprendi isto: eu pago o mal é com o bem. E a verdade é que a emenda não é do Deputado, não é do Presidente, não é do Governador; a emenda é de vocês, é do povo, a emenda é só de vocês.

    Eu queria só falar isso, Governo. Enquanto às vezes vocês pegam e ficam me atrapalhando, me prejudicando, quando vocês trazem projeto aqui que é bom para o povo, estou fazendo o contrário do que vocês estão fazendo, eu não estou prejudicando vocês, estou é defendendo, estou é ajudando.

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – É porque eu sei que não estou ajudando o Lula, não estou ajudando algum ministro; na verdade, estou ajudando é quem? É quem votou em mim, estou ajudando é quem precisa, quem necessita. Então, que fique claro isso, eu quero deixar isso bem claro.

    Estou finalizando, viu, Presidente?

    A minha maior ideologia, que vou seguir na minha vida aqui, foi de meu pai e de Jesus Cristo. Jesus Cristo me ensinou, na Bíblia, a praticar, e meu pai me ensinou: "Ajude as pessoas, a sua vida é boa demais, você tem trabalho, você tem saúde, dê um pouquinho para o povo também, não tem problema nenhum". Eu já fazia isso antes de ser político; eu nem sonhava ser político, e meu pai já me ensinava isso. Então, quando estou agora aqui, recebendo salário do povo, que me colocou aqui, pois foi o povo que me colocou e ainda paga meu salário, aí, quando for algo em benefício do povo, independente que seja Presidente o Lula, que eu não apoio, eu não vou apoiar e não vou ajudar?! Pelo contrário. Eu vou ajudar e vou defender. Para mim política é assim. E, principalmente, se existe um Estado, se existe representante do povo, é para ajudar realmente quem precisa. Graças a Deus...

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Se você não precisa, ajoelhe e agradeça a Deus, mas tenha empatia pelo próximo, porque tem muito cidadão brasileiro precisando do básico e nem o básico tem. E é por essas pessoas que estou aqui.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2025 - Página 21