Discurso durante a 69ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

Comemoração pelo resgate de 60 crianças vítimas de tráfico, pela Operação Olho de Dragão, no estado da Flórida, nos Estados Unidos.

Anúncio de que a CDH aprovou uma diligência ao Arquipélago do Marajó-PA para averiguar o desaparecimento de crianças, com destaque para o caso da menina Elisa, ocorrido em 2023.

Autor
Damares Alves (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/DF)
Nome completo: Damares Regina Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Calamidade Pública e Emergência Social:
  • Solidariedade às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
Crianças e Adolescentes, Direitos Humanos e Minorias:
  • Comemoração pelo resgate de 60 crianças vítimas de tráfico, pela Operação Olho de Dragão, no estado da Flórida, nos Estados Unidos.
Crianças e Adolescentes, Direitos Humanos e Minorias:
  • Anúncio de que a CDH aprovou uma diligência ao Arquipélago do Marajó-PA para averiguar o desaparecimento de crianças, com destaque para o caso da menina Elisa, ocorrido em 2023.
Publicação
Publicação no DSF de 26/06/2025 - Página 17
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Calamidade Pública e Emergência Social
Política Social > Proteção Social > Crianças e Adolescentes
Política Social > Proteção Social > Direitos Humanos e Minorias
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, VITIMA, INUNDAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • COMEMORAÇÃO, RESGATE, CRIANÇA, ADOLESCENTE, VITIMA, TRAFICO DE PESSOAS, ESTADO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • ANUNCIO, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS (CDH), DILIGENCIA, ILHA DE MARAJO, ESTADO DO PARA (PA), INVESTIGAÇÃO, DESAPARECIMENTO, CRIANÇA, DESTAQUE, HIPOTESE.

    A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Para discursar.) – Presidente, o senhor não fala assim não para uma mulher, "pelo tempo necessário", porque a gente usa o tempo necessário. Para nós, são duas horas, no mínimo.

    Presidente, obrigada. Boa tarde!

    Boa tarde, colegas! Boa tarde aos colegas que estão à distância, àqueles que não vieram para Brasília! Em Brasília está muito frio. Passamos muito frio esta madrugada, mas eu fico imaginando o Sul do país. E, por falar no Sul do país, Presidente, eu quero mandar um abraço a toda a população do Rio Grande do Sul, que, nos últimos dias, de novo, está passando por este momento difícil, e as expectativas parece que não são boas, porque agora junta a chuva com o frio, muitas famílias já estão desalojadas.

    Que Deus dê sabedoria a vocês, Senador Paim, ao Governador, às autoridades do estado, para vocês, novamente, enfrentarem essa crise, que vocês, Presidente, enfrentaram de forma tão brilhante! A gente tem que reconhecer como as autoridades do Rio Grande do Sul, inclusive os que estão aqui, os três, se envolveram para atender a todas as demandas daquela terrível calamidade. E agora vocês, de novo, são desafiados. O que nós podemos fazer é, neste momento, prestar solidariedade e, claro, Presidente, tudo o que for preciso aprovar nesta Casa para a gente começar a conter os danos. Em tudo o que for preciso, neste Congresso, e sei que o Senador Girão concorda comigo, em tudo o que for preciso, neste Congresso, de crédito suplementar, de apoio, de tudo, o senhor sabe que vai poder contar com os seus amigos, com a bancada do bem. Nessa hora, o Senado tem algo de diferente, o Senado é uma Casa extraordinária. Às vezes, as pessoas olham para cá e não veem o quão extraordinária é a convivência dos Senadores. Todos sofrem quando um sofre, todos estão do lado quando aquele precisa.

    Então, esta é uma Casa que, muitas vezes, tem me ensinado muito, inclusive, Girão, ensinando-me sobre o perdão. Como pastora, eu prego o perdão, mas foi no Senado que eu tive que, de fato, muitas vezes, colocá-lo em prática. Conviver com as diferenças, às vezes esquecendo as nossas brigas do passado, e nos perdoarmos para caminhar na direção de cuidar do nosso povo. É um exercício diário a convivência, mas é um exercício prazeroso, e o senhor sabe que vai poder contar muito com a gente. Um abraço a todas as famílias do Rio Grande do Sul.

    O que me traz à tribuna hoje, Presidente, é para celebrar aqui, na tribuna, o que nós celebramos hoje de manhã na Comissão de Direitos Humanos. O Brasil, nos últimos dias, recebeu muitas notícias tristes – muitas! Nós estamos com problemas de acidentes, nós tivemos a morte da menina ontem, a nossa turista que estava fora, nós estamos com tantas notícias tristes, o acidente de balão, mas eu queria trazer uma notícia que aquece o coração e que nos anima, Senador Girão. O Senador Paim estava na Comissão hoje e a gente celebrou juntos.

    Nos Estados Unidos, ontem, aconteceu uma operação policial que envolveu algumas agências e muitos agentes da área da segurança, a Operação Olho de Dragão. Essa operação, ontem, resgatou 60 crianças do tráfico e está sendo considerada, em todos os veículos de comunicação dos Estados Unidos e do mundo, a operação mais bem-sucedida da história dos Estados Unidos – e foi na Flórida, Senador Girão –, no momento em que nós, aqui também nesta Casa, estamos nos debruçando sobre esse assunto e debatendo o tráfico de pessoas.

    No ano passado, o Senador Paim, quando presidia a Comissão, fez um grande debate, que gerou vários requerimentos, como foi o caso das crianças do Tratado de Haia. Algumas mães, inclusive, falam que essas crianças, algumas, ficaram forçadas em seus países, o que, de uma certa forma, também configura um tráfico transnacional, um tráfico internacional. E, depois, na sequência, a gente foi apresentando requerimentos de audiências públicas – um pelo Senador Girão, outro pelo Senador Seif –, e a Comissão está discutindo o tráfico de pessoas aqui no Brasil. E trouxemos, em uma das audiências, o Tim Ballard, que é aquele agente de segurança cuja história deu origem ao filme Som da Liberdade. O que o Tim fez na Amazônia, o que o Tim fez aqui no continente... Ele buscou as crianças que estavam traficadas, são centenas de crianças que o trabalho do Tim alcançou. E ele veio a este Parlamento, veio a este Senado Federal, para contar a sua experiência.

    O filme Som da Liberdade já foi assistido por mais de cem milhões de pessoas no mundo. É um filme que... Para quem não assistiu, está em muitas plataformas, já saiu do cinema há algum tempo, mas, mesmo nas plataformas, ele continua ali, sendo muito buscado. Assistam. Não tem nenhuma imagem forte. O enredo é forte, a história é forte, mas é uma história também de sucesso, porque as crianças foram resgatadas.

    Então, os Estados Unidos estão há dois anos sob o efeito do filme Som da Liberdade. Há novas leis lá, novas leis aqui. E ontem os Estados Unidos resgataram 60 crianças na Flórida. Hoje de manhã nós comemoramos isso na Comissão de Direitos Humanos. O mundo está dizendo "não" ao tráfico de pessoas. São iniciativas em diversos países. E esse resgate ontem me trouxe esperança, Senador Paim, porque nós temos crianças para resgatar aqui no Brasil.

    Na Comissão de Segurança Pública, no ano passado, eu fui Relatora da política pública de busca de pessoas desaparecidas. E nós chegamos ao número, informado neste Parlamento, neste Senado, na Comissão de Segurança, de 101 mil pessoas desaparecidas no Brasil hoje – isso em um cadastro, porque os cadastros não estão sendo unificados ainda. E, Presidente, mais da metade são crianças. Onde estão as nossas brasileirinhas? Onde estão os nossos brasileirinhos?

    A operação ontem tão bem-sucedida nos Estados Unidos me anima, me enche de esperança de que nós podemos encontrar as nossas crianças também, Girão. Nós podemos encontrar as que estão desaparecidas no Brasil. Os Estados Unidos estavam há tempos procurando essas 60 crianças, e numa única operação encontraram as 60. Nós podemos, quem sabe, Presidente, numa única operação no Brasil, encontrar 1 mil, 2 mil crianças. Por que não? É sonhar? Permitam-me sonhar! Permitam-me sonhar com as crianças do Brasil.

    Nesse sentido, eu quero comunicar ao Brasil que a Comissão de Direitos Humanos, com o voto do Senador Paim, o voto do Senador Girão, meus dois parceiros nessa luta, aprovou uma diligência ao Arquipélago do Marajó. E a Comissão de Direitos Humanos está embarcando para o Marajó, porque nós temos conhecimento – gente, isso não é lenda – de que muitas crianças são traficadas pelo território do Marajó. E eu tenho muito cuidado quando falo sobre isso. Não é o povo do Marajó que trafica, gente; são os rios, a região, a logística. O Brasil, infelizmente, é rota do tráfico de pessoas, e muitas saem por ali. Então, a Comissão está indo, Senador Girão. Nós vamos com um grupo de assessores, consultores do Senado, Polícia Legislativa para nos dar segurança, mas nós vamos, especificamente, atrás de uma menininha, que se chama Elisa. Eu já subi nesta tribuna diversas vezes para falar de Elisa, uma menininha que desapareceu em 2023. Ninguém a encontra. Um suspeito de tê-la sequestrado mais um outro morreram de forma misteriosa. E, agora, a mãe da menina... Não é nem na cidade, gente. Anajás é uma cidade pequena do arquipélago, mas a mãe mora na área rural. Da cidade a essa área são duas horas de voadeira – imagina...

(Soa a campainha.)

    A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) – Mas, de Belém para essa cidade, são quase 24 horas de barco. Então, para chegar a Anajás, nós vamos ter o apoio da FAB, e vamos falar com a mãe de Elisa. Sabe por que, Senador Paim? Porque está acontecendo uma coisa absurda.

    Eu estive com o Ministro da Justiça e quero agradecer ao Ministro a forma como ele me recebeu e a forma como o Secretário Nacional de Segurança Pública me recebeu também.

    Quem traficou a menina, Senador Girão, está voltando à comunidade; mostra a foto da menina viva, um vídeo, e fala o seguinte para a mãe, Senador Paim: "A menina está viva, mas a gente só devolve se vocês entregarem a criança que nós compramos". E batem na mãe. Então, a mãe já tem, depois do desaparecimento dela, dois ou três boletins de ocorrência.

    A polícia do Pará não conseguiu dar essa resposta, e nós solicitamos, Presidente Paim e Senador Girão, que o Ministro da Justiça federalizasse esse caso da menina Elisa.

    Então, o Ministério da Justiça está estudando a possibilidade de este ser um caso que venha para a área federal, para a esfera federal, com a Polícia Federal, a Secretaria Nacional de Segurança.

    E eu senti uma boa receptividade do Ministro, mas a Comissão de Direitos Humanos não quer esperar, a gente quer ir lá na comunidade onde a mãe mora. Vai ser arriscado? Vai. Poderemos sofrer protesto, perseguição, mas a Comissão decidiu que vai, e vão conosco também dois Deputados do estado, que são delegados, o Deputado Caveira e o Deputado Éder Mauro, vai um Deputado Estadual do estado, vai o Deputado Jordy, que estava na sua audiência pública.

    Nós vamos, mas nós vamos para abraçar a família. Nós vamos encontrar a menina amanhã? Não, Brasil, mas nós queremos mostrar para aquele povo que eles não estão sozinhos, que o Ministro da Justiça recebeu, com muita atenção, o pedido da família. Nós vamos para dar um abraço, para dar uma resposta, e, claro, mandar um recado para os traficantes, mandar um recado para aqueles que têm feito do tráfico de pessoas uma forma de ganhar dinheiro sujo.

    Inclusive, eu quero explicar para vocês: já é o segundo maior ilícito do mundo.

    Alguns traficantes de droga descobriram, Senador Girão, que uma porção de cocaína se usa uma vez. É caro, dá dinheiro, estão ficando bilionários – por enquanto, tá, crime organizado? Vai ter uma CPI nesta Casa aqui, crime organizado? Se prepare! Mas agora descobriram que uma criança vale mais que uma porção de cocaína, porque uma porção de cocaína se usa uma única vez e acabou, mas uma criança pode ser usada de 10 a 15 vezes por dia, ela pode ser vendida de dez a... Quando eu ouvi essa frase a primeira vez, pelo Tim, essa frase me chocou. Minha assessoria disse o seguinte: "Não fale sobre isso! Você está dando ideia para o traficante". Mas é a realidade: o pó, a droga é consumida, e uma criança pode ser consumida inúmeras vezes.

    Mas o Brasil está se levantando, e eu quero agradecer aos meus colegas desta Casa pela sensibilidade com este tema: ao senhor, Senador Paim, que deu início a todo esse debate lá atrás e me motivou, o senhor, que tem uma sensibilidade muito grande; a você, Girão, fazendo as audiências públicas.

    Estamos indo para o Marajó e nós vamos buscar a menina Elisa. Nós vamos atrás dessa menina, Governo Federal, Senado, todo mundo junto, porque, se a gente encontrar a Elisa – eu posso estar sonhando – é possível que a gente encontre outras, e, quem sabe, a maior operação do mundo não vai ser na Flórida, vai ser no Brasil e nós vamos encontrar nossas crianças.

    Era esse o meu recado, Presidente Paim.

    Que Deus abençoe o Brasil, que Deus abençoe esta Casa que, daqui a pouco, vai deliberar sobre uma matéria extremamente delicada! Não é hora de a gente aumentar despesas. Não é hora. É hora de a gente dar soluções. Daqui a pouco a gente vai votar essa matéria delicada do número de Deputados. Eu estou muito apreensiva, mas nós estaremos aqui daqui a pouco, na sessão deliberativa.

    E obrigada, Presidente. Que Deus abençoe o Brasil!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/06/2025 - Página 17