Pronunciamento de Nelsinho Trad em 15/07/2025
Pela Liderança durante a 81ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Destaque para os encaminhamentos feitos pela CRE, sob a presidência de S.Exa., em reunião extraordinária, em virtude das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros a partir de agosto. Defesa da necessidade de aprovação do Requerimento nº 556/2025 ,que cria comissão temporária externa para manter interlocução “in loco” com parlamentares norte-americanos em Washington, sobre as relações econômicas bilaterais. Preocupação com a insegurança dos produtores brasileiros por conta da taxação.
- Autor
- Nelsinho Trad (PSD - Partido Social Democrático/MS)
- Nome completo: Nelson Trad Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
-
Assuntos Internacionais,
Comércio:
- Destaque para os encaminhamentos feitos pela CRE, sob a presidência de S.Exa., em reunião extraordinária, em virtude das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros a partir de agosto. Defesa da necessidade de aprovação do Requerimento nº 556/2025 ,que cria comissão temporária externa para manter interlocução “in loco” com parlamentares norte-americanos em Washington, sobre as relações econômicas bilaterais. Preocupação com a insegurança dos produtores brasileiros por conta da taxação.
- Aparteantes
- Eduardo Girão, Jaime Bagattoli.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/07/2025 - Página 44
- Assuntos
- Outros > Assuntos Internacionais
- Economia e Desenvolvimento > Indústria, Comércio e Serviços > Comércio
- Matérias referenciadas
- Indexação
-
- SOLICITAÇÃO, APROVAÇÃO, REQUERIMENTO, CRIAÇÃO, COMISSÃO EXTERNA, COMISSÃO TEMPORARIA, PRAZO DETERMINADO, OBJETIVO, MISSÃO OFICIAL, DIALOGO, PARLAMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), INTERCAMBIO COMERCIAL, CORRELAÇÃO, TARIFAS, IMPORTAÇÃO, PRODUTO, ORIGEM, BRASIL.
- CRITICA, IMPOSIÇÃO, TARIFA ADUANEIRA, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), PRODUTO, BRASIL, PREJUIZO, ECONOMIA, INDUSTRIA DE CARNE, FRIGORIFICO, CELULOSE, DEMISSÃO.
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS. Pela Liderança.) – Sr. Presidente Eduardo Gomes, é um prazer poder falar da tribuna com V. Exa. presidindo a sessão.
Meus colegas Senadores, gostaria de passar a V. Exas., ex-Presidente Rodrigo, que a gente fez hoje uma reunião extraordinária na Comissão de Relações Exteriores, debatendo a questão da sobretarifa do Governo americano a produtos brasileiros, e foi tirado, aprovado que foi pelo Colegiado da Comissão, um grupo de trabalho para fazer uma interlocução com a contraparte americana, que já foi contactada para a gente poder estabelecer esse diálogo; não só agora, neste momento de crise, como, porventura, se assim persistir, a médio e longo prazo, acompanhar todas as tramitações dessas negociações. Há que se ter o Legislativo ao lado para a gente poder ser uma voz dos grupos que estão inseridos nesse contexto.
E, por falar nisso, Sr. Presidente, foi extraído, após a aprovação desse requerimento na Comissão, um requerimento extrapauta, que precisa ser deliberado aqui pelo Colegiado. Já comuniquei ao Presidente Davi a respeito dessa matéria.
Eu lamento informar a manchete que acaba de sair no G1 do meu estado. É a seguinte: "Frigoríficos de [...] [Mato Grosso do Sul] paralisam produção de carne destinada aos [...] [Estados Unidos] após tarifaço de Trump". Cinco plantas frigoríficas no meu estado paralisaram a produção de carne. No que isso vai refletir, num espaço de curto e médio prazo? Provavelmente haverá um impacto nessa cadeia produtiva, poderão ocorrer demissões, poderão ocorrer situações em que a classe empresarial, que investiu para poder produzir um produto com sanidade e qualidade, não vai ter mais como fazer frente a essa sobretarifa. Lamento profundamente essa situação.
As manchetes de hoje, de um jornal da cidade: "[...] [Mato Grosso do Sul] exportou US$ 315,4 milhões aos [...] [Estados Unidos], 2º maior comprador de celulose do Estado". Nós temos uma área do estado, Senadora Damares, denominada costa leste, onde as três maiores empresas de produção de celulose do mundo estão instaladas. Imagine só o impacto que isso vai dar na cadeia produtiva de geração de empregos, de desenvolvimento, que estava num horizonte tão próximo da nossa realidade.
O Presidente da Fiems classifica a sobretaxa como inaceitável para os negócios de Mato Grosso do Sul. O Secretário de Desenvolvimento afirma: "Sobretaxa dos Estados Unidos eleva incerteza e pressiona mercado".
Em função disso, Sr. Presidente, urge uma medida não só do Governo Federal, como também desta Casa, de fazer a sua parte. Nós não podemos, Senadora Damares, ver uma situação como essa passar na nossa frente e a Comissão de Relações Exteriores do Senado da República não se...
(Soa a campainha.)
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – ... pronunciar, não tomar nenhuma atitude.
Estive ontem na Embaixada dos Estados Unidos. Foi tirada de lá a necessidade de irmos, ainda em julho, com esse grupo de trabalho, solicitar uma prorrogação desse prazo, para entrar em vigor essa tarifa, no sentido de diminuir essa temperatura, de dar tempo para que a classe empresarial, para que o próprio Governo, possam estabelecer um canal de diálogo, de negociação do mais alto nível, até para fazer valer, Senador Girão, mais de 200 anos de relações diplomáticas e comerciais do Brasil para com os Estados Unidos. Isso não pode ficar ao vento dessa maneira, nesse sentido, se tem implicações de política externa, de posicionamento do Brasil em relação a essas questões, se tem implicação política...
(Soa a campainha.)
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – ... se tem desdobramentos de insatisfação da condução de determinados assuntos inerentes ao nosso país.
Mas o que é preciso fazer para a gente poder saber? Temos que sentar e conversar, olhar um no olho do outro. Ficar mandando carta para lá, carta para cá... Faz tanto tempo que eu não ouvia falar que alguém recebeu uma carta, depois que saiu o WhatsApp, depois que saíram essas evoluções.
A gente precisa retomar a civilidade de um diálogo franco, de um diálogo em que a gente tenha condições de mostrar que não é só o Brasil que vai perder com isso; os Estados Unidos também vão perder, porque o equilíbrio da balança comercial é muito favorável aos Estados Unidos. Então, a gente precisa, sim, num momento como esse...
Quero aqui agradecer a participação dos colegas que estiveram hoje nas Relações Exteriores, o Senador Izalci...
O Sr. Jaime Bagattoli (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Senador, me dê um aparte?
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – ... e o Senador Hamilton Mourão, que foram brilhantes...
(Soa a campainha.)
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – ... nas suas colocações, todas nesse sentido de exaurirmos, na linha do diálogo, da diplomacia, do entendimento, porque nós temos precedência para isso. Foi dada uma luz para que a gente percorresse esse caminho, Senador Girão, porque, se não, essa sobretarifa já teria sido aplicada ontem. Deram um prazo até agosto. Por que será? Temos um espaço para a gente poder fazer tudo o que a gente possa vir a fazer no sentido de prorrogar esse prazo.
O Sr. Jaime Bagattoli (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Senador, me dê um aparte?
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – Vou conceder a V. Exa. É só para terminar o raciocínio.
Empresário precisa de previsibilidade; empresário precisa de segurança jurídica. Nenhuma cidade, nenhum estado consegue se desenvolver se a classe empresarial não entra lá e faz seus investimentos com geração de emprego e renda.
Então, a gente precisa equacionar essa situação.
(Soa a campainha.)
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – Com prazer, Senador. Aparte concedido.
O Sr. Jaime Bagattoli (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Para apartear.) – Obrigado, Senador Nelsinho.
Quero dizer para vocês que essa situação é uma situação muito delicada. Por aí, nós vemos a nossa incerteza, dos nossos empresários brasileiros, e da nossa produção primária. Principalmente, quem vai pagar essa conta é a produção primária, que está sofrendo, não só a do boi, da soja, de milho, do café, do cacau. Todos vão pagar, nós vamos pagar essa conta.
Na CRE já foi discutido que para isso aí tem que se fazer um grupo de trabalho. Nós precisamos, Senador Nelsinho Trad, é de um prazo maior; só faltam 15 dias agora. Nós precisamos, para essa discussão aí, ter um diálogo de 60 a 90 dias, para nós discutirmos, porque, se mantiverem essas taxas...
(Soa a campainha.)
O Sr. Jaime Bagattoli (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – ... eu vou falar para vocês, se isso ocorrer mesmo, vai ser um caos total, não só para o agronegócio mas, em si, para a indústria inteira no Brasil. Em relação ao PIB, parece que não, mas isso aí representa em torno de 1,2% do PIB, só esse impacto que dá dos Estados Unidos.
E a carne bovina não é um fator tão grave, tão grande, que representa em torno de 4%, mas são 4% do mercado, Senador Girão, são mais 4% que nós temos aí.
Então, a única coisa que eu encontro de viabilidade é um prazo de 60 a 90 dias para essa discussão aí, para que os Estados Unidos se mantenham. E tem que haver um diálogo do nosso Governo, do Itamaraty, do Governo brasileiro com o Governo americano.
Obrigado.
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – Agradeço o aparte.
Eu já concedo o aparte ao Senador Girão.
Só vou ler o subtítulo da matéria: "Frigoríficos de MS paralisam produção de carne destinada aos EUA após tarifaço de Trump. [O] País é o 2º maior comprador da carne de Mato Grosso do Sul, [...] a China é a primeira. A suspensão foi adotada como estratégia para evitar estoques dos produtos que seriam enviados ao mercado norte-americano". Ou seja, Senador Rodrigo Pacheco, a carne que nosso Mato Grosso do Sul envia para lá é apreciada na questão do hambúrguer que eles fazem, porque o americano come muito hambúrguer. Já foi testado e aprovado que a melhor carne para essa produção, em função do pasto do nosso estado, é a do Mato Grosso do Sul. Imagine o baque que isso está dando na cadeia produtora do meu estado.
Com a palavra, Girão.
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para apartear.) – Com certeza, meu querido Senador Nelsinho. Parabéns pelo seu pronunciamento. O senhor é o homem certo, no lugar certo, na hora certa. É um diplomata, não de formação, mas a vida o talhou para este momento.
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – O senhor falou uma palavra-chave: diálogo, união. Quem é de direita, quem é de esquerda, quem é contra Governo, a favor de Governo, a gente tem que estar junto, mas a gente tem que fazer uma autocrítica sobre o porquê de isso estar acontecendo.
Por isso que esse grupo que o senhor vai capitanear nos Estados Unidos, da Comissão de Relações Exteriores, é tão importante. A pergunta é: o que é que está pegando? O que é que está pegando? Será que a gente pode falar de democracia para democracia com os Estados Unidos? Parece-me, pela carta aberta – e o senhor tem razão, é carta aberta de um lado, carta aberta de outro; aí vai o Presidente do STF, que não tem nada a ver, faz uma carta aberta do outro –, que se esqueceu de dizer que ele falou politicamente: "Nós derrotamos o bolsonarismo". Essa parte ele não colocou na carta dele, o Presidente Barroso.
Mas o que a gente está vendo é que... De uma certa forma, será que nós não causamos isso? Porque tudo o que a gente planta a gente colhe.
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Nós fomos atrás de empresas americanas, dando sanções ilegais, fazendo censura a cidadãos americanos, retirando o passaporte de cidadão americano? Espera que vai ter o quê? Passar a mão na cabeça?
A gente estende o tapete vermelho para o Nicolás Maduro na hora em que o Lula assume o mandato, recebe com honras de Estado um ditador sanguinário; flerta com o Irã; flerta com Hamas, terrorista; recebe a Rússia e se dá bem com a Rússia – e com a Ucrânia são dois pesos e duas medidas –, ou seja, o invasor tem mais consideração do Brasil. A história do grande patrono do Senado Federal Ruy Barbosa, diplomata, Senador, assim como a de Oswaldo Aranha, uma história bonita, de cultura de paz do Brasil, de neutralidade, de imparcialidade, é jogada na lata do lixo?
Então, eu acho que é hora de fazer uma análise criteriosa...
(Soa a campainha.)
O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Já encerro, Sr. Presidente.
... uma reflexão para a gente conversar de democracia – se é que a gente ainda tem – para democracia.
O que é preciso para isso? É uma anistia dos presos políticos que o Brasil mantém em pleno século XXI, que todo mundo já entendeu e que o mundo está vendo? É o impeachment de um Ministro do STF que abusou da Constituição? O que é que nós, em termos de Casa... Por isso, eu queria ver este Senado cheio hoje. É uma pena que tenha sido virtual, remota; era para estar cheia de Senadores, para a gente buscar alternativas. É um momento de autocrítica. Sabe quem vai pagar essa conta se a gente não resolver? O povo brasileiro. Isso é que dói. Essa conta vai ser paga pelo povo brasileiro. Nós temos que ter diálogo para resolver isso, mas também encarar os nossos problemas aqui.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Gomes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - TO) – Senador Nelsinho, peço a conclusão de V. Exa. para que a gente possa votar o requerimento.
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – Muito obrigado pela paciência, Senador Eduardo Gomes.
(Soa a campainha.)
O SR. NELSINHO TRAD (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MS) – Gostaria apenas de ressaltar que a nossa parte nós estamos fazendo. Vamos buscar esse entendimento, abrir esse diálogo, saber exatamente o que está acontecendo, para a gente poder, dentro da nossa seara, respeitando as instituições, a Presidência da República, o Ministério das Relações Exteriores, o Mdic, do Vice-Presidente Alckmin... Não queremos atravessar a linha de ninguém, mas nós não podemos deixar de nos manifestar em uma situação como essa.
Está doendo, sim! Eu sou do Mato Grosso do Sul, o meu estado é pacífico, que trabalha, que produz, que investiu para poder mandar essas carnes para os Estados Unidos, e, agora, da noite para o dia, acontece uma situação catastrófica dessas. Nós não podemos aceitar, Sr. Presidente.